Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 59
Bem vinda à Las Vegas!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Gil e Sara acabavam de chegar à casa e admiravam a frente do imóvel. Toda pintada em amarelo com as porta e janelas brancas e bem cuidadas. Nem precisaram tocar a campainha quando a porta se abriu e o casal viu Betty se despedindo do técnico que viera instalar a campainha e o telefone adaptados para surdos.

—Meu filho! Que bom te ver!

A senhora exclamou logo depois do técnico sair.

—Mamãe, não faz nem duas semanas desde que nos vimos. Assim parece até que sumi por um ano!

—Para o coração de mãe, um dia já é muito! Olá, querida- Betty abraçou a nora e os três entraram na casa.

Apesar de já ter estado na casa diversas vezes desde que Betty a comprara, Gil observou admirado o imóvel, como se o visse pela primeira vez. Na verdade, seria a primeira vez com todos os móveis da senhora no local.

—Mãe, a senhora fez um ótimo trabalho com o lugar!

Da última vez que Gil viera o local era só caixas empacotadas. Para desgosto do jovem, ele não conseguira ajudar sua mãe com a mudança o tanto quanto gostaria. Entre os jogos, as viagens e os treinos era difícil de se fazer disponível para ela.

—Eu tive ajuda, querido! Seus amigos foram sempre muito solícitos quando você não estava, e o pessoal do Instituto também ajudou bastante.

—Fico feliz, mãe. Mas posso ver seu gosto fino em cada cantinho daqui.

Era verdade. Betty sempre fora uma mulher com um alto senso de moda. Tanto em sua casa quanto em seu guarda-roupa não podia haver nada que destoasse. Assim, na casa o tom das paredes combinava perfeitamente com os móveis. Aqui e ali havia enfeites e potes de flores. Mas o que mais dava um tom aconchegante era a parede em que ficava perto da lareira, não pela lareira em sim, mas sim por conta da moldura de retratos em formato de árvore. Nele, várias fotos da família Grissom, desde Gil bem pequeno com seus avós até uma mais recente dele em seu uniforme dos Devils. Até mesmo uma foto de Sara ele encontrou! Quando mostrou a foto para a namorada ela ficou muito feliz e deu um abraço na matriarca. Se o sorriso de Betty ficasse maior partiria o rosto dela em dois!

Apesar da casa não ter um andar superior, os cômodos eram tão espaçosos que um segundo andar não faria falta. O quarto de Betty era o com a suíte. Sua mãe não mudara em nada a disposição de seu antigo quarto para este. Questão de feng shui, o filho bem sabia. O banheiro da suíte tinha até uma banheira! E o segundo quarto tinha agora uma cama de casal, uma cômoda e uma tevê. À exceção da cama, todos trazidos de seu antigo quarto.

—A senhora fez o que com minha cama?

—Dei para a caridade. Achei que você gostaria mais de uma cama de casal, para você e Sara ficarem mais confortáveis.

—Mamãe!- Gil falou exasperado- Eu e Sara moramos nesta cidade! Para quê você acha que vamos usar essa cama?!

—Ah, Gilbert! Você mesmo disse que não sabia se ficaria em Vegas por muito tempo! Além disso, o dia que vocês precisarem tem sempre um lugar aqui.

—Gil, é fofo da parte de sua mãe. E ela pode muito bem receber outros convidados se quiser!

— Eu sei, só estou dizendo...

A senhora então mostrou o resto da casa para o casal e logo depois se sentaram no quintal da casa para almoçar. Como sempre, as refeições eram feitas em silêncio- não se podia usar as mãos para conversar- e o papo ficou para o café que Betty serviu logo em seguida.

—Então, qual era a novidade que vocês tinham para me contar?- Betty quis saber.

O casal trocou olhares e sorriram um para o outro.

—Conte você, Gil.

O jogador olhou para sua mãe e anunciou.

—Nós finalmente alugamos um apê para a gente!

—Ah, que maravilha!

Betty sabia da dificuldade que o casal teve para procurar um local juntos. Ficou até sabendo das “engraçadices” do primo de Sara para com a corretora. Para a surpresa de Sara, fora a senhora e não seu namorado a parte mais indignada. Gil somente riu e afirmou que enquanto ela dividisse a cama com ELE, estaria tudo certo.

O casal então contou que achou um apartamento de um quarto e sala, localizado em um condomínio fechado.

—Tem de tudo lá, mamãe- Gil comentou com animação- tem quadras poliesportivas, uma piscina enorme, salão de jogos, de festas, cozinha gourmet e até mesmo um Pub! Isso significa que não há muitos motivos para sairmos de lá!

—Você pretende fazer de sua namorada uma mulher reclusa? - Betty se assustou com a fala do filho.

—Não, Betty... é claro que ainda vamos sair, mas desse jeito nós podemos fazer mais coisas sem nos preocuparmos com assédio de repórteres e fãs- Sara defendeu o namorado.

—E ainda tem a questão da segurança. O condomínio tem uma política de acesso restrito, devido a quem mora lá. Assim eu posso ir viajar tranquilo sabendo que a Sara estará em segurança.

—Então vocês pensaram em tudo, não? Quando se mudam? Vão precisar de ajuda com móveis e essas coisas?

— Toda ajuda será bem-vinda-comentou Sara- Ah, droga... o telefone...- a morena sentiu o celular vibrar no bolso de sua calça e viu que era sua chefe ligando- Com licença, preciso atender essa.

—Vai lá, querida- Betty respondeu e observou a nora se afastar para atender a ligação.

Mãe e filho continuaram a conversar sobre a mudança e logo Sara já estava de volta com eles, mas sua cara demonstrava sua contrariedade.

—Sinto muito, mas surgiu uma convocação urgente no trabalho. Algum roubo em um grande hotel da região.

—Ah, querida. Tudo bem, nós marcamos uma outra tarde!

—Você quer que eu te leve, Sara?

—Ah, não precisa, amor. Fique aqui com sua mãe como havia prometido.

—Então leve o carro com você. Dependendo da hora que eles te liberarem você fará melhor uso dele do que eu.

—Tem certeza?

—Absoluta!

O casal não reparou que aquela cena era observada de perto por Betty, que gostava muito do que via. Tanto da oferta de Gil quanto do carinho de Sara para com seu menino.

Betty e Gil observaram a morena sair da garagem e dirigir até o fim da rua, de onde virou para a esquerda e sumiu de vista. Os dois então voltaram para a casa e guardaram a louça do café em silêncio. Assim que terminaram a senhora pegou a mão de Gil e o levou até o quarto de hóspedes.

—Tem algo aqui que eu queria mostrar a você e a Sara. Uma pena que ela teve que sair tão cedo!

A senhora levou Gil até o closet, abriu a porta e fez Gil entrar no espaço.

—Uau, mãe!- o jovem exclamou ao ver o conteúdo do closet. Eram suas coisas, de quando ele ainda morava com a mãe. Prêmios, maquetes, projetos, livros... tudo que compusera o quarto de Gilbert estava ali- É como uma máquina do tempo!

—Sim. Mas eu queria te mostrar isso aqui!

Betty abriu uma gaveta e retirou dali uma luva bem gasta de basebal.

—Sua primeira! Lembra do quanto você infernizou seu pai até ele te levar uma ?

—Claro!

—E isso aqui?

—Ah, essa não!- Gil retirou o álbum de fotos da mão da mãe- Você não vai mostrar fotos minhas constrangedoras para ela! Não aquela do meu batizado!

—Gilbert, ora! Mas é minha prerrogativa como mãe embaraçar você!- a foto em questão era uma na qual Gil usava aquela bata de batizado. A roupa era tão grande no miúdo bebê que ele parecia estar usando vestido. Havia muitas outras fotos, e na maioria delas seu pai se fazia presente.

Ao ver o filho parado admirando uma das fotos dele com seu velho Betty não resistiu em perguntar:

—Gil, querido, como está seu relacionamento com seu pai?

—Ah... estamos bem- Gil fechou o álbum de fotos e o guardou no lugar- É um relacionamento mais para o profissional, mas foi o que eu pedi a ele, então...

—Como eu gostaria que você o perdoasse, meu filho...

Betty falou com pesar, e Gil pode sentir que aquele era um desejo íntimo de sua mãe.

—Eu já o perdoei, mãe... só não vou me esquecer...

Betty balançou a cabeça, exasperada com a teimosia de seu filho. Quando Gil cismava com algo era muito difícil fazê-lo mudar de ideia.

—Mas e falando nele? O que vai acontecer agora que vocês estão morando na mesma cidade?

Gil ainda estava desconfiado dessa vontade repentina de sua mãe de morar em Las Vegas. Até onde ele sabia, Betty adorava Marina Del Rey e detestava Las Vegas. Lembrou-se de como ela havia choramingado quando Gil falou que iria morar na cidade do pecado.

— Não vai acontecer nada, ué!- Mas Betty falou isso e logo desviou o olhar do filho. Gil teve mais certeza ainda de que tinha algo naquela estória que sua mãe estava escondendo. Mas se Betty não queria contar ele arrancaria a verdade de outro jeito...

—Ok... bem, você disse que queria ajuda para montar a estante do escritório né? Vamos lá!

Apesar de desconfiado, Gil não teve muito tempo para bancar o detetive em relação ao possível envolvimento de seus pais. Ele estava bastante ocupado dividindo seu tempo entre a mudança de apartamento e os compromissos dos Devils.

Assim, os meses de junho a setembro foram embora e os Devils foram coroados pela temporada excepcional como o melhor time da Liga Nacional na região oeste. Sendo assim, eles seriam um dos oito times a disputar os Playoffs novamente.

Gil estava eufórico com mais uma oportunidade de ouro para os Devils.

—UHUUULLL

O time cantava após a vitória sobre os Trovões de Tampa. Gil esteve particularmente bem no jogo, mesmo não tendo conseguido fazer um Home run durante a partida. Quem brilhara mesmo fora DB, que conseguira forçar um strike de praticamente todos os batedores do time oposto.

—Boa a sensação, não é?

William perguntou ao filho

—Sim...

—Vamos trabalhar juntos para levarmos esse troféu para casa, hein!

—Isso aí!

Gritou um dos companheiros do time.

—Vamos, galera, estão liberados! Não quero ver essas caras feias durante essa semana!,

Os times teriam uma semana de descanso, enquanto os adversários continuavam a ser definidos. Gil ia embora junto com os outros quando seu pai chegou junto dele e perguntou se ele não queria jantar com ele.

—Eu marquei com minha mãe e Sara de...

—Ah, tudo bem. Fica para uma próxima, então...

William falou e Gil observou seu pai se afastar. O homem ia de ombros caídos, muito diferente de alguns segundos atrás, quando a felicidade pela vitória estava estampada em seu rosto. Sentindo um aperto em seu peito ao ver o pai assim, Gil fez algo que jamais pensaria.

—Ei, pai!- quando o homem se virou para ele, Gil continuou- Nós vamos ao Hotel Sirocco, às 20 horas. Vai ser legal se o senhor também for...minha mãe vai gostar.

—Eu...ah... tem certeza, Gil? Eu não quero atrapalhar!

—Não teria convidado se não tivesse. Então, te vejo lá?

—Ah, claro!

Pai e filho se despediram, cada um seguindo seu caminho e cada um com um sentimento de incredulidade no coração. O mais velho por não acreditar na boa sorte de ser convidado pelo filho a uma reunião de família. O mais novo por não acreditar que ele mesmo quem fizera o convite.

—Só espero não me arrepender mais tarde!


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