Second Chance escrita por Lady Salvatore


Capítulo 43
Capítulo 43 - Lembranças Dolorosas


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha! :)

Que tal um pouco de história?

Aliás, antes que eu esqueça, gostaria de agradecer às últimas recomendações mega divas de vocês! :) Obrigada Mrs Marchen, Semírames Ávila, Anna Luisa, Queltm Pierce, Michele Marques e Deise Mikaelson!



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Se o mundo explodisse em fogo ou acabasse se partindo em gelo naquele momento, e por algum golpe do destino ele pudesse voltar a ser mortal, Kol não ficaria nem um pouco triste em dar seu último suspiro. O momento pelo qual ele ansiava desde que pusera seus olhos naquela garota finalmente chegara, e nada que ele vivera através dos séculos podia ser comparado àquilo.

O sentimento que ele nutrira por Sofia Salvatore um dia era completamente diferente, se comparado ao que o rapaz sentia pela menina abrigada em seu abraço. Kol jamais definiria se amava mais ou menos uma delas, mas o sentimento que trazia consigo era forte e intenso o bastante para mantê-lo lutando por Sophie. E senti-la retribuir ao beijo, mesmo que timidamente, só o dava mais motivos para nutrir alguma esperança.

Esperança. Um sentimento que o Original conhecera ainda criança, mas que após a transformação em vampiro fora praticamente varrido para longe. Voltara a ter um vislumbre dele no dia do noivado de Elijah há tantos séculos atrás, mas fora novamente destroçado algum tempo depois.

Kol conseguia lembrar-se de apenas mais um momento em sua vida onde pudera experimentar a esperança outra vez: no dia em que conhecera Melanie. Fora em Paris, capital francesa, no dia 14 de julho de 1789, em frente à Fortaleza de Bastilha. Chegara à cidade seguindo o rastro de Sage, e encontrara a multidão composta por soldados, guardas e civis parisienses marchando até a fortaleza em busca de pólvora. Após o descontrole dos guardas de Bastilha, que abriram fogo contra o povo, a revolta acabou culminando em tiroteio e massacre.

O Original encontrara a garota por acaso em meio àquela massa de pessoas raivosas. Os cabelos claros e ondulados acabaram chamando sua atenção, mas o que ele acreditava ser apenas uma alucinação mostrou-se a personificação em carne, osso e doçura do que ele imaginava que pudesse ser um anjo.

Melanie fora arrastada à força junto com a multidão e por pouco não fora pisoteada. Após salvá-la e levá-la para o alto do telhado de uma das construções ali ao lado, Kol pudera ver uma luz no fim de seu longo túnel de arrependimentos e dor. O sorriso daquela garota parecia ter o poder de curar suas feridas nunca cicatrizadas, e sua voz soava como a mais doce melodia numa manhã agradável de primavera.

Infelizmente, a bolha de encantamento mútuo em que eles se encontravam era frágil demais, e o destino, um cruel carrasco. No fervor da batalha que se desenrolava vários metros abaixo de onde eles estavam, um forte estrondo indicando o disparo de um canhão se fez ouvir na noite, vindo provavelmente do alto da fortaleza. Em seguida, uma chuva de estilhaços, contendo partes de telhas e pedaços de madeira e pedra, atingiu o local em que o casal se refugiara, e um dos objetos pontiagudos acabou transpassando as costas de Kol e atingiu o peito da garota, tirando-lhe a vida quase que instantaneamente.

O rapaz nada pudera fazer para salvá-la. Era tarde demais para que seu sangue tivesse algum poder, e ele ainda precisou de muito autocontrole para não ceder à tentação do líquido vermelho, quente e espesso que manchava o vestido simples de Melanie.

Após um grande esforço, Kol chegou com o corpo já sem vida da garota a um dos hospitais da cidade, deixando-a aos cuidados de uma enfermeira e compelindo a senhora a não desistir de encontrar a família da menina, para que assim pudessem dar um destino digno a ela. Depois disso, o Original desligou-se de qualquer outra coisa que não fosse seu desejo de vingança contra a namorada obsessiva de seu irmão, retomando sua caçada e enterrando novamente a esperança.

– Está tudo bem? – Sophie questiona, encarando-o com um misto de carinho e preocupação no olhar, tirando-o de seus devaneios.

– Ah sim, tudo ótimo – ele responde, acariciando o rosto dela. – É que tem sido difícil sentir esperança, que não consegui evitar me lembrar da última vez em que ela esteve comigo.

– Foi uma lembrança triste? – e vê-lo apenas baixar o olhar foi resposta suficiente para a garota. – Sinto muito Kol, muito mesmo – completa, voltando a abraçá-lo apertado.

– Hey, não fique chateada. Você renovou minhas esperanças principessa, e não quero vê-la triste por algo que aconteceu há tanto tempo, ok?

– Tudo bem... Mas eu também não gosto de te ver triste por esses mesmos motivos, entende? Me importo com você, e saber que está sofrendo me deixa mal também.

– Não era bem esse sentimento que eu esperava, mas acho que posso conviver com isso – diz ele, fazendo uma careta.

– Palhaço! – Sophie retruca aos risos, dando um tapa no braço dele.

– Não me lembro de estar usando um nariz vermelho, mocinha! – o vampiro responde, derrubando-a de costas sobre o sofá, colocando-se acima dela em seguida com um sorriso divertido, mas tomando o cuidado de preservar uma distância de bons centímetros entre eles. – Escute – ele continua, agora mais sério, - eu sei que existe Elijah na equação, que ele gosta de você do mesmo modo que eu, e que provavelmente você se importa com ele do mesmo modo com que se importa comigo, mas... Bem, se não for pedir muito, não me peça para desistir, Soph!

– Kol, eu... – ela começa, tentando encontrar as palavras certas. – Não quero que você ou seu irmão se magoem por minha causa. E se eu tivesse um pingo de juízo, iria embora de Mystic Falls sem nem mesmo olhar para trás, e deixaria ambos livres.

– Somos vampiros, espertinha! Não há lugar longe o suficiente para onde você possa ir.

– Estou falando sério!

– Eu também, Soph. Ouça... Somos bem crescidinhos, ok? Sabemos dos riscos e os assumimos por livre e espontânea vontade.

– Mas Kol...

– Sem “mas”, lindinha – ele sussurra, dando um selinho em Sophie. – Agora, que tal começarmos o tal trabalho de literatura? – completa, com um sorriso encantador.

**********

Embora tenha ouvido muito bem as palavras de Elena Gilbert, Klaus não se deu por convencido e resolveu procurar pela tal casa no meio da floresta. Afinal, se precisasse mesmo da ajuda de uma bruxa, qual seria a dificuldade de encontrar uma disposta a ajudá-lo, sendo ele quem era e com a ajuda dos incentivos certos?

Além do mais, o que um bando de bruxas mortas poderia fazer contra ele, o híbrido Original, uma das criaturas mais poderosas - se não a mais poderosa - a caminhar sobre a terra e praticamente indestrutível? Klaus poderia rir descontroladamente se a situação não fosse séria, já que a ideia de fantasmas ameaçando sua vida soava ridícula para ele.

O híbrido varreu aqueles pensamentos para longe e se pôs alerta. Teria de retomar o que lhe haviam roubado o quanto antes, ou então teria verdadeiros motivos para temer. Se mais ninguém conseguira detê-lo ao longo de todos aqueles séculos, ela provavelmente encontraria uma maneira. E logicamente, Klaus não poderia correr aquele risco.

Após alguns minutos, ele pode ver a construção em meio às árvores. Ainda à distância, ele sentia o poder que emanava daquele local, mas aquilo não o afastaria.

– Olá bruxas! Vamos ver do que são capazes – diz ele confiante, passando pela porta da frente.

De início, Klaus não sentiu nada de diferente, mas depois de alguns passos, uma dor lancinante lhe atingiu, como se seu cérebro estivesse sendo esmagado por uma grande rocha, ou talvez se liquefazendo por conta do calor.

Mesmo com o poder de se curar rapidamente devido à sua condição de hibrido, ele sentia como se pudesse “sair do ar” a qualquer instante, tanto que só se deu conta de que caíra de joelhos após alguns instantes, quando sua imagem em dor se refletiu num pedaço de vidro caído no chão.

– Malditas bruxas... – ele resmunga, esforçando-se para se colocar de pé novamente. – Se não estivessem todas mortas, eu mesmo me encarregaria de arrancar o coração de cada uma! – completa, com uma careta de dor.

E tão rápido quanto a dor chegou, ela também foi embora. Klaus até se permitiu respirar um pouco mais aliviado por alguns instantes, mas logo foi surpreendido por outra sensação que há tempos não sentia, como se cada um dos ossos de seu corpo estivesse se partindo. Ele conhecia bem aquela dor, a dor da transformação... A mesma dor que lhe mostrou, há tanto tempo atrás, que não era filho legítimo de Mikael.

E novamente ele se via no chão, cerrando os punhos com força para não deixar que nenhum grito escapasse de seus lábios. Não daria àquelas almas penadas o gostinho de ouvir seu sofrimento e se revirarem em suas tumbas com pulinhos felizes.

O som dos ossos quebrando era angustiante, a sensação de ter tudo dentro de si se revirando era terrivelmente desconfortável, e o híbrido já podia sentir o suor encharcando suas roupas e escorrendo por seu rosto. Com certeza, aquelas malditas bruxas amaldiçoadas estavam se divertindo fazendo-o sentir a dor da transformação em níveis muito além dos normais.

Quando ele finalmente se deu por vencido e largou-se sobre o assoalho empoeirado, toda a dor desapareceu como num passe de mágica. Com esforço, mais uma vez ele se colocou de pé, sorrindo amargurado por sua aparente “derrota”.

– Então ela está mesmo aqui, não é? – ele grita para as paredes, abrindo os braços em sinal de desafio. – Posso até não vê-la, mas nada me impede de por isso tudo à baixo só pra me divertir um pouco... – completa num rosnado furioso, voltando-se para a porta e arrebentando-a fora.

Após sua rápida demonstração de fúria, sua cabeça voltou a latejar terrivelmente, como se pequenas bombas estivessem explodindo em seu cérebro. Mas dessa vez ele não se deixaria derrubar, não mesmo. Num piscar de olhos, ele estava fora da velha casa e longe do alcance dos fantasminhas camaradas.

Em pouco mais de um minuto, ele havia juntado uma boa quantidade de folhas secas em frente à porta, precisando apenas de uma pequena faísca para incendiá-las. E como, infelizmente, não havia nenhum isqueiro ou caixa de fósforos no bolso da jaqueta, Klaus teve de apelar para o velho método dos escoteiros. Apanhou duas pedrinhas e após batê-las uma contra a outra algumas vezes, conseguiu a faísca que precisava, fazendo o fogo se espalhar rápido entre as folhas e alcançar as tábuas velhas da casa num instante.

Mas para espanto do híbrido, tão rápido quando o fogo se alastrou, ele logo foi controlado e contido definitivamente. Após gritar alguns xingamentos aos quatro ventos e derrubar algumas árvores apenas para descontar um pouco de sua fúria, Klaus voltou até a porta de entrada, parando a centímetros do batente e encarando seriamente o corredor que se estendia a sua frente.

– Sabe... não gosto de ser feito de idiota, nem mesmo por bruxas vindas do além! – ele murmura, nem dando importância se parecia ou não um lunático falando para as paredes. - Então, assim que sua adorada descendente Bonnie cruzar o meu caminho, minha vingança cairá sobre ela, e não haverá nada que possam fazer para impedir – completa decidido, dando as costas para a casa e desaparecendo dali.

**********

Alfredo deixou o prédio em que Sophie vivia o mais rápido que pode, afinal, não queria correr o risco de ser apanhado e torturado por um dos Originais. E sem Sage por ali, não havia mais muito sentido em permanecer em Mystic Falls, a não ser por ela... Depois de tantos séculos, o rapaz não tinha certeza de que seria capaz de simplesmente partir e nunca mais vê-la.

A semelhança daquela garota com sua irmã mais nova era realmente perturbadora, ainda mais quando ele recordava das várias palavras duras que dissera para Sofia no passado. E se àquela época ele achara que fizera a coisa certa, hoje, depois de ver e viver tantas coisas, a incerteza martelava constantemente em sua cabeça, dizendo que ele fizera tudo errado e que, de uma maneira ou de outra, a culpa pela morte da irmã era dele.

A falência da família viera por conta das besteiras que Alfredo fizera em Roma, e se não fosse por isso, Sofia jamais teria ido para Torino e nunca cruzaria o caminho da família Mikaelson. A garota poderia ter vivido um casamento feliz com algum bom rapaz da capital, ter tido filhos, netos e talvez até um bichinho de estimação. Ele, por outro lado, aprenderia a ser feliz apenas com a felicidade da irmã, realizado por apenas ver um sorriso sincero nos lábios dela, mesmo que ele próprio não fosse vivenciar experiências semelhantes.

Foi mergulhado nesses pensamentos que o rapaz chegou até o Mystic Grill, que àquele horário estava quase vazio. Após largar-se numa das banquetinhas junto ao balcão do bar, Alfredo pediu ao garçom uma dose da bebida mais forte que eles tinham por ali. Mesmo que ela não tivesse o poder de livrá-lo daqueles pensamentos torturantes, poderia ao menos fazê-lo se afastar deles por algum tempo.

– Bebendo logo cedo? – uma voz feminina questiona, aparentemente às suas costas.

– Nunca é cedo demais para problemas, logo, nunca é cedo para o álcool, Elena – ele responde, sem nem mesmo se virar para encará-la.

– Entendi – diz ela, sentando-se ao lado dele e tirando o copo de suas mãos. – O que está bebendo? – continua, tomando um gole da bebida de cor verde e quase cuspindo tudo fora no segundo seguinte. – Éca, isso é horrível! Qual o problema com o bom e velho vinho que você estava bebendo outro dia?

– Vinho não é forte o bastante hoje, só isso. E a propósito, isso se chama absinto, ou “fadinha verde”, como é popularmente conhecido.

– Recebeu a visita de um dos Originais também? – Elena questiona, sem disfarçar a curiosidade.

– Quase isso – diz Alfredo, enquanto voltava a encher seu copo. – Fui falar com Sophie e um tal de Kol apareceu por lá – continua, virando a dose toda de uma só vez. – E também descobri que mataram a minha criadora, que nos últimos séculos era o mais próximo de família que eu tinha... – completa, dessa vez bebendo direto da garrafa.

– Espere! Você é um...? – e mesmo que agora parecesse muito óbvio para ela, a garota não teve coragem de terminar a frase, encarando Alfredo com o espanto bastante visível em seu rosto.

– Um vampiro sanguinário que poderia cravar as presas em seu pescoço sem você sequer se dar conta? – ele sussurra, aproximando-se dela para que pudesse ser ouvido. – A resposta é sim.

– Então como pode ser irmão da Sophie? Ela também é uma...?

– Na verdade sou irmão da Sofia, mas Soph é realmente muito parecida com minha irmã caçula. É por isso que a chamo de “sorella”, que em italiano quer dizer irmã, mesmo que ela não haja como tal – diz ele, dando de ombros, como se aquilo não o afetasse de alguma maneira.

– Uau! Isso significa que você deve ter mais de quinhentos anos... – Elena responde, pegando o copo que o rapaz deixara de lado e enchendo-o com o tal líquido verde em seguida, bebendo um grande gole antes de continuar a falar. – Está muito bem para alguém tão velho, sabia?

– Eis o lado bom de ser uma criatura sobrenatural: o charme e a juventude não vão embora com o passar dos anos, a menos que você nunca tenha tido nenhum dos dois. Afinal, vampirismo não faz milagres, certo? – ele questiona, aos risos. – Por exemplo, aquele senhor ali ao lado – ele continua, apontando discretamente para um homem de mais ou menos 40 anos, - ele seria eternamente “sem sal”, como vocês costumam dizer hoje em dia!

– Concordo – ela cochicha, também aos risos. Aparentemente, o álcool já começava a mostrar seus efeitos colaterais. – Agora volte a encher meu copo, por favor. Quero esquecer que Klaus matou meu irmão caçula por conta de um botão estúpido – continua, encarando o rapaz e vendo a expressão de choque em seu rosto. – Oh, não se preocupe. Jeremy tem um anel que o trás de volta dos mortos. Deve estar se fartando de cereal numa hora dessas...

– Está muito calma para alguém que viu o irmão morrer – o vampiro murmura, despejando mais uma dose no copo da garota.

– Devo isso à fadinha verde – a garota responde, batendo seu copo contra a garrafa numa espécie de brinde. – E se os tais espíritos estiverem certos dessa vez, em breve teremos meios de nos livrar de Klaus, e ele nunca mais vai chegar perto do Jer.

– Vocês querem se livrar do Klaus? Mas como?

– Não faço a mínima ideia, na verdade. Mas mal posso esperar para vê-lo queimar e pagar por tudo que tirou de mim!

– E teria espaço para mais alguém nesse seu pequeno plano de vingança? – Alfredo indaga, visivelmente interessado. – E bem... Temos como incluir mais um Original nisso?

– Quer se juntar a nós, italianinho? – Elena questiona, encarando-o com um largo sorriso de satisfação.

– E por que não? Não tenho mais nada a perder mesmo, e adoraria vê-los pagando pela morte de Sage.

– Parece que temos um acordo, Sr. Salvatore!


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Notas finais do capítulo

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