Nina narrando

 O que o Diogo falava foi entrando demoradamente na minha cabeça, passou um bom tempo para eu absorver a informação que ele me passava, as palavras não queriam fazer sentido em minha mente, tudo o que ele falava foi se encaixando palavra por palavra até montar uma frase com sentido, mas quando se encaixaram, quando fizeram sentido foi a pior sensação do mundo, a sensação de completo abandono.

As lagrimas começaram a escorrer sem o meu comando, nem vi que estava chorando até o Diogo começar a enchugá-las.

-O que você quer dizer com ‘eles não estavam em lugar nenhum’?

O Diogo suspirou como se já esperasse a minha reação.

-A recepcionista disse que eles foram embora de madrugada, a recepcionista mal-educada falou que o Thiago fechou a conta e meia hora depois eles sairam.

Aquilo acabou comigo de dentro para fora,  mexeu com tudo dentro de meu corpo e da minha mente. Meus pais me abandonaram após o acidente, me deixaram sozinha com meu irmão e agora ele foi embora, simplesmente foi embora sem falar nada, sem me explicar o porque de estar fazendo isso.

Diogo me abraçou com força e eu deitei a cabeça em seu ombro e comecei a chorar cada vez mais.

-Nina, se acalma!

Senti que aquilo não ia passar facilmente, que eu não ia me acalmar facilmente, tudo o que eu tinha havia escapado da minha mão como água, não tinha mais nada.

Naquele momento meu mundo não só desmoronou, mas virou de cabeça para baixo e a única coisa que havia ficado para mim era o Diogo.