Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 17
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Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!Beijuquinhas!



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Sakura observava as duas amigas se abraçarem ainda de frente a porta aberta. Para Sakura era um pouco estranho vê Anko demonstrar afeição por alguém que não fosse ela, e apesar de conhecer Tsunade há pouco tempo, também a julgava pelo temperamento forte.

–Por que você não me disse que conhece Sakura?

–E como eu ia saber que ela é a menina que você cuida durante tanto tempo? – questionou se afastando. –Existem diversas Sakura pelo Japão, sabia?E você sabe muito bem que eu sou péssima com sobrenomes.

–Ok. Eu poderia ter ajudado. – Anko abraçou Sakura pelo ombro enquanto Tsunade fechava a porta. –Sakura me disse que você chegou a examiná-la uma vez.

–Foi um momento difícil. – lançou um olhar avaliativo a garota que somente observava a interação das duas. –Eu nunca imaginei que uma pessoa com uma doença rara como Tetai fosse está tão próxima de mim, e que eu iria examiná-la.

–Você parece excitada com a experiência. – comentou Anko pensativa.

–Como não?Entendam que, doenças raras podem tirar o sono de qualquer especialista, mas também dá grandes oportunidades de estudo. – olhou Sakura que já estava incomodada com o assunto. –A propósito Sakura, falei do seu caso a especialistas nos Estados Unidos, e eles têm um grande interesse de conhecê-la. E, se você permitir, eles também gostaria de estudar seu caso.

–Tsunade! – Anko berrou com amiga, e atônita a loira voltou o olhar para ela. –Ela não vai ser estudada como se fosse um sapo de laboratório!

Tsunade suspirou alto, imaginando que isso fosse mesmo acontecer, mas por intermédio da própria Sakura.

–Deixe que ela mesma diga Sim ou Não. – retrucou. –Anko, se isso acontecer será pelo bem dela e outras pessoas que estão na mesma situação.

–Só que não existem outras pessoas. Ou você conhece alguém, além dela, que não esteja com a vida bibiografada nas páginas de um livro?

–Ah!Você é cabeça-dura!Como sempre!

–E você é obcecada pela ciência!

–Parem! – gritou chamando a atenção das duas mulheres, que ao perceberem que Sakura não se sentia bem, se posicionaram de cada lado a fim de impedir mais perturbações.

–Desculpe. – pediu Tsunade profundamente arrependida. –Se você não quer ser perturbada, ninguém tirará seu direito.

–Foi o que eu estava tentando dizer. – falou Anko repreendendo-a.

–Por favor, vamos mudar de assunto. Vou me sentir muito mal se houver desconforto entre as duas.

–Você não tem nada haver com isso, mas vá se acostumando com nosso comportamento explosivo, embora ele seja amistoso.

Anko riu ao ouvir a amiga.

–Em outras palavras, ignore tudo o que não for do seu interesse.

Sakura ficou maravilhada ao vê-las sorrir juntas novamente, como se nada tivesse acontecido, e por instantes ela ficou imaginando se o mesmo pudesse acontecer com ela e Ino.

–Sakura, esses bombons estão com a aparência muito boa. – disse Anko experimentando um. –E por falar em bombom... Aquele Itachi é uma gracinha.

–Não fique tão animada. Ele vai se casar em breve. – comentou Tsunade só para desanimar.

–Sakura me disse. É uma pena que o outro filho do casal não tenha ido.

–Ele é um garoto ainda, mas com pinta de galã! – Sakura observou Tsunade. –E como está sua vida com eles, Sakura?

O coração bateu forte ao ter que responder uma pergunta tão simples. Mas, na verdade, ela queria ir além de uma simples resposta. Ela sentia que precisava dizer algo a elas ou acabaria explodindo de ansiedade.

–Legal por um lado e complexo do outro.

–Não entendemos. – disseram juntas encarando Sakura como se ela fosse obrigada a esclarecer a ignorância.

–Eles são maravilhosos. Está com eles é como se minha família estivesse de volta, só que diferente. – suspirou alto enquanto brincava com os dedos. –Mas, eu não sei por quanto tempo isso ainda será perfeito.

–Aconteceu alguma coisa? – questionou Anko preocupada.

–Aconteceu, Anko. – falar sobre seus sentimentos era um passo muito difícil, ainda mais quando eles estavam carregados de culpa. –Estou apaixonada pelo rapaz que eu deveria tratar como um irmão.

–Itachi?

–Não. Sasuke. – respondeu a pergunta de Tsunade sem rodeios.

–Só por que você mora na casa dele não significa que vocês devem se comportar como irmãos, ou dois estranhos.

–Eu sei Anko, mas é que... Não é isso que me abala, mas o fato de eu ter caído de paraquedas no relacionamento dele que já estava frágil.

–Ele tem namorada?

Sakura balançou a cabeça positivamente, e Tsunade balançou negativamente.

–Ele sabe sobre seus sentimentos?

–Sim.

–E corresponde da mesma forma? – continuou Anko com o questionário.

–Ele disse que também gosta de mim.

–Então, suponho que o empecilho seja a namorada dele. Estou errada? – indagou Tsunade.

–Está certa.

–E acredito fortemente de que vocês se tornaram boas amigas. Estou absurdamente errada?

–Absurdamente certa.

Tsunade soltou um suspiro de tédio, e se sentou ao lado de Sakura, encarando bem seus olhos.

–Quer saber?Procure essa menina e diga a verdade. Isso pode soar mal, mas... Vocês acabaram de se conhecer e já estão se considerando grandes amigas. Quem te garante que ela tenha a mesma consideração que você está tendo?

Perguntou Tsunade deixando Sakura refletir sobre a pergunta.

–Acho que eu concordo com Tsunade. – falou Anko despertando-a dos devaneios. –Que tal se você nos contar a história desde o início?

–Pode ser.




Sem mais objeções Sasuke acendeu o cigarro. Sem muito se comunicar eles resolveram parar no meio do caminho, e se embrenhar numa espécie de terreno baldio; com um campo de basebol abandonado e arbustos médios. Dali era possível vê boa parte da cidade cinzenta de Tókio.

Silenciosamente Sasuke soprou a fumaça no ar e fechou os olhos apreciando a paz que ainda existia, mesmo que seu íntimo teimasse a conflitá-lo. Nos poucos minutos que sentaram ali nada foi dito, nem comentado... Agiam como se tivessem estudando o que dizer, e consequentemente como reagiriam no final de tudo.

Ino estava tão calada, mas estranhamente não parecia triste ou aborrecida. Realmente Sasuke não sabia o que pensar sobre o comportamento dela, pois já imaginava como Ino reagiria ao ouvir dele tudo o que ela já sabia. Talvez Naruto tivesse exagerado, e aquilo não passava de intuição. Mas, independente do que fosse o momento tinha chegado, e ele não podia adiá-lo mais.

–Naruto me disse que você foi procurá-lo ontem. – virou-se para ela. –Por que você recorreu a ele?

–Por que eu não achei que você fosse ser sincero comigo. – magoada, Ino virou o rosto. –Então é verdade, não é?

–É.

Ino sorriu incrédula. –Como foi? – indagou voltando a atenção para ele. –Como foi que em tão pouco tempo você jogou nosso namoro no lixo?

–Não foi assim.

–Ora, Sasuke!Você me apunhalou novamente. No mesmo lugar. – disse ela alterada. –O que te neguei dessa vez?Por acaso foi sexo? – se levantou pensativa. –Não. Isso eu ia te oferecer em breve, mas pelo jeito sua virilidade não sabe esperar.

–Não tem nada haver com isso.

–Invente qualquer coisa, mas não venha me dizer que você está apaixonado pela miss doença rara. – debochou alterada. –Eu te conheço muito bem Sasuke Uchiha, e eu sei que você não resiste a um pedaço de carne dando mole.

–Tem certeza que você me conhece tão bem?

–Perfeitamente bem!

–Pois dessa vez você está errada. – se levantou segurando-a pelos ombros, mas Ino se afastou. –Ino, estou profundamente arrasado por está te magoando de novo, e te pedirei desculpas quantas for preciso. Mas... Eu gosto de Sakura. Eu me apaixonei por ela. Não posso mudar nem arrancar isso. – apertou o peito com força, como se tentasse arrancá-lo. –Está dentro de mim. – Ino ignorou-o.

–Você nunca vai saber o que estou sentindo. Nunca.

–Tem certeza disso? – perguntou ele encarando-a com mágoa. –Eu ouvi você dizer várias vezes de que estava apaixonada por outro. – Sasuke olhou a vasta imagem como se ali estivesse um telão de recordações. –Você estava magoada, e eu entendi sua decisão de seguir em frente. Mas nunca diga que eu não sei o que você está sentindo.

–Então por que... – Ino segurou-o pela camisa. –, por que você deixou de gostar de mim se isso era tão forte?

Talvez existisse mais de uma razão, e ele nunca saberia explicar aquilo, por mais que tentasse.

–Desculpe. – delicadamente ele afastou-a de si, e se amaldiçoou por ter testemunhado suas lágrimas.

Aquele era o fim de tudo com ela.

–Sasuke... – chamou-o fazendo que ele se virasse para trás. –, amigos?

Foi o mesmo que ele propôs a ela quando a mesma cena foi contracenada por Ino. Agora ele percebia o quanto aquela palavra era estranha diante de tudo o que eles viveram. Tratá-la como amiga não seria uma tarefa muito fácil, por que Ino acabaria presenciando coisas que iriam magoá-la; assim como ele presenciou.

Ino esperou mais que uma resposta. Ela estava determinada a lutar pelos seus sentimentos, por que duvidava fervorosamente de que ele tivesse esquecido o que sentia por ela. Conhecia Sasuke e suas crises momentâneas; aquela não seria a primeira e nem a última vez que ele se jogava numa aventura. Faria o que fosse preciso para ter sua atenção novamente, pois ela o amava e não ia sacrificar isso, novamente.



–Estou muito confusa. – revelou Sakura ao terminar de relatar os fatos. –Eu não quero magoar alguém dessa forma.

–É isso ou desistir dele. – disse Anko encorajando-a. –Olha, meu bem, independente da sua decisão Sasuke já tomou a dele. Ele não quer mais esse namoro, e mesmo voltando atrás não teria clima, por que é você que está ocupando os pensamentos dele e não a outra.

–Concordo com Anko. – falou Tsunade despejando a calda de caramelo sobre o bolo. –Procure-a e diga a verdade se isso vai te fazer bem.

Sakura respirou fundo balançando a cabeça. Ela só precisava daquele incentivo para seguir em frente, e o próximo passo já estava determinado; falaria com Ino.

–Amanhã... Amanhã conversarei com Ino... Se ela quiser me ouvir. – Anko e Tsunade se viraram para ela. –Anko, o que você acha sobre a mudança?

–Não sei se é uma boa ideia. Você não pode morar sozinha, além do mais, está sendo bem cuidada pelos Uchiha. – e carinhosamente ela passou a mão no topo da cabeça de Sakura, depois observou atentamente os olhos verdes que lhe fitavam. –E na casa da dona Mikoto eu vou ter certeza de que vocês não serão ‘adiantados’.

–Anko! – gritou Sakura completamente constrangida. –Você vai ter que me desculpar, mas eu já tomei minha decisão.

–Sabe o que eu acho?Que você está crescendo muito rápido. – brincou bagunçando levemente o cabelo róseo da garota. –Vou vê se você pode mexer nos bens dos seus pais, que são seus agora. Quanto mudar de casa... Eu acho que essa escolha é sua, mas lembre-se que os Uchiha é a família ideal para você.

–E se... – Tsunade se aproximou de Sakura lambendo a colher que usou para rechear o bolo. –Por que você não fica aqui por enquanto? – Sakura aparentemente gostou da ideia, mas Anko preferiu pensar a respeito. –A casa não é muito grande, mas tem espaço suficiente para nós duas. O que você acha?

–Por mim tudo bem. – agradeceu com o sorriso escancarado. –Eu pretendo ter meu próprio cantinho um dia, talvez eu até volte para a casa dos meus pais, e enquanto isso não acontece eu gostaria de pensar com mais calma e vê o que é melhor para mim.

–Tudo bem pra você, Anko?

Com a testa franzida Anko lançou um olhar avaliativo a Tsunade.

–Tem certeza que você quer isso?

Sakura respondeu sim, selando o diálogo que não foi outro senão sobre ela.

Passos apressados circulavam a quadra a todo instante. Entre um grito ou outro o jogo seguia amistosamente, apesar do placar está menos satisfatório que as últimas vezes que eles se enfrentaram na quadra.

Avaliando o que seu adversário poderia fazer nos próximos segundos, Sasuke se concentrou na bola que seria sua depois do drible rodado de Naruto. Um pulo certeiro, e o domínio, como era previsto, foi seu. Por duas vezes a bola bateu forte contra o chão empoeirado, enquanto ele corria eufórico entre os rivais, e o último ponto foi feito naquela noite.

–Valeu!

Sasuke sentou no chão e arrancou a camisa lavada de suor, em seguida despejou uma garrafa média de água na cabeça. Ofegante, Naruto o imitou.

–Fala sério, Sasuke!Quase perdemos hoje, e é a primeira vez que nosso placar murcha desse jeito. – ao virar-se para ele, encontrou-o concentrado. –Tem certeza de que terminar com Ino foi uma escolha certa?

–Absoluta. – retribuiu o olhar com a testa franzida. –Ela quer ser minha amiga... O que você acha disso?

–Sinceramente... Ino está agindo da mesma forma que você agiu.

–Uh.

–É sua escolha permitir ou não que ela se aproxime de novo, e você sabe que Ino quer mais que isso. Mas você não está a fim de estragar tudo com Sakura, certo? – cutucou Sasuke como se quisesse pirraçá-lo, mas ao vê o amigo tão entregue aos próprios devaneios Naruto achou que aquele momento era só dele. –Vou indo.

Sasuke nada disse, mas ficou observando os passos do loiro que não chegaram tão longe.

–Ela vai ter que sentir que isso é pra valer.

–Quê? – indagou Naruto parando e subitamente olhou para trás.

–Esquece. Quer uma carona?

–Você vai correr muito?

–Dá pra relaxar?

Naruto o olhou desconfiado, e sinicamente Sasuke sorriu.

Um sorriso bobo brotou de seus lábios ao vê as duas mulheres adormecidas no tapete da sala. Delicadamente Sakura as cobriu com um coberto leve, e ao terminar avistou atrás do sofá uma garrafa de sakê; provavelmente elas tentaram esconder a garrafa, mas foram denunciadas pela própria astúcia.

A sala não estava bagunçada, apenas dois copos jogados no chão e embalagens de pizza no sofá. Animadamente Sakura organizou a pequena balbúrdia, e toda vez que se lembrava das risadas de Anko e Tsunade, pegava-se rindo sozinha dos recentes momentos.

Já no quarto, Sakura abriu a janela para sentir o frescor da noite, e aproveitou para apreciar a vista noturna. Abrindo os olhos lentamente, dissipando os devaneios que a todo instante cruzavam sua mente, ela se perdeu, mais uma vez, na página em branco de sua vida.
Talvez fosse amanhã o dia que ela teria que enfrentar suas escolhas ou nunca poderia fazer. Às vezes parecia que ela já sabia como tudo aconteceria, mas bastava a insegurança abraçar aquela pequena certeza para ela se sentir perdida novamente, sem foco.

Lentamente Sakura abraçou os joelhos e abaixou a cabeça como se tentasse se concentrar naquilo. Seu celular vibrou interrompendo o momento, e animada ela o pegou sabendo que era Sasuke. Mas o número era desconhecido, provavelmente um engano, e sem ânimo ela atendeu.

–Alô.

Oi. É a Ino.

O coração disparou a toda velocidade, e ela achou que não conseguiria falar mais nada.

–Foi muito difícil achar seu número. Você deveria ser mais popular, sabia? – Sakura notou seu divertimento. –Te procurei por toda a escola, mas soube que você faltou.

–Uma... Uma pessoa muito querida chegou hoje e eu faltei para recepcioná-la.

–Fez muito bem. Devemos tratar com amor nossos amigos.

Sakura não sabia se ela estava sendo sádica ou apenas queria testá-la.

–Por que você me ligou?

–Desculpa!Acho que te atrapalhei, não foi?

–Ino... Se você quer dizer alguma coisa, estou ouvindo.

Disse firmemente, sem mais aguentar aquele suspense dentro de si.

Olha Sakura, eu quero te dizer muitas coisas, mas esse não é o momento. Será que podemos conversar amanhã?

Sakura respirou fundo ao sentir o tom sério dela.

–Amanhã na escola.

Combinado, mas... não desligue agora. – o silêncio parou sobre elas até Ino respirar fundo. –Eu não a odeio, mas... não posso sorrir para você como se nós não tivéssemos disputando a mesma posição.

Eu não estou disputando nada com você. Isso nunca passou pela minha cabeça.

Eu só quero que você saiba que dessa vez eu não ficarei para trás.

–Ino... – o telefone foi desligado, mas a promessa estava feita.





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