Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 7
A invasão


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é como um capítulo extra. Não é contado por nenhum dos três narradores principais. Na verdade, o narrador não é personagem; ou seja, esse capítulo é contado em terceira pessoa.



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Poucos zumbis passavam pela rua do outro lado do muro, Mandy podia ver. Afinal, era meio que impossível a contaminação ter chegado até onde estavam, porém, ela chegou em níveis baixos. Mandy sentou-se na poltrona de frente para a lareira apagada. Ela estava cansada de esperar pelos outros. Já haviam saído pra buscar comida fazia tempo, e não conseguiram contato desde então.

Alguém bateu à porta da sala, fazendo Mandy se assustar. Ela não esperava que ninguém a perturbasse, pois ela achava que estava sozinha na casa. Com um pulo, foi até a porta, parando alguns passos antes para pegar um taco de baseball no chão.

— Quem está aí? – ele gritou para a porta. A voz ecoou pelo corredor.

— Sou eu, Johnny – disse uma voz meio grave – Abre a porta, rápido.

Mandy girou a chave e abriu todas as travas da porta. Johnny entrou pela porta, suando frio. Pegou no braço de Mandy, sentou-a de volta na poltrona e voltou para trancar a porta.

— O que foi que aconteceu? – perguntou Mandy, abalada pela violência repentina de Johnny. Ele deixou a faca que levava pendurada na cintura em cima de uma mesa e se sentou ao lado dela.

— Antes de eu entrar aqui de novo, um deles conseguiu entrar na casa. – disse, com uma tranquilidade absurda.

— O que? – gritou Mandy, levantando-se automaticamente. Johnny pegou sua mão e a puxou de volta ao sofá.

— Está tudo bem, o que tinha entrado eu já derrubei.

— Mas então por que você trancou a porta ao passar?

— Precaução – ele disse, com a voz baixa. Deu uma olhada na sala rapidamente – Podem ter entrado mais. Temos que sair daqui.

— Não podemos! Temos que esperar os outros chegarem, senão eles é que vão estar em perigo.

— Isso se já não estão...

Johnny não disse mais nada. Levantou-se, foi até a janela e analisou-a.

— Ótimo, por essa janela podemos escapar se algo acontecer na casa. – disse, fingindo quebrar a janela. Mandy soltou uma risada nervosa, chamando a atenção de Johnny para ela – O que foi?

— Eu não sei. Acho que estou com medo.

— Pois é, nessas situações é normal sentir medo. Acho que até eu estou sentindo um pouco, principalmente ficando aqui, nessa casa, enorme, sozinho...

— Você não está sozinho – Mandy o interrompeu, com um tom de desafio. Ele olhou pra ela e trocaram o olhar por um instante, mas logo o desviaram. Mandy sabia que Carly gostava de Johnny, então não tinha coragem de fazer nada.

Alguns momentos se passaram sem nenhum dos dois dizer nada, e a tensão do tempo se passando aumentava cada vez mais. Mandy começou a ficar preocupada, mas não havia nada que ela poderia fazer.

Johnny havia deixado a sala em que estavam para checar a casa. Ele ouviu as trancas serem novamente fechadas ao passar pela porta, sinal de que Mandy havia seguido seu conselho. Ele estava com o taco que Mandy usara mais cedo, e andava lentamente, tentando não fazer barulho. Ele percorreu o primeiro andar todo sem encontrar ninguém.

Após ter checado toda a casa, ele voltou para a sala da lareira. Ele bateu à porta, mas não obteve respostas. Bateu várias vezes, mas só o que conseguiu ouvir foi um baque surdo de madeira indo de encontro ao chão.

— MANDY – ele gritou, tentando derrubar a porta. Não conseguiu, pois a porta era muito grossa. A única ideia que teve foi dar a volta na casa e entrar pela janela. Ele não ouviu a porta sendo destrancada atrás dele antes de sair correndo para fora.

Ao chegar à janela, ela estava aberta. Mandy não seria tão burra a ponto de deixar a casa tão vulnerável assim, então Johnny sabia que algo estava errado. Sem pensar, ele pulou para dentro da casa. Mandy não estava lá. Nem ninguém que ele conhecia. Mas a sala estava cheia.

O homem que estava no centro era alto e usava óculos, com um jaleco branco que ia até os pés. Um típico cientista dos filmes internacionais, mas ele tirou o jaleco logo que viu Johnny.

— Quem é você – perguntou Johnny, com a voz trêmula – O que você fez com a Mandy?

— Quem diabos é Mandy? – perguntou o homem, com a voz grossa ecoando na sala. Johnny percebeu que a lareira estava acesa, e que várias pessoas estavam ao redor dela. O homem fez um movimento com a mão e Johnny foi acertado na cabeça por trás, caindo no chão inconsciente.

Mandy estava escondida atrás de uma árvore, no canto norte do jardim de trás da casa. O jardim era imenso, quase uma floresta. Ela havia saído para procurar Johnny, quando ouviu passos e vozes e viu aquelas pessoas que não conhecia se direcionarem exatamente para onde ela estava. Mandy conseguiu voltar para a sala, e para não levantar suspeitas, ela não trancou a porta. Resolveu pular a janela, mas se esqueceu de fechá-la. Ficou escondida atrás do muro, mas quando ouviu passos no gramado, ela correu para o jardim.

Ela sentou no pé da árvore e, sem nem perceber, dormiu. Algumas horas se passaram, e ela foi acordada com uma voz doce bem perto do seu ouvido.

— Mandy, acorde – dizia a voz. Ela pulou com o susto, e tentou se levantar, mas alguém a segurou.

— Calma, somos nós – disse outra voz, agora masculina. Ela piscou algumas vezes até sua visão entrar em foco e viu quem estava ali. Sentada a seu lado, se encontrava Carly. Em pé, na frente dela, estavam Matt, Peter, Lettie e outra mulher que Mandy não reconhecia – Onde está Johnny? Ele disse que ia voltar pra ficar com você...

— Ele ficou na casa, junto com... junto com... – ela tentou se lembrar do que havia acontecido, e quando lembrou, as palavras saíram como um jato – Ele saiu para verificar se tinha alguém na casa, por que quando ele entrou na sala da lareira ele disse que tinha visto alguém, e quando eu fui procura-lo, um tanto de gente que eu não conheço estava indo pra sala da lareira e... e...

— Respira Mandy, respira – disse Peter. Mandy inspirou o ar lentamente – Que homens são esses?

— Eu não sei, eu não conhecia...

— O que você fez quando eles foram pra sala da lareira? – perguntou Lettie.

— Eu saí pela janela. Eles não me viram, por que senão já teriam me seguido, e eu estou aqui faz tempo já...

— Precisamos encontrar Johnny – disse Matt – antes que esses homens o encontrem.

— Podemos tentar a janela – disse Peter, indo em direção à parte de trás da casa.

— É a nossa única opção – disse Matt, e todos os seguiram no caminho para a parte de trás da casa.

Johnny acordou com um sobressalto, e tentou se mover. Mas não conseguiu. Percebeu depois que seus braços e tornozelos estavam amarrados com uma corda branca grossa, que cortavam sua pele. Ele não via ninguém, já que estava de frente para a parede, a menos de um metro dela.

Ele ouvia a conversa pela metade, pois ele ainda estava um pouco atordoado. Sentia as pessoas passando atrás dele, falando rapidamente. De repente, a cadeira em que ele estava apoiado virou e Johnny ficou de frente para todos. O atordoamento já passara quando a porta se abriu e ele viu todos os seus amigos entrarem na sala, sendo arrastados por grandes homens. Foram jogados no chão, bem no meio da sala. Matt olhou pra Johnny, mas não conseguiu dizer nada.

— Veja, professor, essas crianças, com essa mulher, estavam nos espionando da janela – disse o homem maior. O tal professor era o homem de jaleco. Ele se aproximou do grupo.

— Ora, ora, ora... veja o que temos aqui... como vai, Peter? – perguntou o homem, ironicamente.

— Alexander – disse Peter, com o máximo de desprezo possível na voz.



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