Human Nightmare escrita por Leonardo Franco
Notas iniciais do capítulo
Senti que o capítulo foi muito direto, mas eu realmente gostei. Espero que vocês gostem.
MARTIN
Quando levanto a cabeça, Camille está sentada do meu lado.
— O que aconteceu? – pergunto.
— Você tomou um choque e tanto. Você se lembra de alguma coisa?
— Não muita... Lembro-me de estar correndo e de repente cair. Lembro-me também de... Krista! Cadê ela? – tento me levantar, mas sinto uma dor imensa no meu peito, provavelmente onde eu levei o choque.
— Ela está bem, fique tranquilo – ele me segura no chão – A preocupação agora é com você. Como você está?
— Meu peito dói – digo – Mas só isso. E estou com um pouco de tontura também.
— Tudo bem então – ela se levanta – Vem, vou te ajudar a levantar.
Camille me ajuda a ficar em pé e depois passa meu braço ao redor de seu ombro. Não preciso de muita ajuda para ficar de pé, mas é bom ter um apoio.
Krista, ao me ver, vem correndo até mim e me abraça.
— Graças a Deus você está bem – ela diz.
— Eu é que deveria estar dizendo isso! O que aconteceu com vocês dois?
— Nós corremos para um lado, e depois vimos que o resto do grupo foi pro outro... Não dava tempo de voltar.
— E depois? – Krista olha para baixo.
— Entramos em um barracão... A gente achou que ia ser mais seguro – ela cruza os braços e volta a me encarar – Bem, não era. Era o maldito depósito de armas do Alexander.
— Alexander... – digo, e começo a olhar ao redor, para o lugar em que estávamos – Onde ele está? Nós temos que sair daqui, ele pode voltar e...
— Pai – Krista pega minha mão e sorri discretamente – Não. Ele não é mais um problema.
— O que aconteceu?
Krista olha para Camille, que vem até nós.
— Martin, eu preciso te contar o que houve. – ela diz, um pouco hesitante.
— Tudo bem... O que houve?
Camille olha para baixo, respira profundamente e volta a olhar pra mim.
— Alexander está morto.
Fico sem reação. Por alguns segundos eu apenas encaro Camille enquanto ela me encara de volta.
— O quê? – consigo falar, finalmente – O que aconteceu?
— Ele levou uma bala na cabeça. Logo após ele ter... – Camille não termina a frase.
— O que?
— Logo após ele ter matado Peter. – ela diz, finalmente.
Fico sem palavras. Não conhecia o garoto tão bem assim a ponto de ficar triste, mas também não sou frio o suficiente para não sentir alguma coisa. Camille coloca a mão em meu ombro e depois sai andando. Krista a segue, me deixando completamente sozinho. Vou até um canto do grande salão e sento no chão.
Nem percebo o momento em que caio no sono.
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Acordo com alguém sacudindo meu braço. É Camille.
— Precisamos sair daqui.
— O que? Por quê? – Digo, ainda sonolento.
— Não sabemos nada sobre esse lugar. Não sabemos se tem mais seguranças, se tem como os monstros entrarem, etc. Precisamos investigar.
— Tudo bem.
Levanto do chão e vejo que várias pessoas já estão se reunindo perto das portas. Aproximo-me delas e começo a ouvir os planos de invasão. Eles se dividem em vários grupos menores, e cada um deles segue para um caminho distinto. Olive, a pessoa que estava os organizando, se vira para mim.
— Você e Camille podem ir lá para cima. Peguem armas, não sabemos o que vão encontrar por lá.
Camille olha para mim e me entrega uma faca. Olho de volta para Olive e confirmo com a cabeça. Saímos correndo escada acima. As escadas são de metal, e fazem um barulho irritantemente alto. Quando começo a sentir cansaço, chegamos a uma porta de vidro fosco, impossibilitando a visão através dela.
Abro a porta e entro cautelosamente. A sala está escura, e são audíveis alguns barulhos baixos. Alguma coisa sendo arranhada, talvez.
— Aqui está limpo – Ouço alguém gritar em algum andar inferior. Vários gritos iguais chegam até nós, e Camille abaixa um pouco a guarda. Ela vai até uma parede, tateando-a, e encontra o interruptor. Quando ela acende a luz, meu coração para por um segundo.
Vários zumbis estão bem à nossa frente, atrás de uma parede de vidro. Alguns deles arranham a superfície, outros vagueiam pelo ambiente, e tem até mesmo alguns sentados no chão.
Um dos que está sentado no chão se levanta ao nos ver, e vem até a parede de vidro. Ele bota a mão ensanguentada sobre a superfície transparente, e o que ele faz depois me pega de surpresa.
Ele começa a falar.
— Ei, vocês. Por favor, me tirem daqui.
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Camille segura minha mão e me puxa um passo para trás, também assustada.
— Por favor – repete o suposto zumbi.
— Como... – começo, mas demoro a formular a frase – Como você consegue falar?
— Não sei muito sobre isso – ele diz, e depois olha para os lados, desesperado – Por favor, me tirem daqui.
— Você é um zumbi? – Camille pergunta.
— Acho que eu era um. Não me lembro de muita coisa sobre os últimos dias. Na verdade, não me lembro de nada. Por favor, me ajudem.
— Se tirarmos você daí não teremos algum risco de você nos contaminar? – Camille pergunta de novo.
— Acho que sim – ele diz, pensativo – Mas eu não posso ficar aqui. Se eles descobrirem que não sou mais a mesma coisa que eles, eles podem tentar alguma coisa contra mim...
— Acho que vamos ter que arriscar – falo para Camille.
— Certo... Então, como tiramos você daí?
— Tem uma portinhola, lá em cima – ele aponta para o teto da sala. Percebo que os zumbis estão, na verdade, dentro de uma enorme cúpula de vidro. Vejo uma escada de metal que sobe pela lateral, mas não vejo a tal portinhola – Você precisa subir lá em cima e, sei lá, me puxar com alguma coisa.
— Tudo bem – digo. – Podemos ver se encontramos uma corda. Mas você tem que prometer que não vai tentar nada contra nós.
— Prometo.
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Alguns minutos depois já temos uma corda. Vou até a lateral da cúpula, e o zumbi vivo me acompanha.
— Tome cuidado – ele diz. Olho para ele, mas não digo nada. Começo a subir.
Enrolei a corda em meu pescoço, e rapidamente chego ao topo. Encontro uma alça metálica apontada para cima e a seguro. Puxo com força, mas não há nada prendendo a porta. Solto cuidadosamente o vidro e olho lá dentro. O cheiro é desagradável.
O zumbi falante está exatamente abaixo de mim. Ele olha para cima e para os lados constantemente, apreensivo. Espero um zumbi que está perto dele passar para longe e jogo a corda. Ela é longa o suficiente para que eu consiga jogar a outra ponta de volta para Camille. Ela amarra a ponta em uma haste de metal perto da porta, no chão.
Outros se juntaram a nós, e eles ajudam a segurar a corda. O zumbi é puxado para cima rapidamente. Antes que ele consiga sair por completo, desço a escada e espero junto com os outros.
— Relaxem, não vou machucar vocês. Pelo menos não propositalmente.
Ele desce logo atrás de mim, e para, com as mãos para cima.
— Como você está vivo cara? – Johnny pergunta, enquanto aponta uma arma para ele.
— Eu posso explicar.
— Começa a falar – Carly diz, parada na porta.
— Posso fazer melhor do que isso.
— Como assim? – pergunto.
— Eu posso lhes mostrar.
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O zumbi nos leva para um andar superior àquele que estávamos. Ele não mostra nenhum sinal de violência, mas ninguém baixa a guarda. Chegamos a um escritório comprido, cheio de computadores. Passamos direto por ele e chegamos a um laboratório. O zumbi para, se vira para nós e começa a falar.
— Desde que eu me tornei humano, consegui pegar algumas coisas que os seguranças comentavam. Eles não percebiam que eu os ouvia, por que, vocês sabem, minha aparência não é exatamente humana.
— O que você ouviu? – pergunto.
— Os donos desse lugar estavam fazendo testes.
— Que tipos de teste? – Camille pergunta dessa vez.
— Acho que estavam procurando um meio de reverter o processo. Sabe, voltar as pessoas a vida. E, bem, acho que eles conseguiram né?!
— Uma cura? – pergunto.
— Acho que sim. Mas os estudos nunca foram concluídos, por que eu não me revelei quando ressuscitei. E aí eles mudaram a fórmula e prosseguiram.
— Pai? O que vamos fazer? – Krista pergunta.
— Isso poderia acabar com todos os nossos problemas... – alguém comenta.
— Acho que só temos uma coisa pra fazer.
Sinto todos segurarem a respiração e me encararem. Sinto a tensão na sala aumentar. Ninguém fala nada.
Sei que meu próximo passo será decisivo. Sei que talvez não consigamos realizar o que pretendo. Precisaremos de toda a ajuda possível, pois não somos profissionais na área, mas precisamos tentar. Respiro fundo e finalmente digo:
— Precisamos dar continuidade aos estudos e encontrar a cura.
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E FIMMMMMMM