There is Beauty in the Dark escrita por tori traurig, Jude


Capítulo 12
12. Um completo idiota


Notas iniciais do capítulo

Oooi gente! Bom, esse capítulo é o maior que já fizemos, tem mais que o dobro do tamanho normal, que geralmente é 2000 palavras, esse tem 5000 e não sei quantas.
.
Eu particularmente amei esse capítulo, li ele umas 1.000.000 de vezes, e eu amei. Espero que vocês gostem e agradeçam a Mrs Anie Grint e pelo seu review inspirador. kkkkkkkkkk
.
Feliz Natal, enjoy!



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- Você precisa conseguir acordar ela, Evans. – ouvi uma voz rouca falar num tom irritado.

- Ela está completamente apagada! Eu já disse, eu não consigo acordar ela. Porque você não tenta? – escutei uma voz feminina falar.

Logo percebi que eram Sirius e Lily discutindo, e senti a pior dor de cabeça da minha vida. E considerando as dores de cabeça que eu já senti, isso é muito.

 Abri os olhos e logo os fechei de novo, devido ao sol na minha cara. Porque eu não fechei a droga da cortina?, pensei irritada.

E então percebi que não me lembrava de ter ido dormir. Ou de ter voltado do treino de Quadribol. Ou de nada que aconteceu na noite anterior.

Tentei abrir os olhos novamente e pisquei algumas vezes para conseguir focar. Minha cabeça latejava. Sirius e Lily estavam na porta do nosso dormitório discutindo aos sussurros, porque ao julgar pelas cortinas fechadas ao lado da minha, Alice ainda dormia. Sentei na cama e olhei debilmente para Sirius e Lily, até que Lily me notou.

- Ah, Bells! Eles disseram o que o Scamander fez com você, aquele louco! Você está bem? Ele não me contou como entrou no dormitório feminino, o que me assustou um pouco – ela olhou de esgueira para Sirius com raiva – Mas não importa, por enquanto. Você está bem? - Eu não fazia a mínima ideia do que o Scamander havia feito, mas estava com dor de cabeça demais pra me concentrar.

- Não – respondi com a voz sonolenta – Sinto dor de cabeça, Lily.

- Eu imaginei que você sentiria, beba isso – ela pegou um copo na minha cabeceira e derramou o conteúdo na minha boca antes que eu protestasse.

- Gã – foi o que eu consegui dizer com a poção na boca.

- Engula, engula – ela pediu – vai passar a dor.

- Ah, anda, chega de enrolação – Sirius me puxou da cama e eu me senti tonta pela dor de cabeça. Notei que ele estava vestido com o uniforme de Quadribol.

- Seu idiota, não vê que ela não pode levantar assim? – Lily me abaixou bruscamente para a cama, e eu me senti tonta de novo.

- Ela vai perder os testes de Quadribol! Já estão acontecendo, por sorte os de goleiro são os últimos. Mas se ela não se apressar vamos perder!

Senti a dor começar a passar e comecei a processar a informação. Agora faz sentido Sirius estar usando o uniforme. Um minuto... Estou perdendo o teste de Quadribol!

Nesse momento veio na minha mente o sorriso triunfante do James, quando eu não aparecesse lá.

Eu não posso permitir que isso aconteça novamente.

- Ah meu Deus! – gritei e pulei da cama empurrando Sirius, com uma nova motivação em mente. Depois eu iria descobrir o que o Scamander fez comigo.

Peguei minha mochila no pé da cama e saí correndo pelas escadas do dormitório, com Sirius atrás tentando me alcançar, e ouvindo resmungos de Lily falando sobre como o Quadribol era estúpido.

- Eu não posso perder esses testes, eu não posso perder esses testes... – eu murmurava para mim mesma em quanto corria o mais rápido que podia.

Cheguei correndo no campo de Quadribol onde estava tendo os testes para batedores, e Frank estava sendo testado. Sirius passou por mim e se juntou aos batedores. Quando James me viu ele arregalou os olhos, não sei por que ele estava impressionado, por me ver aqui ou pelo fato de eu estar parecendo uma galinha que acabou de voltar de uma guerra. 

- Desculpem o atraso! - eu disse correndo para o vestiário. Deixando todos para trás, inclusive um James desapontado e assustado. 

Corri novamente, mas dessa vez em direção ao vestiário. Quando eu cheguei lá, eu tranquei a porta e joguei a mochila em cima de um banco lá e comecei a me despir. Quando fui colocar a calça, eu tentei inutilmente escovar os dentes ao mesmo tempo, só que não deu certo sabe? E eu acabei caindo no chão. 

Depois peguei um pom-pom e fui até o espelho para prender meu cabelo. Quando me vi eu quase que dei um murro no meu próprio reflexo de tão feia que eu estou. Isso deveria ser um crime a humanidade! Deveria cegar as pessoas! Eu molhei meu rosto e prendi meu cabelo rapidamente em um rabo-de-cavalo alto, peguei minha vassoura, destranquei a porta e voltei correndo novamente. Parei ao lado de James e sorri vendo que o teste para batedor ainda estava acontecendo.

- Bom dia irmãozinho! 

- Bom dia, será que poderia, por favor, juntar-se aos outros goleiros ali do lado esquerdo? Obrigado. - ele falou me ignorando. Diminui meu sorriso e o encarei com raiva:

- Grosso! - disse e sai marchando até uns caras que estavam no canto esquerdo. Eles me olharam como se eu fosse de outro mundo. Devem estar pensando "Mas ela é uma garota!" Argh! Machistas nojentos. Outras garotas já jogaram no time da Grifinória antes, porque todos me olham desse jeito?

Os encarei com a minha melhor cara de superior e indiferente e os ignorei virando de costas a eles observando Sirius e Frank arrasando os outros concorrentes. 

Ergui meus olhos para as arquibancadas e vi alguns alunos ali: Uns 20 da Grifinória, outros 10 da Corvinal - e entre eles Edgar Scamander, o que me fez perguntar mentalmente o que ele havia feito noite passada. Resolvo depois - uns 12 da Lufa-lufa e uns sete da Sonserina. A realidade é que: sonserinos não "perdem" o tempo deles com Quadribol não, eles são muito ocupados mantendo seu sangue-puro e obedecendo as ordens daquele lorde deles. 

Dando mais uma olhada para a arquibancada da Grifinória, eu vi primeiramente: McKinnon e... Haha adivinha? A Meadowes. Claro, sempre juntas, sempre! Parece até feitiço colante. Mas isso só para seres inanimados, ou seja, que não pensam nem falam, não que a Meadowes seja capaz de pensar não é? Mas...

- Goleiros, por aqui! Quem é o primeiro? Ah sim, Hadson. Boa sorte! 

Então o tal de Hadson foi voando até as balizas e ficou esperando Paul Talkalott lançar a goles. Até que esse Hadson não é tão descartável assim: tinha cabelos castanhos-dourados, Ombros largos, braços fortes e sem contar no sorriso.

Certo, chega Isabelle, hoje você está toda engraçada hoje hein? Concentre-se no seu adversário!

Ele desviou sete goles de 10. É, nada mau hein?

Tudo bem já é a vez do cara aqui da minha frente, o Peterlok. E eu estou muito nervosa mesmo. Não aguento mais esperar esse louco aí terminar. 

Ótimo, nove goles de 10. Eu já falei como amo a minha vida? Se ele acertou nove, eu preciso acertar todas para entrar na droga desse time. E o Talkalott não parecia ser tão fácil de desviar quanto o Frank.

Ah, como eu amo a minha vida.

- Potter! - chamou James - sua vez! 

- Eu sou sua irmã, idiota. Porque precisa me chamar de "Potter"? - perguntei irritada.

- Você vai fazer o teste ou não? 

Subi na vassoura resmungando e fiquei na frente da baliza do meio de mau humor. Talkalott me perguntou se eu estava pronta, resmunguei um "sim" e semicerrei os olhos, me concentrando.

[•••]

- Isso simplesmente não pode estar acontecendo.

Eu dei aquele sorriso triunfante que só os Potter sabem fazer. Ah, que ótimo. Agora o James sente o quão irritante ele é.

Sirius se aproximou de James e falou, sorrindo por ter ganhado a aposta:

- Eu falei, cara. 

- Ela desviou todas.

- É isso aí. 

- Todas, Sirius. 

- Eu sei, cara.

- Isabelle. - James se voltou para mim.

- Sim? - eu perguntei sorrindo inocentemente.

- Você... Você está no time. 

Apenas sorri.

- Pontas... - Sirius chamou.

- O que é, cara?

- Seis galeões.

James resmungou alguma coisa e tirou seis galeões do bolso, entregando relutante para Sirius. 

Os outros alunos que haviam feito o teste vieram me parabenizar.

- Parabéns, Potter!

- Como você conseguiu defender as dez?

- Bem vinda ao time!

- Parabéns, Bells - falou Frank.

- Quem mais está no time? - perguntei. Eu havia me atrasado, então não sabia quem havia entrado além de mim.

- Bom, seu irmão, naturalmente - disse Sirius chegando e sacudindo os galeões na mão - Hugo Talkalott, Luke Fawcett e Jason Mcfeat como artilheiros e eu e Frank como batedores. 

- Que ótimo... - falei me lembrando de algo - Sirius, você viu a Lily?

- Ela chegou há pouco tempo - e apontou para as arquibancadas.

Ela estava ao lado da Alice, que contava algo para ela, que olhava diretamente para mim.

Ela sorria, me parabenizando. Indiquei a saída do campo, ela me entendeu e se despediu de Alice.

- Parabéns, Bells. Eu sabia que você ia conseguir.

- Obrigada, Lil. - nós caminhávamos em direção ao salão comunal - Lily, o que o Scamander fez noite passada?

- Você não se lembra, não é? - neguei com a cabeça - Bom, de acordo com o relatório dos três patetas, ele deu uma poção do amor para você...

- ELE O QUÊ? - gritei. É agora que ele morre. Quem aquele panaca pensa que é para me dar uma poção do amor?

- Calma, me deixa terminar. E ao invés deles irem procurar o Slughorn, eles tiveram a excelente ideia - ela disse sarcasticamente - de paralisar você e levar ao dormitório, mas no caminho você ficou inconsciente, provavelmente porque o Scamander não preparou a poção corretamente e o efeito acabou em alguns minutos, te fazendo desmaiar.

Lily disse a senha para a mulher gorda e colocou o pé para dentro do salão. Eu quase rosnei de tanta raiva.

- Ótimo. Além de idiota ele é burro também, e me deu uma poção do amor imprestável. Quem ele pensa que é? Eu vou voltar lá e matar ele - dei meia volta e comecei a marchar para o campo de Quadribol.

- Bells! - Lily me chamou. - O que nós combinamos sobre agressão?

Ela me lançava um olhar repreensor.

- Vocês vão entrar ou não? Eu não tenho o dia todo. - resmungou a Mulher Gorda. 

- Ah, desculpe... Lily, por falar naquele acordo... - eu disse ignorando-a.

- Olha, você ainda está com o uniforme de Quadribol! - ela mudou de assunto repentinamente - Precisa voltar ao vestiário e se trocar!

Ergui a sobrancelha. Era verdade, mas a mudança de assunto repentina me deixava um pouco curiosa. Os Grifinórios que estavam assistindo os testes passavam dos meus lados, inclusive os que foram testados, já com vestes comuns. Decidi que faria um interrogatório com a Lily mais tarde, depois de me trocar. 

- Você sabe que não esconde as coisas de mim, Lily. Me aguarde para mais tarde. - sorri maldosa.

Ela engoliu em seco e se virou com os calcanhares, entrando no salão. Revirei os olhos e segui para o vestiário feminino.

Vinha pensando em como teria sido aquele encontro. Será que foi bom ou o James estragou tudo? 

Esperando encontrar tudo deserto outra vez, abri a porta. Meu coração acelerou.

- O-o que faz aqui, Lupin? - gaguejei.

Ele estava lindo. Como era domingo, não era necessário usar as vestes de Hogwarts, e ele vestia um suéter azul por cima de uma camisa de gola branca. Eu já falei como ele fica lindo de suéter?

Ele parecia avoado, até o meu chamado. Piscou algumas vezes e olhou para mim, e imediatamente eu quis me esconder, vendo meu reflexo no espelho atrás dele. Meu rabo de cavalo estava todo bagunçado, como se eu tivesse estado no meio de um tornado, com montes de fios soltos para todos os lados, eu estava suada, o que deixava meus fios soltos todos grudados na testa. Minhas vestes estavam amassadas e eu ainda tinha olheiras.

Olhei para baixo, corando.

- Ah, oi. - ele disse simplesmente.

- Você realmente não sabe ler? O que faz no vestiário feminino, imbecil?

- Eu... Eu não sei. 

- Então poderia sair, por favor?

- Hum, c-claro.

Ele passou meio relutante pela porta e eu revirei os olhos, seguindo para o chuveiro - dessa vez com minha roupa em mãos. 

Tomei banho tentando fazer passar a raiva, sem sucesso. Como o Scamander ousa...?

Saí do banho, me enxuguei, vesti minha roupa - uma camiseta estampada, um short jeans e uma rasteira - e comecei a pentear os cabelos. Meu estômago roncava, me lembrando de que eu não havia comido nada hoje. 

Juntei minhas coisas na mochila, pendurei-a nas costas e saí do compartimento que eu usava para me vestir, desde que a presença de homens no vestiário feminino aumentou. 

Abri a porta e segui o meu caminho para o Salão comunal da Grifinória. Que horas são? Tomara que já esteja na hora do almoço, estou morrendo de fome.

Havia pouca gente no Salão Comunal, o que devia significar que já era a hora do almoço. Ótimo, vou deixar essas coisas lá no dormitório e procurar a Lily para almoçar.

- Francamente, Lupin, você tem algum problema?

Ele estava lá de novo, na frente da porta do meu dormitório e parecia estar tendo uma discussão mental, como quem está indeciso de algo. Não sei como ele subiu aqui, mas Sirius tinha subido mais cedo então não fiquei muito surpresa. Não me respondeu, apenas olhou. Eu Hein, ele deve ter enlouquecido. Tentei ignorar meu coração que batia desenfreado e segui em direção à porta.

- Você pode me dar licença? - perguntei irritada, evitando olhar nos olhos dele. Aqueles lindos olhos cor de chocolate.

- Bells. - ele me chamou. 

E eu fiz a burrice de olhar. Ótimo, agora, há uns 15 centímetros dele, olhando diretamente nos olhos, eu esqueci como se fala. Concentre-se, Isabelle. Pense no Scamander.

- O que... - eu comecei a perguntar quando fui interrompida pela coisa que eu menos esperava.

Um beijo.

Eu queria poder dizer que o empurrei, que não cedi, mas aí seria mentira. Eu não conseguiria. Não quando eu já estava lutando comigo mesma para manter calma. 

Ainda estava sem reação. Será que foi assim que ele se sentiu quando eu o beijei? Um aperto estranho no estômago, um arrepio incomum na nuca, as mãos suando frio? 

Não sei o que houve, acho que meu lado automático entrou mais uma vez em ação porque eu não me lembrava nem onde eu estava, o que eu ia fazer, não lembrava de quem eu era e nem do que eu fiz depois. 

Segurei seu suéter não sabendo o que fazer. Não sei se é nervosismo ou é porque ele que me beijou dessa vez. Esqueci até que eu estava com raiva dele, por isso o chamava pelo sobrenome.

Ele segurou minha cintura com força me puxando para ainda mais próximo dele enquanto minha boca se entreabria dando a ele a permissão para aprofundar o beijo.

Isso a gente não vê muito hoje em dia: garotos como Remo, cavalheiros, atenciosos e românticos. A gente encontra mais os garotos estilo "Sirius": cafajestes, safados e burros. Ok, Sirius não é burro.

Era tão boa a sensação de pegar no cabelo dele, era macio e eu podia puxar e ele não reclamava, podia bagunçar e ele nem fazia questão. Desci a mão e sem querer arranhei um pouco a base da sua nuca, o que fez ele se arrepiar. Acho que descobri seu ponto fraco, Lupin. Abracei sua cintura me sentindo realizada, por quê? Oras! Remo Lupin está me beijando e não aquela idiota da Meadowes.

Como eu sou meio hiperativa, tinha que me mexer um pouco então dei uns passos para trás sentindo a parede bater em minhas costas. Eu sorri pensando em coisas que uma moça não deveria pensar, mas me adverti quando lembrei que Remo não era um garoto normal e não faria nada desrespeitoso comigo, e nem mesmo aqui na frente do meu dormitório.

Meu Deus. Estamos na frente do dormitório. Alguém pode ver, e contar para uma amiga que pode contar para a outra amiga e logo a noticia se espalha e James vai ficar sabendo e aí Remo vai morrer! 

Como eu sou muito estraga prazeres e neurótica, eu interrompi o beijo com alguns selinhos e o empurrei um pouco. 

Continuei de olhos fechados: estava envergonhada demais para encarar ele. Senti seus dois polegares se arrastarem pelas minhas bochechas. Abri os olhos e o vi olhando para mim, como se eu fosse uma boneca de porcelana que podia cair e quebrar a qualquer minuto. 

- Puxa! 

Viramos ao mesmo tempo para olhar: Sirius estava sentado na escada nos encarando em quanto comia um saquinho de feijõezinhos de todos os sabores. Como se estivesse vendo uma apresentação, um show ou aquele negócio trouxa que Lily me fala. Firme? Tilme? Filme? Sei lá.

- Eu sabia que meus instintos caninos não estavam errados - ele se levantou e de repente fez uma careta e cuspiu um feijãozinho - Eca, cera de ouvido. - fiz uma careta, Remo continuava imóvel ao meu lado, ainda mantinha-se na minha frente com as mãos em minha cintura. – impressionantes vocês dois. 

Ele se aproximou de nós e Remo pareceu acordar porque deixou suas mãos caírem ao lado do seu corpo e virou-se de lado para mim e ficou encarando Sirius que tinha um sorriso malicioso e até meio zombeteiro.

- Nada mal a sua tentativa de esquentar as coisas, Bells. Nada mal...

- Q-que? E-eu não... - corei fortemente por que eu não sabia explicar o motivo de eu ter o puxado para a parede. 

- Mas, você meu amigo Remo, me decepcionou. - ele fez uma cara de decepção, balançando a cabeça negativamente - você foi muito... Inexperiente. Tem que ser mais malandro, uma mão boba aqui, outra ali...

- Sirius! - eu falei irritada desencostando da parede - você está nos constrangendo! Será que poderia nos dar privacidade? 

- Humm - ele colocou a mão no queixo fingindo pensar e sorriu nos olhando - acho que não. 

- Argh! - eu exclamei o fuzilando com o olhar - eu vou te matar. Por três coisas: primeiro, por você não ter me levado ao professor Slughorn ontem, segundo por ter a coragem de me petrificar e terceiro: por estragar o meu momento perfeito. 

- Certo! - ele fez um gesto como se estivesse se rendendo - mas vamos ao que interessa. Como vão contar isso ao seu irmão? 

- Sirius, você não tem nada melhor para fazer não? - Remo se pronunciou pela primeira vez.

- Na verdade, eu tenho mais de duas pilhas de tarefas atrasadas que eu não fiz, mas isso não é bom não é? Então eu não tenho nada mesmo para fazer. 

- Eu não pretendo contar. - falei.

- Não? Mas... Vocês sabem que ele vai descobrir. Isso não vai dar e não é nada certo. 

- Olha quem era falando sobre o que é certo. Sirius, por favor, vá azarar sonserinos por mim, já que eu não posso. 

- Não... Ficar aqui é mais legal. Eu gosto de ver vocês dois envergonhados.

Revirei os olhos e desci a escada, mas não antes de dar ao Remo um olhar como de quem diz "Me siga e deixe esse palerma sozinho", mas ele fez uma cara confusa e eu revirei os olhos. Mais uma vez lembrei de que isso só funcionava comigo e com o James. 

Passe pelo salão comunal e vi Jason Mcfeat, o novo artilheiro do time e lembrei de que não tinha parabenizado ele. Fui até ele que ergueu a cabeça e sorriu.

- Ham, oi. - falei meio tímida - Isabelle Potter, prazer. - estiquei minha mão para que ele apertasse, mas ele a segurou e a beijou logo depois dando um sorriso galanteador.

Ham?

- Oi, Jason Mcfeat e o prazer é todo meu.

- Ah, é eu só queria te parabenizar pela conquista.

- Obrigado, e você também não é? Goleira. 

Jason Mcfeat era bonito, cabelo castanho liso e meio bagunçado, pele clara, olhos castanhos também e um sorriso branquinho e lindo. Mas eu prefiro outro garoto, sabe? Um garoto incomum...

- Ah... Sim. - disse vendo Sirius e Remo descendo das escadas. Sirius olhou para mim e para Jason e sorriu maldoso e foi cutucar Remo que estava entretido em um aviso colado na parede. Mas o que...? 

- Ham, está com fome? 

- O que? - olhei para Jason que já se tinha se levantado e eu só percebi agora como ele era alto - Ah, sim. Estou! Estou faminta! - ri nervosa percebendo o jeito que Remo olhava para Jason não era nada legal. - É mas, eu acabei de ver meus amigos... 

- Ah, posso ir com vocês? Só para não ir sozinho, sabe? Meu amigo idiota foi na minha frente. 

- Ah, tudo bem. - disse caminhando em direção de Remo e Sirius. Quando chegamos perto deles Sirius sorriu e Remo olhou para ao lado. 

- Sirius, esse é...

- E aí cara? - falou Jason fazendo um toque estranho. Pelo visto eles já de conhecem, não é?

Fui para o lado de Remo e coloquei uma mão no seu ombro e ele olhou para mim, eu sorri fraco para ele que retribuiu com um sorriso forçado. Revirei os olhos tirando a mão do seu ombro e o empurrei para o lado para poder ficar entre ele e Sirius. Pelo menos Sirius não iria me abandonar, não iria?

- Bells, desde quando conhece o Jason?

- Ham, faz uns segundos ou minutos...

- É, ela veio me parabenizar por entrar no time sabe? Fico feliz por entrar no time. Principalmente porque é da Grifinória e todo ano nós ganhamos a taça.

- É talvez seja por causa de um certo batedor. Forte, alto, bonitão...

- Desculpe Sirius, mas Frank não é alto ele tem estatura mediana. - eu disse segurando o riso ao ver sua cara de "eu estava falando de mim, anormal".

Jason começou a rir ao lado de Sirius que dez uma cara feia e começou a falar sobre como o Harpias estava bom nesse campeonato. Olhei para Remo e o vi quieto, talvez pensando sobre o ocorrido há minutos atrás.

Já estamos perto do salão principal e Remo continuava calado. Olhei para baixo e vi nossas mãos tão próximas. Não resisti ao impulso de junta-las o que foi uma burrice total por que ele se assustou e colocou as mãos dentro do suéter e depois me olhou me repreendendo.

Idiota.

Suspirei de frustração e fui para o lado de Jason e tentei entrar na conversa mas obviamente eu não consegui por culpa do Lupin. Como ele pôde me... Me agarrar e depois agir como se estivéssemos na mesma situação que antes? Ele tem problemas mentais? Talvez Alzheimer?

Ao chegarmos ao salão principal, eu logo tratei de procurar meu irmãozinho para me sentar do lado dele. Jason se despediu e foi se sentar com os amigos dele. O estranho é que eu não lembrado vê-los nas aulas. Achei uma cabeça negra com os fios rebeldes e puxei Sirius para o meu lado quando sentei.

- Ele é do sexto ano, o Jason. - ele disse depois de fazer uma careta ao perceber que eu não queria que Remo se sentasse ao meu lado.

- Sério? - eu olhei de esguelha para Remo que estava sentado na minha frente pegando um pedaço de torta de framboesa - não parece pelo seu, Ham... Porte físico.

James se engasgou e Sirius olhou para o ser na minha frente e olhou para mim sorrindo: ele percebera. Mas o que na verdade?

Eu estava tentando deixar Remo Lupin com ciúmes, e pela sua expressão de total desgosto diante do meu comentário, estava funcionando.

- O quê? – James me perguntou.

- Você entendeu, irmãozinho.

James olhou para o Jason de uma forma nada amigável. Parecia cogitar tirá-lo do time, e quando eu percebi tentei desfazer o comentário rapidamente.

- N-não que eu queira algo demais com ele, James. Não vá fazer nada com o garoto. – sussurrei para ele.

Ele me olhou com um olhar desconfiado. Nada que o James não faça. Eu apenas não queria destruir a conquista do garoto só por ter um irmão ciumento.

Voltei minha atenção para a comida por alguns minutos, só então percebi o quanto estava com fome. Há quanto tempo eu não comia, Merlin?

Eu devo ter deixado meu prato lotado demais, porque Sirius olhava para meu prato incrédulo e várias pessoas da mesa olhavam para ele "discretamente". Ah, qual é, eu não como há horas. Peguem leve.

- Você vai mesmo comer tudo isso, Bells? – Lily perguntou se sentando ao lado de Remo, na minha frente.

- Ora, vamos, Lily. Deixe sua melhor amiga comer, sim? - falei atacando meu prato.

Lily revirou os olhos e olhou para James ao meu lado. Ele estava encarando-a, como ele sempre faz, mas ela desviou o olhar para o chão, envergonhada. Opa.

- Hum, Lily – murmurei com a boca cheia – como foi o encontro de vocês ontem?

James me chutou por debaixo da mesa. Aquilo queria dizer "Falo com você sobre isso depois", o que eu estranhei. O James ia me contar como havia sido o encontro? Ok, o mundo enlouqueceu de vez.

- Ah, foi legal – Lily falou com a voz tão baixa que eu mal escutei.

Decidi esquecer aquilo. Mas só até hoje à noite. Ah, Lily Evans não vai inventar nenhuma desculpa.

Comíamos em silêncio, até que a garota que foi com Sirius a Hogsmeade, ou pelo menos eu acho que era ela, se sentou ao lado dele, obrigando-me a afastar um pouco. Ah, coitada. Lá vamos nós de novo...

Todo fim de semana – ou em raros casos durante a semana – uma garota que se envolveu com o Sirius acha que tem algo sério com ele. Eu sinto tanta pena, e a Lily mais ainda, toda vez que presenciamos uma cena como essa ela passa a noite reclamando "Como Sirius Black é insensível, e aquela garota deve estar chorando nesse momento", e que ele devia dar mais valor às mulheres.

Suspirei já sabendo onde isso ia dar.

- Oi, Sirius. – a garota falou carinhosa. Ela era da Grifinória, como todos nós.

- Ham, oi, Mindy – ele murmurou sem jeito. Pelo menos ele se lembrava do nome dela, e eu me lembrei da garota. Era Mindy Green, a garota do sexto ano que havia comprado uma poção de concentração com o James na época dos seus N.O.Ms do ano passado. Coitada, mal sabia que a poção era uma mistura fajuta que o próprio James havia preparado.

- Então, o que acha de sair hoje?

- Eu estou ocupado hoje.

- E que tal amanhã?

- Amanhã também...

Tentei segurar o riso e acabei rindo pelo nariz, o que não foi nada legal por eu estar com a boca cheia de comida. Me engasguei, e a atenção foi voltada para mim de novo. Sirius aproveitou a oportunidade para se levantar e sair de fininho, quando ela estava olhando para mim.

Meu acesso de tosses logo passou.

- Hum, está tudo bem. Eu... Eu perdi a fome. – declarei, incomodada com a atenção da mesa da Grifinória estar voltada demais para mim hoje. O que deu nesse povo?

Me levantei e segui até o Salão Comunal, que estava deserto.

Largue-me numa poltrona e suspirei. Sim, eu fico meio lerda depois de comer. Principalmente nos domingos.

Sorri pensando nas realizações desse incrível domingo.

Primeiro, entrei no time de Quadribol. A cara do James ao me admitir no time não teve preço.

Segundo, o Remo me beijou. E não fui eu quem beijou ele, ele me beijou, de verdade.

Terceiro, descobri que posso deixa-lo com ciúmes. Ah, isso é ótimo.

Algumas pessoas entraram depois de mim, porém estas seguiram para os seus respectivos dormitórios, provavelmente cansados pelo passeio em Hogsmeade no sábado. Eu já estava cansada daquela cama. Mentira, eu só estava cansada demais para subir as escadas.

De repente, senti uma vontade de dar uma olhada no Mapa do Maroto – aquele velho pergaminho encantado que fizemos no final do quinto ano. Não sei, de repente me deu uma vontade de olhar as pessoas caminharem. Afinal eu não tinha nada pra fazer mesmo.

Tomando coragem, levantei-me da poltrona e fui vagarosamente ao dormitório que James dividia com Sirius, Remo e Peter. Usei um feitiço convocatório e o Mapa saiu do malão de James.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom – murmurei sem paciência, tocando-o com a varinha. Francamente, porque não escolhemos uma frase mais curta? Eu já não tinha paciência.

Estou ficando impaciente demais ao longo dos anos, refleti. Deitei-me na cama de James e abri o mapa, dando uma olhada nas pessoas que saíam do Salão Principal. Lily, Lily, Lily... Aqui. Lá estava o nome de Lily Evans saindo do salão e indo no corredor... Da biblioteca. Francamente, é um domingo.

James estava indo para o campo de Quadribol, provavelmente para pegar seu precioso Pomo de Ouro e ficar perdendo tempo com ele.

Sirius... Sirius não estava no Salão, já havia saído antes devido à Mindy, que andava de um lado pro outro procurando seu "amado".

Peter estava perto da mesa da Sonserina, aparentemente conversando com alguns alunos. Espere, Sonserina?

Ergui uma sobrancelha, e logo depois dei de ombros. É o Peter, provavelmente alguém está perturbando-o.

E Remo, onde estava?

Corri os olhos pelo mapa procurando-o. Estava na beira do lago. Não havia ninguém por lá. Hum, quem sabe?

- Malfeito Feito – murmurei para o pergaminho, dobrando-o e guardando de volta no malão de James.

Desci as escadas, as poucas pessoas que estavam lá embaixo me ignoraram. Saí pelo buraco do retrato e segui distraída para o lago.

Lá estava ele. Sentado à beirada com as pernas cruzadas. Olhando para o horizonte.

Me sentei ao lado dele.

- Então?

Ele pareceu não ter notado que eu havia sentado ali, pois se ressaltou quando eu me pronunciei. Olhou nos meus olhos e seu olhar pareceu-me triste e feliz ao mesmo tempo, se é que isso é possível.

- Porque você precisa fazer isso comigo? – ele perguntou sorrindo.

- Hum, isso o que?

- Anda ao meu lado, é minha amiga, me beija. Como se isso não fizesse mal nenhum a você.

Bufei. Como ele pode ser tão idiota?

- É porque não me faz mal nenhum, imbecil. – resmunguei como se fosse óbvio.

Ele riu fraco.

- Se lembra de quando estávamos aqui, no terceiro ano? – ele perguntou sorrindo e eu corei.

- Lembro. Eu era tão idiota. Me incomodava com o fato de Sirius e James estarem beijando todas as garotas de Hogwarts e eu ainda não havia beijado ninguém – sorri.

Nós dois rimos como duas crianças.

- Naquele dia você me deixou aqui, feito um idiota, olhando para o lago. Lembra? – ele disse e eu ri.

- Lembro. – me lembrei da minha patética reação.

Ficamos um tempo calados, olhando para o nada.

- É tão bom ter você de volta. – ele passou a mão pelo meu ombro, provocando uma série de arrepios.

- É bom ter você de volta também, Remmy. – encostei minha cabeça no ombro dele.

Suspirei. Alguma coisa se agitou no fundo do lago, formando algumas bolhas. Isso foi o suficiente para que eu acordasse do meu sonho.

Ele tirou o braço do meu ombro bruscamente e se afastou. Bufei. Vai começar de novo.

- Não, não. – ele murmurava para si mesmo – Perigoso demais.

- Remo...

- Não, Bells! Isso nunca vai acontecer, eu não posso...

- Então porque você continua fazendo isso? POR QUE DIABOS VOCÊ ME BEIJOU, IDIOTA? QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME DEIXAR CONFUSA DE NOVO? – explodi.

Ele respirou fundo. Enterrou a cabeça nas mãos.

- Eu sou um verdadeiro idiota.

- Ah, e você só percebeu isso agora? – falei sarcástica. – Anda, me responde. Porque você me beijou?

- Eu... Eu... – ele parecia com dificuldades para começar – Eu te beijei porque odiei ver você apaixonada por outro cara, quando o Scamander te deu a poção do amor e quando aquele Mcfeat falou com você hoje de manhã. E... Eu não suporto isso, porque eu não quero perder você. Mas é impossível. Se eu aceitar isso, perco você porque sou um lobisomem idiota. E se eu negar, vou ter que ver você nos braços de outro cara. – ele fechou os olhos – E eu não consigo aceitar nenhuma das opções, Bells.


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Notas finais do capítulo

Own, eu morri com esse final. Perguntem a Bia, eu quase chorei kkkkkkk
Sobre o encontro de Lily e James, ainda estamos esperando mais alguns comentarem e o capítulo vai sair no Ano Novo, como um presente pra vocês :3
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Bom Gente, é natal pra nós também, então mandem muitos reviews e recomendações, por favor.
Desejo a todas vocês um ótimo Natal, que tudo o que vocês desejaram se realize :)
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E como velhos hábitos nunca se vão... Bia queria botar o nome desse capítulo de "Sirius: o atrevido". Tá.
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Não existe amor em SP, Bia Lee.
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Então, acho que é só isso. EU GANHEI UM VIOLÃO, GENTE! #cry
Tenho que ir pra festa de Natal da minha família agora. Kisses :)