Pela janela do meu quarto podia ver meus pais e minha irmã brincando com a mangueira no quintal, mesmo com meus fones podia ouvir suas risadas, não entendia o porquê de brincadeiras tão idiotas e sem sentido, aumentei o volume do meu ipod, levantei-me e peguei um livro na prateleira, precisava distrair minha mente. Estava perdido nas paginas de O castelo de Otranto de Horace Walpole quando Julia entrou no meu quarto, toda molhada.

___Oi Pither, oque esta fazendo. Perguntou.

Fiz um leve gesto mostrando o livro em minhas mãos, enquanto olhava a pequena poça que se formava sobre seus pés.

___Humm... você não prefere ir lá fora brincar comigo? Perguntou arregalando seus pequenos olhos.

___Você sabe que não gosto de brincar.

___Mas mamãe me disse que você esta passando por uma fase, então talvez você possa passar por ela logo e brincar comigo. Insisti-o usando todo poder de persuasão que uma garota de seis anos conseguiria ter, mas recusei, imaginando oque minha mãe devia ter dito a Julia, eu entendia o fato dela não aceitar meu estilo gótico, mas ficar falando para Julia que aquilo iria passar como se passa uma doença não me agradava. Embora muitas coisas não me agradassem.

Depois da minha recusa Julia saio e pude voltar a minha leitura até ser novamente interrompido, dessa vez por minha mãe, me chamando para que fosse cumprimentar meus parentes que chegaram para nosso costumeiro almoço de domingo em família, desci as escadas em contra gosto, e fui cumprimentar meus “adoráveis” parentes. Minha tia Regina veio até mim me dando um beijo no rosto.

___Como você esta crescendo, já esta um homem. Disse com um sorriso idiota, apenas a encarrei pensando o quanto eu poderia ter crescido ou mudado desde o ultimo final de semana. Logo depois veio minha vó me abraçando e beijando.

___Como esta meu netinho lindo? Perguntou, e eu apenas dei uma leve erguida de sobrancelha para não ter que responde-la, considerando quanto era irônico ela me chamar de lindo se quando não estava por perto sempre criticava meu corte de cabelo, o lápis que usava nos olhos, as unhas pintadas, as roupas, e para fechar com chave de ouro, seu assunto preferido os brincos e o pircing que tinha no lábio.

Depois de cumprimentar minhas duas tias, Regina e Carla, minha vó Dolores, meu primo Edgar e minhas detestáveis primas gemias Ágata e Cris. Fomos todos para mesa, almoçar.

Todos riam e brincavam em um falso retrato de família feliz mesmo que minhas tias falassem mal uma das outras por traz, minha vó sendo viciada em jogo parecendo só eu perceber isso, e meu primo Edgar namorar escondido minha prima Ágata e a trair com sua irmã Cris. Eu permanecia ali como todos finais de semana vendo cada sorriso dissimulado, quase rindo de tamanha falsidade e ironia.

Meu nome e Piter Edgar Malagan, e infelizmente essa e minha droga de família.