Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 34
Prisão Real


Notas iniciais do capítulo

Eu nem sei o que escrever aqui, fora o fato de que eu ando cruel demais pra cima de vocês.
ME DESCULPEM, vocês são os/as leitor@s mais div@s de todo o Nyah e ainda assim eu ferro com a vida de vocês. Me perdoem x.x
É que eu tive - ainda estou tendo - um sério bloqueio criativo, que tá me impedindo até de escrever respostas pra os reviews de vocês. Sem contar que esse era um capítulo complicado, por ser apenas um entrocamento, ou seja, não dá pra revelar muita coisa, mas também não pode ser sem sal.
DO YOU FORGIVE ME AGAIN? I DON'T KNOW WHAT I SAID, BUT I DIDN'T MEAN TO HURT YOU ~le cantando pra ganhar perdão~
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P.S.: aainnnnnn eu ganhei uma recomendação muito fofa da Gi Vondergeist *_____________* obrigada, sua linda *U*



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O reino estava lá, do mesmo modo que Percy o deixara. As mesmas paredes de pedra com musgos e o mesmo aroma que vinha das laranjeiras do bosque real. O que diferenciava, talvez, e fizesse com que Percy se sentisse deslocado, era o silêncio.

Um silêncio frio imperava, como se o reino houvesse parado no tempo. Ninguém ousava sequer cochichar, e o único som que ecoava nos muros era o do trote dos cavalos. A marcha era lenta e fúnebre, e toda a tensão no ar parecia esmagar os pensamentos de Percy.

Ele se lembrava de ter olhado para trás e encontrado o sorriso sarcástico de Dern. A espada em sua mão tremeu, e lembrou-se que o ministro não era um inimigo que pudesse derrotar como derrotou os lobos da floresta. A graça de ter sido reclamado deixou de existir, ao perceber que todos os meio-sangues estavam encurralados. De certa forma, ainda sentia-se responsável por aquilo. Uma culpa irritantemente sua.

A ordem de prisão fora cumprida imediatamente. Em poucos segundos, todos os semideuses que haviam cruzado os limites do Acampamento para defendê-lo estavam amarrados. Os outros saíram por ordem de Quíron, que se encontrava sob a mira de uma flecha envenenada. Percy fora posto sob um dos cavalos, amordaçado e sendo vigiado de perto. Com a cabeça esticada, o menino procurava com os olhos Annabeth no meio da multidão. Não a encontrou.

Caminharam por toda a noite em um ritmo frenético, arrastando atrás dos cavalos todos os semideuses capturados. Água e alimentos foram negados a todos eles, e seus ferimentos da caminhada não foram tratados. Pelo meio-dia alcançaram o reino, sem que ninguém ainda houvesse dormido. Os que desmaiavam eram largados no meio da floresta à própria sorte.

A caravana parou no centro do gigantesco Pátio Real. Dern fez seu cavalo dar alguns passos para frente, a fim de todos poderem enxergá-lo. Pigarreou e sorriu, apontando com a mão para os semideuses, como se fossem convidados honrosos.

– Então, aqui chegamos – bradou ele. – Onde tudo começou. E onde... bem, pretendemos terminar.

Percy ergueu o queixo em desafio.

– Quem é você para fazer isso com meu reino? Como ousa tomar-lhe dessa forma?

Os semideuses se entreolharam, nervosos. No meio deles, pela primeira vez, Percy viu Annabeth erguer a cabeça em negação.

Dern aproximou-se do príncipe.

– E o que pensa em fazer, criatura? – perguntou de forma insolente. – Desafiar-me?

– Ainda sou quase um rei coroado – relembrou o menino. – Vou destituí-lo do poder, como um traidor. E, se pensa em insistir, não queira saber do que estes semideuses são capazes.

O Castellan soltou um risinho ante a atitude de Percy.

– Você não sabe com quem fala, criança. Não sabe.

– Ora, falo com um...

– Olhe a boca – repreendeu o homem – porque a vida de seu pai mortal ainda está em risco. E acho que você ainda tem uma mãe.

Os olhos de Percy arregalaram-se, mas ele se manteve frio. Observou o aviso de Dern durante alguns rápidos segundos, concluindo então uma nova linha de lógica.

– Por que ameaça minha família e não a mim? – indagou. – Sou um semideus. Mate-me. Aqui e agora – provocou.

– Não o matarei, tolo – retrucou Dern. – Está certo, é um rei. Necessito de você para comandar.

Percy arqueou uma das sobrancelhas, confuso.

– Como?

– Comandar mortais – esclareceu Dern. – Esse vai ser o seu trabalho, debaixo de minhas ordens.

Por fim, a mente de Percy se abriu. A garganta do garoto secou, e ele lembrou-se muito bem da voz de Annabeth em seus ouvidos.

“Desconfie de todos”

– Você não é humano – disse ele, molhando os lábios secos.

– Você sempre pensou isso de mim, não foi? – redarguiu Dern. – De uma maneira ou de outra.

Percy sentia o peso do mundo instalar-se em sua alma.

– Você é...

– ... um deus – completou Dern, sorrindo. – Sou Hermes, e conheço seu pai muito bem.

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Era a segunda vez que Annabeth chegava ao castelo como uma prisioneira.

Pior do que isso, agora ela era de fato uma prisioneira, e estava sob um poderio muito mais forte do que meros mortais. A cada segundo que se passava, ela sentia-se mais perto do fio de uma espada. Não que se importasse – sua vida terminaria cedo, de qualquer forma – mas o que a torturava era saber que havia perdido sua missão, seu Acampamento, seu orgulho. Havia perdido Percy.

Tentava esquecer-se de seus fantasmas internos ajudando a manter a calma dos demais. Os meio-sangues estavam desamparados e perdidos, chorando ou murmurando que seus pais divinos os abandonaram. Os filhos de Hermes haviam se calado de tal forma como Annabeth jamais havia visto.

O terror pairou sobre o grupo assim que Percy fora escoltado à força para dentro do castelo. Cercados no Pátio Real, ficaram amarrados uns aos outros, sem direito a pronunciar uma única palavra. Algumas meninas desmaiaram de fome e cansaço, e o vento soprava frio e com força contra eles, deixando os lábios roxos e as faces rosadas.

Dern havia ido ao lado de Percy, seguindo cada movimento seu. Annabeth remoeu uma mágoa dentro de si, se sentido culpada por estar tão distante. “Comandar mortais” era o que havia dito o deus. Isso não fazia sentido. Isso não fazia nenhum sentido, mas batia com as palavras de Atena. Annabeth tentava concentrar-se em busca de uma resposta, mas a atmosfera em que estava não a permitia refletir com clareza.

Como ninguém lhes dizia o que estava acontecendo, Annabeth espichou o pescoço para enxergar acima dos outros. Buscando com os olhos, teve o choque de encontrar com os de Fritz. Assim que o sacerdote percebeu a observação, sorriu maliciosamente.

Vinha montado sobre um cavalo marrom, e tinha um tecido grosso em volta da cintura, que o deixava em uma posição rígida e pouco natural. Segurava as rédeas com apenas uma das mãos, mantendo a outra escondida entre as vestes volumosas de sua ordem. Ao parar diante dos semideuses, sua expressão tornou-se tão fria e dura quanto aço.

Após um longo minuto de silêncio perturbador, o velho suspirou satisfeito.

– Eis que sempre vos disse – começou austero e solene. – Sempre, sempre vos disse. Chegaria o dia em que a justiça seria feita. Não precisaríamos brandir espadas ou desbravar milhas. Eles viriam até nós. Seriam trazidos até aqui pela Providência, a boa justiça. Pois nada foge à verdade.

Ninguém ousou sequer arfar. Annabeth mudou o peso do corpo de um pé para o outro, cada vez mais irritada. A qualquer momento, explodiria diante de tantas tolices.

– O rei – voltou ele a falar, depois de alguns segundos -, o rei é uma decepção. Ele, infelizmente, é um de vós. Mas... é um bom rapaz. Não teve escolha de ser quem é, por isso, receberá uma segunda chance e não crescerá tão dissimulado quando todos vocês. Talvez, queira o Divino, poderá vir a ser um bom rei – seu olhar perscrutou o de cada presente ali, e seu tom de voz pareceu mais perigoso. – E saibam que cuidaremos pessoalmente para que isto não volte a acontecer.

Annabeth estreitou os olhos. Sentiu como se houvesse captado um momento qualquer de distração, algo que havia denunciado a verdade, qualquer erro de pensamento ou...

– Vocês matarão Percy! – uma voz de garoto soou entre todos. – Velho estúpido, não nos engana! O MATARÃO!

Houve instantaneamente um burburinho nervoso. Fritz olhou para o rapaz de forma incisiva, unindo lentamente as sobrancelhas, o que fez Annabeth interferir.

– Como ous...

– Não! – gritou ela, atraindo a atenção de todos para si. Sua mente rodou, até encontrar as palavras certas: - Eu... hã,... não. Não o matarão.

Annabeth arriscava, mas sentiu a corda no pescoço afrouxar milímetros quando Fritz pareceu mais irritado do que autoritário.

– Como tem tanta certeza, mocinha? – indagou secamente.

Ela molhou os lábios rachados antes de responder.

– Não o matarão. E o senhor acaba de me confirmar isto.

Alguns guardas se entreolharam, enquanto Fritz começava a perder o controle da situação. Para retomá-lo, fez o que sabia fazer de melhor: mandar.

– O garoto – apontou para o menino – leve-no daqui. Direto para... para as dependências da Igreja. Vou conversar com ele. Talvez me ajude com alguns experimentos – sorriu. – O resto, para as masmorras. Em breve teremos um grande julgamento.

O grupo foi arrastado pelos soldados e suas espadas longas, enquanto aqueles que haviam desmaiado eram jogados em carroças velhas, uns por cima dos outros, como sacos de farinha. Annabeth tentou avançar para não ser pisoteada por um dos cavalos, mas uma sombra aproximou-se dela, cobrindo-a. Ao olhar para cima, viu Fritz pairando como um espectro sobre ela.

– Você não, mocinha.

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O portão de ferro maciço foi aberto com violência, deixando uma claridade fraca penetrar no lugar lúgubre e escuro.

– O rei manda chamar – o guarda anunciou.

Sally manteve-se encostada contra a pedra fria.

– Só conheço um rei – retrucou.

– Exatamente.

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O filho tinha uma coroa de ouro sobre a cabeça, mas parecia muito mais pesada e desconfortável do que ela poderia imaginar. Usava um gibão azulado como o céu, e um manto de bordas emplumadas. Estava sentado no trono, com o cotovelo sobre o joelho, sustentando a cabeça, de olhos fixos no cetro que girava na outra mão.

– Percy? – chamou Sally delicadamente. Sua voz ecoara no salão vazio, onde as únicas pessoas além deles eram os quatro soldados no portal. Percy ergueu os olhos verdes na direção de Sally, em um misto de desamparo e preocupação. Oh, estava tão diferente. Há quanto tempo esteve fora? Duas semanas? Parecera muito mais.

Ele estava abatido, machucado e com profundas olheiras sob os olhos. Quando se levantou do trono e correu na direção da mãe, Sally sorriu. Parecia o menininho de seis anos que corria para ela assustado. Agora era um homem-feito, mas tão desesperado e sozinho quanto o garotinho de outrora.

Ao abraçar o filho, o manteve por longos minutos entre seus braços. Acariciou amavelmente os cabelos negros como se fossem a única coisa que existia no mundo. Senti-lo ali, com a cabeça afundada em seu ombro, a fez derramar lágrimas de alívio. Seu rapaz não morrera. Estava vivo e forte. Era nisso que ela queria acreditar. Da mesma forma que quis acreditar no pai da criança.

Percy afastou-se do abraço, e seu rosto estava inexpressivo. Sally queria fazer com ele soubesse que não era culpado pelo que acontecia, ou pelas feridas que cobriam o rosto frágil da rainha. O castigo poderia ter sido muito pior para ela, e Sally sentia como se houvesse sido mantida viva apenas para tornar a dor de Percy ainda pior.

– Está tudo bem? – ele sussurrou, consternado.

Sally assentiu, arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha do filho.

– Perdoe-me, meu amor, por favor – pediu timidamente Sally. Percy pareceu surpreso.

– Pelo quê? – retrucou indignado.

– Por... por ter te dado uma vida tão cruel – murmurou ela, com uma pesada lágrima rolando pela bochecha.

– A culpa não é sua – declarou Percy gravemente. – A culpa é de...

Pés caminharam pelo salão fazendo alto barulho. Percy virou um olhar inflamado na direção do som, tão carregado de ódio e mágoa que fez Sally arrepiar-se.

– Espero não estar interrompendo nada de importante – Hermes sorria. – Ah, meu rei, fico feliz que sua mãe ainda esteja viva. Parece-me que seu pai mortal teve alguns problemas para respirar ultimamente, mas não se preocupe, a cova já está pronta – Sally levou a mão ao peito ao ouvir essas cruéis palavras, mas Percy permaneceu rígido. – Venha, tenho algumas pessoas a lhe apresentar. Espero que não as irrite, pois... hm, elas divertem-se ao incinerar mortais. Sorria, isso, sorria. Vamos conhecer seu novo Conselho – Dern bateu nas roupas de Percy, ajeitando-o com pressa. – Ah, talvez queira saber. Swart Levad, o mestre da moeda, foi assassinado ontem. Ele mandou lembranças. De qualquer forma, venha, sua mãe não morrerá tão cedo. Ainda temos que...

Ambos dirigiram-se para a porta dos fundos, deixando Sally sozinha. Percy, antes de entrar pela porta, mandou-lhe um olhar que tentava transmitir segurança. Mas Sally não conseguia devolver o olhar. Não suportaria. Paul estava morrendo, Percy estava cativo e toda a força dos semideuses ia ser destruída antes do fim do dia, talvez. Estavam todos perdidos. Quando a dor da agonia lhe atingiu forte no peito, Sally deixou-se cair de joelhos sobre o piso do salão, com o vestido esparramado ao seu redor e a cabeça escondida nas mãos.

Permitiu-se chorar, e teria permanecido lá até o fim dos tempos, se preciso, mas uma mão estendida a fez erguer o rosto.

O que viu em seguida a fez tremer dos pés a cabeça, e um sentimento antigo lhe retomou no mesmo instante.

– Deixe-me ajudá-la, senhora – o criado de pele bronzeada a ergueu delicadamente pela mão. – Sabe, não deveria chorar assim. As pessoas, ultimamente, não merecem assistir às lágrimas dos inocentes. Não têm direito a isso.

Sally ainda estava boquiaberta diante da face que via. Era um homem de meia-idade, rosto firme e olhar doce. Pensou que nunca mais ouviria aquela voz. Não reagiu, extasiada, nem mesmo quando ele se aproximou ao seu ouvido, mantendo os olhos fixos nos guardas; sigiloso.

– Eu sabia que cuidaria bem do meu menino, mas... Agora é minha vez.

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Arnold fez pela décima vez o sinal de silêncio para Rachel. A menina assentiu, já um tanto irritada, enquanto ambos caminhavam escorados contra as paredes externas e rochosas do castelo.

– Para onde estamos indo? – perguntou outra vez Rachel, cuidando para manter o tom de voz baixo.

Arnold ficou em silêncio durante algum tempo, antes de respondê-la.

– Para onde você está indo – corrigiu ele. – E, a propósito, está indo para o antigo quarto de Annabeth no castelo.

– O senhor enlouqueceu? – rebateu ela. – Me fez fugir da masmorra para me trazer ao castelo? Serei vista assim que aparecer!

O senhor de Sol Poente revirou os olhos de inquietação.

– Apenas siga meus passos – repetiu ele. – E sem mais perguntas, por favor. Escute-me: tenho que levar Paul e Sally embora daqui. Tenho de levá-los para minhas terras imediatamente. E isso fará com que o castelo fique sozinho. Preciso de você no meu lugar, entende?

Rachel parou. Arnold virou-se para trás, confuso.

– O que foi?

A ruiva mordeu o lábio inferior, angustiada.

– Quem é você? – perguntou sem rodeios, fazendo o nobre arregalar os olhos.

Arnold aproximou-se devagar. De onde estavam, não se via nenhum guarda por perto, exceto por algumas criadas que lavavam toalhas. Não eram um problema. Arnold arrumou nervosamente o lenço amarelo que tinha no pescoço, que pouco combinava com as roupas coloridas que usava. Estava hesitante, quando sussurrou:

– Você... sabe que... que existem deuses aqui, e eles vão começar uma guerra – disse, e não era uma pergunta. Rachel assentiu. Os dias embaixo do castelo não impediram seus pesadelos, que pareciam ter se tornado ainda mais frequentes e intensos. E era justamente pelas coisas que via neles que já não sabia mais se Britneyz era confiável.

Ele encolheu os ombros.

– Sou um destes deuses – confessou, mas antes que Rachel se afastasse assustada, ele ergueu as mãos para ela – Espere! Não, eu não vou provocar nenhuma guerra. Eu... eu nunca concordei com isto, mas... os deuses que também se negaram acabaram por se dispersarem... por favor, acredite em mim – pediu, de forma sincera, fazendo a desconfiança de Rachel diminuir gradativamente.

– O que eles querem? – perguntou ela.

O deus balançou a cabeça.

– Não sei exatamente – admitiu, envergonhado. – Hermes não é assim. Há algo muito errado em toda esta história.

Rachel franziu o cenho.

– Quem é Hermes?

– Seu “ministro de defesa” – contou ele. – Dern Castellan.

– Não me surpreende – Rachel disse, pensativa. Então, outra pergunta lhe ocorreu: - Por que eu? Por que precisar de mim?

Arnold sorriu.

– Primeiro, é uma das pessoas em quem Percy mais confia. Ele está confinado naquele castelo e não possui nenhum modo de defesa ou ataque. Por isso estou aqui e... hm, tenho outro deus para me ajudar, mas ele não quer ser reconhecido. Logo, sei que você terá livre acesso pelo castelo.

– Como? – instigou ela.

Ele pousou o dedo indicador sobre os lábios outra vez.

– Segundo – continuou – meu nome é Apolo. Sou deus de inúmeras coisas, mas entre elas, sou o deus da profecia. O Oráculo não está entre os semideuses há bastante tempo, e preciso de alguém urgentemente para tomar o seu lugar. E você, Rachel...

– Eu...? – ela arqueou a sobrancelha direita.

– Bem, você... pode ser... hm, ideal para...

– Espere! – cortou ela, subitamente assustada. – Você está me falando sobre o Espírito que vê o futuro?

– Partes dele – corrigiu Apolo.

– Isso não importa! – retrucou Rachel, alterada. – Não vou aceitar. Conheço essa história, meu pai me contou quando eu era pequena. Eu não... não vou.

O antigo Arnold suspirou, tentando manter a calma.

– Tudo bem – disse ele, mais para si mesmo do que para Rachel. – Tudo bem. Não precisamos discutir isto agora. Tens todo o direito de escolher, mas agora preciso somente de sua ajuda.

Os olhos suplicantes de Apolo fizeram Rachel anuviar a expressão.

– Qualquer coisa para acabar com este inferno – murmurou ela, o que pareceu ter alegrado levemente o deus.

– Precisamos de um plano – segredou ele – e sei que pensará em alguma coisa. Annabeth está com Fritz, e tenho certeza que o velho não a deixará sozinha nem por um segundo. Leve-a em consideração, pois os meio-sangues não seguirão a você facilmente. Precisamos ser rápidos. Não se esqueça disto.

Rachel assentiu mais uma vez.

– Suas visões – retomou Apolo – talvez a ajudem. Não as esqueça também. E caso algo saia do controle... – ele inspirou e expirou lenta e profundamente – corram. Ou seremos todos mortos. Alguma pergunta?

Ela sentia o peso do mundo sobre os ombros, e tinha medo de mais alguma coisa que Apolo pedisse a ela, mas ainda assim arriscou uma última questão:

– Como eu vou...

– Ah, já sei o que é – adiantou-se Apolo. Ele buscou debaixo da grossa capa de couro roxa que usava um pequeno pacote, amarrado cuidadosamente. Entregou-o a Rachel, desfazendo o laço que havia. Quando terminou de abri-lo, ele sorriu. – Tome muito cuidado com isto. Seu primo confiou a você essa preciosidade. Não a perca de modo algum.

Rachel sentiu-se confusa. Não via nada demais dentro do pacote, além de uma capa de lã marrom.


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Notas finais do capítulo

Como viram, o cap foi cheio de lacunas e indicações bem interessantes :D
Obrigada à Nadie pela sacada da Rachel e a capa. *u* Ah, e pela FoxFace sobre o POV da Sally. Foi a FoxFace, né? #memóriafail
O próximo cap vai ser MIL VEZES MAIS COMPLICADO, então não estranhem se eu demorar mais de uma semana.
Ah, além disso: ADIVINHA QUEM TÁ DE MUDANÇA hahaha
Agora não é de cidade - é só pra um apê aqui do outro lado da rua - mas ainda assim vai tirar meu tempo, sem contar a semana de provas que começa dia 10 e blablabla.
Por favor, arrumem coisas que distraiam vocês, por que eu vou mesmo sumir.
Perdón.
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AHHHHHHHHHHHHH JÁ QUE EU SOU UM PORRE DE PESSOA e vocês sabem disso, ainda vou escrever mais uma coisa que eu já ia esquecendo:
— Quem ficou triste ao saber que a Annie vai morrer, peço que, pra ninguém ficar com ódio de mim, releiam a-ten-ta-men-te o cap 23 e o 33. Sério que vocês não notaram nada de estranho? Existem outras dicas, mas essas são as que me ocorrem agora.
Entããão, até mais :D