Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 52
Nada é tão ruim quanto o que parece


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!

Como estão? Bem, eu espero!
Mais um domingo de postagem para vocês.
Espero que gostem! E atentem para o título, pois ele traz o feelling para os capitulos que seguem...
Boa leitura!



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Último sábado de março- Estádio dos Devils.

 

“Este sábado ficará para a história dos Devils como aquele que vira o Record de público para uma partida de baseball” pensava Doug Donald, enquanto via o público chegar de seu local em um dos camarotes reservados. O homem não cabia em si de felicidade. Até o momento, todos os seus planos para o time estavam dando frutos. Os Grissom eram sua galinha dos ovos dourados, com a quantidade de patrocínio que conseguiam angariar, mesmo sem fazer muito esforço. O número de uniformes vendidos na loja do time crescia a olhos vistos, assim como o programa de sócio torcedor que ele tivera a “brilhante ideia” de criar.

Assim, quando seu jogador favorito pediu que ele liberasse um dos camarotes para seus amigos assistirem aquela partida, o homem não recusou. Por isso ele agora observava a trupe de Grissom entrar no camarote a sua frente. Seu dia não podia ficar melhor- Doug sonhava acordado. Afinal, ele teria agora ampla oportunidade de observar as beldades as quais viviam a cercar Gil, principalmente uma loira escultural.

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—Ei, pessoal!

Sara cumprimentou os amigos assim que chegou no camarote ocupado por eles. Estavam ali para prestigiar seu namorado Catherine- com Lindsay em seu colo-, Sofia, Nick – o jogador de Futebol americano fora expulso em seu último jogo e por isso tivera tempo de ver seu amigo jogar-, Jim Brass e Warrick Brown.

—Ei, Sara!- Jim respondeu – Como está nosso intrépido jogador?

Sara chegara junto a Gil no estádio e fora com ele até o vestiário para lhe desejar sucesso no jogo.

—Está bem. Chateado pois não vai ter o Ian, mas disse que eles farão o melhor.

—Se o babaca do capitão não estragar tudo, não é?

Nick comentou. Sendo também jogador profissional, ele entendia os perrengues que Gil passava dentro e fora de campo. Os garotos então começaram a discutir sobre Dean e as coisas que Gil comentara no decorrer da semana, mas as garotas já estavam fartas disso.

—Bem, acho que preciso trocar a fralda de Lindsay- Catherine comentou ao sentir a fralda da filha, e convidou as meninas para irem com ela até o fraldário, o que elas fizeram sem que os homens se dessem conta.

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—Prontinho, um bebê cheirosinho saindo!- comentou Sofia enquanto terminava de abotoar a jardineira de Lindsay. Após dar um beijo na barriga da bebê e fazê-la rir ela estendeu a garota à mãe- Aqui, Cath.

—Obrigada! Você parece bem a vontade com ela para quem não tem muito contato com crianças...

—Acho que sou natural nisso- brincou a loira, mas logo comentou que trabalhou como babá durante o Ensino Médio- Mas não vou negar que gostaria de ter um bebezinho fofo assim- ela falou enquanto passava a mão no rosto de Lindsay, e a bebê aproveitou para pegar a mão dela e levar diretamente a boca.

—Não, filha!- Cath afastou a pequena e procurou na bolsa uma chupeta para dar a filha, que começava a ensaiar um berreiro.

Enquanto Cath tentava acalmar a filha, Sara voltou para a conversa.

—Mas então, você já pensa em ter filhos agora? Você e Nick estão falando disso?

—Não, ainda não! Nós estamos bem, mas ainda nem chegamos perto de falar disso.

 -O Nick me parece um cara família- comentou Cath – Aposto que ele seria um pai excelente.

— Pode até ser, mas acho que eu teria um trabalho dobrado para cuidar de dois bebês, um pequeno e outro adulto...

As mulheres caíram na risada com o comentário de Sofia.

—Eu te entendo- Sara respondeu assim que conseguiu conter o riso- Às vezes Gil parece um menininho mimado...

—E o maridão, Cath- Sofia quis saber- Também dá trabalho ou é um bom pai?

Este era exatamente o tipo de pergunta que Catherine detestava. Tudo o que tinha relação com seu marido era um assunto delicado para ela e as pessoas mais próximas a ela entendiam o fato e o respeitavam. Mas Catherine não podia culpar Sofia por tocar no assunto, visto que a moça não tinha como saber disso.

—Gente, vamos voltar para o camarote, o jogo vai começar em minutos- Sara tentou desconversar, vendo que Catherine ficou desconcertada com a pergunta.

—Não, Sara... está tudo bem... eu realmente preciso falar sobre isso.

Sofia olhava de uma mulher a outra com curiosidade. Era óbvio que tinha feito uma pergunta indelicada, sem querer, e Sara estava tentando proteger a amiga.

—Só vamos procurar um lugar melhor, não acho que seja conversa para se ter no banheiro.

O trio então foi se sentar em um dos bancos que havia nos corredores do estádio, que àquela hora já estava quase vazio devido à proximidade do jogo. Sara ficou com a afilhada no colo, deixando a amiga livre para contar seu caso.

—Bem, meninas... desculpem-me por isso, mas a pergunta da Sofia me fez lembrar de algumas coisas que preferia esquecer... mas mesmo assim vou responder. Edie é um excelente pai, quando o quer ser.… como marido...bem... – a voz de Catherine perdeu a força na medida em que seus olhos se encheram de lágrimas- Eu acho que ele está me traindo...tenho certeza, quase...

Como não conhecia bem o marido de Catherine, a notícia chocou Sofia. Sara, porém, simplesmente se entristeceu. Devido ao fato de Edie ter se mostrado um cara confiável durante toda a gravidez da mulher, Sara havia decidido que ele havia virado a página. Ela pusera fé no relacionamento dos dois e mesmo após o nascimento de Lindsay Edie continuou a surpreender. Isto é, até os três meses da bebê. O terceiro “mesversário” de Lindsay marcara a última data em que Sara vira o homem, e desde então sua presença se tornara uma simples menção aqui e acolá na vida de Catherine.

—Ah, Catherine... eu sinto muito!

—Não sinta, Sofia. Eu já devia esperar por isso. Eddie sempre foi um cafajeste desde que eu o conheço. Não sei porque achei que um filho iria mudar o cara!

—Como você descobriu, Cath?- a pergunta veio de Sara desta vez.

—O mesmo de sempre... ligações a todas as horas do dia, um cheiro diferente, ele chegava tarde em casa... ele dizia que era o trabalho de músico e no início, eu acreditei nele... mas sabe o pior? É que o babaca nem soube esconder o caso direito... eu realmente tive provas quando uma cliente minha, uma cliente- ela frisou bem a palavra- ligou para mim para contar que ela o viu se agarrando com uma qualquer no clube que ela gerencia... não basta foder com meu emocional, ele quer foder com o meu trabalho também...

—Amiga, se você quiser a gente procura o desgraçado agora mesmo e dá um sumiço nele- foi o que Sara conseguiu dizer após o relato de Catherine – Eu sei como esconder um corpo sem ninguém achar.

—Não vai restar nem poeira do canalha- Sofia concordou, e Catherine não pode deixar de sorrir. Sentiu-se aliviada por ter tirado aquele peso de seu coração e ainda por cima pode sentir o carinho que as meninas tinham por ela. Naquele momento de solidão era tudo o que ela mais precisava.

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Fim da tarde- em frente ao vestiário dos Devils

Após um jogo intenso no qual quase perdera a voz torcendo para o namorado, Sara andava em direção até o vestiário querendo encontrar seu homem e lhe dar um beijo avassalador. O jogador fizera um jogo excelente, arrancando uns bons pontos para seu time, mas não era esse o motivo pelo qual Sara não podia esperar para vê-lo.

Sara passara o jogo todo pensando no que Catherine lhe dissera e não pode evitar de agradecer aos céus por seu namorado. Ele que era um cara maravilhosamente cavalheiro com ela e com os outros, romântico na medida certa -para ela, ao menos- e que nunca contara uma mentira para ela. Sara só queria estar nos braços dele e agradecer por ser um namorado tão bom. Até que se deparou com aquela cena...

Parados ali na porta dos vestiários, para qualquer um ver, estavam Gil e uma mulher que ela não conhecia, muito próximos um do outro. Uma mulher linda, Sara notou, alta como ela, e morena.  Sara parou com sua caminhada, tamanho foi o susto que tomou ao ver seu namorado todo sorrisos para uma mulher que ela não conhecia. Mas a julgar pela linguagem corporal dos dois, não somente se conheciam, mas pareciam bem íntimos.

Sara não soube precisar bem o que sentia ao ver aquilo. Ela, que era cheia da certeza de que Gil não era como Eddie, agora parecia entender um pouco do que Catherine sentia. “Mas é só um abraço!”, seu lado racional frisava, “ele não está fazendo nada de errado”. “Ainda”, aquele sentimento novo que se apossara dela fazia questão de dizer, “você não sabe o que ele apronta às portas fechadas! ”. Sara sacudiu a cabeça com força e, sem pensar muito, voltou sua caminhada em direção ao suposto casal.

—Gilbert!- ela nunca chamava o namorado pelo nome de batismo, se podia evitar. Ele detestava, mas, no momento, Sara não queria ser muito boazinha com ele.

Os dois se assustaram com o chamado abrupto e logo voltaram a atenção para quem os chamara.

—Sara!- Gil falou. Ele ganharia pontos por não parecer culpado, dando a entender que não acontecia nada indevido ali. Só que sua namorada já não entrara no modo “puta da vida” antes mesmo de ele abrir a boca. Sendo assim, nada o salvaria de seu mau-humor.

—Não vai me apresentar a sua amiguinha?

Heather arregalou os olhos, não gostou nada do tom e da fala irônica da morena, mas sabia reconhecer uma mulher defendendo seu território. Deixou Gil cuidar da situação.

—Ah, claro. Sara, essa é a Heather Kessler, uma amiga de faculdade. Heather, Sara é minha namorada.

Dizendo isso, Gil foi até ela e a enlaçou na cintura, trazendo-a mais para perto de si.

—Muito prazer, Sara. Gil me falou muito bem de você- a outra tentou ser cortês, mas aos ouvidos de Sara, ela só entendeu o que queria.

—Eu não posso dizer o mesmo de você, já que Gil nunca me contou que uma antiga amiga dele trabalhava aqui!

—É... na verdade ela começou tem dois dias.

—E já estão com essa intimidade toda? Maravilha!

—Bem, o papo estava ótimo, mas já deu minha hora- Heather achou melhor se mandar, visto que não tinha a menor paciência para DRs e cenas de ciúmes- Gil, a gente se vê amanhã. Sara, foi um prazer.

E saiu toda empertigada pelos corredores. O casal ficou parado por uns segundos, se encarando. Gil não entendia bem o motivo daquela hostilidade toda de sua namorada. Eles estavam tão bem! Sara, por sua vez, tentava controlar sua raiva para não brigar com o homem a sua frente.

Quando Gil foi abrir a boca para perguntar o que estava acontecendo, seus colegas de equipe foram saindo do vestiário, lembrando a Sara que eles não estavam no melhor dos lugares para conversar sobre qualquer coisa.

—Acho melhor se apressar. Seus amigos te esperam no seu apartamento. Eu vim aqui avisar.

Sara falou e deu as costas ao namorado, como se fosse ir embora sozinha.

—Sara! Espera aí- Gil a alcançou e a pegou pelo antebraço- Onde você vai? Achei que você iria comigo...

—E eu que você não quisesse minha companhia- ela sussurrou.

—Ah, qual é? Eu sempre quero sua companhia... Sara, se isso for pela Heather...

—Não vamos falar sobre isso aqui, Gil.

—Tá bom. Então vamos.

O jogador guiou a namorada pelos corredores até a garagem, o trajeto todo feito em silêncio. Aquele não era bem o fim de noite que ele esperava depois do jogo. Se soubesse que o encontro com a Heather teria deixado Sara tão puta ele teria dado um jeito de se livrar da mulher. Mas também, como saber? E outra, qual era o problema de ele estar conversando com uma amiga? Ele vivia sozinho com Catherine e nunca vira Sara reclamar.

Enquanto Gil ia se irritando com a situação, Sara fazia o caminho inverso. Ela detestava crises de ciúmes. Para ela, tal sentimento não era uma prova de amor, e sim uma prova de que havia desconfiança por parte do casal. Ela nunca agira assim na vida, com raiva de um mero encontro com uma amiga- bonita que fosse. Ela precisava se acalmar.

Assim que o casal entrou no carro Gil pôs a chave na ignição, mas não ligou o automóvel. Ele deixou a chave lá e se virou para a namorada.

—Sara, o que foi isso?

—Eu não sei o que deu em mim, Gil...- ela falou, sem coragem de o encarar – Mas eu vi você todo íntimo com aquela mulher, e...

—Aquela mulher é uma amiga, Sara. E ela tem nome- Gil não podia deixar Sara ficar com essa impressão sobre Heather. Eles eram amigos e ele não queria deixar de o ser só porque sua namorada assim queria. Se ele não se impusesse com ela, Sara podia achar que era certo se meter em todas as suas amizades. Isso ele não podia aceitar.

A defesa veemente de Gil fez com que o ciúme subisse novamente em Sara.

—Ela não parecia como alguém que somente se acha uma amiga sua, Gil...

—Isso é ridículo... você está vendo coisas!

—Prove para mim, então!- Sara finalmente encarou Grissom, e a raiva que ela demostrara no olhar fez com que o jogador quisesse se encolher em seu acento- Prove que estou sendo ridícula e que ela não tem segundas intenções, Gil. Eu vi o jeito que ela olha para você...

—Honey... eu seu disso porque...- Gil tinha uma resposta a qual acreditva ser mais que convincente, mas não tinha certeza se era o que Sara precisava ouvir. Racionalizando que não importava o momento que fosse contar, ela ficaria puta da vida, então melhor que fosse quando ela já estava assim- Porque nós namoramos durante a faculdade e acabou. C’est fini! A gente já tentou, não deu certo, bola para frente.

—Acabou... para ela não parecia que acabou... mais um pouco e ela estaria grudada no seu colo... e você! Você não me disse que ela estava aqui! Escondendo sua ex de mim, é?

—Eu não escondi nada de ninguém. Só não achei importante você saber. Afinal, eu estou com você! Eu te amo, Sara. Nunca senti o que sinto com você por ninguém...- assim que falou isso, Gil chegou o rosto perto do dela, passou a mão na lateral em uma carícia e disse rente aos lábios da amada, terminando com um beijo casto em seus lábios, fazendo o coração da morena disparar.

E não era que Sara não acreditava em Gil. Até um tempo atrás ela nunca cogitaria ter ciúmes de uma cena boba com aquela. Mas a verdade era que ela já não tinha tanta certeza daquele amor que Gil dizia ter por ela. O homem se afastara tanto por conta do basebal que o relacionamento deles já não era o mesmo, e o pior é que Gil não percebia.

Mas Sara não podia culpar a Gil por aquilo. Antes mesmo dela o conhecer, Gil já sabia o que faria da vida. Ele nunca a enganara. Dissera que o basebal era o que ele amava fazer, e Sara via como ele parecia ter nascido para fazer aquilo. Mas Sara começava a achar que ela não era a pessoa certa para estar do lado de Gil em sua jornada. Afinal, ela estava ali toda insegura, temendo que ele pudesse ter uma recaída com uma antiga namorada.

—Eu sei, Gil... eu entendo tudo isso o que você me disse, mas...- ela pegou a mão dele que ainda repousava em seu rosto- Eu sinto como se...como se eu não fosse o que você precisa... como seu nós não fossemos feitos para isso, sabe?

—Honey, o que você está dizendo? Não faça isso comigo, por favor! Eu juro, se isso for por causa de Heather, eu não ponho mais os pés no departamento médico.

—Não é por ela ,Gil. É por mim... esses últimos meses... a gente tem andado afastado, e eu entendo o motivo. Sei que isso é o que precisa ser feito, e eu me sinto mal por isso... me sinto tão mal que crio uma cena com uma garota que nem conheço. Eu não sou assim, Gil...

—Sara...

—Eu não sou o que você precisa, Gil...

—Você está errada... você não sabe do que eu preciso!

—Você não precisa de uma menina insegura ao seu lado... e é isso que me tornei. Essa situação com a Heather me fez perceber isso e... eu acho que a gente precisa de um tempo... para rever nossas prioridades...

Gil ficou calado, olhando para ela, sem acreditar. Ele não tinha prioridade alguma para rever. E como assim, ela estava tão infeliz no relacionamento deles que ele não percebeu? Ele não fizera nada de errado, mas ao mesmo tempo havia algo que a incomodava.

—Gil...você não vai dizer nada?

—Dizer o que, Sara. Se você já tomou as decisões para nós?!- ele foi ríspido no falar, e logo se arrependeu ao ver lágrimas escorrendo de seus olhos.

—Sinto muito, Gil... eu...- ela colocou a mão no pino da porta para abri-la, mas Gil a interrompeu.

—O que está fazendo?

—Eu vou embora...

—Não, Sara... eu te levo para casa- e não aceitou um não como resposta.

O caminho fez-se em um silêncio fúnebre, e foi só quando Sara estava para sair do carro em frente a sua casa que Gil falou.

—Sara...não vou fingir que entendo seus motivos para isso, mas eu tenho uma coisa a te pedir...

—O que?

—Nesse “tempo” que você me pediu... não se afaste tanto que eu não possa te trazer de volta, ok?

Ela nada respondeu. Somente se aproximou dele e deu um último beijo, de despedida, e saiu correndo, não querendo deixar Gil ver as lágrimas que escorriam em seu rosto. As mesmas que escorriam no dele.


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