Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 6
*X* Passos positivos *X*


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Beijos!



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–Acho que esqueci o molho.


–Está aqui. – disse Sakura entregando a Mikoto o último recipiente da sacola. –Está com uma cara ótima!


–E com certeza o sabor é maravilhoso! – avistando o marido e o filho na sala de estar, Mikoto aproximou-se de Sakura e inclinou-se no ouvido dela, como se fosse revelar um segredo. –Às vezes eu falo que estou muito cansada ou que não deu tempo de fazer o jantar, assim posso ligar para o restaurante e pedir comida sem culpa. – Sakura riu. –Você sabe cozinhar?


–Meu pai adora minha comida – o entusiasmo deu lugar ao desânimo, ao perceber que os elogios do pai a ela ficara no passado. -, ele adorava. – corrigiu. –Minha mãe sempre se preocupou com minha disciplina culinária, e eu gostava de ajudá-la na cozinha.


–Isso é ótimo. – ajeitava os pratos enquanto Sakura arrumava os guardanapos. –Hoje em dia as mulheres não se preocupam mais em saber cozinhar, pregar botões, ou fazer bordados. Mas eu ainda acho charmoso uma garota que sabe cozinhar. – Sakura sorriu para ela. –Você sabe fazer café? – perguntou esperançosa, percebeu Sakura.


–Acho que sim. Por quê?


–Por nada. – não demonstrou que a resposta a animou tanto, mas estava extremamente feliz ao ouvi-la. –Vou chamá-los.


–Se a senhora não se importar, gostaria de ir ao meu quarto. – jogou o longo cabelo róseo no ombro. –Preciso prendê-lo.


–Claro que sim, mas não demore ou sua sopa vai esfriar.


Ciente de que não poderia demorar muito, Sakura acelerou os passos ao chegar aos degraus da escada. No topo desta, ofegante, jogou o cabelo para trás e acelerou os passos até o final do corredor, onde ficava seu quarto.
Passara pelos primeiros quartos, despreocupada, como se aquele caminho fosse traçado por ela todos os dias, mas o quarto ao lado lhe assustou, quando ela ouviu, nitidamente, um barulho semelhante a alguém caindo da janela. Certa de que havia alguém do outro lado daquela parede, ela não deu nenhum passo, e esperou por algum tipo de manifestação.


–Droga!


Como esperado, tinha alguém lá e provavelmente gritou de dor, ao cair da janela.


–Talvez seja... – não era muito provável que um intruso tivesse entrado ali, mas o dono do quarto, talvez. –Deve ser ele.


Deu de ombros indo até seu quarto, mas ao escutar outros ruídos, ela parou bruscamente, tomando a decisão de vê, se era mesmo, o filho mais novo de Mikoto.


–Melhor eu me prevenir antes. – cautelosamente ela abriu a porta de seu quarto, e vasculhou com muita pressa os objetos de peso que havia lá. –Deve ser útil. – pegara um jarro de cerâmica oriental, aparentemente muito antigo, mas trabalhado minuciosamente a cada detalhe.


Em passos cautelosos Sakura ficou diante da porta, com a mão, um pouco trêmula, segurando a maçaneta, enquanto a outra, acima de sua cabeça, segurava o jarro pesado.
De certo não sabia mais quanto tempo passou desde que ela subira para prender o cabelo, mas tinha certeza absoluta que alguém viria buscá-la. Usando toda a sua determinação, e fazendo mal uso de sua força, que não era lá essas coisas, ela fechou os olhos, abrindo a porta em seguida. Quando os abriu encontrou o cômodo entregue a escuridão e o silêncio, sem vestígio algum de que alguém entrara lá.
O primeiro passo foi dado, e isso a encorajou a entrar, procurando às escuras o interruptor. Quando seus dedos tocaram o que parecia ser um, alguém segurou seu braço e ela deu um grito, tirando forças do além para jogar o vaso contra quem a segurava. Imediatamente ela se viu livre, e quando pensou em correr seu corpo foi pressionado contra a parede, sendo impedida de gritar devido à mão que lhe tapou a boca. O desespero não foi tanto quanto o momento que a porta fora fechada, e sem muito resultado ela se debateu.


–Calma!


Ouviu tal palavra ser despejada nela como se fosse uma ordem e nem mesmo isso a acalmou. Os únicos barulhos a ser ouvido foram da respiração entrecortada dela e o interruptor sendo manipulado.


–Até que para uma baixinha você dá trabalho. – disse Sasuke fixando seus olhos nos dela. –O que faz no meu quarto? – perguntou afastando a mão do rosto dela.


–Eu... Estava passando e ouvi barulhos.


Para Sakura, era quase impossível respirar ali, tendo o corpo dele ainda pressionando-a contra a parede, e seus olhos misteriosos encarando-a como se ela estivesse nua. Talvez não desse para raciocinar mais, naquelas condições estranhas, mas a sensação era tão madura e quente, que ela se via obrigada a colaborar.


–Não pensou que alguém poderia machucá-la, caso fosse um estranho?


Ela observou, ignorando completamente a pergunta dele, os braços suados que a circuncidavam; a camiseta molhada pelo suor, que desciam pelos minúsculos espaços de cada fio de cabelo negro.
Jurava por tudo que era mais sagrado, que seus olhos estiveram maculados todo aquele tempo, sem ao menos sofrer julgamentos pela imagem atraente de Sasori. Naquela época tudo o que ela sentia era inocente, sem ter o peso da culpa que ela sentia agora. Mas, será que seus olhos a fizeram sentir algum tipo de desejo?


–Preciso voltar ao jantar... – tudo o que queria era sair dali, e voltar à sala de jantar, mas o pequeno trio de sangue que escorreu na testa de Sasuke impediu-a de sair. –Ah, meu Deus!Acho que te machuquei!


Surpreendido, Sasuke passou os dedos na testa, sentindo seu sangue escorrer lentamente.


–É bobagem.


–Não é não! – ela tentou vasculhar o lugar ferido, mas ele a impediu, se afastando.


–Vá embora ou estarei encrencado.


–Mas...


–Vá! – o tom de voz saiu mais exaltado do que ele esperava, e isso a obrigou a sair. Sasuke observou o jarro caído no chão, quebrado ao meio e riu ainda incrédulo. –Como se não bastasse ter um amigo como Naruto, tenho que conviver com uma garota pirada.


Tirou a camiseta levando-a até a cabeça, certo de que o pequeno corte pararia de sangrar. Não demorou muito para alguém bater à sua porta, dando, apenas dois toques fracos, e ele tinha certeza que esse alguém era Itachi. Embora seus pais soubessem que ele saía à noite, escondido, as reclamações nunca aconteciam na sua volta, sempre pela manhã ou na hora do jantar.


–Entra!


A porta foi aberta, lentamente, e a cabeleira rósea de Sakura preencheu seu foco.


–Trouxe medicamentos. – ela segurava uma maleta branca, com desenhos de pétalas de cerejeiras e pequenos corações estampados nas laterais. –Posso fazer um curativo – Sasuke olhava-a como se fosse expulsá-la de lá. -, é rápido e não doerá nada.


–Obrigado, mas eu já disse que não foi nada.


–Não adianta dizer, eu preciso está segura disso. – fechou a porta, como se fosse convidada a entrar, e olhou-o. –Posso olhar o ferimento?


–Mas não tem ferimento! – parecia que ela não se importava com seu mau humor, ou fingia não compreendê-lo. –Se você insistir de novo serei obrigado a te tratar mal. – ela foi até ele, ignorando-o. –Estou avisando. – Sakura deixou a maleta em cima da cama e a abriu.


–Vai arder um pouquinho, mas pode gritar se quiser.


Sasuke ia protestar quando sentiu as pequenas mãos dela vasculhar seu couro cabeludo.


–É um corte e tanto, talvez seja preciso dá pontos. – Sasuke segurou uma de suas mãos, imobilizando-a com o ato e ambos se olharam. –Estou brincando. – ela sorriu para ele, como uma criança travessa, deixando-o descontraído. –Por que entrou pela janela?


–Não é óbvio? – perguntou secamente, acreditando que ela perderia o interesse de conversar com ele.


–Talvez não seja tão óbvio assim – disse ensopando o algodão com álcool. -, para mim não é muito compreensivo vê esse tipo de cena, ainda mais quando seus pais são pessoas extremamente legais.


–Então, diferente de mim, você faz o estilo clássico de filha perfeita? – indagou debochando.


–Para falar a verdade eu não sei o que é ser uma filha perfeita. – dizendo isso, ela começou a remover o sangue e Sasuke quase se afastou dela no primeiro contato. –Eu sempre tive medo de ser uma pessoa ousada. Sei lá, nunca achei que fosse meu estilo.


–Hum. – Sasuke levantou a cabeça a fim de olhá-la. –E o que seria ousado para você que não se encaixa no seu perfil? – perguntou sentindo-se relaxado.


–Eu sempre me perguntei como seria sumir por um dia e não dá satisfações. – sem que percebesse, ela parou para observá-lo. –Viver um pouco loucamente, sem ter que pensar que minha saúde é frágil. – ela voltou à realidade, que no momento se tratava do ferimento que ela havia provocado. –Só mais um pouco.


–Não se preocupe. Você já conseguiu fazer com que eu sentasse e aceitasse seus cuidados. É um pouco tarde para tentar me animar, não acha?


Sakura sorriu. –Isso significa que minha companhia não é tão ruim assim como você pensou.


–Oh, isso é verdade. – concordou sem ter como abordá-la.


–Terminei. – de um a um ela começou a guardar seus pequenos objetos na maleta. –Agora vou descer e comer alguma coisa, prometi a sua mãe que faria isso quando o mau estar passasse.


–Mentiu por minha causa?


–Considere isso como um acerto de contas. – segurou a maleta e esperou de pé. –Você me escutou e não sabia quem eu era. Levou água para mim e se preocupou com meu estado. Carregou-me nos braços e pediu a presença de um médico. Bem, a retribuição não foi como esperado, mas a valeu a pena.


–Parece que você errou as contas.


–Errei?


–Você disse que fiz três coisas por você; no seu caso, você fez uma por mim, que foi concertar minha cabeça quando você mesma tentou quebrá-la. Ainda me deve dois favores.


–Tudo bem, então. Diga-me o que posso fazer por você. – perguntou sem se importar com o jeito dele, pois começava a acreditar que ele só queria testá-la.


–Você sabe fazer café?


Sakura estranhou a pergunta. Não ouviu isso no mesmo dia?


–Sim.


–Veremos.


Sakura esperou que ele dissesse o motivo de lhe fazer a pergunta, mas pela expressão pouco confortável dele, ela deduziu que ele estava quase pedindo que ela saísse.
Sem ter mais o que dizer, ela saiu sem olhar para trás, fechando a porta com todo o cuidado. Chegando à escada, já com o pé direito no primeiro degrau de cima, Sakura olhou para trás, focando a porta do quarto que estivera antes, e deu um pequeno sorriso.


–Não posso acreditar que ele vai cobrar um dos favores me pedindo para fazer café. – sorriu abertamente, ainda incrédula. –O que ele vai me pedir no último favor? – indagou. –Um garoto interesseiro, e sádico, talvez. – avaliou o Uchiha enquanto descia a escada. –Diferente de Sasori, completamente.







X*X*X*X*X*X







Dois dias depois...



Estava na frente do espelho, terminando de fechar o último botão da camisa branca.
Como em todas as manhãs de segunda, típico de uma colegial que se preparava para a aula, Sakura dava continuidade a sua rotina, como se naquele instante sua vida voltasse aos trilhos certos.
Os dias anteriores não lhe reservaram surpresa, nem a animaram. Tudo fora muito corrido, talvez uma perda de tempo total para ela e Mikoto, que passaram horas e horas conversando com o diretor da escola onde Sasuke estuda, depois assinaram papéis como se ela estivesse mudando de identidade.
Embora torcesse para que tudo desse certo, não deixava de sentir medo, pois, apesar de três anos ter se passado, as lembranças estavam tão vivas quanto ao do dia anterior, quando Sasuke soubera que eles frequentariam a mesma escola e a mesma sala. O silêncio que vira nele manteve-a acordada a noite inteira; sem saber ao certo se ele aceitava-a ou simplesmente conseguiu ignorar as novidades.


–Sakura?


–Pode entrar. – disse ela virando-se para a porta, com a mochila nas mãos, aguardando Mikoto.


–Animada? – perguntou percebendo que Sakura não estava muito animada para o primeiro dia de aula, mas extremamente ansiosa.


–Não muito. Não tenho muitas lembranças boas da escola.


–Não há com o que se preocupar. Sasuke estará com você, então relaxe.


–Senhora Mikoto, tem certeza que Sasuke vai ficar bem?Não sei, mas eu acho que sem querer vou obrigá-lo a ser minha babá.


–Não se preocupe, ele saberá se comportar. – ajeitou uma das mexas longas do cabelo rosado de Sakura. –Devido os dias que me ausentei da loja, preciso chegar mais cedo hoje. Você vai ficar bem?


–Claro que sim, não se preocupe.


–Sendo assim estou indo. – abraçou-a antes de sair. –Ah!O trem é sempre cheio pela manhã, por isso não desgrude um segundo sequer de Sasuke, você pode se perder ou algum pervertido pode assediá-la.


–Vou me lembrar disso. – sorriu.


–Cuide-se.



Com o cabelo molhado, quase pingando, e orelhas visíveis, Sasuke se sentou ao lado de Itachi, sem se incomodar em lhe dar bom dia.
Era fato em sua vida que odiava o começo da semana, e a dor de cabeça infernal da ressaca de domingo.


–Ficou até tarde na rua ontem? – perguntou Itachi observando o irmão acariciar a testa, como se aquilo fosse curar o mau estar.


–Foi uma partida histórica. Você tinha que vê como Juugo e eu nos enfrentamos na quadra.


–Pela cara de zumbi de vila que você está, posso imaginar o quanto farrearam depois.


–Sem represálias. Ok?


Itachi deu de ombros, balançando a cabeça, depois olhou para a escada.


–Hoje é o primeiro dia de aula da Bela Adormecida. – Sasuke levantou a cabeça ao ouvir o irmão, e sorriu. –Ou será que devo chamá-la de Rapunzel? – achando graça na observação do irmão, Sasuke também olhou para a escada. –Para mim tanto faz, qualquer apelido faz sentido ao título de princesa.


–Ora!Ora!Hoje você acordou com vontade de filosofar. – estranhamente ele parou de sorrir, e encarou Itachi sem perder o foco. –Conheço meu irmão muito bem, a tal ponto de não achar que ele está se interessando pela garota que nossos pais tratam como filha?


Sentindo-se anestesiado pelas palavras diretas do irmão, Itachi inclinou o corpo para trás, cruzou os braços e sorriu sinicamente.


–Foi um comentário inocente, apenas isso. – suspirou, sendo motivado a chegar para frente. –Mas, deixe-me responder sua pergunta. Não, eu não a vejo como uma mulher que eu possa me interessar futuramente, embora ela seja a maior novidade que cruzou nossas vidas. – sorriu. –Mas, talvez, ela venha ser a futura garota dos seus sonhos.


–Não viaja.


–E você, não perca a cabeça ao falar dela. – com o dedo indicador, ele tocou a testa de Sasuke, fazendo-o ir para trás. –Dê um beijo nela por mim. – vê o irmão com cara de tolo era um prêmio matinal, que ele lembraria pelo resto do dia.


Passos acelerados invadiram seus ouvidos, e uma estranha expectativa cresceu em si.
Vestida com o uniforme da escola, com o cabelo longo solto, jogado no ombro, e olhos atentos a qualquer movimento dele, Sakura não deu mais nenhum passo.
Ele não conseguia distinguir o que havia nela, o porquê de se sentir vulnerável quando a via. Sakura respirava novidade, como se fosse uma caixinha cheia de surpresa, e isso às vezes o irritava.
O que diabos havia de novidade numa garota frágil como ela?
Talvez fosse a falta de vergonha ao encará-lo nos olhos, pois, era absurdamente normal as garotas abaixarem a cabeça ao cruzar o olhar com ele. Poderia ser sua postura empertigada ou, até mesmo, a dignidade transparente refletida em seus olhos verdes.


–Vamos? – perguntou Sakura, indo até a porta.


–Espere. – disse Sasuke fazendo-a virar-se para ele. –Antes de sairmos por aquela porta, eu gostaria de impor algumas regras.


–Que seriam?


–Em primeiro lugar: nada de bisbilhotar minha vida e manter minha mãe informada. Em segundo lugar: eu tenho meus amigos e você terá os seus. Em terceiro lugar: em hipótese alguma você responderá perguntas íntimas ao meu respeito.


–Claro. – deu de ombros, aproximando-se dele. –Ainda bem que você fez essas exigências, me incentivou a fazer as minhas. – parou, observando-o. –Bem, em primeiro lugar: você também está proibido de bisbilhotar minha vida.


–Eu? – indagou incrédulo. –Qual seria meu interesse em bisbilhotar você?


–Vai por mim, depois de um tempo você vai saber do que estou falando.


–Acho que não preciso esperar tanto tempo para saber o que é.


Sakura suspirou. –Meus desmaios. – ela se constrangeu ao dizer, pois ele poderia pensar que ela estava se auto valorizando. –Em segundo lugar: em hipótese alguma, você não pode dizer a ninguém o que eu tenho. – Sasuke calou-se, deixando-a a vontade para pensar que ele respeitava sua decisão. –Vamos? –perguntou exibindo novamente seu sorriso pequeno.


–SASUKE!


–O que foi isso? – perguntou Sakura, assustada com o grito.


–É um jumento que está pastando no concreto. – Sakura riu abertamente, fazendo-o achar graça também.













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