Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 32
A carta


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Estou tentando postar com maior frequencia, já que estou com um tempinho extra nas mãos. Espero que não tenham desanimado, pois como já disse antes, pretendo terminar todas as historias que postei.

Boa leitura!



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Gil estava deitado em sua cama do hotel no qual estava hospedado. O jogo já havia terminado há algumas horas, e seu time mais uma vez ganhara. Era para ele estar eufórico, afinal, os Devils estavam fazendo algo histórico. Ninguém imaginaria que eles chegariam até ali, mas isso não os impediu.

Entretanto, a volta repentina de seu pai em sua vida o deixara abalado. Não que Gil tivesse visto o pai, ou lido a carta que o velho deixara. Mas ele podia jurar que algo acontecera desde que Sara lhe contara que William a procurara no estádio. Até sua mãe, no dia seguinte a festa parecia muito distraída, coisa que ela não era. Antes de irem embora, Herbie o havia confidenciado que Betty desaparecera mais cedo. Gil suspeitava que seu velho pudesse te-la procurado. Mas sua mãe não tocara no assunto, e o jogador não podia trabalhar só com suposições.

Desde então, duas semanas se passaram, e Gil levava consigo a carta de seu pai para aonde quer que fosse. Decidiu então que deveria ler a bendita, e talvez pudesse parar de pensar no velho com tanta frequência.

“Gilbert,

Como não tive muito sucesso ao tentar falar com você cara a cara, envio essa carta na esperança de que possa tirar um tempo para ouvir algumas palavras de seu pai.

Filho, daqui há alguns dias, você completa 22 anos de vida. Você não deve saber nem acreditar, mas todo mês de agosto, há essa época, eu me pego voltando no tempo e relembrando a felicidade que eu senti quando te peguei no colo da primeira vez. Você e sua mãe eram o meu mundo, e o tempo que passei junto a vocês foi o melhor presente que poderia ter recebido em minha vida.

Mas infelizmente, deixei muitas coisas passarem por cima de vocês, coisas que não cabem ser ditas em uma carta. Só posso dizer que cometi o maior erro de minha vida ao abandoná-los, e não sei se posso me redimir algum dia. Entretanto, espero que o tempo possa ter abrandado seus sentimentos, para que assim você possa me ouvir.

Minha vida está tomando um rumo inesperado, e eu gostaria muito de poder conversar com você a respeito disso. Além de te dar um abraço pelo seu aniversário. Por isso, se tiver lugar ainda em seu coração para pelo menos fazer um favor a seu velho, me encontre no dia 18/08, a partir das 15:00, no hotel Eclipse. Vou esperar o tempo que preciso for nesse dia, mas devo voltar para minha casa após esse dia.

Espero que esteja bem,

Seu velho pai.

Gil colocou a carta no criado mudo e voltou a se deitar. Ele não conhecia mesmo seu pai. Pensou que o velho escrevera para lhe pedir perdão e dar mil desculpas pelo que fez. O fato de não haver nem sequer um pedido de desculpas na carta o desconcertou. Ele queria falar...falar sobre o futuro dele... mas o que diabo Gil teria a ver com isso? Eles não se falavam há anos, não havia motivos para ele aparecer do nada e pedir a permissão dele para qualquer coisa. Mas isto era um caso perdido agora, não era? Porque Will já estava Deus sabe lá onde, e não deixou nenhuma forma de Gil contatá-lo. Para quem queria tanto falar com ele, Will estava fazendo um péssimo trabalho, como sempre.

Em Vegas, Gil contou a Sara o conteúdo da carta, e disse a namorada o que achava.

—Quero dizer, se ele quer tanto falar comigo, porque não deixou um número, ou e-mail?

—Ah!- Sara exclamou e levantou-se rapidamente da cama de Gil- Eu me esqueci! Will deixou um cartão aqui, caso você quiser falar com ele-

Sara abriu sua carteira e procurou um pouco, no fim tirando um cartão de visita e o passando a Gil. O homem simplesmente analisou o cartão e o guardou no bolso da calça.

—Não vai ligar?

—Não agora... eu não sei, Sara, se quero falar com ele. Não explicou nada na carta, só me pediu para encontra-lo... eu vou pensar no assunto...depois te falo.

—Ok...

O casal ficou calado por um tempo, sem saber o que falar um para o outro. Sara sabia bem o que era ter uma relação complicada com seu pai, mas não podia falar muita coisa já que Gil não se abria para ela sobre isso. E Gil agora estava introspectivo, nunca que iria receber bem um avanço dela sobre essa conversa. Suspirando fundo, Sara foi até o namorado e passou a mão no rosto dele.

—Gil..- quando ele a encarou ela acariciou o rosto dele e o beijou- Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, não é?

O jogador sorriu para a namorada e a puxou para um abraço

—Sara.... não sei o que faria sem você na minha vida...- a cada dia ela conseguia cativar o jogador ainda mais. A cada conversa, cada beijo, cada momento em silencio, só curtindo a companhia um do outro... ela estava se tornando essencial para ele, de uma maneira que Gil não achasse possível. Gil decidiu que ela tinha que saber o quanto era importante para ele. Talvez abrir um pouco sobre o passado, que ele tanto relutava em contar, a ajudasse a perceber isso...

—Sara... o que você precisa saber sobre meu pai é que...

Gil contou dos problemas que a família passou quando William se acidentou. Como o homem se entregou aos remédios, como passou a obcecar com coisas que não devia...

—Naquele dia, nossa briga só não se elevou para o físico pois minha mãe se meteu na nossa frente. Meu pai acabou acertando ela... acredito que tenha sido sem querer. Eu nem precisei fazer mais nada, acho que o choque de ver minha mãe no chão...bem, ele saiu de casa e nunca mais voltou...

—Sinto muito, Gil...

O jovem deitou a cabeça no colo de sua namorada, e ela passou a mão nos cabelos dele.

—Foi melhor assim... nós estávamos nos destruindo... mas eu não consigo...não consigo perdoá-lo, sabe? Mesmo depois desse tempo todo, porque..., ele devia ter pedido ajuda, em vez de deixar chegar aquele ponto...minha mãe ficou muito mal depois que ele se foi... a vida dela era a família... e ele destruiu tudo isso...e agora quer aparecer como se tudo que nos fez não significasse nada...mas eu não vou ter pressa em falar com ele, ele não teve pressa em voltar...

Gil não imaginava que o conteúdo da conversa de Will faria tanta diferença para seu futuro. E assim, deixou o tempo passar e não falou nada com seu pai.


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