Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 9
*X* Dando tempo ao tempo *X*


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado!
Beijão!



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Ninguém mais se aguentava de tanta curiosidade, nem mesmo Sakura que a todo instante encarava a porta, na intuição que ela iria se abrir.
Ela fizera de tudo para não se sentir culpada, mas era um sacrifício inútil!Como poderia, simplesmente, aceitar o ato impensado dele?Sentia-se grata, e até protegida, mas não era o momento para pensar no ato heroico dele. Precisava fazer alguma coisa; livrá-lo de uma suspensão e, principalmente, pensava aterrorizada, na boa discussão que ele teria com o pai. Embora seu tempo de convívio fosse pouco com os Uchiha, não deixara de perceber que a relação entre pai e filho era delicada.



–Sakura – Naruto pôs a mão no ombro dela e sentiu-a extremamente tensa. –Você está nervosa.



–Foi minha culpa.



–Não foi culpa de ninguém, a menos que se trate de Orochimaru. – sorriu coçando a cabeça, mas o sorriso morreu ao perceber que seu senso de humor não estava distraindo a garota. Ela estava tensa, séria demais por se tratar de algo tão bobo. –Escuta. Você não precisa ficar tão estressada. Sasuke ficará feliz se for suspenso alguns dias. E, quer saber?Pode ser que isso não dê em nada.



–E quanto ao pai dele?



–O que tem ele?



A ingenuidade de Naruto espantou-a. Ela se perguntou se ele fingia não saber de nada, ou se Sasuke e ele não dividiam problemas particulares.



–Você não sabe mesmo que Sasuke e o pai... tem uma relação delicada?



–Ele nunca me diz nada sobre sua vida pessoal. Bem, às vezes, mas não faz parte de sua personalidade. Em geral falamos sobre jogos, motos, mulheres, ex-namoradas e... – percebendo que começava a falar besteira, e com a pessoa errada, ele pigarreou voltando ao assunto em questão. –Não podemos fazer nada, e não é bom você conquistar de vez a antipatia do professor de Química.



–Isso ela consegue fazer com muita facilidade. – Karin disse tais palavras em voz alta, sendo o centro das atenções, e cheia de pose assumiu o lugar do seu professor. –Se você é de Osaka, e seu sobrenome é Haruno, levando em conta também que não existe semelhança física entre vocês, então não há parentesco. A pergunta é: por que Sasuke te conhece tão bem?



Sakura se sentiu pressionada, pela quantidade de desconhecidos que a encaravam, esperando uma resposta para desvendar a curiosidade da ruiva, e de todos eles.



–Eles são amigos, aliás, grandes amigos. Algum problema com isso? – perguntou Naruto desafiando o olhar enraivecido de Karin, e pouco se importava se ela percebia ou não sua inimizade. Ele nunca fizera questão de tratá-la bem, como as outras garotas, e na maioria das vezes terminava ignorando-a. Talvez nunca tivesse dito a Sasuke que odiava garotas atiradas, e não seria difícil ele sacar seus motivos.


–Amigos? – a ruiva soltou uma risada irônica, alta o suficiente para acordar um defunto. –Parece que dessa vez Sasuke está tentando ser formal, Ino. Isso não mexe com seus sentimentos? – perguntou dirigindo-se a loira, que não fez questão de trocar olhares com ela. –Pelo menos essa daí – apontou para Sakura. –, não é amiga sua. Oh, meu Deus!Ainda bem que ela não é amiga minha!



–PARA! – inconscientemente Karin obedeceu à ordem dada por Ino, mas morreria exibindo aquele sorriso e destilando veneno. –Eu vou pedir, pela última vez, que você não fale meu nome e não volte a se dirigir a mim.



–Não se preocupe, não faço isso com sacrifício, mas com prazer.



–Não me provoque, Karin!Você não...



–Wow!Aproveita que você está tão nervosinha e jogue tudo pra fora. Eu não engoli aquela historinha de você não dá a mínima ao passado! – um círculo de pessoas abraçou as duas, como se elas fossem brigar a qualquer momento, e cada qual tinha a sua favorita. –O que está esperando?Não vai pular em mim e puxar meus cabelos?



Mandando a coerência para o inferno, Ino avançou sobre Karin, certa de que conseguiria, por pura força de vontade, afundar as unhas no pescoço alvo da raiva, mas alguém a segurou pela cintura, e ela só pôde se debater e gritar para que a soltasse.
Sakura, que estava muito próxima, assistia Naruto arrastar Ino para um canto, fazendo o impossível para tranquilizá-la, e Karin abrir a porta e sair por ela acompanhada do restante da sala. Apesar de está mais calma, com a cabeça erguida dignamente, a rosada não deixou de acreditar que Ino estava um caco por dentro, engolindo um furacão de raiva. Era estranho vê-la daquela forma e compreendê-la tão bem, sem que Ino tivesse lhe dito uma palavra. Fora assim que ela se sentiu naquele dia, e a pior parte foi não poder gritar e esbravejar como a loira fizera. Por que eles agiram assim?Por que Sasuke tinha que ser como Sasori?





*




Passavam das sete horas da noite quando eles terminaram de jantar. Sakura e Emy tiravam os pratos da mesa, sem levar a sério, a promessa do chefe da família de ir ajudá-las. Bastou o celular de Hirashi tocar para ele esquecer que tinha compromisso com elas.



–Ele acabou de vir do trabalho e continua trabalhando.



–Não podemos ignorar trabalho, filha.



–Sim, quando este está em excesso. – completou a jovem recebendo os pratos limpos e os secando em seguida. –É melhor que ele esteja concentrado em outras coisas, assim podemos conversar um pouco.



–Finalmente minha filha vai aceitar ter uma conversa madura.



–Não é bem isso. Bem, talvez seja para você que não é mais uma garota na minha idade, mas para mim será apenas um diálogo como outro qualquer.



–Obrigada por me achar tão velha. – viu a filha rir do seu senso de humor, e aproveitou a ocasião, vendo-a tão disposta a conversar, para tocar em assuntos sensíveis.



–Como você descobriu que gostava do papai?



–Todo esse mistério é para fazer essa pergunta?



–Eu preciso saber como você chegou à conclusão que gostava dele. Eu preciso de referências, de...



–Filha, isso não existe! – as palavras saíram em meio ao sorriso, pois vê a cara de curiosidade da filha, com o semblante sério, deixa-a completamente perdida diante de sua afirmação. –A gente sente quando está apaixonada por alguém. Você pode assistir milhares de documentários sobre o amor, ouvir meus relatos, ler livros de romance ou até mesmo poemas, continuará ignorante sobre o assunto.


Desanimada com o disparate, ela se sentou, e não esperou que sua mãe fosse lhe dizer coisas que suavizasse seus conflitos internos.



–Eu gosto dele, mas... Não sei, eu não consigo confiar nele, e quando tento tudo parece forçado. Eu odeio me senti assim.



–Eu não quero te desanimar, mas... se você se sente assim, então seu coração não é dele.



–Mãe...



–Não adianta ficar aqui te explicando essas coisas, pois isso você terá que saber sozinha, é nosso instinto de mulher. Mas, já que estamos falando de se sentir segura; eu espero que você não tome decisões precipitadas.



–Não se preocupe, não corro o risco de ter uma gravidez precoce.



–É por isso que eu te amo. – brincou ela depositando um beijo no alto da cabeça da filha. –Vá para a cama cedo, amanhã você tem teste de matemática.



–Às vezes você esquece que tenho dezessete anos.




Aquela manhã de quarta feira estava fria, o termômetro marcava vinte graus, e ela nem mesmo se lembrara de levar uma blusa extra para a escola.
Olhava para os lados na esperança de cruzar com o namorado, na expectativa de poderem se isolar e debater sobre a relação, seus pontos negativos e positivos. Certamente ela não sabia ao certo o que queria para si, mas decididamente estava disposta a salvar seu relacionamento. Não poderia fazer-lhe promessas de que o nível seria outro, pois ela achava que ambos chegariam à mesma conclusão por meio do diálogo, e também não descartaria a hipótese de Sasori conquistá-la, completamente, em breve. Eles só precisavam se conhecer melhor, só isso.
Avistou-o já dentro da escola, na companhia de amigos que ele fizera nos últimos dias e tivera a indelicadeza de não apresentá-la.



–Sasori! – chamou-o a certa distância, e esperou ele se aproximar. –Quem são essas pessoas?



–Uns amigos. – abraçou-a pelos ombros, depositando um beijo na testa dela.



–Você está andando demais com ele, por isso fiquei curiosa. Não vai me apresentá-los?



–Depois.


–Ótimo, então. – afastou o braço dele para poder ficar de frente. –Precisamos conversar.



–No intervalo...



–Por que não agora?Temos um tempo livre antes de o teste começar, e a aula de física não está muito interessante.



–Tudo bem. Chegamos cedo e ainda temos quinze minutos antes do professor de física fechar a porta.



Ele encostou-se à parede, jogando a blusa no ombro, depois cruzou os braços e aguardou as primeiras palavras dela. Sakura ficara indignada com a reação do namorado, pois acreditara fielmente que eles iriam para um lugar onde poucas pessoas passavam. Definitivamente ela tinha que deixar de ser menos romântica, não combinava com o estilo de Sasori, e ser mais prática como ele.



–Para começar, eu quero que você saiba que eu desejo que nosso namoro se transforme em um relacionamento mais sério.



–É o que eu estou tentando fazer.



–Da sua maneira. – ouviu um longo e tedioso suspiro sair dele, e ela se preocupou em apressar o que tinha para dizer. –Você sabia que eu tenho Tetai? – como ela já esperava, percebeu que ele estava confuso. –Não sabe, não é?Aposto que você nunca ouviu falar dessa doença.



–Você nunca me disse que... tem uma doença.



–Não houve tempo para isso, por que você sempre esteve ocupado observando a cor exótica do meu cabelo. O verde dos meus olhos. E até mesmo sua boa forma.



–Você deveria ter dito que é uma pessoa doente. – Sakura abaixou a cabeça ao ouvi-lo e Sasori chegou a pensar que ela estava ofendida, mas viu a namorada levantar a cabeça e observá-lo como se suas palavras tivessem ficado em um passado distante. –Eu não quis dizer isso.



–É compreensivo. – havia um ‘’Q’’ de ironia nela.



–E como você contraiu isso?



–Não se trata de algo transmissível – Deus!Como estava sendo difícil para ela. –, provavelmente herdei de algum antepassado ou Deus quis que eu fosse diferente. – ela sorriu das próprias palavras, se lembrando do dia que seu pai lhe dissera a mesma coisa, depois do médico revelar o diagnóstico. –Qualquer tipo de alteração emocional ativa os desmaios, deixando-me inconsciente por algumas horas.



–Não. – ela observava as emoções dele entrarem em conflito, e desejou saber o que se passava na sua cabeça. –Então você só precisa relaxar... Nesse caso eu tenho que tomar cuidado com minhas ações e palavras. Será embaraçoso para nós dois.



Sakura respirou fundo, e com muita delicadeza ajeitou a mochila nas costas.



–Olha, eu só vou te cobrar uma coisa, sinceridade. Eu não vou te culpar se você achar meu estilo de vida incompatível com a sua. – as cartas estavam na mesa, ela só não sabia até quando Sasori jogaria aquele jogo.



–Confie em mim. – era uma promessa lançada a ela, ao seu coração, unicamente, e ambos não precisavam mais de incentivo, apenas, continuar juntos.




*




–Ino, tenta se acalmar!


–Duvido se fosse você no meu lugar, Naruto!E por que você está tão preocupado comigo, agora?Não o vi tão prestativo e solidário comigo quando Sasuke decidiu me fazer de trouxa!



–Eu sabia que ia sobrar pra mim. – o loiro rolou os olhos, já exasperado com a situação.



–Não diga que se importa agora, depois que minha vida virou um inferno!



–Não devemos responsabilizar os outros por erros que nós mesmos deveríamos evitar. – disse a rosada chamando a atenção de Ino. –Eu li isso em um livro de reflexão.



–O que você entende sobre isso? – perguntou controlando a voz, e decidiu se aproximar mais dela. –Sua vida deve ser perfeita, não é? – indagou divertida, hábito de está afundada em momentos como este. –Sinto-me invejosa agora.



–Vamos andar um pouco, você precisa respirar. – propôs Sakura convencendo-a a sair da sala antes que todos voltassem para lá. –Naruto...



–Eu dou cobertura...



Sakura esperou que Ino lavasse o rosto antes de voltarem à sala, e a covenceu a sentar-se e respirar o ar puro daquela manhã cinzenta.
A rosada não demonstrava ansiedade, mesmo com o nível de curiosidade subindo cada vez mais, mas Ino fazia o contrário e chegava a balançar os pés de vez em quando.



–Acho que te devo desculpas. – surpresa, Sakura pegou-se observando à loira. - Você mal chegou e eu já deduzi um monte de coisas ao seu respeito. Agora eu sei que você não é como Karin. Isso me deixa aliviada.



–Ainda bem que estamos tendo essa conversa, assim deixamos tudo em pratos limpos.



–Escuta. Se você vai falar de Sasuke eu realmente não quero ouvir. O que havia entre nós ficou no passado e, se ele está com você agora, fico feliz por ele. Você é uma garota legal.



Elas olharam em direções opostas, e parecia que Ino fazia de tudo para fugir do contato visual. Sakura balançou a cabeça, pensativa, e constatou o que a loira tentava esconder. Ino ainda gostava de Sasuke, e por algum motivo bobo achava que ele estava se envolvendo com sua mais nova simpatia. Era engraçado para Sakura pensar assim, e chegava a ser doloroso ao mesmo tempo. Tinha vontade de se amaldiçoar por deixar-se enfeitiçar por ele, agora não podia negar que seu coração passara a cultivar um pouco de esperança e, drasticamente, ele passaria a sufocar, até asfixiar sua criação. Ela não se permitiria entrar na história deles, mesmo achando que Sasuke tinha algum tipo de interesse nela, por que ela não estava acabada e, antes de tudo, compreendia muito bem o que Ino passava.


–Faz alguns dias que estou morando com a família de Sasuke, e apesar de estarmos sobre o mesmo teto, não existe nada entre nós.



–Você não precisa me dizer isso.



–Eu vou me sentir bem assim, e você também. Mesmo dizendo que vocês não estão mais juntos, seus olhos dizem que você não o esqueceu.



–Não vou mentir. Eu ainda gosto dele, mas não posso esquecer, de uma hora pra outra, o que ele me fez. Perdoá-lo seria admitir minha fraqueza, e eu seria a mesma Ino de antes. Além disso, Karin voltaria a nos perturbar e eu viveria na sombra da desconfiança.



–No seu lugar, eu estaria na mesma situação que você. – embora soubesse que nunca seria capaz de perdoar Sasori, mesmo que ainda o amasse. –Eu não tenho como avaliar o Sasuke de hoje com o de antes, mas algo me diz que ele amadureceu.



–Não tenho como saber se isso é verdade.



–Tem sim. – esbanjando simpatia Sakura levantou-se e sorriu para Ino que, no impulso, fizera o mesmo, mas conservando um pouco da timidez. –Ainda a tempo de resolver essa história.



Que Ino o conquistasse novamente, e enterrasse de vez os sentimentos recém-nascidos que havia nela. Não podia se dá o luxo de conquistá-lo, pois Deus era testemunha de que ela não seria feliz daquela forma, sentindo que ainda existia algo inacabado entre eles.




–Orochimaru vai fazer de tudo para Sasuke ser suspenso, mas você pode ajudá-lo.



–Desculpa, não ouvi o que você disse.



–Eu disse que Orochimaru vai fazer de tudo para Sasuke ser suspenso, mas você pode ajudá-lo. – ao chegarem à porta da sala, e não encontrando mais ninguém no corredor, pararam, depois colaram as orelhas na madeira fria, ouvindo claramente que alguém havia controlado os alunos. –Na maioria das vezes Orochimaru leva a melhor sobre os alunos, por que não temos boas desculpas para explicar nosso comportamento. Mas você saberá convencer o diretor de que Sasuke só estava te defendendo.



–Não se preocupe, serei ardilosa se for necessário.


–Então boa sorte.


–Obrigada.



Ficara observando a garota de cabelos róseos fazer curva no corredor, apressando os passos como se eles fossem mudar o trajeto de sua vida.
O que havia de errado com Sasuke e ela?Céus!Será que era mesmo seguro acreditar em suas palavras?Talvez fosse, e sentia que era. Conseguia enxergar a verdade em seus olhos, e eles refletiam isso o pouco tempo que estiveram juntas. Mas, por que sentia certa aflição saindo dela?












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