Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 8
Sem mais explicações


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo especial, onde os três narradores principais vão contar um pouco de sua história.



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₪ Martin

Sebastian continuou sem olhar mais para baixo, e terminou de subir bem rápido. Bem, pelo menos ele tem habilidade, pensei. Eu nunca consegui subir em cordas naquelas brincadeiras de escola. Mas mesmo assim, sem ver nenhuma outra escolha, comecei a subir. Consegui, não com a mesma velocidade de Sebastian, mas com mesma habilidade. Devo ter melhorado com os anos, mesmo sem nem treinar.

Quando cheguei ao último nó, vi que já tinha passado da plataforma. Pulei para baixo, inclinando o corpo pro lado, e caí de pé na madeira reta. Embora a árvore não parecesse tão grande assim lá de baixo, a cabana roxa era gigantesca. Na frente da entrada, vi um vaso de planta, e fiquei alguns segundos tentando imaginar como eles teriam subido tudo até aqui em cima.

Sebastian colocou a cabeça pra fora da tenda.

— Você vem ou não? – perguntou.

— Já estou indo, já estou indo – disse, com um tom risonho na voz.

Ao passar pela porta da cabana, soltei uma exclamação de surpresa baixinha. O interior estava perfeitamente arrumado, e havia diversos aparelhos eletrônicos posicionados em cada canto do local. Um computador em um canto, uma televisão em outro. Demorei um tempinho pra me acostumar com a falta de claridade; afinal, a tenda era escura, o que bloqueava a entrada da luminosidade do sol pelo pano. Percebi uma outra televisão no centro da tenda. Além dos aparelhos, se encontravam na cabana um sofá, um minibar, um pufe baixo de couro e uma estante repleta de livros. Novamente fiquei me perguntando como eles conseguiram levar tudo pra cima.

— Filha, querida, venha aqui por favor... Preciso que você tenha uma conversa com alguém... – Sebastian disse pra alguém que eu não conseguia ver, apontando para mim. Ele sorriu, claramente me insinuando a cumprimentá-la.

— Er... – hesitei – Oi, meu nome é Martin – disse pra ninguém em especial, já que não via a garota. Então eu a vi. Ela era alta, bonita. Cabelos escuros, longos, que estavam amarrados em um rabo-de-cavalo perfeito, e que caía na frente do corpo, quase chegando à cintura. Seus olhos castanhos realçavam a pele branca, deixando-a ainda mais bonita.

— Oi, meu nome é Giovanna – disse a garota, se aproximando com um sorriso.

₪ Krista

O zumbi me atacou, mas eu fui mais rápida. Desviei-me da mordida, caindo no chão. Ouvi Lisa me chamando lá de baixo, mas fui pega tão assim de surpresa que nem consegui gritar. Desferi um chute no peito dele e consegui me levantar. Corri para a porta, mas antes de sair, dei mais um chute no zumbi, agora acertando a cabeça. Sabia que não tinha sido forte o suficiente para tê-lo matado de vez, mas não verifiquei. Bati a porta e desci as escadas correndo, chegando bem perto de Lisa.

— Era um zumbi que estava lá em cima – disse pra ela, baixinho em seu ouvido, para não assustar André. Vi o espanto percorrer seu rosto, e juntas começamos a vasculhar o primeiro andar, em busca de comida. Separamos um pouco pra comer, e depois levamos o resto para o carro. Depois, buscamos alguns objetos mais valiosos e os colocamos junto à comida.

— Por que estamos levando essas coisas? – perguntou André. Antes mesmo de eu pensar em uma resposta, Lisa já estava falando.

— Por que não podemos ficar parados em um lugar só agora. E temos que levar comida, caso não encontremos mais.

Pensei na resposta dela por uns segundos, e depois pensei em meus pais. Eu posso até não gostar muito de Lia, mas ela é minha mãe, e eu me preocupo com ela. E meu pai, me mata não saber onde ele está, se ele está bem.

Lisa saiu da casa carregando a última caixa que sobrara. Deixamos muitas coisas na casa; afinal, não podíamos levar tudo naquele carro minúsculo.

— Aonde nós vamos – perguntei – Tem alguma ideia?

— Não exatamente – Lisa disse – Mas sei quem devemos procurar, e onde devemos procurar – disse, com um sorriso fino.

₪ Lia

Fomos pegos graças à retardada da Lettie. Ela teve a coragem de gritar por que viu uma maldita barata correndo na parede embaixo da janela em que estávamos, e os vigias que estavam do lado de fora nos pegaram. Até então, não tínhamos conseguido ouvir nada.

O tal Professor Alexander chegou mais perto de Peter. Senti certo desentendimento entre eles só pelo olhar que eles lançavam um para o outro, um olhar cortante.

— Nos encontramos de novo – disse Alexander.

— Felizmente – respondeu Peter – Pra mim – ele completou. Alexander ficou tenso por um momento, mas logo começou a rir, uma risada alta.

— É, felizmente pra você. Sabe, faz um tempinho que eu já esperava te encontrar. Que sorte a minha, hein?! – ele riu da própria fala, enquanto nenhuma outra pessoa demonstrava que estava achando graça de tudo aquilo.

Enquanto Peter e o professor conversavam – ou discutiam -, Carly foi esperta e atacou um dos homens por trás, silenciosamente, sem que ninguém – além de mim – percebesse. O homem caiu, mas Matt o segurou, não o deixando fazer barulho algum.

— Você me causou muitos prejuízos na última vez que nos encontramos – continuou Alexander.

— Que bom – Peter continuava retrucando – Era exatamente o que eu pretendia.

Eles conversavam com certa intimidade, e me perguntei se eles já haviam se encontrado dentro de uma sala de aula alguma vez, o que era bem possível. Normalmente, os alunos detestavam os professores.

Carly continuava atacando os guardas, enquanto Matt cuidava para que eles não fizessem barulhos. Acho que Peter havia percebido o que eles estavam fazendo, pois começou a rodear o professor, fazendo-o virar para encará-lo.

Porém, quando Carly ia derrubar o quinto homem, ele se virou e enfiou uma faca em seu braço, assustando a todos, inclusive Alexander. Carly gritou, caindo ao chão, enquanto Matt corria para segurá-la. Ela sangrava muito, mas Matt conseguiu retirar a faca, e estancava o sangramento.

— O que você estava tentando, mocinha? – perguntou Alexander, e eu não me contive com sua idiotice, soltando uma risada de deboche. Respirei aliviada ao perceber que ninguém ouvira.

Matt pegou a faca, levantou-se e a enfiou no peito do homem que havia esfaqueado Carly. Alexander ficou pasmo por um segundo, mas com um movimento de sua mão, todos foram segurados fortemente, inclusive Matt, com a faca. O homem que segurava Carly não se importou com o sangue, e a deixou sangrar.

— Você vai se arrepender por isso – disse Carly, a ninguém especial, um pouco antes de fechar os olhos.


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