2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 35
Com sangue nas mãos




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No capítulo anterior, o plano de Valeska dá errado e um dos comparsas do seu pai acaba morto numa briga com a Mônica.

Luiza tentou fazer com que a filha tomasse um copo de água com açúcar quando elas ouviram o som de um celular tocando. Era o celular da Mônica. A moça tentou atender e ao ouvir a voz do Cebola do outro lado, começou a chorar novamente, deixando o rapaz assustado.

– Mônica? Céus, o que aconteceu? Alô?
– Cebola, aqui é a Luiza. Você não vai acreditar, aconteceu uma tragédia aqui! – ela começou a chorar de novo e Cebola viu que algo de muito grave tinha acontecido.
– Peraí que eu já tô indo!

O rapaz saiu do quarto em disparada, assustando seus pais que estavam na sala vendo televisão.

– Filho, o que houve?
– Não sei pai! Eu fui ligar pra Mônica e a mãe dela atendeu falando que aconteceu uma tragédia!

Os dois se levantaram num pulo só.

(D. Cebola) – Uma tragédia? Como assim?
– Não deu pra entender direito, elas estavam chorando muito!
(Seu Cebola) – Então vamos também! Deve ter sido mesmo grave!

Como a casa da Mônica ficava perto, num instante os três chegaram e encontraram mãe e filha abraçadas no sofá da sala e chorando muito.

Cebola correu para a Mônica enquanto sua mãe tentou socorrer Luiza. Seu Cebola perguntou.

– O que houve aqui?
– Um homem... invadiu nossa casa! – Luiza falou com dificuldade.
– Como é? Onde ele está?

Ela apontou para o andar de cima e respondeu.

– No quarto da Mônica! Ele tinha um revolver... tentou atirar na gente! A Mônica lutou com ele e a arma disparou... – sua garganta apertou e ela não conseguiu falar mais nada.

O casal teve um sobressalto, já imaginando o fim da história.

– Fiquem aqui, eu vou dar uma olhada. Vocês chamaram a polícia?

Luiza fez que sim e ele subiu lentamente as escadas até o andar de cima. A porta do quarto da Mônica estava escancarada e ele pode ver um corpo estendido no chão com um tiro no abdome. Por pouco ele não teve um desmaio de susto e mesmo tremendo de medo, Seu Cebola chegou mais perto e pode ver que o sujeito estava morto. A arma estava caída ali perto e havia respingos de sangue pelo chão.

Cebola abraçava Mônica com força tentando protegê-la. Pela primeira vez ele se deu conta do quanto sua namorada era pequena e ela nunca pareceu tão frágil e desprotegida quanto naquele instante. Quando seu pai voltou, descendo as escadas, ele viu pelo seu rosto que algo grave tinha acontecido.

– Ele está... er...

As duas voltaram a chorar e ele desistiu de pedir mais detalhes do que tinha acontecido. Nenhuma delas parecia em condições de falar alguma coisa. Ele ficou aliviado ao ouvir o barulho da sirene do carro da polícia e alguém chamou no portão.

– Nós recebemos uma chamada vinda dessa casa aí.
– Foi sim, seu guarda. Parece que a casa foi invadida.

Os policiais entraram e foram colocados a par de tudo o que tinha acontecido, chocados ao verem que uma moça de aparência frágil como a Mônica tinha sido capaz de lutar com um homem forte e com o dobro do seu tamanho. Ela parecia alheia, como que vivendo num pesadelo e torcendo para acordar logo. Aquele estava sendo um dos piores dias da sua vida.
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Armandinho andava de um lado para o outro, preocupado com a demora do seu capanga. Já era para ele ter retornado há pelo menos uma hora e nenhuma notícia. Valeska aguardava dentro do seu quarto. Quando seu pai ficava daquele jeito, ela sabia que o melhor era manter distância. Será que alguma coisa tinha dado errado ou Janjão só estava prolongando a diversão dele? Não tinha como saber e ela não podia telefonar para ele.

Lá pelas dez da noite, o celular do traficante tocou e ele atendeu assustado.

– O que foi? Eu disse pra não ligar pra esse número!
– Você não vai acreditar, o Janjão foi morto!
– Como é que é? Morto? Como?
– Liga a televisão, tá passando no canal 12!

Ao ligar a televisão, ele viu um repórter falando em frente a uma casa. Havia ali uma ambulância, carros da polícia, um cordão de isolamento ao redor da casa e vários curiosos em volta do local.

– O criminoso, conhecido como Janjão Quebra-Ossos, tentou invadir a casa e atacar mãe e filha que estavam sozinhas naquela hora. Houve luta, a arma disparou e o criminoso morreu na hora.

Com tantas perguntas, o cérebro dele acabou travando. Por que aquele idiota inventou de invadir uma casa para atacar as moradoras? O repórter tinha dito que o homem entrou para roubar, mas mesmo assim não fazia sentido algum. Janjão não precisava de dinheiro, pelo que ele sabia.

– Cara, você ainda tá aí?
– Pode falar.
– Depois dessa, o chefe aqui não vai querer mandar o carregamento de armas! A polícia conhece o Janjão e vai ficar marcando em cima!

Ele soltou um palavrão furioso ao lembrar-se daquele detalhe problemático. Seu comparsa tinha passagem pela polícia, era procurado por vários crimes e todos sabiam que ele era seu capanga. Aquilo podia significar sérios problemas para ele. Sua cabeça começou a funcionar a todo vapor, tentando pensar em uma solução para aquela encrenca e ele voltou a falar.

– Peraí, vamos fazer o seguinte: eu tô saindo agora pra Chapada dos Veadeiros. Chegando lá, eu te ligo e vocês mandam o carregamento.
– E a polícia?
– O Janjão tá morto mesmo, não vai poder falar nada. Agora eu tenho é que vazar daqui senão o bicho vai pegar pro meu lado!

Os dois acertaram mais alguns detalhes e Armandinho desligou, ainda muito contrariado com a morte do seu capanga. Aquilo poderia atrapalhar todo seu plano e ele resolveu não facilitar. Ainda era sábado a noite e a viagem estava marcada para segunda-feira, mas ele resolveu sair dali ainda naquela noite antes que a polícia o encontrasse.

– Carlão, ajeita as nossas coisas que a gente vai viajar. Valeska! Venha aqui agora mesmo!

A moça entrou na sala tremendo um pouco de medo.

– Que foi, papai?
– Arruma suas coisas, daqui a pouco a gente tá saindo.

Ela só fez que sim com a cabeça e voltou correndo para o seu quarto. Então aquele idiota tinha sido morto? Aquele trabalho deveria ter sido muito simples, não havia complicação nenhuma! Como ele não foi capaz de enfrentar uma garota com a metade do seu tamanho? O seu maior medo, contudo, era seu pai descobrir que o capanga tinha sido morto por sua causa. Armandinho era muito bom para ela, lhe dava presentes e fazia suas vontades, mas também era capaz de lhe dar uma bela surra caso achasse necessário. E com o que tinha acontecido, ela sabia que o castigo poderia ser o mais severo de todos.

“Vamos, calma! Ele não conhece a Mônica, não sabe que o Janjão foi lá porque eu mandei... ai, tomara que ele não descubra!”

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Luisa dava o depoimento para a polícia enquanto Souza esperava do lado de fora junto com Mônica, que ainda parecia em choque. Em sua cabeça, ela acreditava que tinha matado aquele homem.

“Droga, bem que o Cebola falava que eu era esquentada demais! Olha só o que eu fiz! Devia ter dado o dinheiro pra ele de uma vez... só que aí eu não ia ter como salvar minha família...” sua cabeça dava voltas no mesmo lugar, se recriminando por não ter dado o dinheiro aquele homem e ao mesmo tempo se justificando porque aquele dinheiro era para sua família. Ela não sabia o que pensar e só queria desaparecer dali.

Souza observava sua filha com o coração em pedaços. As duas pessoas mais importantes da sua vida correram perigo e ele não esteve perto para defendê-las! Foi preciso que sua filha, tão jovem, se colocasse naquela situação horrível para proteger as duas porque ele não foi capaz de fazer o seu papel de pai! De que adiantou ganhar dinheiro com aquela hora extra e ver sua família passando por todo aquele sofrimento?

Os pais do Cebola também estavam na delegacia para dar apoio enquanto o filho deles tinha ficado em casa para tomar conta da irmã. Eles também estavam tristes e chocados com a tragédia. Quando Luisa saiu da sala do delegado, após prestar o depoimento, ela correu para o marido e para a filha ainda soluçando um pouco.

– Vocês estão dispensados. – o policial falou – Acho que não vai ter complicação nenhuma.
(Souza) – Não vai acontecer nada com minha filha, vai? Ela não teve culpa, foi aquele homem quem atacou!
– Pelo que vocês disseram, a arma disparou por acidente. Isso acontece com mais freqüência do que vocês imaginam. Duas pessoas lutam, uma tenta tomar a arma da outra, acontece o disparo e alguém morre. Não foi culpa dela.

Eles foram embora da delegacia e como ainda estavam muito abalados, Seu Cebola ofereceu para que eles passassem aquela noite na casa deles. Não havia como a Mônica dormir em seu quarto depois de tudo aquilo.

– Ei, linda! Você tá bem? – Cebola perguntou recebendo a namorada com um abraço caloroso.
– Estou melhor... a gente vai dormir aqui hoje.
– Sério? Beleza, vamos arrumar um lugar pra você então.

Os pais de Mônica foram dormir no quarto de hospedes e ela ficou no quarto de Maria Cebolinha. Pelo menos naquela noite ela ia poder ter um pouco de paz, mas ela ainda estava preocupada em como explicar tudo aquilo para seus pais.

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Ao ver que Mônica já estava um pouco melhor e tinha pegado no sono, Ângelo saiu da casa do Cebola e foi até D. Morte, que estava na casa do traficante.

– O que faz aqui?
– Só queria saber uma coisa: por que isso foi acontecer com a Mônica? Ela tá arrasada!
– Arrasada com o quê?
– Com a morte daquele sujeito, ué!
– Ela só estava se defendendo.
– A gente sabe disso, mas ainda assim...

Ela o olhou com frieza.

– Sua amiga ainda vai passar por muita coisa e precisa se fortalecer. Se ela não for capaz de superar esse pequeno incidente, jamais poderá lidar com o que está por vir.
– “Pequeno incidente”? Peraí!
– Ângelo, eu estou no meio de um trabalho importante agora e não tenho tempo para falar dos dramas de uma adolescente. Tenho que me concentrar agora.

Pelo tom que ela tinha falado, ele viu que D. Morte estava muito estranha. Desde que seus amigos tinham ido embora, ela não era mais a mesma pessoa. Como sabia que aquele trabalho era mesmo importante, ele resolveu deixar aquela conversa para depois e foi embora dali um tanto chateado com a frieza que ela estava demonstrando.

Quando o rapaz se foi, ela voltou a observar a movimentação dentro do apartamento. Valeska tinha terminado de arrumar suas coisas e seu pai a esperava na sala junto com Carlão.

– Chefe, e o resto do pessoal?
– Não vai dar tempo de avisar todo mundo, temos que vazar agora.
– Vamos deixar eles pra trás?
– Depois, se der, a gente chama eles. Se não der, paciência.

Armandinho tinha marcado com outros comparsas de se encontrarem no dia da viagem. Somente ele tinha as passagens para todos e o destino nem tinha sido revelado para ninguém.

Era meia noite quando os três entraram no carro. Carlão foi no volante, Armandinho sentou-se no banco do carona e Valeska foi no banco de trás. Como achava arriscado ir ao aeroporto da cidade, ele decidiu que o melhor seria eles irem até outra cidade mais longe, que também tinha um aeroporto. Se dirigissem a noite toda, eles poderiam chegar lá pelas três horas da manhã.

– Eu ainda não entendo como é que o Janjão foi se meter numa dessas! – Armandinho falou ainda contrariado pelo que tinha acontecido.
– Pelo que eu sei, ele arrombava as casas pra roubar...
– Isso foi há muito tempo, ele nem tava mais mexendo com essas coisas!
– Aí eu não sei... vai ver ele tinha algum rolo com a dona da casa. Você sabe como ele era mulherengo.

Valeska ouvia a conversa torcendo com todas as suas forças para que seu pai engolisse aquela desculpa.

– Será mesmo que ele tinha alguma coisa com ela?
– De repente ele queria levar ela junto e a mulher não quis.
– Esse troço tá muito mal explicado, isso sim! Quem era mesmo aquele pessoal? Eles não mostraram direito! Queria saber quem era aquela garota que brigou com ele.
– Parece que ela é menor de idade, aí eles não mostram o rosto e nem falam o nome. Acho que nem disseram o endereço da casa...
– Depois eu vejo isso.
– Deixa pra lá, chefe. Se o mundo vai acabar mesmo, aquele pessoal tá com os dias contados.
– Ainda assim eu quero saber o que aconteceu. Você sabe como eu sou: não sossego enquanto não descubro a verdade.

O carro saiu da cidade e entrou na estrada. Por ser noite, tudo estava escuro e eles contavam apenas com os faróis do carro. Mais ou menos na metade do caminho, o traficante pegou a direção com medo de que o comparsa acabasse dormindo no volante. Sua filha já estava dormindo no banco de trás e ele dirigia em silêncio, ainda remoendo seus pensamentos tentando entender por que seu capanga tinha sido morto daquela forma tão sem sentido.

“Bairro do Limoeiro... por que ali?” ele foi pensando consigo mesmo. Pelo que tinha visto na televisão, somente mãe e filha estavam em casa. Ele levantou uma sobrancelha. Na verdade, só a moça estava em casa. A mulher tinha saído e depois voltou porque esqueceu qualquer coisa. Foi quando tudo pareceu desandar.

“Peraí... então ele não tava atrás da mulher...” Ele estaria atrás de quê então? De dinheiro? Eles pareciam ser uma família comum de classe média, não deviam ter muita coisa de valor em casa. Como eles estavam com viagem marcada, não ia dar tempo para Janjão vender nada do que tivesse roubado. A não ser que ele estivesse atrás de dinheiro vivo, o que também não fazia sentido. Uma família como aquela não devia ter tanto dinheiro assim escondido dentro de casa.

Pensando com mais calma, ele começou a lembrar de alguns outros detalhes mencionados no noticiário. Um deles era que Janjão tinha entrado no quarto da garota. Por que ele faria isso? Se tivesse algum dinheiro naquela casa, com certeza não estaria ali.

“Que coisa estranha... será que ele tava atrás da garota? Pode ser...” Por que ele estaria atrás daquela garota? Por mais que perguntasse, Carlão não sabia de nada. Os dois não tinham exatamente um bom entrosamento, então um não confidenciava nada para o outro.

Pelo espelho retrovisor, ele viu a filha se sentando e depois deitando-se novamente, mudando de posição. Esse pequeno movimento fez com que algo lhe passasse pela cabeça. No outro dia, Valeska estava com muita raiva dos amigos daquele almofadinha e queria se vingar deles. Será que...

“Não... ela não teria peito pra dar ordens pros meus capangas... ou teria?” pelo que ela tinha lhe falado, os amigos do rapaz estavam juntando dinheiro para fugirem. Se aquilo era mesmo verdade, talvez aquela moça tivesse mesmo algum dinheiro guardado que fosse suficiente para atrair o Janjão. De repente, tudo ficou claro para ele. Valeska deve ter mandado seu capanga invadir a casa para fazer algo contra aquela garota e o imbecil aceitou por causa do dinheiro que ela poderia ter guardado.

Ele trincou os dentes com raiva, imaginando que por causa da picuinha de uma garota mimada e infantil, seu plano corria o risco de ir por água abaixo. Sua raiva foi tanta que ele gritou a plenos pulmões, assustando sua filha e o comparsa que cochilava no banco do carona.

– Valeska! Sua vagabunda sem vergonha!

A moça acordou num pulo, assustada com toda aquela gritaria.

– Foi você quem mandou o Janjão invadir aquela casa, não foi? Sua filha duma égua, você vai ver só uma coisa!
– O quê? Papai, eu não fiz nada disso, juro!
– Não pode ter outra explicação! Você fica nessas picuinhas com todo mundo e desgraçou meu plano! Eu devia era te deixar nessa estrada, isso sim!
– Não, pai! Por favor, eu não fiz nada!
– Não mente pra mim que é pior! Você sabe que eu odeio gente mentirosa!

Ela começou a chorar, apavorada com a possibilidade de ser deixada para trás. E conhecendo seu pai como ela conhecia, aquilo podia acontecer mesmo.

– Você vai ver só uma coisa sua desgraçada! Eu vou arrebentar a sua cara e...
– Chefe, olha pra frente! – Carlão gritou, fazendo com que o traficante se virasse na mesma hora.

Foi muito rápido e tudo o que ele pode ver foi um vulto preto no meio da estrada que parecia ser uma pessoa. Ele girou o volante rapidamente e perdeu o controle do carro. De um dos lados da estrada, havia uma grande ribanceira. Armandinho tentou frear, mas o carro estava a uma grande velocidade e ele não conseguiu parar a tempo. O carro caiu na ribanceira com todos lá dentro. Valeska gritava feito louca, juntamente com os dois homens que também tinham entrado em pânico.

O carro girou duas vezes e caiu de cabeça o baixo. Por estarem com cintos de segurança, os dois ficaram de ponta cabeça, numa posição totalmente difícil e desconfortável. O interior do carro começou a se encher de fumaça e o traficante gritou.

– Valeska! Você tá bem? Responde! – ele não ouviu nenhuma resposta. A moça não estava com o cinto e ao olhar para trás, ele viu que ela estava desacordada. A fumaça ficou mais forte e ele tentou se libertar do cinto, que pareceu ter travado. – Carlão! A gente tem que sair daqui! Acorda, cara!

Ele olhou para o capanga e viu que ele também estava desacordado, com um grande ferimento na cabeça. Seu pavor dobrou de intensidade ao ver que não conseguia tirar o cinto e também não tinha como cortá-lo. Armandinho gritava tentando fazer com que um dos dois acordasse e não tinha nenhuma resposta. Ele olhou para a janela e viu que tinha alguém parado do lado de fora.

– Socorro! Tira a gente daqui! – ele gritou já tossindo com a fumaça. A pessoa abaixou-se e um rosto pálido apareceu no vidro da janela. A lua estava cheia naquela noite e ele pode ver um sorriso perverso naquele rosto.

D. Morte levantou-se novamente e saiu de perto do carro, ignorando os gritos daquele homem. Três dos seus emissários estavam do lado dela, esperando suas ordens.

– Os três vão morrer queimados? – Um deles perguntou.
– Sim.
– Hã... não daria para levar pelo menos a moça antes?

Ele se encolheu todo com o olhar que ela lhe deu.

– Não. Todos terão que encontrar seu destino. Estou somente esperando uma coisa.
– Esperando o quê?
– Que a moça e o outro homem acordem.
– ???

Eles olharam para ela boquiabertos, sabendo que se estivessem acordados, tudo ia ficar muito pior.

Valeska acordou com o corpo doendo e sem entender o que tinha acontecido.

– Pai? Pai, socorro!
– Valeska? Você consegue sair daí? O carro tá pegando fogo!
– Pegando fogo? Eu não quero morrer! – Carlão gritou, também acordando naquela hora.

Como não conseguia abrir a porta do lado do passageiro, ela tentou destravar o cinto do pai, também sem sucesso.

– O cinto entortou, não consigo tirar!

Os dois se apavoraram e voltaram a gritar por socorro. Quando ouviu o grito de três vozes diferentes dentro daquele carro, ela deu um sorriso e uma explosão se fez ouvir, gerando um grande clarão diante dela e dos seus emissários. Eles gritavam de forma horrível, sendo consumidos pelas chamas. Seus emissários acompanhavam tudo chocados com aquela cena enquanto ela não esboçava a menor reação. Quando os gritos cessaram, ela ordenou.

– Podem levá-los. Já está feito. O que estão esperando?

Os três correram para o carro e se apressaram em resgatar os espíritos dos passageiros, que ainda gritavam muito por causa da dor que ainda sentiam.

– Senhora, eles devem ser levados ao hospital?
– Sim, mas não para o mesmo. Levem-nos ao hospital destinado aos futuros exilados. Dali eles serão encaminhados para um mundo mais primitivo juntamente com os outros.

Eles foram embora e ela ficou ali por mais um tempo, observando as chamas que ainda consumiam o carro e os corpos. Tudo tinha corrido conforme ela planejara. Aquele idiota tinha sido morto e com aquilo, o tal carregamento de armas e as mudas de maconha e coca nunca iam chegar ao seu destino. O novo mundo não precisava de pessoas assim.


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