Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 16
Salvando e sendo salva




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KRISTA

Logo depois que meus olhos se fecharam fui acordada por uma batida, um som muito alto. Lis e André também acordaram, subitamente, e todos procuramos por algo que podia ter feito o barulho.

— O que foi isso? – Lis perguntou. Seus olhos estavam arregalados.

— Não faço a mínima ideia… - falei. André, lentamente, colocou sua mão sobre meu ombro, apontando para alguma coisa.

— Fumaça. – ele disse.

Abri a porta tentando não fazer barulho. Lis pulou para o banco de trás e pegou André num abraço.

— Fiquem aí, eu já volto.

Lis concordou com a cabeça, então eu fechei a porta. Fui andando devagar, tentando ouvir algum barulho, como um grito, pessoas correndo, qualquer coisa, mas a única coisa que se ouvia era o vento e alguns pássaros cantando. Comecei a subir a colina, seguindo o rastro de fumaça deixado no céu. Quando cheguei no topo, vi o que estava causando a fumaça.

Um carro havia batido em uma árvore, e a parte da frente estava em chamas. Corri para a porta e a abri. Comecei a puxar o motorista para fora do carro, fazendo-o cair de lado. Segurei seus braços por trás e o puxei até o topo da colina. Voltei para o carro para ver se tinha mais alguém. Não tinha.

Corri de volta para o corpo, e foi aí que vi quem era.

— Luke! Acorda – comecei a balançá-lo e dar leves tapas na cara para ver se ele reagia, mas nada – Eu já volto – falei, quase chorando.

Comecei a correr de volta para o meu carro quando, de repente, tudo ficou mais claro, laranja, e um barulho extremamente alto chegou a meus ouvidos. O carro de Luke explodiu. Com o susto, caí para frente, sobre meus joelhos, e depois de corpo todo. Havia sangue escorrendo em algum lugar, mas não sabia onde.

Quando estava chegando no carro, Lisa abriu a porta e correu até mim.

— Kris – ela gritou – O que aconteceu lá?

— Era o Luke – arfei – Ele bateu o carro numa árvore, e agora ele explodiu.

— Onde tá o Luke?

— Lá na colina, vem, me ajuda!

Lis correu para o carro, falou alguma coisa pro André e saiu correndo, sem fechar a porta. Corremos até a colina.

— Onde ele está?

— Lá em cima.

— Eu não consigo ver ninguém lá. – ela falou. Olhei para cima. Ela estava certa, não havia nenhum corpo na colina.

— Ele deve ter saído depois da explosão.

— Kris… espera.

— O que?

— Você não acha que… pode ser que ele tenha virado um zumbi?

— Como? Não, de jeito nenhum, ele não morreu.

— Você tem certeza disso?

— Eu… - pensei. Não havia checado o pulso de Luke quando carreguei ele pra fora – Sim, eu tenho certeza.

— Então vamos olhar por aí. Ele pode estar machucado.

— Ok, mas… você vai deixar o André sozinho lá no carro?

— Ele não tá no carro, eu mandei ele se esconder atrás das árvores.

— Tudo bem então, vamos. Vai por ali e grita se precisar.

Virei e comecei a correr, olhando para todos os lados. Não ouvia nada além do fogo crepitando no carro agora, nem mesmo os pássaros ou o vento. Mas de repente veio a buzina, e me fez olhar para o carro em chamas. Corri até onde conseguia chegar, tomando cuidado com as chamas, mas não havia ninguém por perto. A buzina tocou novamente, e junto com ela veio um grito.

Lis estava correndo, e continuava a gritar. Subi até o topo da colina e vi o que estava acontecendo. André estava dentro do meu carro, com todas as portas fechadas, e ao redor do carro havia no mínimo uns dez zumbis.

Comecei a entrar em pânico. Peguei um galho que estava próximo de onde eu estava, mas sabia que isso não seria suficiente. Porém, quando olhei de volta para o carro, um zumbi caiu no chão. Eu não tinha percebido, mas com certeza tinha ouvido, pois eu me lembrei depois do som da arma disparando. Alguns tiros depois e todos os zumbis estavam no chão.

Fui até o carro e vi que André e Lis não estavam ali, nem a pessoa que havia derrubado todos os zumbis. Eu tinha certeza que não era Lis, ela não tinha uma arma. Muito menos André.

— De nada – disse uma voz atrás de mim, e com o susto, virei em um movimento brusco, acertando o galho no braço do homem.

— Ai meu Deus, me desculpa…

— Ei, ta tudo bem, é só um galho – ele disse, sorrindo.

— Você viu pra onde foi minha amiga? – perguntei.

— Eles correram lá pra dentro – ele apontou pra floresta. Fui até a porta aberta do carro e a fechei com toda a força possível – Que delicadeza – o homem disse, sarcasticamente.

— Bom, já que você fez questão de revelar pra todo mundo morto nessa cidade onde nós estamos, um barulho a mais não vai fazer a mínima diferença.

— Ok, me desculpe por salvar aquele pobre garotinho que estava preso aí dentro e que provavelmente iria morrer.

Olhei para ele, fuzilando-o com esse olhar, e parti para onde ele havia apontado.

— Espere – ele segurou minha mão e me puxou – Você não pode entrar aí sozinha. Aquela garota…

— Lisa – interrompi – É o nome dela.

— Tudo bem, a Lisa, ela não viu de onde eles vieram, essas coisas. Eles vieram de lá, de onde ela acabou de entrar.

— Então é exatamente por isso que temos que ir – virei as costas e comecei a andar. Ele veio até o meu lado e me acompanhou. – Sabe, você não precisa vir. Você não tem nenhum lugar para voltar? Alguém esperando?

— Na verdade eu estava em um grupo… Estávamos numa casa longe daqui.

— O que aconteceu?

— Bem, os zumbis nos encontraram. Mas todos conseguiram sair com segurança. Agora uma mulher do nosso grupo falou que morava por aqui em algum lugar e ela queria voltar, então viemos.

— E cadê seu grupo?

— Nós estávamos indo para a tal casa da mulher, e aí vimos aquele carro em chamas. No topo daquele morrinho havia um cara, acho que era ele o motorista. Ele deve ter se arrastado até lá em cima e…

— Eu que o levei até lá. Aquele é meu namorado. Eu estava dormindo no meu carro quando ouvi ele batendo, e aí corri para ajudar, mas eu não consegui puxar ele por muito tempo, e quando fui chamar Lis para me ajudar ele desapareceu.

— Nós o pegamos. Levamos ele para dentro de uma daquelas casas abandonadas e estamos cuidando dele. Depois que acharmos sua amiga eu te levo lá.

— Obrigada – sorri para ele. Nesse momento, um gemido do meu lado me fez pular para trás. O cara pegou a arma e a apontou para as árvores.

— Quem está aí?

Então, Lis saiu do meio das árvores. Porém estava morta. Um zumbi.


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