Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 36
O novo treinador


Notas iniciais do capítulo

Olá!

A partir de agora, os caminhos de Gil e Will se cruzarão continuamente, trazendo para o jovem Grissom muita dor de cabeça.

Na verdade, quando bolei essa estória era aqui mesmo onde queria chegar, no relacionamento entre os dois. Nunca pensei que demoraria tanto para chegar até aqui, e espero sinceramente não ter perdido meus leitores.

Boa leitura!

Boa



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Os jogadores do Las Vegas Devils chegaram ao CT do clube bem cedo naquela manhã do dia 20 de janeiro. A maioria estava morrendo de curiosidade para saber quem seria o novo técnico do time.

DB foi um dos últimos a chegar, e foi cumprimentado efusivamente por seus companheiros. Ele era um dos mais populares entre os jogadores.

—Ian, como vai?- um aperto de mão se seguiu e os dois jogadores  sentaram-se nos bancos do vestiário.

—Bem, graças a Deus! Essas férias foram o que eu precisava...

—Bom... então, alguma notícia?

—Nada... estão escondendo o jogo até o último minuto... estão todos aqui já?

—Não... só falta o Gil.

Os dois jogadores estranharam o fato de Gil ainda não ter dado as caras. Afinal ele era sempre um dos primeiros a chegar no treino. Era de se esperar então que ele estaria ali, rondando o lugar a procura de notícias sobre o futuro treinador. Os jogadores ficaram conversando então, a espera de seu novo técnico e de Gil.

 Este último, porém, não deu as caras até a hora em que Doug aparecera acompanhado de uma figura bem conhecida dos aficionados por Basebal. Um murmurinho intenso começou naquela hora, mostrando como o time ficou inquieto com a presença do ilustre William Grissom na sala. Doug começou a fazer um discurso bonito sobre o ano que se passou e como ele estava orgulhoso do resultado obtido pela equipe.

—Ei, cara, chega pra lá- DB olhou para sua direita e viu Gilbert a seu lado. Dando o espaço que o amigo pediu para se sentar, ele perguntou

—O que aconteceu, Gil? Perdeu a hora foi?

—Pode-se dizer. E aí, já apresentaram o novo treinador? - Gil já vira seu pai ao lado de Doug antes de entrar, e tinha se preparado para não demonstrar emoção alguma pela presença de seu velho ali

—Doug começou a falar agora...

DB observou seu amigo, esperando por algum comentário, mas Gil simplesmente se virou para frente, como se quisesse escutar o discurso. Se ele queria parecer despreocupado, não estava fazendo um bom trabalho. Os ombros estavam muito tensos, e o maxilar cerrado. Ainda assim, Gil não parecera surpreso com a visão de seu pai ali.

DB sabia da história de Will Grissom, e de como ele se afastara da família. Mas isso fora há muito tempo, e ele não tinha certeza se os dois já haviam se entendido. A julgar pela aparência do amigo, ele diria que não. Mas mesmo assim, isso seria o bastante para Gil não saber que William viria a ser o novo técnico deles? DB sabia que decisões executivas, como a contratação de um técnico, não precisavam do aval da equipe, e que o diretor podia muito bem fazer o que ele quisesse. Mas William mesmo poderia ter informado a Gil de seu novo trabalho. Afinal, seria de bom tom não sair pisando assim no território do outro. Ele esperava que se Gil soubesse, pelo menos teria dito algo a ele. Dentre todos os jogadores, era a DB a quem Gil era mais próximo. O jovem não queria ficar chateado com o amigo, pois era empático o suficiente para entender que Gil tinha suas razões para não dizer nada, mas mesmo assim.... ele era humano, e aquilo parecia como uma pequena traição de confiança.

Estava tão distraído em seus pensamentos que nem percebeu quando William foi apresentado como o novo técnico e ganhou uma modéstia salva de palmas. O novo técnico então começou com seu discurso.

—É muito bom estar aqui com vocês. Venho acompanhando os Devils há um tempo, e posso dizer com confiança, sua campanha tem sido incrível. O trabalho de meu predecessor foi inteligente e rendeu bons frutos, mas assim como nosso diretor, tenho certeza de que podemos mais. Para isso, vou precisar é claro, conhecer um pouco mais de vocês. Acho que hoje podemos começar com um aquecimento e após um jogo-treino. Tenho aqui a última formação de vocês, e faremos a equipe daquele jeito. E durante essa semana espero poder falar com vocês separadamente, para nos conhecermos melhor. E antes de começarmos... gostaria de dizer que apesar de estar entrando no time de meu filho... não vou deixar isso afetar minha visão de jogo... e se os senhores acharem que estou preterindo qualquer um de vocês, venham falar comigo e resolveremos isso. Somos todos adultos e acredito que não vamos deixar uma coisa dessas nos atrapalhar, não é?

O homem encerrou o discurso e os jogadores o aplaudiram e foram cumprimentar o novo técnico. DB foi com eles, enquanto Gil deu a desculpa de que precisava trocar de roupas para o treino.

Durante todo o dia DB pode ver seu amigo se afastar dos demais. Era óbvio o motivo: o murmurinho dos outros sobre a relação do novo técnico com o jogador. Muitos conjecturavam como seria dali para a frente, se William iria usar de sua posição para promover o filho. Era tudo uma palhaçada, afinal Gil já se mostrara muito bom em campo, e qualquer coisa que ocorresse a ele este ano devia ser fruto disso. O garoto não ganhara o prêmio de revelação do ano à toa, era bem verdade.

Enquanto Gil se acuava, William não mostrara interesse em engajar conversa com o filho. As únicas vezes em que os dois trocaram palavras foram mais instruções do que outra coisa. No fim do treino, entretanto, Gil foi o primeiro a sair, apressado do local.

—Eu não to gostando nada disso, Ian- DB comentou com o amigo enquanto os dois guardavam os materiais. – Se o Gil já está assim no primeiro dia, isso não é um bom presságio para o resto do ano.

—Eu não me preocuparia com isso ainda- o capitão do time respondeu- Como você disse, ainda tá cedo. Gil precisa se aclimar a ter o pai como técnico, se não ele dança. E o cara é profissional acima de tudo. É só dar tempo ao tempo.

— E o que você acha de Will como técnico?

— Por enquanto... tudo bem. Eu acompanhava ele quando estava jogando. O cara tinha uma visão de jogo espetacular. Se ele tiver essa visão como técnico, acho que estaremos bem.

—E quanto ao fato de ele ser pai do Gil?

—Cara... isso acontece de vez em quando. Como disse, é muito cedo para dizer algo. Eu espero que ele seja profissional... e se não for eu cobrarei. Por que, está preocupado?

—Preocupado não. Mas você não pode dizer que não é uma possível situação problemática, não é? Pode afetar toda a dinâmica do time...

Ian guardou seu material no armário, fechou a porta e se escorou nela. Ele entendia os problemas que aquela situação poderia causar. Além de deixar um mal-estar no time, tinha ainda a relação turbulenta de Gil com o pai. O jogador nunca falara nada sobre o pai, embora muitos colegas o perguntassem como era ter um jogador famoso em casa. E isso já era um bom indicador da relação entre pai e filho. Mesmo assim, Ian sabia que como o capitão do time, ele precisava manter o time unido. Ficar conjecturando coisas que poderiam ou não acontecer não os ajudaria em nada.

—Olha, DB, eu entendo sua preocupação, mas por enquanto não há nada que possamos fazer. Mas pode ficar tranquilo, vou ficar de olho na situação. Qualquer problema..., bem, a gente vai lidar da melhor maneira possível.

*^*^*^*^*^*^*^*CSI*^*^*^*^*^*^*^*

Aquela semana de volta ao trabalho tinha sido cansativa para Gil. No intuito de fazer com que os jogadores voltassem a alcançar o desempenho esperado, os Devils ficaram a semana toda a disposição do clube, seja para exames, preparação na academia ou treinos. Além disso, William fizera questão de fazer uma pequena reunião com todos os jogadores “ a fim de que eles se conhecessem melhor”. Na opinião de Gil, aquilo era só uma maneira de o obrigar a conversar sozinho com o pai, mas, como muitas coisas naquele clube ultimamente, ele não tinha poder para reclamar. A única coisa que Gil podia fazer era desaparecer assim que os treinos acabassem, e foi isso que ele fez.

Sua tática, porém, teve o efeito contrário procurado por Gil, pois somente atraia mais atenção para o fato de que pai e filho estavam no mesmo time e ainda não se entendiam. Os cochichos no vestiário eram muitos e até William estava ciente disso. Na verdade, ele até já esperara por isso. Afinal, era da natureza humana essa curiosidade e até mesmo os comentários maldosos que se faziam. Infelizmente, seu filho estava levando tudo aquilo muito a sério e Will tinha medo das consequências disso para o time. E por isso ele resolveu conversar com seus jogadores, para saber suas opiniões sobre o assunto.

De suas conversas ele percebeu a admiração de muitos para com Gil, não que ele tivesse perguntado, é claro. Mas só o fato de eles falarem sobre Gil gratuitamente já chamava atenção. O homem não podia deixar de se perguntar se seu filho estava certo quando afirmara que a presença dele ali desestabilizaria o time. Seria possível um garoto ter mais conhecimento do esporte do que dois veteranos? Will não saberia dizer.

Gilbert, por sua vez, vivenciava os momentos do jeito imaginado por ele. A coisa desconhecida por William, mas muito familiar para Gil, era estar sempre sob a sombra do pai famoso. Não importava onde ia, Gil era sempre comparado com William, seja pela semelhança física, seja pela forma de jogar. Era como se William estivesse presente em tudo que o filho fazia. Já era ruim quando Gil ingressou para o time da escola, ocasião na qual as más línguas afirmavam que o lugar do garoto no time se devia ao pai. Imagina agora, com ele como técnico? E Gil ainda era obrigado a agir como se estivesse tudo bem, obrigado.

Era sexta feira da segunda semana de treinos quando William conseguiu enfim falar com Gil antes de ele sair. O jogador seria o último a ter aquela reunião com o técnico, e se ele se recusasse isso só iria piorar a situação.

— Então, o que tem de tão importante para falar comigo?- Gil não perderia tempo com o sujeito.

— Bem, Gil, como já disse aos outros, sei que minha vinda foi no meio de uma situação chata e...

—Corta essa- Gil falou sério. Não precisava gritar, somente o tom ríspido já deu conta do recado- Eu sei de suas intenções, não precisa ficar vindo de jogo para cima de mim!

Nem um minuto de conversa e Will já perdia a paciência com o filho

—Escute aqui, posso não merecer o respeito do meu filho, mas eu sou seu superior e você me deve respeito! Não vou admitir que me trate assim só porque as coisas não saíram como você quer! Deixe de infantilidades e se comporte como o adulto que é!

William pode ver que sua fala surtiu efeito. Era interessante notar como Gil estava se comportando irracionalmente. Se tudo o que o jovem queria era não ficar conhecido no time como filhinho de papai, suas ações não eram condizentes com isso. Gil pareceu chegar a essa conclusão, pois depois de muito esforço ele se sentou de frente a mesa do técnico.

—Bem... não vou tomar muito do seu tempo. O negócio é o seguinte, Gil... não há nada que você possa fazer enquanto a minha presença no clube... então, ou você se apruma, pare de se esquivar e ouça o que eu tenho a dizer ou você vai passar muito tempo aquecendo o banco esse ano.

—Ok, senhor. Estou liberado para sair agora?

William respirou fundo, a decepção estampada em seu rosto.

—Sim, Gil...bom...

Antes que o homem pudesse terminar a frase, o filho já havia partido. Se aquele dia era um anúncio do que estava por vir, este ano não seria fácil para o técnico.


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