Johanna se ajeitou na cama antes de me responder com um ar de deboche.

- O tempo todo em que estávamos presos ele ficou querendo me ajudar. Foi legal da parte dele, mas para mim cansa. Ele se oferecia para ser torturado em meu lugar e eu tinha que mandá-lo calar a boca para não piorar as coisas – terminou ela revoltada.

- Johanna- eu repreendi – você deveria ser grata, não ficar reclamando.

- É fácil falar, vendo de fora. Mas a cada vez que ele tentava me ajudar, mas me faziam sofrer.

Eu juntei as sobrancelhas, imaginando a cena.  Mas depois de olhar para Johanna eu ri. O que ela disse e como ela disse e a cara que ela estava agora... Só dava para rir.

- Agora sua vez – ela falou –, por que não tem para onde ir?

- Quem imaginária e conversando com você ainda mais para dar conselhos... Não deveria confiar em você! – apontei.

- Quem vai dar conselhos aqui? – perguntou Johanna olhando para os lados.

- Tudo bem – concordei -, mas você vai rir de mim. Peeta me contou o motivo de vocês ficarem rindo de mim...

- Ah, por você ser muito... Santinha?

Eu revirei os olhos.

- Bem, só não ria ok! – pedi.

- Tá, vou me esforçar.

- É que estou com problemas com meu primo Gale e com Peeta, os dois...

- Te querem e você não sabe quem escolher – ela completou a minha frase. Não riu, mas estava quase.

- Mas ou menos isso – eu tentei explicar, mas eu não sabia o que falar.

- Não escolha nenhum! – falou Johanna enfática. – É melhor ficar na duvida do que escolher e se arrepender. E outra, Peeta é legal, mas o seu primo Gale em...

- Calada! – eu pedi, ela ergueu as sobrancelhas. – O problema é que eu não quero escolher nenhum dos dois, mas eu não tenho como dizer isso a eles. Quero dizer, eu até disse, mas eles parecem não acreditar ou não entender. Pelo menos não Gale... – eu fui jogando as palavras, como um desabafo. Mas parei, percebendo que ela não deveria estar entendendo nada.

- Bem, eu não sei o que te falar, querida. Mas  se eles te encherem muito, mande eles aqui que eu acabo com essa história.

Eu me achava estourada, sem sentimentos, mas perto de Johanna, me sentia uma menininha indefesa.

- Obrigada, isso me deixa bem mais segura!

- Está na hora da medicação – disse uma enfermeira que acabava de entrar na sala.

- Bem, eu vou indo – disse me levantando.

- Vá lá!

- Obrigada de novo! – eu reafirmei.

- Não foi nada, mas se você não parar de dizer isso vou acabar me arrependendo!

- Tá bom! – eu concordei.

Não sabia quando veria Johanna de novo, mas depois dessa conversa esperava que demorasse, até pelo menos ela se esquecer das coisas que eu lhe havia contado.

- Ah, Katniss – ela me chamou.

- O que?- respondi já na porta.

- Bem, se eu tivesse que apostar em alguém, seria em Peeta!

Eu balancei a cabeça e sai de seu quarto.