No ínfimo intervalo em que a porta se abriu e tornou a fechar para a entrada de Finn no escritório, Katherine entrou por uma das janelas do lado oposto, tomando o máximo de cuidado para não ser notada. Permaneceu oculta atrás das cortinas, sem nem mesmo respirar, enquanto ouvia a conversa de Esther com o filho.

A ideia de, após quinhentos anos, não precisar mais fugir de Klaus deixou a vampira em êxtase por alguns segundos. Talvez finalmente pudesse gastar seu precioso tempo em coisas mais divertidas do que seu tão afiado instinto de sobrevivência. Mas, após a saída do Original, quando a bruxa por fim revelou seu verdadeiro plano, Katherine sentiu um leve aperto no peito – coisa que tratou de espantar como se fosse um inseto – ao tomar consciência de que Elijah também morreria.

Apesar de não ter cuidado dela da maneira que a morena esperara quando ainda era uma reles humana, ela não podia negar que, àquela época, chegara a nutrir mais do que apenas sentimentos de amizade e gratidão em relação a Elijah. Mas se fosse para enfim se ver livre da perseguição e sede de vingança de Klaus, a morte do mais civilizado dos irmãos Originais era um preço pequeno a pagar.

Quando Esther finalmente deixou o escritório, alguns minutos depois, Katherine se permitiu voltar a respirar. O plano da bruxa estava traçado, não havia meio de mudar isso. Agora, só restava à vampira encontrar uma maneira para que a posse dessa informação se tornasse uma vantagem em suas hábeis mãos.

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Completamente alheios a tudo que acontecia no andar superior, Elijah e Sophie permaneciam dançando, não se importando com mais ninguém no mundo além deles mesmos.

– O que me diria se eu lhe pedisse para ficar ao meu lado, menina? – o Original questiona, permitindo-se mergulhar no olhar da garota, vendo neles uma esperança que julgava ter perdido há vários séculos atrás.

– Ficar ao seu lado... de que maneira, exatamente? – ela indaga, parecendo realmente confusa. – Agora, ou...

– Pela eternidade, Sophie – Elijah se apressa a acrescentar, interrompendo-a. – Estou apaixonado por você, minha pequena. Eu amo – continua ele, dando ênfase à palavra – você! Ficaria comigo?

– Ah Elijah... – Sophie murmura em resposta, os olhos rasos d’água.

Sem esperar mais um segundo sequer, a garota o beijou, dando-lhe a resposta que seu coração vinha sussurrando desde a primeira vez em que vira o Original, ainda na Itália. Abraçou-o ainda mais apertado, sentindo as batidas descompassadas de seu coração ecoarem no peito de Elijah.

– Eu amo você, sabia desde o primeiro instante que sempre seria você – diz ela, sentindo os dedos dele deslizando suavemente por sua face úmida. – Só tinha medo de admitir...

– Eu também – o moreno responde, voltando a beijá-la enquanto a conduzia para fora da pista de dança. – Tenho algo pra você – ele continua ao pararem à porta que levava à biblioteca, levando uma das mãos ao bolso interno do smoking e tirando dali uma pequena caixinha. Ao abri-la, revelou um delicado anel cravejado por pequenos diamantes e um diamante lapidado em forma de coração.

– É lindo, Elijah! Mas eu não...

– Case-se comigo, Sophie! – ele a interrompe mais uma vez, deixando-a completamente sem fala. – Case-se comigo e me faça o homem mais feliz do mundo.

Com as lágrimas voltando a deslizar por sua face, a garota envolveu o rosto do vampiro com ambas as mãos e, colocando-se nas pontas dos pés, uniu seus lábios aos dele mais uma vez. Afinal, que motivos ela tinha para não aceitar ao pedido?

– Só me deixe falar com o seu irmão, por favor – Sophie implora, logo após Elijah colocar o anel em seu dedo. – Não quero magoar Kol ainda mais, e é justo que ele saiba por mim, e não por você.

– Tudo bem – ele responde, com um sorriso. – Mas depois você será apenas minha, menina! – completa, puxando-a para o aconchego de seus braços.

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Além daquela mesma porta, Klaus e Caroline conversavam a sós. O híbrido queria que a loira pudesse conhecê-lo um pouco melhor. A vampira, por sua vez, estava encantada com as várias pinturas que decoravam os poucos espaços que não estavam tomados por prateleiras.

– Parece que o curador do Louvre não conhece os benefícios da verbena – diz ela, com um sorriso. – Se conhecesse, teria dado por falta de alguns quadros.

– De fato, duvido que ele saiba o que a verbena é capaz de fazer – Klaus responde, retribuindo o sorriso. – Mas também não vejo mal em se manter alguns trabalhos longe dos olhos dos curiosos, não é?

– Espere... são seus? – a vampira indaga ao se deparar com alguns esboços sobre uma das escrivaninhas.

– Por que toda essa surpresa? Acha que só meu irmão mais velho pode se mostrar refinado?

– Não, não é isso, mas... Nunca imaginei que pudesse ser um artista tão bom.

– Não sou dos piores – o híbrido comenta. – Uma de minhas obras faz parte do acervo do Vaticano, e uma outra é parte da coleção particular da família real inglesa.

– Modéstia não é mesmo uma de suas qualidades, não é? – Caroline responde, aos risos.

– Isso é para aqueles que têm medo da grandeza. Eu nasci para ser grande, então ela não me cabe!

– Seu ego é do tamanho do mundo! Inacreditável...

– O que você conhece do mundo, Care? – ele questiona, colocando-se ao lado da garota e encarando-a com interesse.

– Apenas o que se aprende nas aulas de geografia. Além do mais, eu não tive séculos e mais séculos para correr o mundo, não é?

– Eu poderia lhe mostrar... Te daria Roma... Paris... Tóquio... Talvez Viena, ou até o Rio de Janeiro.

– Ah, por favor!

– Mystic Falls é pequena demais para uma mulher como você. Você é forte, decidida, luminosa... e gosto de você por isso.

Com a declaração do híbrido, a loira acabou ficando sem palavras para respondê-lo. Enquanto as frases ditas por Klaus assentavam e ecoavam na mente de Caroline, ele se aproximou ainda mais, de modo que a garota já podia sentir o hálito dele tocando seu rosto.

– Você poderia me dar uma chance – diz ele simplesmente, ajeitando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.

– Pare com isso, por favor.

– E por quê? Tem medo de ceder?

– Você é charmoso, bonito, e sabe ser encantador quando quer. Mas isso não muda o fato de que já fez coisas horríveis com pessoas com as quais eu me importo.

– E você não é capaz de me perdoar? – ele questiona, afagando o rosto dela com delicadeza.

– Talvez... Mas que tipo de pessoa eu me tornaria se passasse por cima de tudo o que houve?

– O tipo de pessoa do qual se pode ter orgulho de amar – o híbrido responde, zerando a distância entre eles e beijando-a com delicadeza.

Caroline até tentou se manter no controle, mas essa resolução não durou mais do que alguns segundos. Logo, ela se via retribuindo ao beijo, enquanto sentia os braços dele circundarem sua cintura com firmeza.

– Acho melhor voltarmos ao salão agora – a loira murmura, alguns instantes depois. – Quem sabe possamos dançar mais uma ou duas músicas – completa, puxando Klaus consigo.

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Kol estava absorto numa conversa animada com Sam, que envolvia as dificuldades de adaptação do rapaz à sua nova condição, a Champions League européia e os mais novos joguinhos de videogame. Estavam discutindo estratégias de The Last Of Us quando o Original sentiu um toque em seu braço, chamando sua atenção.

– Soph! – ele exclama, abrindo um sorriso radiante.

– Podemos conversar? – a garota indaga, esforçando-se para sustentar o olhar dele. – A sós.

– Aconteceu alguma coisa? - Kol pergunta, estranhando o semblante abatido de Sophie.

– Apenas venha comigo, por favor – diz ela, tomando a mão dele na sua e puxando-o consigo para fora da mansão.

O Original a acompanhou em silêncio, e em sua mente mil e uma teorias se formavam, brigando por sua atenção. Quando enfim alcançaram o jardim, Sophie voltou a encará-lo, e Kol pode ver ali as lágrimas que já se formavam nos olhos da garota.

– Hey principessa, fale comigo – ele pede, envolvendo o rosto dela com suas mãos.

– Preciso que saiba Kol, e que não esqueça – ela começa baixinho –, que eu amo você! Mas... Mas eu amo o Elijah mais.

– O que?

– Seu irmão me pediu em casamento, e eu aceitei.

– Casamento? Como assim casamento? Você não pode se casar Sophie! E eu? E nós, como ficamos no meio disso tudo?

– Me desculpe por jogar essa notícia no seu colo dessa maneira, eu não imaginava nada disso! – a garota tenta explicar, segurando as mãos do moreno entre as suas. – Mas eu também não me imagino dando outra resposta ao pedido do seu irmão – continua, com sinceridade. - Vou entender se você me odiar pela eternidade e além, mas por amá-lo, também sei que você merece ser muito feliz, merece ter alguém ao seu lado que lhe ame por inteiro, Kol.

– Me amar por inteiro – o Original repete, com um toque de dor e ironia na voz. - Como Elijah se sente sabendo que você me ama, Soph? Acha que ele vai ser capaz de conviver com isso, com a parte em seu coração que sempre vai preferir ter ficado comigo?

– Kol, por favor...

– Ele pode ser o mais contido de nós, mas no fundo, por baixo de toda aquela complacência, ele é tão temperamental quanto Klaus, Finn ou eu!

– Eu sei, todos somos assim! – Sophie grita em resposta, dando as costas para ele. – Todos temos defeitos, mas ele me completa de uma maneira que nem mesmo sei explicar – explica, quase num sussurro.

– Hey – ele murmura, puxando-a de volta e a abraçando apertado -, me desculpe. Eu só... Se essa é mesmo a sua decisão, eu vou respeitá-la, ok? Só me prometa que será feliz. – completa, erguendo lentamente o rosto dela para que seus olhares se encontrassem.

– Você também – ela murmura, colocando-se nas pontas dos pés, mais uma vez naquela noite, e unindo seus lábios aos dele num beijo que deveria ser de despedida.

*********

A música no grande salão de festas se tornara mais calma, sendo tocada apenas para manter o ambiente aconchegante. No alto da escada, Esther já estava posicionada de maneira altiva, tendo em uma das mãos uma taça de champanhe. Com um movimento sutil, fez os músicos encerrarem a música por hora, para que pudesse falar aos seus convidados.

– Boa noite a todos, espero que estejam aproveitando a festa – diz ela, com um sorriso. – Desde já, gostaria de agradecer, em meu nome e no de meus filhos aqui presentes, pela presença de cada um de vocês e também pela hospitalidade de todos para com a nossa família. Espero que este momento de cordialidade seja o primeiro de muitos que ainda virão. Saúde! – ela completa, erguendo a taça num brinde.

O gesto de Esther foi copiado por todos os presentes, e logo, todos os Originais havia bebido ao menos um gole de champanhe, completando assim o feitiço que os ligaria.

Alheio ao que acabara de acontecer, Elijah observava de longe as reações de Rebekah, que não desgrudara de Stefan um segundo sequer. Ele não recordava de outro momento em que a irmã parecesse tão feliz, e ele mesmo se sentia bem ao vê-la daquela maneira. Parecia que, finalmente, a garota havia encontrado tudo aquilo que sempre desejara ao longo dos séculos: alguém que a amasse e completasse, e que faria de tudo para não ferir seus sentimentos. Porque, se havia algo em que o Original se arriscava a confiar, era na honra e no bom caráter de Stefan.

O moreno acabara de beber mais um gole de sua taça quando uma voz conhecida chamou a sua atenção.

– Uma moeda por seus pensamentos – diz a morena ao seu lado, com um sorriso.

– Achei que se importasse demais para vir falar comigo outra vez, Elena – Elijah responde, sem nem mesmo encará-la.

– Desculpe, doppelgänger errada – a garota murmura, fazendo o Original virar-se em sua direção no segundo seguinte. – Olá Elijah! Quanto tempo, não?

– Katerina...

– Única e original – ela responde, aproximando-se mais.

– O que está fazendo aqui? Achei que seu instinto de sobrevivência lhe mantivesse há quilômetros de meu irmão.

– Sobrevivência depende muito de boas informações, meu querido. Além do mais, não perderia a chance de conhecer a sua mãe. Ouvi dizer que ela é bruxa muito poderosa.

– Se acha que está segura por conta da multidão, está muito enganada. Nada me impede de arrancar seu coração e acabar de uma vez por todas com sua vidinha de mentiras e intrigas!

– Por favor Elijah, ambos sabemos que você seria incapaz de fazer isso! Nós temos uma história juntos, você gostando ou não – Katherine comenta num sussurro, para que só ele pudesse ouvir. – E duvido muito que você queira mostrar o monstro que há dentro de você para a sua... Como devo chamá-la agora? Noiva? Cópia fajuta? Ou talvez bichinho de estimação? – completa ela, com um sorriso sarcástico.

– Não ouse falar de Sophie dessa maneira! – o Original rosna em resposta, segurando o braço da vampira com força.

– Ou o quê? Vai me matar? – ela o desafia. – Você é patético, Elijah! Há séculos atrás, você me disse com todas as letras que não acreditava no amor. Acabou com todas as esperanças que eu nutria em relação a nós! E agora está aí, rastejando como um cachorrinho atrás dessa menininha mimada, que por sinal esteve beijando seu irmão caçula há poucos minutos atrás.

– Você não sabe do que está falando.

– Não mesmo? Por que não pergunta a ela, então? Ou melhor, escolha a pessoa certa ao menos uma vez! - então, sem dar chance para que o Original retrucasse, a morena enlaçou o pescoço dele e o beijou com fervor.

Nesse mesmo instante, Sophie se aproximava com Kol, mas parou onde estava ao se deparar com a cena.

– Elijah? – a loira murmura desconcertada, dando um passo para trás e esbarrando no mais novo dos Mikaelson.

– Soph? – ele chama, preocupado.

– Pode me tirar daqui, por favor? – ela pede com lágrimas nos olhos, deixando o anel que ganhara de Elijah sobre um dos aparadores e caminhando rapidamente em direção à porta da frente em seguida.