Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 10
Quando um certo aguém


Notas iniciais do capítulo

Só uma coisa a dizer:
Preparem-se para aquele romance água com açúcar nesse capitulo.
Boa leitura!



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CAPÍTULO X

Quando um certo alguém

Grissom passou aquele dia todo com um sorriso no rosto. Os motivos eram simples, mas com grandes cargas de emoção. O primeiro era o fato de ter seu primeiro encontro com Sara, um que não começasse com os dois se esbarrando sem querer. Ela iria encontrá-lo porque queria e não por um mero acaso do destino. O outro era porque ele também reencontraria seu velho mentor, Phillip Gerard, que era o autor do livro que seria lançado àquela noite. Gil trocava e-mails frequentemente com Phillip, mas suas conversas faziam falta. Ele fora professor de faculdade dele e quase o convencera a largar os esportes para entrar na carreira acadêmica. Teria sucedido, não fosse a vontade de Gil provar para seu pai que ele poderia ser um homem muito melhor que ele fora, trilhando o mesmo caminho do velho e fazendo o que ele não fez, ter uma carreira de sucesso e manter sua família.

Passara a tarde relendo seus livros e preparando perguntas para fazer sobre o novo assunto, pensando não só em mostrar para seu mentor que não se desviara do caminho que ele achara tão certo para Gil, como também tentar impressionar certa morena. Ele percebera, durante a longa conversa que tivera com Sara, que ela era tão apaixonada por Ciências Naturais quanto ele. A área de Ciências Forenses também parecia fasciná-la. Gil queria explorar esses pontos em comum que tinham para fazer com que ela continuasse a se interessar por ele. Sabia não ser um Don Juan, então ter a capacidade de estimulá-la intelectualmente era o caminho que ele poderia usar para conquista-la.

Conquistá-la... é... Gil havia admitido para si mesmo que queria um relacionamento sério com a senhorita Sidle. Isso até o assuntou. Normalmente não sentia a necessidade de querer uma mulher por perto toda a hora, ou tê-la em seus pensamentos como ele tinha a Sara.          Era desconcertante para um homem que se considerava autossuficiente ter essa revelação. Mas era algo que também o fazia sentir-se bem, esse sentimento todo... e afinal, se queria mostrar ao pai que era possível fazer uma grande carreira e obter uma família, teria que encontrar uma mulher que o ajudasse na empreitada. E Sara parecia ser a candidata perfeita .

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Sara passara a manhã se exercitando na academia. Não recebera nenhum trabalho para o dia e precisava de alguma atividade para espantar seu nervosismo. Estranhamente, quando Gil fizera o convite ela não se sentira tão nervosa. Somente feliz pela oportunidade de passar uma noite estimulante com um gênio do campo que ela pensava em entrar. Foi somente depois que ela se tocou que aquele convite parecia muito com um encontro... e que ela estaria com Gil Grissom... Aquele insuportavelmente chato e ao mesmo tempo cativante jogador. “O que será que ele quer comigo? Será... ai Deus! E será que eu quero algo com ele!?”

                Resolvendo tratar aquela situação como se Gil fosse um amigo, Sara se acalmou o suficiente para escolher a roupa que iria umas 3 horas antes do horário marcado...

                -Só porque somos amigos não quer dizer que não possa me arrumar direitinho... -ela disse a si mesma.

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17:15 Residência dos Sanders:

Gil parou seu carro na porta da casa de Sara e pegou o telefone para avisar que chegou. Não queria buzinar e avisar aquele moleque que estava ali. Tinha quase certeza de que Sara não contara nada ao seu primo. A jovem atendeu rapidamente e logo estava a caminho do carro. Gil saiu do carro para abrir a porta para ela, reparando em como ela estava linda com aquela legging justinha as pernas mais maravilhosas que ele já tinha visto,

-Nossa quanta gentileza- Sara brincou enquanto entrava no carro.

-Culpe a minha mãe. Ela me ensinou a ser assim com todas as mulheres.

Gil entrou no carro e deu a partida. Os dois ficaram um pouco calados, sem saber bem o que falar.

-Então, me fale um pouco deste livro, já que eu não tive a oportunidade de ler...

-Ah, verdade. Trouxe seus livros. Estão naquela sacola ali atrás.

Sara se virou para pegar os livros e dar uma folheada, enquanto Gil fazia um pequeno resumo do que lera. Falou também de seu mentor e prometeu leva-la para conhece-lo quando ele terminasse com seus compromissos da noite.

Gil navegou rapidamente pelas ruas e logo já estacionava seu carro numa rua próxima a livraria.

-Não conseguiríamos uma vaga em frente a livraria de qualquer jeito... a segunda melhor opção é aonde voce sabe que vai arranjar uma vaga.

-E não fica com medo de que alguém possa roubar seu carro?- Sara deu uma olhada ao redor deles

-Nah, quem iria querer essa lata velha mesmo?- Gil deu uma batidinha de leve no carro- Além de que, sempre deixo o carro aqui e nada aconteceu... não te disse que moro por perto?

Gil pegou a bolsa das mãos de Sara e a guiou para a “Sabores do Livro”. Ao chegarem ao local puderam perceber uma maior movimentação. Muitos jovens passavam carregando mochilas pesadas, vindo direto da faculdade. Gil sabia que seria assim, afinal Philip era muito conhecido em seu meio. Ainda mais agora que estava fundando um programa de Ciências Forenses na Universidade de Las Vegas, fazendo com que os jovens interessados em se matricular viessem ver se valeria a pena escutar  Philip falar.

Gil e Sara foram se dirigindo até o local reservado para aquele encontro. Gil explicou que Philip Gerard faria a leitura do primeiro capítulo de seu mais novo livro e depois faria uma distribuição de autógrafos.

-Nossa, não imaginava que tivesse tanta gente interessada por Ciências Forenses.

-Você ficaria impressionada se soubesse... Mas acho que são um bando estranho... estão sempre se escondendo e só saem para examinar cenas de crime.

-Grissom! Não acredito que disse isso! Ainda mais aqui!

Gil riu da surpresa da morena a seu lado. Ele não falara por mal, afinal também se considerava um desses loucos aos quais se referira. Ele só não podia resistir a toda oportunidade de mexer com ela, era divertido demais. Até a hora que ela percebeu e deu-lhe um soco bem servido em seu braço.

-Ai! Vai com calma, cuidado com o instrumento de trabalho!- ele disse enquanto passava a mão no braço que recebera a pancada.

-Engraçadinho- Sara resistiu ao impulso infantil de dar a língua para ele. Teve a impressão de que Gil gostaria demais daquilo.

Eles chegaram na área reservada para aqueles tipos de eventos e escolheram umas cadeiras mais ao fundo, com Gil dizendo que nunca sentara tão atrás para assistir uma aula na vida.

-Mas tem que ter uma primeira vez na vida para tudo.

Os dois se sentaram e ficaram conversando e observando enquanto as cadeiras eram preenchidas por vários alunos com o exemplar que seria lançado aquela noite. Quando as cadeiras já estavam quase completas Phillip Gerard apareceu no púpito para começar sua leitura.

Os jovens escutavam atentamente a Phillip enquanto ele lia e abria uns parênteses para comentar alguma parte interessante.Gil percebeu Sara absorvendo cada palavra que saía da boca de seu mentor.Já ele não conseguia parar de prestar atenção nela! O professor falou por 45 minutos e em seguida abriu espaço para perguntas. A última etapa seria os autógrafos.

-Gil, ele é demais! Você teve uma oportunidade de ouro ao tê-lo como mentor

-Eu sei- Gil pegou na mão de Sara e a puxou- Vêm, se esperarmos um pouco posso te apresentar a ele.

Gil levou a morena até uma mesa com os lançamentos do mês, na qual cada um pegou o exemplar do livro a ser autografado e ficaram esperando a fila terminar, a fim de falarem a sós com Gerard.

-Eu juro, se tivesse alguém como ele me orientando teria ficado na área acadêmica.

-Eu queria ter ficado, mas acredito que a paixão pelo esporte falou mais alto- não era bem assim,mas Gil ainda não se sentia a vontade para revelar seus segredos para Sara, não importava o quão adorável ela fosse- Por que você não entra no programa da UNLV de Ciencias Forenses? Ele vai estar por lá.

-Noossa, como você é insistente com isso! Eu não sei,Gil, nem sei ao certo se vou continuar em Vegas ainda...

O coração de Gil disparou. Como assim ela sairia de Vegas assim, sem mais nem menos?!

-Mas, por que você mão ficaria?- tentando não parecer desesperado, afinal por que ele estaria desesperado?- Quero dizer, voce tem sua carreira e sua família aqui, não é?

-Sim, mas eu só vim para cá pois queria ajudar a minha avó...ela quebrou a bacia e ficou muito tempo sem poder se mexer. O vô não conseguiria ficar cuidando dela sozinho, e o Greg com a faculdade...

-E nessa história toda, já está aqui a muito tempo? E como virou modelo, se não for muita indiscrição perguntar, é claro!

-Vai fazer um ano. Nana ficou uns seis meses debilitada e eu fiquei em função dela. Quando ela melhorou eu comecei a sair mais, aí um olheiro da Glamour me viu... aí... o resto é história.

Gil sorriu e ia fazer seu comentário quando foi interrompido.

-Gilbert Grissom, há quanto tempo!

Gil se virou e abriu o maior sorriso para seu velho mentor.

-Phillip!- os dois se abraçaram como velhos amigos e,quando Phillip o soltou e olhou para a companhia de Grissom não pode deixar de comentar.

-E olha só! Não falei que era uma pequena questão de tempo até você encontrar uma namorada. E que linda por sinal, Gil!

Gil e Sara coraram na mesma hora. O jovem se meteu entre os dois e tentou concertar o pequeno equívoco.

-Phillip, essa é minha amiga, Sara.

-Amiga, somente? Phillip então cumprimentou Sara com um aperto de mão cortês- Desculpe-me senhorita, mas é que vi os dois tão bem juntos, que assumi... e bom....veja Gil porque não devemos assumir nada!

-Assumir sem evidencias te leva a passar uma de trouxa- Gil sorriu- ainda me lembro bem das suas aulas.

-Como já era de se esperar.

-Mas mesmo assim, alguém já disse aos senhores que formam um belo casal? Não? Então se lembrem de mim quando assumirem. Mas não foi para isso que vieram aqui, não é?

-Não mesmo... Sara aqui também é uma entusiasta de Ciencias Forenses. Quando eu disse que o senhor daria uma palestra aqui e a convidei ela ficou muito feliz.

Sara viu sua deixa para parar de bancar a muda e tentar mostrar que não era uma idiota que só veio com Gil porque ele era um rostinho difícil de se recusar.

A partir daí os 3 conversaram mais uma meia hora e quando saíaram da biblioteca foi com um sorriso nos rostos, um livro autografado e uma promessa de não abandonar o que, Phillip dizia, era a vocação deles dois.

-Então, Sara... foi bom para você?

A jovem riu da pergunta e da cara que Gil fez.

-Sim foi ótimo... com alguém tão experiente quanto o senhor Gerard não podia deixar de ser!

-Há...essa foi boa...

Os dois caminharam em direção ao carro, um pouco mais perto do outro que jamais estiveram. Não querendo que a noite terminasse, Sara falou

-Então...eu to com fome...de cachorro quente. Onde nesse bairro podemos encontrar um cachorro quente decente?

-Voce, comendo cachorro quente? Achei que isso fosse inaceitável para modelos.

-Não ligo... e também não comi nada a tarde inteira...acho que posso aguentar ingerir mais algumas calorias.

-Tá...bom tem uma lanchonete que é bem gostosa, no shopping, mas... a noite tá boa demais pra ficar num lugar fechado... vamos.... acho que o podrão vai ser a melhor ideia.

-Quando que um podrão não é a melhor ideia?

O casal riu e Gil novamente pegou a mão de Sara, a conduzindo pelas ruas de seu bairro até uma praça que fervilhava de gente dividida entre vários quiosques. Eles fizeram seus pedidos e foram se sentar nas mesinhas espalhadas no local. Havia música saindo de um rádio, barulho de conversa e gente se acabando de rir. Gil não se lembrava de ter se divertido tanto e gastado tão pouco ao levar uma garota em um encontro, mas isso não parecia incomodar a Sara. Afinal, talvez ela nem reparasse que ele queria que fosse um encontro. Será que ele deveria roubar um beijo? Não, não era muito fã de demonstrações de afeto em público. Ele se virou para sua companheira e a observou por um tempo.

- O que foi?

-Nada.

-Com essa sua cara não é nada.

-Tá, mas foi você que pediu... ver uma linda mulher comendo cachorro quente sempre leva a uma visão...

-Gilbert, pode parar!- Sara desatou a rir- Não acredito que sua mente é tão poluída.

-Mas não é... eu só queria te fazer rir. Sabia que você fica linda com um sorriso no rosto?

Sara ficou envergonhada e desviou o olhar para baixo. Ele estava muito intenso hoje, era tão difícil de resistir. Os dois ficaram calados por mais um minuto novamente, e Sara finalmente reparou na música que tocava. Estava no início e ela reconheceu como sendo de Lulu Santos e, como não podia deixar de ser , se encaixava perfeitamente no momento. 

Quis evitar teus olhos
Mas não pude reagir
Fico à vontade então
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção

Sara tomou coragem então e olhou para seu lado, vendo Gil com um meio sorriso no rosto. Deus, não era justo ele ser tão lindo, e a música ter um timing tão perfeito

E quando um certo alguém
Cruzou o teu caminho
E te mudou a direção

Chego a ficar sem jeito
Mas não deixo de seguir
A tua aparição

Gil não pode deixar de notar como a música era perfeita e colocava o tom certo para o que ele queria fazer a noite toda. Ele se colocou mais perto de Sara, afim de falar sem precisar gritar.

-Sara, sou só eu ou tem alguma coisa acontecendo aqui.... porque se tiver... é como a música diz...

E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar

Sara finalmente olhou nos olhos dele e Gil sentiu novamente seu estomago se revirar de nervosismo.

-Não é só você, Gil...

Gil sorriu, um sorriso grande, vitorioso. A sensação que sentia agora era a de maior euforia. Ele se levantou e estendeu a mão para Sara.

-Me de a mão... vamos a um lugar mais quieto.

Me dê a mão
Vem ser a minha estrela
Complicação
Tão fácil de entender
Vamos dançar
Luzir a madrugada
Inspiração
Pra tudo que eu viver
Que eu viver, uoh, uoh

E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar

O casal seguiu para uma parte mais afastada do parque, sem muita movimentação, iluminada pela luz da lua. Havia um banco ali, no qual eles se sentaram e finalmente se entregaram.

-Desde que te conheci queria fazer isso...

Gil puxou Sara para um abraço e os rostos dele ficaram a milímetros de distancia.

-Quando eu te conheci queria te bater...voce era tão irritante!

Gil riu e acariciou o rosto de Sara

-E agora? O que você quer?- ele disse aproximando seus lábios dos dela

-O que você está oferecendo.- ela disse passando os dedos nos lábios de Gil.

Ele simplesmente desceu seus lábios aos dela, e num encontro singelo trocaram o primeiro beijo. Um beijo casto, doce, daqueles que se trocam entre adolescentes que experimentam pela primeira vez a experiência. Um ,dois, três doces beijos. No quarto encontro dos lábios Gil colocou sua mão no pescoço dela, passou a língua no lábio inferior de Sara, como se pedisse entrada, a qual Sara deu ao abrir a boca. Gil então aprofundou o beijo, lentamente explorando todos os cantos possíveis. Os dois ficaram ali, trocando beijos por um tempo, a respiração ofegante, as mãos só em lugares seguros.

O casal só se separou quando um grupo de jovens passou e começou a zoar com eles. Sara escondeu o rosto no pescoço dele e começou a rir.

-Não acredito que esses moleques nos deram uma bronca...

-Eles só estão com inveja... mas acho que esse não é dos melhores lugares para esse tipo de atividades...

-Tem razão. Já está bem tarde, aposto que você tem que acordar cedo amanhã.

-É, eu tenho- uma troca de olhares e mais um beijo iniciado, dessa vez mais rápido.

-Ok, senhorita! Chega disso, vou te levar para casa!

O novo casal saiu do parque entrelaçados nos braços um do outro. Ao chegar no carro trocaram mais uns beijos antes de entrar. Gil dirigia com sua mão direita na coxa de Sara, periodicamente acariciando. Ele estava apaixonado pela mulher ao seu lado, mas não diria isso a ela agora.

Quando, cada um em sua casa, deitavam em suas camas para relaxar só conseguiam pensar naquela noite, como foi instrutiva e romântica. E com uma música na cabeça que, anos mas tarde, se referiram como “a música deles”


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Notas finais do capítulo

Só um fato....
eu geralmente não gosto de colocar músicas em fics...acho que não pede muito, mas como os personagens mesmos disseram, encaixou perfeitamente. Bom espero que tenham gostado.



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