-Roxy, eu não vou desistir- repeti pela décima oitava vez em menos de cinco minutos- Por Morgana, cadê meu brinco?

Roxanne bufou e levantou do meu sofá, no minúsculo apartamento em que eu vivia, no centro de Londres. Era um prédio totalmente bruxo, cheio de novos trabalhadores do ministério e de Gringotes, aspirantes a jornalistas ou jogadores. Praticamente era todo ocupado por pessoas que eu conhecia. Meus primos quase todos moravam ali. Roxy e Molly dividiam um, Rose e Lily estavam no andar de baixo, Malfoy e Alvo no andar de cima. Tinha também o Fred, que costumava dividir um apartamento com James. E por que eu estava sozinha? Victorie morava ali, e se mudou depois de casada. Provavelmente, Louis seria o próximo assim que terminasse Hogwarts esse ano.

-Accio brinco- gritei, e finalmente encontrei o tal brinco, parando em frente ao espelho para colocar e encarar Roxanne- Olha, o plano “vamos convencer Dominique e James de que eles estão malucos” definitivamente não funcionou.

-Eu não acho que os dois estão malucos!- ela disse. - Tá, um pouco. Mas não pode esperar nós termos dinheiro o suficiente para ir também?

-Não.

Ela revirou os olhos, colocando a bolsa no ombro.

-Desisto, Dominique. Boa sorte lá, e traga algo do Brasil para nós. - disse enquanto me abraçava e depois abria a porta- Sabe, vou sentir falta desse apartamento. Fizemos tanta coisa... Principalmente aqui e no do meu querido irmãozinho... E do seu futuro marido.

-Não é hora de nostalgia, Roxy- eu ri, olhando em volta- É, também vou sentir falta. Mas uma hora nós precisamos crescer, não é?

-Se crescer para você significa casar escondido do outro lado do oceano... - infelizmente, ela se esquivou da almofada que eu joguei.

Fechei a mala, respirando fundo. Era quase como se eu tivesse deixando uma parte minha para trás ao sair dali. Principalmente a parte festeira e inconsequente que acordava atrasada para o trabalho com a mesma roupa de festa e depois brigava com James. Demorou para nos acertamos... E paramos de ser o casal vai e volta (posto que agora pertence a Scorpius e Rose). Agora finalmente tínhamos tudo. Eu era respeitada e tinha um ótimo cargo no departamento internacional, como assessora do diplomata francês. James era um super famoso jogador de quadribol. E nós estávamos juntos, apesar de tudo.

-Pronta?- o ouvi dizer, encostado na porta.

Sorri, vendo a mala dele logo atrás.

-A pergunta é se você está.

-Já nasci pronto, Nicki.

Revirei os olhos.

-É, sei. Só fico imaginando porque ainda não se rendeu a toda essa fama e me trocou... por qualquer uma aí, para não dizer algo pior.

Ele riu e segurou meu rosto, me obrigando a parar de tentar arrastar a mala para fora do sofá e a olhar para ele.

-Sabe por que eu não fiz isso?- perguntou e eu balancei a cabeça em negação- Porque nenhum delas é você. - ele abaixou a cabeça, encostando a sua testa na minha e sussurrando a última parte.

-Eu nunca sei o que responder depois que você diz essas coisas, James...

Ele finge pensar:

-Que tal “Ó James, você é tão lindo maravilhoso e gostoso que eu até perco a minha fala” ou ainda...

-Chega, James!- eu ri, e ele começou a me beijar.

Até que como sempre alguém tinha que interromper.

-EXISTEM INOCENTES AQUI!- gritou Fred, do outro lado do corredor- Aaah, meus olhos! Parem, vocês dois!

Atrás dele, uma Lily saltitante acompanhada do namorado, Rose e Scorpius, meu irmãozinho, Roxanne e muito atrás, tropeçando nas escadas, Molly e Alvo que tentava ajuda-la. Todos riam, e eu devia estar totalmente vermelha. Droga de genética Weasley.

-Inocentes? Só se for o Alvo... - James comentou, e mais risadas.

-O que? Eu não sou... - a resposta dele foi abafada pelos risos, e ele também estava muito vermelho.

Seguiu-se uma seção de abraços e muitas conversas escandalosas. Nesse momento, eu deveria ter desconfiado de alguma coisa. Afinal, eles não iriam aceitar tão fácil. Não depois de todas as cenas no Três Vassouras, dos gritos e de tudo. Além disso, éramos os Weasleys. E o Malfoy, mas ele sempre estava nas festas de família mesmo, desde a época de Hogwarts. Ele não era tão ruim assim.

-Okay, okay, mas vamos perder a hora- eu disse, por fim, enquanto Lily dizia qualquer coisa sobre como foi um erro eu não ter tido ajuda ao escolher o vestido.

-Dominique, eu posso falar com você?- Louis perguntou, e eu olhei para cima para responder. É realmente irritante que aquele bebezinho tenha ficado mais alto do que eu, além de ser óbvio.

-Claro.

Ele me puxou até perto das escadas.

-Se algum dia ele te machucar, se algum dia ele fizer qualquer coisa contra você... Pode posar de irmã mais velha, mas eu não vou deixar nada disso acontecer.

Não podia deixar de sorrir. Louis, apesar de ser meu irmão maios novo e conseguir ser a pessoa mais irritante da face da Terra, era muito fofo. E ele se importava comigo. No fim, era sempre ele que acabava me protegendo.

-Sabe, bem no fundo eu gosto de ser sua irmã. E estou muito orgulhosa do “bebê da mamãe”- ri, antes de abraça-lo- Pode deixar, Lou.

Ele também estava rindo:

-Só porque você vai se casar, vou ignorar que mencionou o apelido ridículo que a mamãe insiste em usar...

Quando voltamos, mais abraços, e frases típicas do Fred (“aproveitem a lua de mel!”) e finalmente conseguimos sair do prédio.

-Vai sentir falta?- ele pergunta, olhando antes que o prédio bruxo desapareça.

-Do que?

-De viver aqui... Sem compromisso, como... jovens.

-Não. - eu começo, empurrando a mala para ele carregar enquanto procuramos um bom lugar para aparatar até o Ministério da Magia, onde minha amiga conseguiu uma rede de flu direto com o hotel. E eu consegui acelerar o processo de vistos. Ainda não sei por que bruxos precisam disso.

-Por que não?

-Isso é uma pergunta de criança, mas... Eu vou estar com você.

Ele fez questão de parecer chocado.

-Dominique Delacour Weasley futura Potter, ouvi errado ou você algo que poderia ser classificado como romântico?

Fiz questão de colocar toda a minha força quando fui bater nele, deixando uma marca vermelha em seu braço.

-Ai! De onde você tira essa força?- James reclamou, e eu continuei andando- Ei, ei!- ele gritou, enquanto fazia o melhor para correr- Muito maduro da sua parte.

-Você sabe que me ama (N/A: Gossip Girl, aaaaaah. Eu sei, autora maluca :/), Potter.

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-Não achei que fosse ser tão... cheio- James disse, quando tivemos nossa primeira visão do mais famoso resort bruxo no Brasil, Boa Constructor (N/A: eu sei que devia parar de me meter, mas esse é o nome do habit natural da cobra do zoológico, lembram?).

-James, é o Brasil e não o fim do mundo. Faça-me o favor- respondi enquanto tentava chamar a atenção da simpática recepcionista que conversava com algum outro hóspede- Hum, oi. Bom dia. - ela finalmente olhou para mim- Reserva em nome de James Potter e Dominique Weasley.

Ela mexeu no computador e disse, parecendo espantada:

-O jogador de quadribol? Aqui?

-Exatamente. - tamborilei os dedos enquanto esperava ela procurar.

-Ah, vejo. Bem, vocês vão amar!- ela estendeu duas chaves- É algum tipo de convenção familiar?

-Convenção familiar?- perguntei, surpresa e a ela corou. Olhei para o crachá. - Como assim, hum, Mirtes?

Mirtes olhou para os lados e virou a telinha do computador para mim:

-Olhe aqui, várias reservas no nome Weasley, e uma no nome Potter.

-E tem um Malfoy.

Ela assentiu e depois piscou:

-Mas eu não mostrei nada, tá legal? Se quiserem um guia de viagem é só passar aqui na recepção, e sextas feiras é o dia da feijoada.

Sorri para ela e agradeci, correndo para encontrar James. Que estava sentado conversando com duas garotas, praticamente adolescentes, que usam só biquínis e shorts jeans.

-JAMES SIRIUS POTTER!

Ele se virou.

-E essa é a minha sempre discreta noiva, Dominique Weas...

-Podem ir meninas, nada de autógrafo e/ou fotos, saindo... Isso, muito bom.

James riu, tirando os óculos escuros:

-O que foi isso? Ciúmes?

-Poupe-me, Potter, eu sou uma veela. Mas é um assunto mais urgente.

-Não nos colocaram no melhor quarto do hotel?

-O que? Não, James, eu disse um assunto sério. Já deveríamos imaginar, para falar a verdade... Nossos queridos primos resolveram vir até aqui. Eles estão vindo! Eu sei lá como, mas...

Ele olhou para a porta de entrada:

-Hey, Dominique, aquele ali de bermuda com desenhos de folhas roxas e verdes não é o Fred? Por que parece muito com ele...

Eu revirei os olhos e puxei James e as malas para dentro do elevador:

-É isso que eu estava dizendo!

Ele assente, passando a mão no cabelo.

-Bem, então acho que nós temos convidados.

-É, parece que temos convidados- afirmo, suspirando antes dele começar a beijar meu pescoço- O que é isso?

-Eu tentando fazer alguém parar de se preocupar. Eles vieram, e daí? Agora temos convidados e...

-AAAAAAH, MEUS OLHOS!- alguém, vulgo Fred II, gritou quando o elevador abriu em outro andar.

Foi a vez de James suspirar, ainda segurando a minha cintura.

-Sempre você para interromper, não é Frederico Weasley II?

-Com licença, com licença... Ah, vocês estão aí!- Roxanne disse, acenando enquanto colocava as malas no elevador- O pessoal foi de escada, e coloca toda a bagagem em cima de mim... Quanto tempo, hein gente?

Olhei para ela, sem conseguir esconder o riso.

-É, faz muito tempo mesmo. Eu devia ter desconfiado quando nenhuma de vocês tentou me amarrar no pé da cama, ou trocar a fechadura da minha porta e colocar um feitiço que eu não pudesse abri-la...

O elevador parou de novo em outro andar com um “plim”, enquanto Molly entrava, se espremendo entre as malas, a parede e Fred.

-A culpa não é nossa se vocês resolvem casar do outro lado do oceano!- exclamou- Falando nisso, e seu vestido de noiva? Precisamos arrumar nossos vestidos de madrinha...

-Madrinhas?

-É, Domi, ma-dri-nhas. Sempre prometemos ser madrinhas dos casamentos umas das outras, lembra?- continuou Molly, como se fosse óbvio.

-Isso aí, Molly, e nós seremos seus “melhores homens” (N/A: bestmans= padrinhos em inglês), Jay. Imagine, Molly e eu entrando juntos e...

E eles começaram outra discussão qualquer, o de sempre. Até chegarmos no corredor.

-Se despeçam aí, casal, vocês só vão se ver amanhã- ordenou Roxanne- Quarto 237... 2-3-7...

James olhou para mim com aquela cara de cachorro que caiu da mudança:

-Sério que só vamos nos ver amanhã? Nenhuma escapadinha de noite e...

-Hoje não, bro- interrompeu Fred, arrastando James- AS meninas vão pirar, ficam dizendo que se ver a noiva vinte e quatro horas antes dá azar, essa baboseira toda.

Eu ri enquanto eles seguiam até o lado oposto do corredor, mas não achei nada engraçado quando Lily e Rose apareceram com sorrisos malignos.

-E agora é hora do dia da noiva!- disse uma voz conhecida que eu sinceramente não esperava ouvir.

-Makayla?

Ele sorriu, com suas típicas blusas acompanhadas por cintos e milhões de acessórios, o cabelo com um novo corte com franjinhas e um rabo de cavalo.

-A própria! Achou que eu ia ficar de fora? Nananinanão! Não tenho muito tempo, esse hotel É meu (da minha vó na verdade, mas isso é um detalhe) e eu tenho que trabalhar... - ela revira os olhos e me abraça- As meninas já pediram o spa, e eu sou sua nova madrinha! Vejo vocês mais tarde!

E saiu andando pelo corredor.