POV Peeta

Acordo pela manha e passo meu braço pelo outro lado da cama, mas só encontro o vazio. Katniss já deve ter acordado, ou talvez nem tenha chegado a dormir.

Estou ficando muito preocupado com ela, uma semana após a descoberta do massacre ela não saia da cama e só chorava. Agora já se passou mais três dias e ela está diferente, está inquieta, mas continua a chorar, seus choros não são mais trites, agora se tornaram desesperados e silenciosos, como se não quisesse que ninguém a visse chorar.

Sempre que a pego chorando em um canto qualquer da casa ela se assusta, limpa as lagrimas e me abraça com força, depois se levanta e se comporta como se nada tivesse acontecido.

Quando lhe pergunto o que aconteceu ela fica pálida e me desvia o olhar, diz que é o motivo de sempre, os jogos, mais sei que é algo mais.

Eu a conheço bem de mais, embora todos digam que ela está entrando em um tipo de depressão por causa do massacre, eu sei que é algo diferente. E se ela não me contar, irei descobrir. Afinal ela é minha esposa, e farei de tudo para descobrir o que tanto a incomoda.

Saio da cama e vou até a cozinha, Katniss não está lá. Imagino que deve estar com a irmã, Prim tem tentado de todas as maneiras que Katniss falasse com ela, já que agora ela não fala com quase ninguém, a não ser para dar respostas simples e curtas para as perguntas que fazemos a ela. Sempre que diz algo a mais que um simples oi, tchau, sim, não, pode ser, tanto faz ou acho que sim, ela desaba em lagrimas.

Chego na cozinha e preparo o café da manha como de costume para mim mesmo. Como alguns paezinhos, uma fatia de bolo e café. Outra coisa estranha é que Katniss também não come direito no máximo toma suco de laranja, sempre diz que está enjoada, eu até poderia achar que é desculpa para não comer, mas ela também tem vomitado muito.

Faço uma bandeja com uma fatia de bolo, suco de laranja e pães de queijo, o seu preferido, então vou até o quarto de Prim e entro.

–Bom dia, Prim. –digo.

–Bom dia Peeta. –Prim fala desanimada, me lançando um olhar triste. Mas não o mesmo que costumava lançar para mim ou Katniss no começo, como se fossemos defuntos e pudéssemos morrer a qualquer instante.

–Estou procurando a Katniss, achei que estivesse com você.

–Não ,ela continua sem falar comigo direito. –ela diz infeliz.

–Você sabe que o problema não é com você, certo? –digo.

–Eu sei Peeta, eu sei.... -então ela franze as sobrancelhas. -pera, se ela não está comigo e não está com você... Onde ela está?

–Deve ter voltado para o quarto. -digo –vou tentar faze-la comer um pouco. -digo apontando para a porta com a bandeja cheia de comida.

–Boa sorte. –ela diz e eu saio

Chego em nosso quarto e vejo que ela está lá. Encostada contra a parede, sentada no chão, com as mãos no rosto, chorando novamente.

–Katniss? -pergunto deixando a bandeja em cima da cama e indo em direção a ela.

Estou ajoelhado na sua frente, tentando gentilmente que ela retire as mãos de seu rosto para que eu possa olhar em seus olhos.

–Katiniss, Katniss olha mim. –digo com calma. –por favor Kat, olhe pra mim. -ela demora mas aos poucos retira suas mãos do rosto, e vejo que seus olhos estão inchados devido ao choro, Katniss vive assim, com olho inchados. Eu a pego no colo e a coloco na cama. elá esta tremendo, me sento ao seu lado.

–P-Peeta eu... -ela começa a falar mas não termina a frase.

–Katniss, o que está acontecendo?

–Não é nada.

–Katnis eu sei que não é só por causa do massacre, faz três dias que vocâ só chora e não come....- digo – por que não me conta?

Ela morde os labiose desvia o olhar encarando o chão, mas eu levanto seu queixo a obrigando a olhar pra mim. Vejo seus olhos cinzentos se encherem novamente de lagrimas.

–Não é nada....

–Eu sei que tem alguma coisa. –levanto minha mão onde tem minha aliança. –somos casados, lembra? Eu te conheço muito bem e sei que voce está me escondendo algo. -ela hesita antes de falar, começa a chorar desesperadamente e me abraça, então ela finalmente diz com a voz vacilante.

–E-Eu estou grávida Peeta.

Ela pega minhas mãos com as suas e coloca sobre a barriga. Sinto que sua barriga ainda não tem nenhum sinal de gravidez,mas um dia terá e... E eu não estarei aqui para ve-la.Começo a chorar assim como Katniss.

Filhos sempre foi um desejo meu,sempre pensei como seria ter filhos com Katniss, com certeza se não fosse pela arena eu teria beijado Katniss e agora chorando de felicidade, eu não tenho duvidas, mesmo tendo só 17 anos mas eu não me importaria em ser pai, eu simplesmente amaria.

Mas essa não é a realidade que estamos vivendo. Iremos para a arena, eu e Katniss havíamos traçado um plano assim que o massacre foi anunciado, nós dois morreríamos na arena. Mas isso não é mais possível.

Agora eu lutarei até meu último suspiro para que Katniss e nosso filho saiam com vida da arena.

Penso em como não terei a chance de ver Katniss com uma barriga, como não terei a chance de pegar meu filho no colo. Meu choro fica mais forte.

Katniss tem que sobreviver, ela tem que vencer esse massacre. Mas será uma tarefa difícil, certamente terá dois meses e meio de gravidez na arena, não conseguirá se mover com tanta agilidade como conseguiria normalmente.

Eu preciso estar lá para salva-la, tenho que chegar até os finalistas para garantir sua vitoria, essa é a prioridade de minha vida agora, fazer com que minha mulher e meu filho ou filha saiam da arena com vida, e garantir que eu morra lá.

–Vai ficar tudo bem Katniss. –eu digo ainda abraçado a ela. –farei de tudo para que você e nosso filho ganhem esses jogos. -eu digo e o choro de Katniss fica ainda mais alto.

Passamos o quase a manha inteira assim, juntos e abraçados. Então me lembro que Katniss ainda não comeu nada, eu teria que faze-la voltar a comer, ou ela não teria forças para a arena.

–Katniss. –digo entre um soluço e outro, tento retomar a calma, tenho que estar forte por ela. -você tem que comer algo.

–Eu não quero Peeta...-ela diz. –estou enjoada.

–Eu sei Katniss, mas você precisa comer. –pego a bandeja que continuava sobre a cama. –Vamos.

–Mas eu não quero... –ela protesta como uma criança pequena.

–Voce precisa estar forte Katniss. –continuo, eu a faria comer nem que fosse a força. –por favor?

–Tudo bem –ela suspira –só um pouco.

Ela come, da pra ver que estava com fome, parecia só estar com medo dos enjoos.

Ela já tinha terminado de comer quando de repente corre para o banheiro vomitar. Vou com ela e seguro seus cabelo.

–Viu, é por isso que eu não queria comer. –ela diz dando descarga.

–Faz parte, você vai ver. –eu digo dando um sorriso forçado –não significa que você não vá mais comer, ao contrario, tem que se alimentar melhor ainda.

-Tudo bem. –ela diz desanimada.

Voltamos para o quarto e continuamos abrassados como estavamos antes. Não falamos nada, apenas ficamos ali o resto da tarde.