Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 5
Que cidade pequena é Las Vegas!


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Quem aí gosta de Yo!Bling? Para vocês que curtem o casal tem um pequeno agrado neste capítulo.
Capítulo recheado pra vcs curtirem em ritmo de carnaval!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275021/chapter/5

BATTER UP

CAPÍTULO V

Que cidade pequena é Las Vegas!

Gil acabara de sair do CT dos Devils, depois de seu primeiro dia de trabalho. Após a coletiva de imprensa ele e os outros novatos foram apresentados aos companheiros de equipe e a comissão técnica. Conheceram todas as instalações e começaram uma série de exercícios de musculação. Nada muito pesado.

Foi na volta para casa que Gil se deixou pensar sobre a coletiva de imprensa e os sentimentos que esta invocara nele. Ou melhor, os sentimentos que falar sobre o pai invocava nele. Sentimentos estes que fizeram se comportar tão fora da norma.

 Naquele fim de semana antes de sua grande noite, Gil recebeu uma visita inesperada. Seu pai, a quem ele não tivera quase nenhum contato desde que ele os abandonara há alguns anos atrás, batera a sua porta. As poucas vezes que se falaram não foram nada amigáveis. Gil ficara muito machucado com o comportamento do pai e ainda não conseguira perdoa-lo. E aquela conversa não foi nada diferente.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

-O que você quer?- disse Gil, ainda a soleira da porta, sem permitir passagem a seu velho.

-Não vai me deixar entrar, Gil? Tenho certeza de que não foi essa a educação que eu e sua mãe o demos- disse o velho Grissom.

Gil olhou para seu pai, incrédulo.

Qualquer um que passasse ali ficaria embasbacado com a imagem que os dois passavam. Era como se olhasse para um objeto refletido no espelho. Quando o pequeno Grissom nasceu sua avó dissera que os pais o haviam esculpido em mármore carrara. William era um homem alto, moreno, os longos cabelos ondulados e grisalhos estavam presos num rabo de cavalo na base de sua nuca. Os incríveis olhos azuis fitavam o filho com intensidade enquanto o homem passava a mão em seu cavanhaque.

-Dispenso a educação para alguém que não sabe de nada sobre ela- Gil começou a fechar a porta, pensando na satisfação que sentiria ao bater a porta na cara de seu velho, mas foi impedido por um pé entre a porta e o batente.

-Por favor, filho. Eu preciso falar com você e nenhuma porta fechada vai me impedir. Agora, eu sugiro que me deixe entrar, ao menos que queira dar aos seus vizinhos um show em particular.

Gil soltou um palavrão e deu a passagem para o pai. Quando este entrou, fechou a porta com um solavanco e se dirigiu a sala, observando seu pai inspecionar seu lar.

-Grande, filho! Você mora aqui sozinho?- Will tentava puxar uma conversa amigável, mas seu filho não queria saber disso.

-Moro com alguns amigos, mas eles não estão.

Will circulava pela sala, ainda sentindo a animosidade do filho.

-Não vai me mostrar o lugar?

-Não- O jovem respirou fundo, como quem faz um grande esforço para manter a paciência com aquele que costumara chamar de pai- Escuta, eu ainda tenho muito o que fazer, será que você não pode ir direto ao ponto?

O homem mais velho, que até agora mantinha um ar alegre, assumiu uma expressão séria ao ver que não conseguira quebrar o filho.

-Eu posso ao menos me sentar, ou também não mereço essa simples cortesia?

Gil nada respondeu. Somente se sentou no sofá e indicou uma cadeira disposta à sua frente.

-Eu só queria te dizer que estou na cidade e que gostaria de me reaproximar de você.

-Um simples telefonema resolveria isso. Se achou meu endereço, um número de telefone não seria nada difícil... então me diga... por que está aqui de verdade?

William riu da fala do filho.

-Esse é o meu garoto... sempre o espertalhão, não é Gil? Ok, está certo... eu fiquei sabendo... um passarinho azul me contou que você ingressou para a Major League... não sabe como estou orgulhoso de você, meu garoto.

Gil cerrou a mandíbula, num esforço vão de mascarar a raiva que sentiu no momento em que seu pai proferiu aquelas palavras.

-Até que faz sentido, com o que eu me lembro de voce, é claro. Você só se interessa pelo baseball,não é mesmo? Então agora que eu estou nadando entre os peixes grandes o senhor viu uma oportunidade de ouro para voltar a entrar nesse seu mundo não é!

A fala de Gil, que começara mansa, fora aumentando de tamanho enquanto ele falava. A raiva era tanta que ele proferiu as ultimas palavras de pé, sem nem ter se lembrado de que levantara.

-Pois fique sabendo que por mim, voce continua na escuridão!

-Não é nada disso, Gil. Eu entendo que você tenha raiva de mim, os últimos anos de nossa convivência não foram fáceis- Will falava tudo isso numa velocidade alucinante, pois vira seu filho se dirigindo a porta e sabia que sua estadia ali havia terminado- Mas voce tem que se lembrar que eu nunca quis seu mau, e nem agora quero. E é por causa disso que quero lhe falar.

-Acho que é tarde demais para isso, William. Vamos, de o fora daqui.

-Não antes de lhe falar. Tudo isso que eu fiz, Gil, tudo isso foi porque eu não soube lidar com as consequências de ser um jogador famoso... eu me deixei levar, filho, por um caminho escuro, e não quero que aconteça o mesmo com você. Por isso gostaria que você me ouvisse...

-Pai, a lição mais valiosa da vida o senhor já me deu... eu não sou como você, nunca serei... nunca vou deixar nada subir a minha cabeça a ponto de ameaçar minha família, como o senhor o fez. E adivinha só, vou ser muito mais do que o senhor sonhou em ser, portanto, não precisa se preocupar em me ajudar.

William então olhou para o filho, a dor estampada em seus olhos e disse:

-Era tudo o que eu precisava ouvir, meu filho. Eu vou indo...mas creio que ainda nos veremos mais esse ano... então... passe bem, meu garoto.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Depois que seu pai fora embora Gil se sentiu muito mal. A única forma que achou para tentar lavar aquela tristeza de sua alma foi abrir uma boa garrafa de vodka e começar a festa mais cedo. Foi este o motivo para o garoto passar o fim de semana inteiro festejando, deixando seus amigos preocupados.

Mas isso era passado. Agora Gil Grissom tinha que se preocupar com outras coisas, não poderia deixar o fantasma de seu pai o assombrar a vida toda. Com uma nova resolução de deixar isso tudo para trás, Gil prometeu a si mesmo que nada mais o abalaria a ponto de perder o eixo de sua vida tão meticulosamente planejada.  

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

A semana do jovem jogador passou rapidamente e Gil não podia pedir por nada melhor em sua vida. Ganhar dinheiro para jogar baseball e morar com os amigos não tinha preço. Parecia ser a vida que todo jovem pedia a Deus. Todo o dia ele acordava umas 7 h para correr num parque perto de sua casa. Uma hora depois seguia para o CT dos Devils’ para treinar, onde ficava até à tarde. Depois, com o tempo livre, Gil tinha a oportunidade de fazer o que quisesse... É a vida não poderia ser melhor!

Logo chegou sexta feira, dia internacional da Bohemia, e seu amigo Warrick resolveu fazer uma social no apartamento deles.

-Warrick, sério cara, não dá pra fazer a festa em outro lugar?- pediu Gil a seu amigo.

-Eu até poderia, mas teria que morrer numa grana que eu não tenho.

-Se você não tem grana como planeja fazer uma festa?-Gil perguntou, achando que ganhara um argumento válido para fazer seu amigo desistir da festa.

-O pessoal que convidei vai se encarregar dos comes e bebes. Fizeram uma festa na quinta e sobrou, então...

-O que os garotos disseram a respeito?

-Que tá tudo ótimo... Eu só queria te avisar mesmo... e Gil, se você quiser ficar na tua no seu quarto... a casa é grande, tenho certeza de que não vamos te incomodar.

-Sei..- o jovem falou com desanimo.

Não era que Gil não gostasse de festas. Ele até curtia sair com seus amigos, mas ele não era do tipo baladeiro, que passava todos os fins de semana na rua. Dos amigos que dividiam a casa com ele era o mais calmo. O fim de semana passado já havia esgotado todo seu ânimo para festas.

Gil se recolheu para seu quarto para aproveitar os últimos resquícios de calma daquele apartamento. Conhecendo Warrick do jeito que conhecia, tinha certeza de que seu amigo iria ligar o som nas alturas.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Como era de se esperar, o murmurinho que vinha da “pequena” social de Warrick impedia que Gil se concentrasse em seu livro. O garoto olhou para o relógio de pulso: 23:00, cedo demais para fingir que queria dormir. Afinal, o dia seguinte seria sábado e ele não teria desculpas para pedir aos amigos que diminuíssem o barulho. Vencido, achou melhor procurar algo para beber, de preferência com alto teor alcóolico; o jovem não era um beberrão, mas sabia que para aturar a farra em seu apartamento teria que ficar um pouquinho mais alegre.

Saiu de seu quarto em direção a cozinha, na intenção de não ser visto mas, como não podia deixar de ser dada sua sorte, uma garota que acabara de sair do banheiro o avistou e reconheceu da entrevista de mais cedo.

-Ahhhhhh, não acredito!- Gil sentiu sua alma sair de seu corpo com o susto que levou – Ricky, você não me disse que teríamos um convidado ilustre na festa! E que convidado!

Warrick, que não pode deixar de ouvir a exclamação da menina- que por sinal já havia passado da conta na bebida- apareceu no início do corredor que levava à sala de estar- onde estavam a maioria dos convidados.

-Ah, Julie... é que ele não é convidado, muito menos ilustre!

-Warrick, como sempre tão bom para o meu ego...- Gil soltou, tentando tirar a atenção de cima dele e falhando imensamente.

-Claro que ele é ilustre...apareceu na tv!- A garota falava e se aproximava dele- E tenho que dizer... a tv não faz juz a sua beleza!

A garota então se jogou em cima de Gil, que apesar de antes ter até gostado da apreciação da jovem, tinha no rosto uma expressão de desespero. Warrick não sabia se ria ou se ajudava seu amigo, que agora tinha os braços cheios de uma loira formidável mas não sabia o que fazer com aquilo. Mas como um bom amigo que era resolveu salvar Gil de maiores constrangimentos, tirando a garota de cima dele.

-Vamos ,Jules, procurar seu irmão... ele não vai gostar nada de te ver assim...

Ele foi empurrando a garota na frente deles pelo corredor, com Gil os seguindo por trás. Ao chegarem na sala chamaram a atenção de todos quando Julia resolveu falar a plenos pulmões:

-Eu só saio quando ele me der um autógrafoo!

Gil, escarlate de vergonha, se retirou para a cozinha rapidamente em meio a um bando de risadinhas e um irmão muito irritado com a loira.

Chegando a seu destino foi logo em direção à bancada, onde uma garrafa de Uísque o aguardava. Colocou uma dose generosa e sorveu o líquido rapidamente, batendo o copo com força na bancada.

-Ei, o que esse lindo copo fez pra você trata-lo assim?- Era a voz de sua amiga Catherine que soou pelo aposento.

-Cath?! O que faz aqui?- ele perguntou surpreso, mas feliz por ver a loira.

-O Warrick me convidou, por quê? Ou você acha que ele é só seu amigo?

-Nah, mas eu bem sei o que ele quer ser de você! E não se faça de rogada porque quer a mesma coisa! - Gil disse com um sorriso sacana enquanto se servia de mais uma dose.

-Gilbert! Larga já dessa mente pervertida! O Warrick não é assim!

-Ele pode até não ser, mas também o cara não tem culpa de querer algo mais quando você fica aí o provocando?

-E me diga quando eu o provoquei?- Cath andou até a bancada e roubou o copo da mão de Gil, tomando o resto de seu conteúdo.

Gil riu ,divertido. A pergunta que ela devia fazer é quando não ela o provocou? Ou provocou qualquer homem que passasse perto dela! Catherine era um mulherão, daquela que sabe que é gostosa e se usa disso para viver. Não que ela fosse uma promíscua ou aproveitadora, longe disso. Mas com aquele corpo todo alvo e proporcional, devidamente vestido para realçar a beleza nele contida, os lindos cabelos loiros, o sorriso branquinho e a personalidade ideal para fechar o pacote, era natural que ela utilizasse de algumas artimanhas para conseguir cativar as pessoas a seu redor. O que vinha muito a calhar em sua profissão.

Gil não a culpava por isso. Ela tinha os atributos certos para aquele jogo, então porque não utiliza-los a seu favor? Afinal, não era só ela quem fazia isso. Eles estavam em uma sala cheia de modelos, muitos dos quais provavelmente se utilizavam da mesma técnica. Quem não a conhecesse poderia achar algo meio sujo de se fazer, mas na verdade cada um usa as armas que tem para vencer no jogo. E Catherine era uma mulher íntegra e o melhor tipo de amiga que alguém poderia ter. Fiel até o último minuto.

Sendo assim, Gil adorava ver como Catherine conseguia prender a atenção de qualquer homem sem nem mesmo perceber que o fazia. O que ele tinha certeza que não era o caso com Warrick. Desde que Gil os apresentou ele percebeu uma faísca de atração que saltava entre os dois. Catherine gostava de fingir que não, mas sempre que falava com o jovem da cor de ébano sua voz tomava um tom mais leve, sensual. Sempre ficava bem perto de Warrick, ao ponto dele sentir a fragrância de seu perfume, mas, antes que ele pudesse fazer algo a respeito, escapulia rapidamente com seu andar sensual deixando-o com o gostinho de quero mais. Gil sabia que o dia que Warrick se cansasse desse jogo de gato e rato e pegasse sua presa, a coisa ia pegar fogo.

-Continue fingindo que nada sabe Cat... um dia talvez alguém acredite.

-Acredite no quê?- o centro da conversa deles chegou na cozinha, um sorrisinho de canto de boca e os olhos faiscando na direção de Catherine.

Gil sentiu a temperatura na cozinha subir, e então soube que Warrick ouvira alguma parte da conversa deles. Sorrindo satisfeito por ter dado um empurrãozinho nesses dois Gil apertou os ombros da amiga num gesto de afeição e disse:

-Vou deixar vocês decidirem no que acreditar!- mas sabia que sua fala passou despercebida pelos dois pombinhos, que estavam quase se comendo com os olhos.

Seguiu andando de costas em direção a sala, pois a curiosidade o matava para saber o que aconteceria a seguir com eles. O que Gil mais tarde consideraria uma escolha infeliz, pois ao estar com a mente e os olhos em outro lugar não viu o que estava bem a sua frente. No caso, quem estava a sua frente, e uma colisão acabou sendo inevitável, seguida pelo derramamento de Whisky bem em cima dos acidentados.

-Ahhhh!

-Merda!

Resultado: um  bom e caro vestido ensopado e uma jovem cheirando toda a álcool... um garoto totalmente sem graça e pedindo mil desculpas a jovem que se encontrava agora no chão,bem perto dos cacos de vidro do copo.

-Meu Deus... me desculpa, eu não prestei atenção e...

-Não... tudo bem muito menos eu...

A jovem que agora acabara de levantar a cabeça e tirar os cabelos bagunçados de cima do rosto olhou pela primeira vez para seu “comparsa do crime” e logo engoliu as desculpas.

-Ah... mas tinha que ser você...

Gil, sem entender a brusca mudança de atitude, olhou melhor para o rosto e reconheceu a jovem que fora o alvo de suas brincadeiras de bêbado há um tempo. Ainda mais sem graça, colocou uma mão atrás da cabeça e disse:

-Pois é... que coincidência...Las Vegas é realmente uma cidade pequena não é?- terminou oferecendo uma mão para ajudar a garota a se levantar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehehehe
Já sentiram as faíscas rolando entre esses dois? O que será que pode acontecer? Nada temam,leitores, pois penso em entregar o próximo capitulo hj a noite... até lá!