O Começo De Uma Era escrita por Undertaker, Moça aleatoria


Capítulo 12
Capítulo 12




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Não.

Não pode estar acontecendo. Pego o teste e o jogo no lixo com raiva. Saio do banheiro e fecho a porta, minhas costas ainda estão pressionadas contra a porta do banheiro, quando meu corpo escorrega pela porta e estou, novamente, sentada no chão desabando em lagrimas desesperadas.

Nunca quis ter filhos em toda a minha vida, mesmo depois de meu casamento com Peeta, eu até cheguei a pensar em filhos, mas logo desisti, ciente que não seria uma boa mãe. Talvez em uma outra situação eu até chegasse a conclusão de que poderia aprender e me tornar uma mãe decente. Mas não agora. Estou indo para a arena gravida.

Será que ainda estou no direito de desejar morrer na arena? Tirar a vida de uma criança que nem ao menos chegou a nascer? Mesmo que eu consiga sair viva da arena, o que será dessa criança? Ter uma mãe horrível como eu sem nem ao menos ter um pai. Sei que Peeta seria um ótimo pai, não duvido, talvez ele a te pudesse me ajudar. Mas se eu sobreviver, ele não estará comigo. Não terei condições de cuidar de nosso filho. Isso é um fato. Alem de provavelmente nem conseguirei chegar a metade dos jogos. Qual é a chance de uma garota de 17 anos gravida sobreviver a um massacre quaternario, uma arena cheia de vitoriosos sanguinários? Praticamente zero.

Qual será a reação de Peeta? Ele com certeza faria de tudo para proteger a mim e a criança mas.... Não! Se ele fizer isso corro o risco de vencer. Não posso vencer. Não posso cuidar de uma criança sem Peeta ao meu lado. Não! Não irei contar, talvez isso faça de mim a pessoa mais fria, egoísta e estupida de toda a Panem, decidir assim, sozinha no chão de meu quarto, que meu filho deverá morrer comigo.

Provavelmete é melhor que nosso filho nem chegue a a nascer do que sofrer em vida. Penso que se mesmo que consiga sobreviver, ele pode ser escolhido na colheita. A probabilidade de filhos de vitoriosos irem para a arena é no geral muito grande.

Em minha cabeça vejo Peeta morrer das formas mais dolorosas possíveis, me vejo tentando cuidar de nosso filho mas sem sucesso, se Peeta morrer provavelmente entrarei no mesmo tipo de depressão que minha mãe entrou. Não iria ter condições mentais de cuidar dele. Vejo meu filho ser escolhido para a colheita e ir para a arena. Não isso não pode acontecer. Não irei deixar, não permitirei, não irá acontecerá. Farei de tudo para que Peeta não saiba dessa criança. Irei manter nosso plano silencioso de morrermos juntos na arena.

Mas dessa vez estou comprometendo a vida de 3 pessoas. A minha, a de Peeta e a de nosso filho, uma criança inocente que não terá a chance de nascer. Faço minhas contas, estarei com 2 meses e meio na arena contando a semana que passarei na Capital. Será que terei alguma barriga? Ninguém pode saber. Torço para que a roupa não seja colada.

Minha mente vaga e penso no que poderia acontecer se não fosse a arena, me imagino com Peeta do meu lado, Peeta com nosso filho ou filha no colo, imagino lembranças que nunca aconteceram e nunca chegaram a acontecer.

Meu choro fica cada vez mais desesperado. Coloco a mão sobre minha barriga, é claro que não há nenhum sinal de gravidez. Mas sei que já amo nosso filho, sei que por ama-lo não posso sobreviver, se não posso lhe dar uma vida boa não quero lhe fornecer vida alguma, não tenho esse direito, não tenho o direito de destruir a vida de uma criança, por que sei que é isso que eu farei. Mas penso se tenho o direito de tirar a vida dessa mesma criança.

Não. Com certeza não. Mas não há outra escolha. Meu plano está novamente traçado, e nele, 3 pessoas morrem. Meu choro aumenta mais ainda e ouço passos se aproximando. Vejo Peeta entrar pela porta entreaberta do banheiro e me ver jogada no chão.

Nessa semana tenho tido muitas crises de choro, mas esse choro é claro, é muito mais forte. “Hormonios da gravidez” penso agora como tudo faz sentido.

–Katniss? –Peeta chega e me pego nos braços. –aconteceu alguma coisa? –ele pergunta e eu sigo o meu plano.

–Não... –digo – S-só o de sempre mesmo. -digo me referndo a arena.

–Calma Katniss, vai ficar tudo bem, nós temos um plano lembra? -ele diz se referindo a nosso plano silencioso no qual nenhum dos dois tem coragem de dizer em voz alta. –vai ficar tudo bem.

–E-eu sei... –digo tento mudar de assunto mas ainda estou chorando. –Onde você estava?

-Falando com Haymitch, ele ainda está tentando me convencer a treinar para os jogos. -ele diz –ele já entendeu o nosso plano faz tempo, mas continua achando que ele não tem lógica, ele diz que vai tentar nos proteger mesmo assim. –ele diz e força um sorriso. Pelo visto realmente se apegou a nós.

Lembro–me de Haymitch, ele é cabeça dura e não duvido do que ele fará para tirar um de nós de lá. Isso não pode acontecer. Tenho que falar com ele e tentar colocar em sua cabeça o que nós pretendemos.

Ficamos assim, deitados na cama abraçados e mesmo sendo pelo menos 1 hora da tarde, Peeta acaba dormindo. Nenhum de nós tem tido boas noites de sono. Percebo que é uma boa hora para falar com Haymitch. Saio dos braços de Peeta com cuidado para não acorda-lo. Saio do quarto e corro até a casa de Haymitch.

–Haymitch? Haymitch! –entro sem bater e chamo por ele.

–Droga! Será que você nunca vai aprender a bater na porta? –diz Hamitch mal humorado assim que entro.

Ele está tomando vinho, apesar de não estar bebado, sorte minha. Assim ele se lembrará de nossa conversa.

–Haymitch tenho que falar com você. -digo.

–Pelo que devo a honra de sua presença? Pensei que uma hora dessas estaria em casa esperando a morte. –ele diz sarcástico. Haymitch foi muito maldoso, mais do que o normal.

–É sobre isso que quero falar. -digo ignorando o seu comentario

–Você também quer tentar me convencer a não tentar tirar um de vocês dois da arena com vida, não é? -ele diz e eu aceno com a cabeça. –voces dois andam muito previsiveis.

–Haymitch... Tente nos entender um pouco. –digo com calma –você sabe que nenhum de nós aguentaria a vida após essa arena, nenhum de nós iria conceguir...

Ele me interrompe

-...Viver sem o outro, eu sei. Peeta me disse a mesma coisa. –ele diz ainda indiferente. -vai ter que, no minimo, ter novos argumentos se quiser que eu mude de ideia, docinho.

-Que droga Haymitch! –eu não tenho mais paciência e explodo em gritos. –Por que você não entende que é isso que queremos? Não queremos isso. Se é esse o tipo de vida cheio de depressão, tristeza e amargura que nos aguarda após a arena nem eu ou Peeta queremos estar aqui para descobrir! -ele abre a boca para falar mais eu não deixo. –Não Haymitch, agora é a minha vez! Você realmente acha que eu queria morrer? Eu estava prestes a me casar! Eu tinha sido pedida em noivado pela pessoa que eu mais amo no mundo. –eu e Peeta não nem se quer contamos a ninguém sobre o nosso casamento. Eu tive uma semana. Uma semana de felicidade podendo imaginar como seria ser feliz novamente. Agora isso é tudo que eu posso fazer, imaginar como teria sido e como não será mais. Não quero viver assim, nem eu nem Peeta. -digo e estou começando a chorar novamente. Droga de hormonios! –Por favor Haymitch, nos entenda por favor. -eu digo por fim e ele suspira.

–Tudo bem, você me coveneceu. Parabéns. –ele diz infeliz

–Obrigada. –digo e já ia sair da casa quando o ouço dizer.

-Eu realmente estava animado em te levar ao altar sabia? –ele fala e eu me viro. –parece que a Capital consegui nos tirar tudo mesmo.

Você não tem ideia do quando. Penso lembrando de meu filho, saio da casa e recomeço a chorar.



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Notas finais do capítulo

só uma curiosidade, na cultura do japão, acredita-se que um bebê que morre prematuramente é enviado ao inferno por causar sofrimento aos pais. Sorte que eles moram em panem.