Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 26
Hora da Verdade


Notas iniciais do capítulo

Muitos avisos, então... listinhas!!! (¬¬')
Um: Gente, não sei mais o que fazer com vocês. Sério... me faltam palavras pra agradecer! Vamos lá: obrigada de montão à Aninha A, Dreamer e Leila di Angelo pelas recomendações. Sério, cara, vocês são incríveis! Como agradecer essa gente linda? Tá, sem querer ser chata, mas não sei mesmo como agradecer. Obrigada, lindas. E a todo mundo que lê, como sempre. Vocês são cerejas, e eu amo cerejas. Vou chamar meus leitores de Cerejas daqui pra frente hahahahaha
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Dois: a tonga aqui que vocês amam cometeu a infelicidade de escrever "fim do primeiro arco da história, viva". Gente, não acabou. Primeiro arco seria equivalente à primeira parte, primeiros vinte e cinco capítulos, qualquer coisa. Me perdoem!!! Sou lerda, é normal. Juro que quando a fic terminar de verdade eu faço um escândalo, o que também é normal.
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Três: então, hã, eu queria fazer esse cap em homenagem a todas as recomendações, mas tava sem inspiração .-. Er, não gostei dele, no fim, mas prometo que os próximos serão mais animados. Eu precisava de um cap onde o mundo de Percy clareava-se em partes, então escrevi esse. Mas não gostei dele, então me perdoem se ficou podre. I know.
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Aproveitem! (ou não)



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Uma leve brisa batia em seu rosto gentilmente. Alguns fios de cabelo balançavam sobre sua bochecha, e ao longe se ouvia algum inseto zunir. Ela suspirou, e algo irritou seu nariz. Fungou, e então, de repente, teve a impressão que já não se deitava em um lugar macio ou confortável. Virou o rosto, e um filete de sol clareou a outrora escuridão. Com aquela luz incomodando, teve de, lentamente, abrir os olhos.

Sua visão era inicialmente turva, até focar-se em um gramado verde. Olhou para cima, e o sol quase a cegou novamente. Piscou inúmeras vezes e, quando se remexeu, percebeu estar deitada na terra. Suas roupas molhadas a incomodavam, mas nada a surpreendeu mais do que sentir a ponta fria de uma espada em sua garganta.

Desta vez, seus olhos abriram-se subitamente e ela procurou se afastar, assustada. Mas a espada continuava a pinicá-la sob o queixo, e teve de manter-se congelada.

– Apenas me responda – começou ele, que estava de pé e aparentemente seco. Olhava-a com uma mistura de raiva e suspeita, e mordia o lábio – por que... por que diabos eu respiro embaixo da água?!

Seu tom de voz estremeceu Annabeth, e a fez recordar dos últimos momentos. Lembrava-se da queda, do vento cortante e de um baque doloroso na água gelada, e nada mais. Quando se jogou, não pensou em perigo algum, no risco que corriam. Mas agora, estando viva, ali, com Percy, e ainda por cima o menino lhe fazendo tal pergunta... oh deuses, isso não era nada bom.

– V-você o quê? – sussurrou, ainda deitada contra a terra.

A espada pressionou-se um pouco mais fundo, mas Percy nada disse. Apenas engoliu em seco e a fitou por alguns segundos, até afastar a espada e dizer, com uma voz ríspida:

– Levante.

Annabeth não protestou. Levantou-se devagar, com uma pontada na cabeça, temendo o rapaz e ao mesmo tempo observando sua espada. Não era mais Tesouro, sua espada comum. Era Anaklusmos. De alguma forma, Quíron trocara as espadas.

Percy percebeu que ela olhava para a arma em sua mão. Deu um risinho falso.

– Pelo visto, não era o único que detestava Estorvo – ironizou, usando o apelido que dera a sua antiga espada. – Alguém fez o favor de dar-me uma nova.

Annabeth lembrou-se de Quíron mostrando-lhe a espada, e da forma como o pai divino de Percy a enviara. Lembrou-se da história da água que saltou da taça que todas as criadas gostavam de comentar, cada uma a seu modo. Ele respira embaixo da água. Não, não e não, pensou ela. Por favor, não.

Como ela nada dizia, Percy enfezou-se.

– O que é? – disparou. – Você me arranca de minha própria coroação, me atira no mar e acha que não tenho o direito de irritar-me?

Pela primeira vez, Annabeth sentiu-se impotente. Como dizer-lhe? Quer dizer, ele não precisava que fosse dito, mas era um momento delicado. Percy sabia que era um semideus, e parecia odiar o fato, e qualquer passo em falso por parte dela resultaria em algo grave. Ainda mais ele... ele... podendo ser filho de um dos Três Grandes.

Depois de muito hesitar, os ombros de Annabeth caíram.

– Acho que você sabe. Não precisa que eu diga...

– É claro que sei! – gritou, e ergueu as mãos para cima em exasperação. Olhou em volta, tentando desviar do olhar aflito dela. Algum tempo depois, ele inspirou lenta e profundamente. – Então era por isso. Por isso você estava no castelo... e tudo o mais – seu tom de voz abaixou-se. - Eu deveria... imaginar.

Annabeth franziu o cenho. Não era a primeira vez que Percy falava daquela forma. E isso a assustava.

– O que você sabia sobre mim? – perguntou.

Ele a encarou com um sorriso cansado.

– Nada. Sobre você, absolutamente nada – o menino olhou para suas próprias mãos, fascinado, como se houvesse movido montanhas com elas. Depois, sua expressão entristeceu-se gradativamente, e retornou ao que era no começo: revoltada e magoada.

Annabeth sentiu novamente a dor na parte de trás da cabeça, como uma ferroada. Passou a mão nos cabelos molhados, e uma ligeira tontura a perturbou. Nesse meio-tempo de distração, Percy afastou-se dela cada vez mais.

Quando deu por si, viu Percy muitos metros a sua frente.

– Aonde vai? – gritou ela.

Voltarei ao castelo, é óbvio – o menino gritou de volta, enquanto pulava um tronco caído.

Annabeth juntou as saias molhadas e apressou o passo, mas sua cabeça doía demais, tornando-a lenta. Tropeçou em alguns galhos, e o vestido encharcado parecia mil vezes mais pesado.

– Percy, volte aqui! – mandou, e já se desesperava pela demora na resposta dele, enquanto ouvia passos no mato.

De repente, os passos cessaram. Ela o alcançou, encontrando-o com uma expressão perdida.

– Por que lado voltamos ao castelo? – perguntou, mais para si mesmo do que para Annabeth.

Ela tomou-o pelo pulso, caminhando para o lado contrário.

– Apenas sei o caminho que nos leva ao Acampamento, e é para lá que vamos – disse sem rodeios.

Percy puxou o braço de volta, recusando-se a andar.

– Você enlouqueceu? – perguntou, olhando-a com uma expressão chocada. – Não vou seguir você para lugar nenhum! Existe um reino me esperando – repreendeu.

Annabeth rolou os olhos, rangendo os dentes.

– E existem pessoas prontas para cortar sua cabeça fora quando retornar! – devolveu, e tentou puxá-lo novamente, mas o menino não se movia.

– Sou um rei – disse de forma orgulhosa, apenas para irritá-la. – Sempre haverá pessoas querendo me matar.

Ela torceu o pulso dele, o que fez Percy contorcer-se.

– Você não entende – falou sigilosamente. – A maioria a sua volta não são pessoas, são deuses, estúpido. Você é um prêmio disputado.

Percy libertou-se da mão dela, empurrando-a para longe.

– Que seja. De qualquer forma, tenho que retornar. E se existem deuses à minha procura, quero conhecê-los melhor – e sorriu sarcasticamente.

Virou-se e continuou andando a esmo. Annabeth cruzou os braços e bateu o pé, observando-o se afastar. Então, quando ele já estava bem mais longe que antes, ela engoliu o orgulho. Pensando em todo o Acampamento e nas pessoas que amava, forçou-se a ir atrás do menino petulante.

Acompanhava-o de longe, com passos apressados. Percy parecia não se importar com sua perseguição, enquanto analisava as árvores e tentava formular um mapa mental para retornar ao castelo.

– É isso então – Annabeth gritou atrás dele, e sua cabeça doeu mais uma vez. – Você volta, e toma seu lugar como rei. Eu volto, e morro queimada.

Percy estacionou. Virou-se para ela e a encarou, talvez um pouco preocupado.

– Então não volte – respondeu calmamente. – Vá para seu Acampamento e seja livre.

– Não posso – retrucou, e a pontada em sua cabeça retornou. Comprimiu os olhos e colocou a mão direita atrás da cabeça – Você tem que vir comigo e... que raios você fez com minha cabeça? Bateu contra uma pedra? – abriu os olhos e o fitou com irritação.

Percy suspirou e calou-se. Olhou para o nada durante alguns segundos, e pareceu estar refletindo. Seu rosto de repente empalideceu, e seu semblante tornou-se tenso.

– Ah, céus – falou, escondendo o rosto nas mãos. – Eu... Sou um semideus, não posso retornar. Sou um semideus. – concluiu assustado, como se fosse uma mentira.

Annabeth encarou-o incrédula.

– Não, você bateu sua cabeça contra uma pedra – respondeu, fingindo admiração.

Ele lhe ergueu um olhar desesperado.

– Isso significa... significa que não sou rei – continuou, ignorando-a. – Significa... que... que...

– Que você não é filho de seu pai – completou Annabeth, irritada. – Pronto. É isso.

Percy deixou-se cair pesadamente na grama, ao lado de um pinheiro novo, e seus olhos verdes pareciam vazios. Annabeth o olhou por alguns minutos, e então anuviou a expressão. Sentiu pena do menino, e tentou acalmar-se e tentar entender seu lado.

Não deveria estar sendo nada fácil para ele.

Sentou ao seu lado, hesitante, esperando Percy digerir tudo.

– Os deuses ainda se apaixonam por mortais, não importa o que digam – ela começou em tom baixo, em uma forma estúpida de desculpar-se, enquanto mexia nos cabelos embaraçados. – E então nascemos. Todos dizem que somos monstros. Não o somos. Apenas... não somos compreendidos – sorriu, mas foi um sorriso fraco, de quem tenta ignorar a tristeza.

Percy ainda fitava a grama, e Annabeth pensou estar vendo coisas quando uma lágrima solitária rolou por seu rosto e caiu.

Como ele não respondia, Annabeth viu-se diante do grande momento que esperara desde que entrou no castelo: contar a verdade.

– Espero que me perdoe por dizer-lhe isto apenas agora – disse, e então inspirou, mantendo a calma, mas seus dedos já tremiam de nervosismo. Como ele reagiria? – Não sou apenas uma semideusa em seu castelo, Percy. Sou mais que isso. Sou uma... uma... hã, guardiã. É, acho que pode-se dizer assim.

A palavra logo soou-lhe estranha. Guardiã? Como poderia nomear-se como tal, depois de tudo que fez? Por sua culpa, Percy e ela estavam perdidos na floresta – e Annabeth não sabia o caminho para o Acampamento -, ele estava transtornado e o reino estava sem um rei. O fez perder quase toda a credibilidade que tinha e provocou, mesmo que sem intenção, mais outras várias coisas que apenas atrapalharam, e em nada ajudaram sua missão. Guardiã. Péssimo nome.

– E você... – Percy disse, murmurando. - ... você não prefere o termo Mão?

Annabeth olhou assustada para ele.

– Como?

Percy lhe olhou pelo canto do olho, pensando se lhe respondia ou não.

– Digamos que conheço uma história – começou, e sua voz ainda era fraca – acerca de uma Batalha, que acontece a cada cento e vinte anos. O Senhor do Tempo deseja vingança, e então um herói é escolhido e protegido por uma mão. Ambos lideram essa batalha e, vencendo-a, atrasam sua vingança por mais cento e vinte anos.

Annabeth permaneceu extasiada, o que fez Percy erguer as duas sobrancelhas.

– É essa a história que queria contar-me?

Ela assentiu de leve.

– Como a c-conhece? – gaguejou.

Ele encolheu os ombros.

– Fui uma criança levada. Descobri um livro escondido e o li, sem que ninguém soubesse. Lá havia essa história. Quando descobri que você era uma semideusa, passei a temer.

Annabeth mordeu o lábio inferior, e a dor em sua cabeça pareceu diminuir ante o choque que levara.

– Você suspeitava ser o herói? – pediu.

Percy pensou durante alguns segundos.

– Talvez. Era uma coisa na qual não queria pensar.

Ambos ficaram assim, em silêncio, sentados na grama. As árvores que os cercavam garantiam uma proteção provisória e instável, e Annabeth sabia que deveriam sair dali logo. A noite se aproximava, e teriam um dia longo após esta. Encontrariam o caminho para o Acampamento. Faz parte da história. Mas ela parecia diferente agora. Parecia...

– Annabeth – chamou Percy repentinamente.

– Sim? – ela despertou.

Ele hesitou.

– O que... o que acontece no fim?

Annabeth piscou algumas vezes.

– Que fim?

– Ora – Percy franziu as sobrancelhas. – No fim da Batalha. O livro que li não estava completo. O que acontece à Mão?

Um arrepio percorreu as costas da menina. Quantas vezes perguntara isso à Quíron, ou ao Sr D? Assim como no livro de Percy, a história estava incompleta no Acampamento. Por que ninguém dizia nada sobre a Mão? O que se passaria com o protetor do herói?

– Eu... não sei – admitiu, e Percy pareceu surpreso. – Ninguém sabe, na verdade.

– Mas você é a Mão, certo? – ele insistiu. – Isso não a preocupa?

Preocupava. Agora que ele disse, preocupava-a até demais. Ele estava certo. Haveria um fim para ela na história, mas qual seria? Annabeth remexeu-se desconfortável na terra.

– Sou uma protetora, Percy – argumentou. – Pensei sempre mais em você do que em mim. O que importa? Você é o Herói – sua garganta secou.

Percy pareceu não gostar do peso do título, mas teria de aceitá-lo. Ele nada disse. Antes que outro silêncio esmagador se formasse, Annabeth falou:

– Isso... vai dar certo – tentou animá-lo, sorrindo de forma sincera. – Chegaremos ao Acampamento. É um lindo lugar. Conhecerá outros semideuses, e verá que não somos perigosos. Você se sentirá em casa, prometo. Treinaremos e... quando a Batalha começar, lutaremos juntos. Funcionou muitas vezes antes, por que não agora? Venceremos, verá.

Ele olhou para Annabeth, escutando-a com atenção. Quando ela terminou, ele sorriu como um tolo.

– Sou um semideus – disse outra vez. Annabeth tentou não lhe dar um soco. – Tenho... tenho uma batalha. Ah, deuses, isso é tão... estranho – então seu sorriso desmanchou-se. - Mas, e o reino? O que será dele? Minha família?

Annabeth culpou-se por não encontrar uma resposta. Sally, pobre mulher, estaria enlouquecendo neste exato segundo. Provavelmente Percy será dado como morto, ou iniciarão uma busca pelo príncipe. O Conselho assumirá em seu lugar, o que é uma péssima substituição. Fritz mandará cortar a cabeça de Annabeth, e dará um valor considerável para quem o fizer primeiro.

O reino entraria em caos.

Mas isso, agora, não importava. Havia outro reino em caos também, e era para lá que Percy e ela seguiriam.



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Notas finais do capítulo

Podre, viva.
Espero que ninguém tenha ficado mal acostumado com capítulos cheios de revelações xD
Esqueci o que ia escrever, que legal.
Então, hããããã, obrigada gente!
Bisous! (aprendi "beijos" em francês, u_u)