Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 11
*X* Ciúme *X*


Notas iniciais do capítulo

Beijos, beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273965/chapter/11

–Destaquem a folha dos exercícios e deixem na minha mesa.



Todos suspiraram com grande alívio, e imediatamente começaram a arrancar a folha com mais de dez exercícios respondidos. Foram duas aulas de inglês sufocante, sem direito a reclamações, e o ano só estava começando.


–Eu odeio essa língua! – claro que Naruto seria o único a reclamar de voz alta, e ele nem mesmo percebia que sua professora agia de propósito, com a astuta intenção de pegar no pé dos mais fracos. –Quase que esqueço meu nome só de tentar lembrar o significado dessas palavras!


–Com inglês ou sem inglês você acaba esquecendo que tem um cérebro.


Todos riram do comentário de Sasuke, e aproveitando o momento de descontração Karin se aproximou do moreno. Ela imaginava que a qualquer momento Ino os veriam juntos, por isso empilhou seus livros desorganizados em cima da mesa de Sasuke.


–Pode me ajudar com a mochila?


–Você não sabe enfiar quatro livros aí dentro? – perguntou ele sendo sarcástico, tentando espantá-la antes que Ino a visse ali.


–Qual é o problema?Está com medo de Ino olhar para trás e nos vê juntos?


–Você quer ajuda, não é? – ele praticamente socou os livros na mochila da ruiva. –Livros guardados!Agora me dê licença.


–Você voltou com Ino?


Ela fez a pergunta sem lhe dá tempo para respirar, e pacientemente aguardou a resposta. Sasuke limitou-se em deixá-la muito bem informada, e concentrou-se nos olhos castanhos dela.


–Por que você não vai viver sua vida e esquece a minha?


Ela sorriu para não perder a pose, mas na verdade estava prestes a fazer um escândalo. –Eu não vou te deixar em paz Sasuke, isso é uma promessa.


–Faça como quiser.


Apressou-se para sair da sala, e quando olhou na direção da porta cruzou seu olhar com Ino que, aparentemente, tinha ouvido boa parte da conversa. Imediatamente ele pensou em um monte de coisas, como ser esculachado injustamente ou sua atual namorada terminar o namoro mais uma vez, mas encontrara a loira sorridente, e quando ele chegou perto dela teve seu braço agarrado.
Seguiram em direção à estação que não ficava muito longe, uns dez minutos da escola, e ambos guardaram para si ou enterraram o episódio ‘Karin’. Era melhor assim, pensava Sasuke aliviado por não ter que dá explicações. Ino falava sobre os preparativos do jantar, e como a noite a sóis com ele seria mágica. A loira estava completamente submissa à relação e não percebia que seu entusiasmo parecia está cansando o namorado. O moreno realmente estava a fim de se doar a toda àquela felicidade, mas não ali, passando por tanta gente, e tendo que encarar o casalzinho à frente descobrindo gostos parecidos.
O que diabos havia com aqueles dois?Por que tanto cochicho e risadinhas?
Era incômodo para ele, por que estava sendo difícil manter o foco na namorada e entender o que ela lhe dizia. Logo, logo ele seria obrigado a fazer um comentário pra lá de ignorante, só assim seria possível raciocinar sem que eles estivessem ocupando seus pensamentos.


–Eles formam um belo casal, não é?


–Quem? – perguntou com cara de bobo, tentando formular uma resposta antes que Ino atacasse novamente.


–Naruto e Sakura.


Sasuke olhou o casal à frente, mas só conseguiu enxergar uma dupla incompatível.


–Não tenho uma boa percepção para essas coisas. – foi a melhor coisa a dizer.


–É só olhar e vê como eles têm tudo em comum. Divertidos. Alto astral. Alegres. Simpáticos. Bonitos.


–Uh. – murmurou estreitando os olhos, perguntando-se o que Naruto pretendia.


–Não é melhor deixá-los à vontade?


–Estão falando da gente? – Naruto esperou o casal chegar mais perto, e escancarou um sorriso brincalhão. Ele percebia, pela cara fechada e os olhos estreitos, que Sasuke estava ridiculamente incomodado com a situação. Aquilo era muito engraçado e a melhor parte era saber que o amigo não podia questionar. Se aquilo não era ciúme ele não sabia de mais nada!


–Eu estava comentado que vocês formam... um belo casal.


–Ah!É mesmo? – indagou Naruto voltando sua atenção para Sakura, mas a flagrou trocando olhares com Sasuke, e duvidou que eles tivessem ouvido o comentário. –Só parecemos, não é Sakura-chan?


Ele fez a pergunta em voz alta, a fim de despertar a atenção da rosada.


–Desculpe, eu estava distraída. O que você disse?


–Nada demais. – constrangido ele coçou a cabeça. –Hoje eu vou ficar por aqui, combinei de me encontrar com uma amiga.


–Então não tem jogo hoje.


–Amanhã. Vamos combinar que hoje foi um dia daqueles, né?


Sasuke concordou. –Foi um dia complicado mesmo, mas eu gostaria de está na quadra hoje à noite.


Desinteressadas na conversa dos garotos, Sakura e Ino se afastaram.


–Ino está absurdamente empolgada. Espero que dessa vez você não...


–Não vou vacilar. – disse confiante, e chegou até a olhar a namorada. –E espero que você também não vacile.


–Do que você está falando?


–Sakura. – ele viu Naruto sorrir, e encheu-se de raiva. –Ela é uma garota legal, por isso eu não gostaria de vê-la sofrer.


–Calma aí, ô! –Naruto abraçou Sasuke pelo ombro, e bagunçou seu cabelo rebelde. –Quem dera que fosse eu o alvo dela.


–Eu só estou dizendo isso por que...


–Por que sentiu ciúme. Eu entendo.


–Não está na hora de você me soltar? – indagou como se aquilo fosse amenizar o efeito do comentário. –Até amanhã.


–Até lá. – enfiou as mãos nos bolsos e ficou observando Sasuke ir até as garotas. –Ei, Sasuke! – gritou chamando a atenção do Uchiha que logo se virou. –Boa viagem!



Sakura não se lembrava de ter pegado um vagão tão cheio como aquele!Era impossível se mexer, e mais impossível ainda era se sentir confortável sendo que ela tinha que encarar tantos rostos desconhecidos. Agora desejava que Sasuke a amparasse lá dentro, como ele fizera no primeiro dia. Mas era apenas um desejo preferível ao seu conforto, por que mesmo se ele pudesse a distância entre ambos seria tão grande quanto agora.
Desanimada e sentindo-se calorenta, ela abaixou a cabeça e deixou-a descansar no ferro frio que lhe servia de apoio. Por um longo instante ela fechou os olhos, e concentrou-se, unicamente, no balanço que às vezes o trem dava.
Alguém tocou seu ombro esquerdo com cuidado, e chegou até a sacudi-la de leve. Quando ela abriu os olhos e constatou que não estava dormindo, o rosto de Sasuke a animou imediatamente. Ele era, sem dúvida alguma, o garoto mais charmoso que já vira na vida, e o que mais gostava nele era a forma desajeitada de ele tentar animá-la.


–Você está bem?


–Estou. – respondeu fazendo esforço para não deixar o cansaço dominá-la, mas Sasuke estava atento demais para deixar de perceber isso.


–Você está soando muito. – gentilmente ele passou a mão na testa dela, afastando alguns fios de cabelo molhado.


–Eu transpiro muito em lugares fechados.


Ela chegou até a sorrir para ele, mas foi justamente no momento que Ino olhou-a também. Sakura não sabia ao certo o que estava de errado com a loira, mas não era difícil deduzir que ela começava a se incomodar com as demonstrações de carinho do namorado.


–Vou ficar novinha em folha na próxima parada.


Mesmo duvidoso Sasuke virou-se para Ino, e a reação da loira não foi outra senão agarrá-lo pelos ombros largos e depois abraçá-lo.
Sakura virou o rosto e preferiu encarar o sorriso gozador de um homem de aparentemente quarenta anos. Ele era alto, gordo, e se sentiu confortável para lançar um olhar avaliativo a Sakura de cima abaixo. Ela se lembrou do conselho de Mikoto, sobre os pervertidos, e teve que resistir a vontade, nada educada, de lhe mostrar o dedo do meio.


–Próxima estação...

Finalmente eles podiam se mexer sem que corressem o risco de pisar no pé de alguém.


–Bem, agora eu vou para o lado esquerdo, e vocês para o direito.


–Tome cuidado.


–Eu tinha esperança que você fosse me acompanhar até em casa.


–É que Sakura...


–Oh, está tudo bem! – quantas vezes mais Sasuke se preocuparia com ela? –São dez minutos até em casa, eu chego rapidinho.


–Viu só?Ela vai ficar bem.


–Mas eu conheço minha mãe, sei que ela vai me chamar de irresponsável se Sakura chegar sozinha. Ligue-me quando chegar, por favor. –ele a beijou no rosto selando o fim da insistência dela.


–Então tchau. – notava-se um tom decepcionante na voz. –Até amanhã, Sakura.


–Tchau, Ino.


Furiosa, essa era a palavra adequada para Ino no momento.
Em silêncio eles chegaram à metade do caminho, um curto percurso que poderia ser considerado um passeio no comecinho da noite.


–Parece que vai chover mais tarde.


Sasuke olhou para cima, observando as poucas nuvens. –É bom. A chuva me inspira.


–A mim também. – o vento insistia em soprar seu cabelo longo, e já impaciente ela o prendeu. –O que vai acontecer quando chegarmos?


–Você tem medo do quê?


–Ah, de nada!Mas dessa vez você se enrascou por minha causa.


–Sabia que eu estou adorando ser seu super-herói?


Ele sabia como arrancar um sorriso dela, e fazia isso com tanta facilidade que a deixava constrangida.
Eles falaram de outras coisas até chegarem ao portão, e não pensaram que seria tão rápido dá de cara com a casa grande e de luzes acesas. Em silêncio Sakura ficou esperando Sasuke empurrar o portão, depois ele deu passagem para ela, sem tirar os olhos da porta principal, em especial. Ele dizia que não estava nenhum pouco preocupado, mas tinha lá seus pensamentos negativos quando o assunto era o pai.


–Será que, pelo menos, eu posso contar minha versão? – perguntou Sakura fazendo Sasuke parar à porta.


–Não será necessário – parecia ser a última palavra dele. –, mas com certeza meu pai vai lhe interrogar. – isso ela já sabia. –Mas, Sakura, não é sobre isso que eu quero falar com você.


–Sobre o que, então?


–O que aconteceu hoje.


–Aconteceram tantas coisas.


–É verdade, mas esquecemos de alguns detalhes importantes. – que ela sabia perfeitamente o que era. –Provavelmente isso ficará para amanhã. – ele suspirou entediado, e abriu a porta.


Mikoto saiu da cozinha ao ouvir a porta ser aberta, e com um sorriso receptivo foi recebê-los. –Estão com fome?


–Agora estou. – disse Sakura sentindo o cheiro de comida fresca tomar a casa.


Sasuke tirou a mochila das costas e a jogou no sofá, depois caiu sobre ele bagunçando o cabelo.
Sakura ficou assistindo os atos do moreno, e quando pensou em abrir a boca, o mesmo queria Mikoto, a figura imponente de Fugaku despontou no topo da escada.


–Boa noite, Sakura. – disse ao chegar perto dela.


–Boa noite, senhor.


–Como foi na escola?


Sakura foi obrigada a lançar o olhar a Sasuke, que em respeito levantou-se para cumprimentar o pai ou se preparava para enfrentar sua fúria.


–O primeiro dia de aula é sempre difícil, mas esse foi bem tranquilo.


–Mesmo tendo que presenciar o comportamento de Sasuke?


–Pai...


–Não perguntei nada a você ainda. – interrompeu o filho rispidamente. –Você não tem qualquer tipo de obrigação de me manter informado sobre Sasuke, mas é a única pessoa perto o suficiente dele fora de casa. Então, Sakura, diga-me o que aconteceu.


Ela respirou aliviada, pois se tinha uma pessoa capaz de amenizar situações embaraçosas, essa pessoa era ela.


–O professor Orochimaru me fez algumas perguntas, depois ele disse que precisava falar com meus pais, para explicar seus métodos de ensino. Eu lhe disse que meus pais estão mortos, então... – ela olhou para Sasuke. –, contrariado ele exigiu que meus responsáveis fossem falar com ele.


–Ah, mas eu vou lá sim, e ele verá como se destrata uma pessoa!


–Mikoto! – vendo a mulher se acalmar, ele pediu a Sakura que continuasse a narração.


–Sasuke exigiu que ele não me constrangesse mais, e aos ouvidos do professor aquilo foi motivo de afronta.


–Claro que seria!Ele só estava esperando um bom motivo para acusar Sasuke, e justamente hoje, quando você entra na escola, ele dá de cara com essa situação. – berrou Mikoto. –Não é a primeira vez que somos chamados para ir lá, e isso só acontece com a gente. Mas ele que me aguarde!Amanhã mesmo vou resolver isso!


–Mikoto, seja sensata, por favor.


–Fugaku, está claro e óbvio que Sasuke está sendo perseguido dentro daquela escola!


–Não exagere – olhou o filho que não parecia se importar com a discussão. –, além do mais, ele tem nos dado bons motivos para duvidarmos de sua conduta.


–Sim, estou inteiramente de acordo com você. Mas, quanto a Sakura?O que essa pobre menina tem feito de errado?Absolutamente nada, mas já conquistou a antipatia daquele homem!


–Sim, sim, você me convenceu! – a voz saiu tão alta que mais parecia que ele queria gritar. –Cancele seus compromissos, amanhã iremos à escola.


–Obrigada por ser sensato, querido.


Fugaku observou-a de esguelha, imaginando se ela fora sarcástica ou estava comemorando o simples fato de fazê-lo entender seu raciocínio.


–Sasuke, conversaremos amanhã.


–Só depois que você ouvir outras pessoas e perceber que eu não sou tão sínico como você pensa?


–Sasuke! – disse Mikoto temendo a reação do marido.


–Deixe-o Mikoto, ele tem razão.


E foi dessa maneira brusca que a discussão terminou.
Sakura ficou olhando pai e filho seguirem direções opostas, e quando se virou para Mikoto, que não escondia a preocupação, teve vontade de perguntar o porquê de eles serem daquele jeito.


–Por que eles são tão geniosos? – perguntou-se. –Vou voltar para a cozinha. Daqui a meia hora o jantar estará pronto.


–Acho que não vou descer. Estou sem fome.


–Então descanse o máximo que você puder, e se mudar de ideia não pense duas vezes em vir para a cozinha. Pelo jeito Sasuke também não jantará.



Ao sair do banheiro Sakura olhou o relógio, e já eram quase oito horas da noite.
Ela deu uma rápida vasculhada nas roupas, a fim de encontrar um vestido com mangas, que tivesse o tecido leve, mas em vez disso optou por vestir uma calça de algodão, e uma camiseta branca justa. Com a toalha ela secou o cabelo ainda úmido, depois o penteou diversas vezes, achando que as madeixas rosadas dariam menos trabalho no dia seguinte.
A noite estava deliciosamente agradável, com ventos leves, e a qualquer momento começaria a chover. Os primeiros pingos de água caíram fracamente, e assim permaneceram por meia hora.
Depois de se vestir e secar o cabelo, ela calçou um chinelo de borracha, tão simples que dava a sensação de está massageando seus pés, e saiu do quarto na intenção de ir à cozinha. Enquanto puxava a porta para fora, Sakura ouviu risos vindo da sala, e fielmente acreditou que, pelo menos Mikoto e Fugaku, estavam acordados. Ela considerou a hipótese bem realista, e, além disso, ainda era muito cedo.
Despreocupadamente ela fechou a porta, e ao virar-se para o corredor encontrou Sasuke também saindo do seu quarto. Ele usava uma bermuda azul, com detalhes de chamas vermelhas dos lados, e uma camiseta preta com um emblema desconhecido para ela, e no peito o rosto de uma caveira. O cabelo negro estava jogado para trás, como se ele tivesse penteado as madeixas negras com os dedos.


–Oi.


–Oi. – sem deixar de observá-la ele enfiou as mãos nos bolsos da bermuda. –Sentiu fome?


–Um pouco.


–Eu também. – ele viu o momento que ela mordeu o lábio inferior, levemente avermelhado, e uma onda de calor, que ele mais conhecia como está sendo seduzido, percorreu-lhe todo o corpo. –Eu vou descer.


–Ah, eu também.


Sem nada dizerem um ao outro eles chegaram à sala, e cumprimentaram Itachi com um aceno de mão, já que ele estava grudado no celular. Mikoto ofereceu-se para acompanhá-los, como sempre prestativa, mas Sakura convenceu-a a se sentar e fazer companhia ao marido. Seria um lanche básico e rápido.







Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!