Em uma noite fria, 10 minutos para a meia noite. Corvos fazem barulho e morcegos voam por toda a parte. Gritos e berros uma grande noite chegando. Teias de aranha penduradas em caveiras a mostra no cemitério. Ratos caminhando em cima dos caixões. Barulhos do vento brincando com as árvores. Risos misteriosos pelo ar, seriam de bruxas? Quem sabe monstros? Um estranho cheiro de sangue podre é espalhado pelo local. Ossos enfeitam todo o lugar. Sorrisos amarelos vêm de ossos a mostra. Teriam sido desenterrados de última hora? Trovoadas e raios brilhantes iluminando a noite. Quase meia noite. Priscila se aproxima de um caixão velho. O de seu avô, a única pessoa que a amou na vida. Ratazanas brigam com baratas. Os corvos gritam com as árvores que não ficam quietas devido ao vento. Abóboras espalhadas com sorrisos largos e amistosos. Flores já mortas com cheiro ruim “enfeitam” os também “belos” túmulos cinzentos mofados. Priscila sente calafrios, mas não sente vontade de retornar. Não sem ver o avô. Sim, ela espera ansiosamente pelo avô.

As árvores cantarolam como se estivessem vivas. Pareciam estar. Um frio de rasgar a boca e entupir o nariz. Priscila se aproxima do caixão empoeirado e põe um jarro de terra em cima do túmulo e por último uma semente. As baratas a observam atentamente. As abóboras parecem rir de Priscila e ela começa a sentir um maior arrepio. Sente que tem alguém ou algo atrás dela. E tem.

 Uma noite escura com uma bela lua crescente. Os corvos continuam a discutir com o vento. As árvores fazem um choro triste. A garota encara a caveira que está em pé de frente para ela. Da um grunhido e a caveira desaparece. Teria sido sua imaginação ou as abóboras não estão mais sorrindo? Estará vendo um gato preto se aproximando? Não dava para saber, era uma noite muito escura. Ela não queria sair de lá, mesmo com medo. Tinha um objetivo em mente. Não iria fugir. Já havia vivido aquela desgraça de vida tempo demais. Plantou a semente e ficou quieta por minutos. As abóboras iluminadas de repente continuavam com uma cara não mais amistosa. Os morcegos haviam pousado nas árvores para ver o que iria acontecer. O cemitério parecia ganhar vida. Priscila esperou até que um broto surgiu do pote. O cemitério parou. O vento parou. As árvores cansaram de brincar com o vento. Os morcegos aterrissaram. As baratas e ratos pararam de discutir e as abóboras ficaram mais acesas e menos amistosas.

Algo apareceu, um esqueleto grande e velho. Sorria. Priscila também.

“ Então você aceitou minha proposta Priscila?”

“ Sim vovô, me leve com você. Me leve para onde eu não precise mais viver essa desgraça de vida. Me leve para longe.”

Então o esqueleto soltou um rugido que fez o cemitério tremer. As abóboras fizeram um rosto de desespero e desapareceram junto com o vento, as baratas, ratos, morcegos e qualquer ser existente no cemitério. O esqueleto sumiu com a garota e nunca mais apareceram. No relógio marcava meia noite. Meia noite de Hallowen. Uma noite inesquecível.