Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 22
Separados




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Uma semana depois

KRISTA

– Você tem certeza de que é por aqui? – pergunto, olhando para Peter.

– Não absoluta, mas talvez – ele responde.

Saímos do acampamento assim que percebemos que Lia e Matt não voltariam. Não nos tomou muito mais tempo para perceber aquilo. E isso já faz uma semana.

– Eu me lembro daqui – ouço uma voz atrás de mim. Viro-me e vejo que é Camille, com um olhar fixado em algum lugar distante – Quando eu fugi dos sequestradores eu passei por aqui. Estamos no caminho certo.

Meu pai chega ao seu lado e pega sua mão. Pra ser sincera, prefiro Camille muito mais do que Lia, mas ainda tenho meios receios quanto à ela. Ela olha para ele com uma expressão de gratidão, e ele sorri.

– Vamos seguir em frente – diz Clarke, o que me faz sentir arrepios. Desde que o vi chegando à casa de Olive uma semana atrás tenho me sentido mais segura, mas ao mesmo tempo sinto calafrios só de olhar para ele. Ele é alto e musculoso e é impossível não notar sua presença por onde ele passa. Não que ele seja bonito, mas sim assustador.

Todos concordam com ele e continuamos a andar. Estamos de volta à floresta já faz dois dias agora, seguindo um rastro de carro que achamos. Peter quer encontrar o Prof. Alexander e acabar com isso de uma vez por todas. Mas para isso, precisamos saber onde ele está.

Caminhamos por mais uma hora, até que chegamos a um cerca alta. Peter analisa os dois lados dela antes de virar pra trás.

– Será que conseguimos passar por cima? – pergunta Mandy, atrás de mim.

– Provavelmente não – Peter diz – Acho melhor continuarmos andando ao redor dela, para ver o que teremos que encarar, antes de fazer qualquer coisa. E também para ver se achamos um modo de entrar.

– Tudo bem então – meu pai diz. Ele abre a boca para dizer mais alguma coisa quando um barulho o interrompe. Todos nós nos viramos para trás, procurando o que poderia ter feito aquele barulho. Um galho se quebra a minha direita, e todas as cabeças se viram de novo. E em um milésimo de segundo, em um momento em que eu apenas pisco, estamos cercados por zumbis.

– Corram – grita Olive. Todos se agarram a alguém e começam a correr. Meu pai corre para mim, mas um zumbi entra na nossa frente e pula em cima dele. Eu grito e tento alcançá-lo, mas algo me puxa para trás. É Luke, vejo com alívio e raiva, mas me deixo ser puxada. Nós corremos rapidamente, e estamos na frente de todo mundo agora.

Olho para trás e vejo que os outros estão tendo dificuldades para correr com todas as bolsas e tralhas que eles decidiram trazer. Aperto a mão de Luke, tentando fazê-lo parar apenas por um segundo e ajudar os outros, mas ele está decidido. Não há zumbis à frente, por isso saímos em disparada. Mas isso muda numa velocidade impressionante.

Logo há dezenas de zumbis à esquerda e na nossa frente. Luke olha para trás, sinalizando para os outros nos seguirem, e corremos para a direita. Olho para trás mais uma vez, bem a tempo de ver que os outros não estão nos seguindo. Por um momento vejo um fragmento de tecido por trás de uma das árvores, indo na direção oposta à nossa. Mas Luke não vê, e continua em frente.

– Luke – grito para ele – Eles não estão conosco. Eles foram para o outro lado.

Luke para e olha para trás. Ele bufa e olha para cima, com desgosto. Ele olha para mim, sem saber o que falar, e simplesmente me encara. De repente, passos cortam o silêncio.

– Eles estão vindo – eu digo, aliviada.

Mas entro em pânico de novo. Não são eles. São mais zumbis, e estão muito perto agora. Luke pega minha mão mais uma vez, e voltamos a correr desesperadamente.

Avistamos um barracão enorme, no meio do nada, alguns minutos depois. Luke solta minha mão e começa a rodear o local, tentando encontrar um modo de entrar. Olho para trás e tento ouvir alguma coisa. Estamos em um silêncio incômodo agora, e não há nenhum sinal de vida por perto.

– Kris – ouço Luke me chamar – Acho que consegui – Ele aponta para uma coluna de metal que estava desajeitada na parede, prestes a cair. - Me ajuda aqui.

Vou até ele e ajudo-o a puxar a coluna. Demoramos um pouco para fazê-la se deslocar, mas ela sai do lugar. Jogamos ela no chão atrás de nós, e Luke se volta para o buraca que deixamos na parede. Não é muita coisa, mas dá para passar. Ele olha para dentro do barracão.

– Está muito escuro lá dentro – ele diz.

– É seguro entrar? – pergunto.

– Não tenho certeza se lá dentro é melhor do que aqui. Não sabemos o que pode haver lá. Mas... É, acho bom entrarmos – ele finaliza, com os olhos fixos em um ponto atrás da minha cabeça.

Sigo seus olhos e vejo que ele está encarando uma multidão de zumbis. Ele pega minha mão e me puxa para perto da entrada. Ele passa pelo buraco antes de mim, e eu olho uma última vez para trás. Eles estão mais perto. Viro-me e entro no barracão.

Mergulhamos em uma escuridão imensa. Meus olhos demoram para se acostumar, e mesmo assim não consigo ver muita coisa. Luke está a dois passos de mim, e ele anda com a mão na frente do corpo. Chuto alguma coisa e xingo baixinho. Luke se vira e segura minha mão.

– Está tudo bem – ele diz, mas sinto o pavor em sua voz. – Nós vamos ficar bem.

Concordo com a cabeça, sem saber se ele pode me ver ou não. Não sei o que tem no barracão, mas sinto um cheiro horrível. Começamos a andar lentamente, tentando fazer um reconhecimento do lugar. Depois de mais alguns passos começo a ouvir uns cliques baixinhos, que com o tempo vão se intensificando e ficando mais altos.

– O que é isso? – pergunto. O som vai ficando cada vez mais alto

– Não sei – Luke grita. Agora os cliques estão ensurdecedores. Um laser verde sobe do chão até o teto, varrendo-nos inteiros. Luke, mais uma vez, segura minha mão.

Quando acho que minha cabeça vai explodir por causa dos sons, uma luz branca substitui o laser e me cega momentaneamente. Luke solta a minha mão para cobrir os olhos. Arregalo os meus para tentar fazer a visão voltar e ver alguma coisa. Não consigo. Os cliques pararam, e o lugar agora esta cheio de luz. Ouço vozes. Minha visão vai melhorando, e vejo que agora temos companhia. Muita companhia.

Vários homens vestidos de preto estão apontando armas para nós. Um deles grita alguma coisa, mas não consigo entender o que. Ele grita novamente, e depois mais uma vez. Esse homem que gritou se aproxima de Luke e eu o ouço dizendo alguma coisa. Luke responde e o homem ri, e logo depois o atinge na cabeça com força, usando sua arma. Grito seu nome. Grito xingamentos. Grito até minha garganta doer.

Outro homem se aproxima de mim e me joga no chão. Esse é mais rápido, e não me faz nenhuma pergunta. Bato com a cabeça no chão e sinto o sangue escorrendo. Estou perdendo a consciência, mas só consigo pensar em Luke. Tento olhar para ele, mas o homem chuta minha cabeça.

– Jogue-os para os mortos – diz um homem, este vestido de branco. Agora consigo ouvir claramente.

E ver claramente também.

– Alexander? – pergunto, sem saber se é ele mesmo, e logo depois desmaio.


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