Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 20
Desafios


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, gente!

Espero que gostem do capítulo!
Beijos!



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–No que está pensando?

Intrigado com o silêncio, Sasuke apoiou o cotovelo na cama, e no mesmo instante Sakura o olhou.

–Você não acha que fomos rápidos demais?

–Essa é aquela parte do relacionamento onde a mulher dá um passo importante e depois acha que ainda não era a hora?

Sakura sentou na cama, pensativa.

–Poderíamos ter esperado mais um pouco.

Sasuke também se sentou.

–Está arrependida?

Um suspiro alto ecoou no quarto. Sakura nada respondeu de imediato, pensava na melhor resposta para dá a ele, sem que fosse mal interpretada.

–Não me cuidei para transar. Eu posso ficar...

–Eu não... Tive cuidado.

–Tem certeza disso?

Sasuke encarou o teto como resposta. Não tinha tanta certeza de ter sido racional naquele momento. Considerava-se muito cuidadoso em relação a sexo e sempre andava com pelo menos uma camisinha na carteira. Mas perdera o hábito assim que começara a namorar Sakura.

–Não posso pensar em ter um filho. Isso nunca pode acontecer.

–Por que tanto medo?

–Por que tanto medo? – repetiu enfatizando a pergunta. –Ninguém sabe o que poderia acontecer comigo ou com meu bebê se eu entrasse em coma. Quem sabe os médicos teriam que escolher a minha vida ou a vida do meu filho. Quem sabe nós morreríamos na primeira crise que eu tivesse ou aos poucos. Eu nem sei se eu poderia vê-lo crescer fase por fase, por que... Quem me garante que minha doença não vá avançar e um dia eu precise morar para sempre em um hospital, só que desacordada? E o risco de passar essa maldição para uma criança?

–Pare de pensar em teorias médicas.

–Mas essa é a minha realidade!

–Não vai ser se você parar de ser pessimista! Olhe para mim. – como Sakura se negou a olhá-lo, ele obrigou-a de maneira firme, embora carinhosa. –Eu a proíbo de pensar nessas coisas.

–Não posso evitar.

–Pode sim. – abraçou-a fortemente, como se quisesse assombrar a incerteza. –Você é feliz comigo?

–Claro que sim. – sorriu.

–Então só pense nisso. Ok?

Se pensasse daquela forma, um dia iria acordar e se deparar com a realidade? Talvez.
Desde o momento que descobrira aquela doença rara, vivia a vida ouvindo cada palavra que os médicos lhe diziam. Eles eram frios, não a poupavam dizendo que tudo ficaria bem um dia. Eram diretos ao dizer-lhe que a doença poderia avançar e chegavam até mesmo a responsabilizá-la se houvesse coma profundo. Afinal as emoções eram dela. Sasuke era diferente. Ao invés de acreditar em teorias e diagnósticos, ele acreditava na vida. Em sua vida.

–Ok. – respondeu abraçando-o fortemente. –Mas se eu ficar...

–Shiiii. – interrompeu-a. – Amanhã é um novo dia e assim sucessivamente.

Claro. Por que iria se martirizar pensando no amanhã? Sua vida não vivia cronometrada em um relógio, então, ela viveria um dia de cada vez.

Na manhã seguinte Sakura não fora à escola. Depois da noite que tivera com Sasuke não queria estragar seu humor ao se deparar com Karin e, tão pouco, com Ino. Se pudesse evita-las para sempre, não pensaria duas vezes.

–Bom dia! – Tsunade entrou na cozinha de roupão, com o cabelo loiro jogado no ombro, molhado.

–Bom dia. Parece animada.

–Estou feliz por que finalmente cheguei em casa. Foi uma noite terrível! – sentou-se pegando um pedaço de bolo de chocolate e serviu-se com chá. –Teve um acidente feio em um túnel perto do hospital. Todas as vítimas foram levadas para lá.

–Liguei a TV bem cedo e só dava isso em todos os noticiários.

–Pois é. Eles também deveriam ter filmado a cara dos médicos que estavam no hospital, correndo como loucos para salvar todas aquelas vidas. Quem sabe assim o governo sentiria pena e aumentaria nossos salários. – Sakura riu. –Não acordou disposta para ir à escola?

–Decidi que me daria esse descanso.

–Quem dera eu pudesse fazer o mesmo. – a loira resmungou baixo. –Sasuke esteve aqui?

Sakura coçou a nuca. –Esteve.

–Uhh. – Tsunade sorriu, observando Sakura com muita vontade de enchê-la de pergunta. –Então... Vocês viram o sinal verde e avançaram com tudo?

–Tsunade! – a rosada encabulou-se com a expressão da médica, mas acabou rindo. –Você acha que eu deveria ter esperado mais?

–Essa pergunta é velha. Eu acho que ninguém pode lhe responder isso.

–Você é uma mulher experiente.

–Tenho minhas experiências, meu anjo. Você é jovem e está fazendo as suas. – percebendo que não estava ajudando muito, a loira resolveu se retratar. –Quando as pessoas estão apaixonadas fica muito difícil evitar essas coisas, principalmente na adolescência.

Entregue à nostalgia de velhas lembranças, Tsunade respirou fundo, e sorriu melancólica.

–Eu tinha quinze anos quando me apaixonei pela primeira vez. O nome do garoto era Dan. Ele era lindo e eu estava perdidamente apaixonada por ele, tanto que me confessei, e quase o pedi em namoro. – ela sorriu. –Em uma tarde ensolarada fui a casa dele estudar e estávamos a sóis. Esquecemos o que deveríamos fazer e fizemos o que não deveríamos. Não pensamos, somente agimos como duas pessoas apaixonadas.

Novamente ela sorriu, entregue às lembranças, e Sakura podia jurar que os olhos castanhos da médica estavam prestes a mostrar sua fraqueza.

–O que aconteceu com vocês?

–Ele se mudou um ano depois e nunca mais nos vimos.

–E não tentaram ficar juntos?

–Ah! – suspirou alto, tomando de uma só vez o último gole do chá. –Queríamos, mas o destino estava conspirando contra nós.

–E nunca mais você teve notícias dele?

–Não. – respondeu pesadamente e, sem mais aguentar, deixou as lágrimas caírem. –Estou chorando como uma boba. – com a manga do roupão ela enxugou o rosto.

–Você conseguiu amar alguém depois dele?

–Err... – parecia acuada com a pergunta, como se lhe custasse à vida chegar a uma resposta. –Tive bons relacionamentos, mas amor de verdade eu só tive um.

Era surpreendente saber um pouco mais sobre a vida de Tsunade, uma mulher que parecia correr do amor, mas que na verdade sofria devido à ausência deste.

–Vocês se cuidaram, certo? – perguntou voltando a atenção para Sakura.

–Uh? – atônita Sakura se assustou com a pergunta da médica. –Sim. Claro.

Ela podia ser mais que uma médica em sua vida, ainda assim, ela era sua médica, e não a pouparia se houvesse irregularidades.

*

Fazia tempo que não ia ali espairecer e, principalmente fumar longe das vistas de professores e monitores. Estava inquieto naquela manhã. Tinha esperado Sakura no portão até este ser fechado, mas ela não apareceu. Pensou em ligar, mas não queria acordá-la tão cedo. Só lhe restava mandar uma mensagem e esperar até o momento da namorada entrar em contato.

–Faz um bom tempo que não te vejo aqui.

Ele nem se deu o trabalho de olhar para a entrada estreita do lugar, por que imediatamente reconheceu a voz da pessoa que o perturbava; além do que a mesma usava sempre o mesmo perfume desde que a conhecera.

–Pensei que você fosse ir ao show. – sem pedir permissão, a ruiva escalou um muro e se sentou ao lado de Sasuke. –Você foi muitas vezes naquele lugar com Ino, né? Se não me engano, a mesma banda já se apresentou lá algumas vezes e...

–Karin, eu quero ficar sozinho.

–Você não se incomodava quando eu vinha aqui. Ino odiava me encontrar nesse lugar com você. Na verdade, ela morria de medo de nos ver juntos em qualquer lugar. – sorriu em meio a lembranças. –Sei que você vem aqui quanto está com problemas. É com a tal de Sakura, não é?

–Você é muito chata. – disse preparando-se para deixar o lugar, mas a ruiva o deteve segurando seu braço.

–Ela pode fazer o que eu faço? – perguntou desafiadora. –Se quer mesmo voltar a ter uma vida divertida, eu sou a melhor pessoa para ocupar esse cargo.

Sasuke desvencilhou-a dela, deixando a ruiva furiosa.

Quando voltava para a sala seu celular tocou e, sabendo quem era ele esqueceu de que os minutos em liberdade haviam aspirado naquela prisão educacional.

–Oi.

Oi. Desculpa não ter ligado.

–Tudo bem. Só achei estranho você não ter vindo hoje. Como você está?

–Ótima. Só acordei meio indisposta pra sair da cama.

–Uh. Você quer jantar na minha casa hoje?

–Sim. Que horas você vai passar aqui?

–Assim que eu sair dessa prisão. – Sakura riu. –O que estava fazendo?

Eu estava cuidando de umas plantinhas quando dei de cara com uma barata enorme. Não sei se ela correu por que gritei ou por que eu tentei acertá-la com uma vassoura.

Sasuke sorriu imaginando a cena.

–Tenho que voltar pra sala. Até mais.

Até mais. Beijo.


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