Entrelaçados A Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 1
*X* Acordando *X*


Notas iniciais do capítulo

Mais uma ideia louca minha!
Pode parecer que a história será pesada por causa do ambiente hospitalar, mas será apenas nos primeiros capítulos.
Para quem já ouviu falar em ''Tetai'' (muitos mangás e animes já fizeram personagens com isso), entenderá a fic melhor.
Beijos!



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A cortina branca balançava de um lado a outro, sendo observada por olhos cansados.
O barulho no corredor era intenso; centenas de médicos e enfermeiras passavam pelo mesmo lugar diversas vezes, empurrando cadeiras de rodas ou macas com seus pacientes debilitados.


Era a mesma coisa dia após dia, desde o momento que acordara naquela cama motorizada. Todos lhe diziam que fazia muito tempo que ela estava ali, desacordada há alguns dias, e tudo o que ela conseguia lembrar era as cinco horas que passara no colégio, antes do intervalo, e os rostos conhecidos e desconhecidos a olhando enquanto ela ia ao chão; sua visão embaraçada.


As mãos juntas indicava ansiedade, a espera de um parente ou do seu médico. Passos acelerados ecoaram no corredor e vozes exaltadas a assustaram. A porta de seu quarto foi aberta e uma enfermeira trazendo uma bandejinha com remédios entrou.


–É hora de tomar seus remédios, Sakura.


–De novo?


Sem dar muita importância à pergunta, a enfermeira pegou o copo descartável e o encheu com água.


–Os remédios irão deixá-la melhor – e entregou-lhes -, é para o seu bem.


Sem alternativa aceitou os remédios. Fez cara de desagrado ao tomá-los, observando a enfermeira pelo rabo do olho, pensando inutilmente fingir que os engoliu.


–Vou pedir seu almoço e volto mais tarde para lhe dar...

–Remédios?


–Sim, remédios – Sakura suspirou irritada. –Descanse.


–Estou cansada de descansar e estou cansada de ficar nesse lugar sem saber a que horas do dia meus pais vem me ver. Será que você não pode me dizer alguma coisa, além disso?


–Não, eu não posso, mas o doutor Sarutobi sim.


–Não acho que ele pode me dizer alguma coisa.


–Como não?Ele é seu médico, Sakura.


–Eu sei, mas... Ele sempre muda de assunto quando eu faço perguntas sobre meus pais. Eu não gosto de suspense na cara de médicos, ainda mais sendo o meu, parece que uma bomba está prestes a explodir em suas mãos e eles não sabem alertar sobre o perigo.


–Pois não há pessoas tão bem qualificadas para dar notícia ruim a alguém quanto um médico, e se esse fosse seu caso você já saberia.



Sorriu animada, mas sua alegria não durou muito. Sentia que alguma coisa estava errada, fora do seu lugar, e não sabia o que era.
Tinha tantas coisas para perguntar e ouvir, entender e argumentar que não se aguentava mais de ansiedade.


–Eu só quero sair daqui e voltar para a minha casa, Anko.


–Eu sei querida, mas você não está aqui à toa, tenha mais paciência. – sentou-se ao lado dela e acariciou seus longos cabelos rosados. –Não conte para ninguém o que eu direi agora, tá?


–Nem mesmo com tortura!


–Tudo bem. Sarutobi quer te dar alta, mas para isso ele está esperando seus responsáveis chegarem.


–Como assim ‘’chegarem’’?É só ligar para os meus pais e...


Seus olhos encheram-se de água e o medo a pegou de repente. Apertou a mão da enfermeira Anko com carinho e sem que percebesse a apertou.


–Anko, eu ainda estou em Osaka, não é? – perguntou desesperada. –Meus pais ainda moram em Osaka, não é?


–Claro que sim, mais que pergunta descabida. Estamos em Osaka e são dez horas da manhã nesse exato momento.


–E meus pais?


–Seus pais... Também, claro!


Sakura respirou aliviada e Anko levantou-se recolhendo a bandeja.


–Não se agite você sabe que qualquer alteração pode lhe provocar desmaio.


–Você quer dizer que eu paro, acabo dormindo por horas ou dias. –Anko balançou a cabeça e observou-a com esperança. –Nunca contei para os meus colegas sobre minha doença. Eu tenho medo de ser vista como uma aberração. Você sabe, as pessoas camuflam o preconceito, mas seus corações estão preenchidos pela diferença.


–Algumas delas, pois não são todas as pessoas que pensam assim. E, por tocar nesse assunto Sakura, eu gostaria de te fazer uma pergunta.


–Estou ouvindo.


–Pois bem. O que te fez parar naquele dia?


Engoliu em seco e baixou a cabeça envergonhada. Como Anko reagiria ao ouvir seus motivos?


–Acho que não estou pronta para falar disso, mas vou lhe contar. Há mais ou menos um mês eu comecei a namorar um garoto muito popular, Sasori. Eu gosto muito dele, deixei isso bem claro desde o primeiro momento que ele veio falar comigo, e ele também gosta de mim. Estávamos no pátio jogando assunto fora e...


–E?


Sakura levantou a cabeça e disse:


–E uma garota cruzou o pátio, andou até nós, e sem mais nem menos tascou um beijo de tirar o fôlego nele!



Começou a chorar, ao mesmo tempo tentava impedir as lágrimas, mas era inútil. Odiava aquele descontrole, pois ela precisava ser a pessoa mais controlada da face da terra. Embora tentasse era em vão.


–Chore querida, mas não deixe de respirar fundo.


–É que me da muita raiva só de lembrar isso!Você tinha que ver como ela o agarrava pelos ombros e ele correspondia apertando a cintura dela. Foi nojento!


–E você não aguentou olhar a cena.


–Eu senti raiva, desespero, ódio de mim por ser tão boba, foi como se meu coração se quebrasse em mil pedacinhos.


–Não fique assim, ele não te merece.


–Eu vou dizer isso pessoalmente a ele, não vejo a hora.


Anko sorriu em apoio e voltou a pegar a bandejinha para se retirar.


–Há quantos dias estou aqui, Anko?


Por um momento ela ficou pensativa e quase abriu a porta e gritou socorro. Sakura era a primeira paciente mais impaciente que ela já vira em anos de profissão. Estava cada vez mais difícil controlar toda aquela ansiedade.


–Alguns dias. Agora descanse e...


–Quantos dias, Anko?


Dessa vez Anko percebeu que ela exigia a verdade.


–Muitos dias.


–Quantos?


–Ah, Sakura!Eu não posso revelar nada a um paciente, isso é função do seu médico.


–Por favor, Anko.



Ainda que estivesse repreensiva, não conseguia mais olhar para a garota e esconder sua própria realidade.



–Faz exatamente...


–Anko!



Um homem de estatura alta, de cabelos grisalhos, vestido de jaleco branco apareceu à porta. Sua expressão era de uma fera prestes a estraçalhar a caça.
Anko abaixou a cabeça e esperou por broncas ou sua carta de demissão.

–O que pensa que está fazendo com meu paciente?


–Desculpa doutor, mas...


–Desculpas eu dou para pessoas desavisadas, e não é seu caso!Quantas vezes eu já lhe pedir para ser extremamente profissional?


–Muito doutor, mas eu só...


–Francamente!Era só o que me faltava, entrar aqui e encontrar você tagarelando com minha paciente.


–Isso não vai se repetir mais, não se preocupe.


–É o que espero.


–Não brigue com ela doutor, a culpa foi minha.



Voltou a se acomodar na cama, fechando os olhos como se fosse dormir. Sarutobi aproveitou a distração de Sakura e pegou Anko pelo braço, levando-a do quarto.


–Outro em meu lugar não teria consideração!


–Entenda doutor, não sou de ferro para ver os olhos tristes dessa garota e fingir que está tudo bem.



–Então finja se for necessário!


–Doutor Sarutobi...


–Estou fazendo tudo o que posso para localizar os parentes dela, mas parece que a garota ficou sozinha no mundo.


–Céus!Mas nem uma tia distante ou um primo perdido?


–Nada.


–E então?


–Fui aconselhado a localizar amigos da família Haruno.


–Têm os vizinhos.


–Melhor que sejam amigos de infância, estou confiante que alguém saiba da localização de um parente.


–E o senhor já entrou em contato com essas pessoas?



Tirou do bolso um pedaço de papel amarelo e ajeitou os óculos para a leitura.


–Mikoto e Fugaku Uchiha. Casados, têm dois filhos, moram em Tókio e parece que fizeram faculdades na mesma Universidade com os pais de Sakura. Eram amigos de longa data.


–Como conseguiu tanta informação?


–Pedi ajuda a um amigo detetive.


–E quando o senhor entrará em contato com a família Uchiha?


–Já mandei um telegrama, agora é esperá-los.






Dias Depois...


Cobriu-a com o lençol e observou-a dormir. Anko estava ligeiramente aliviada. Sakura passara o dia sem perguntar pelos pais e tomara o medicamento sem muita conversa. Vê-la dormir impediu-a de lhe dar uma ótima notícia: ela não precisava mais tomar tantos remédios e logo receberia alta.



–Anko?


–Sim, doutor?


–Venha comigo, os Uchiha chegaram.


Ela acompanhou Sarutobi até sua sala, esperançosa e ansiosa demais. Estava até se estranhando, pois nunca fora atenciosa sentimentalmente com pacientes. Mas Sakura era uma grande exceção, e seu próprio coração decidira isso.


–Bom dia.


–Bom dia – respondeu o casal.


–Essa é Anko Mitarashi, a enfermeira que acompanhou o estado de Sakura.


–Muito prazer.


–Sentem-se, por favor.


Sarutobi assumiu seu lugar de frente para o casal e Anko acomodou-se ao seu lado.


–Doutor, viemos o mais rápido possível, parece que o senhor tem urgência em falar conosco, mas ainda não entendemos o que está acontecendo.


–Imaginei que vocês fossem estranhar meu chamado, senhora Uchiha.


–Apenas confusos por se tratar de um médico em Osaka.

–Sim, senhor Fugaku. – ele uniu as mãos, preparando-se para uma longa conversa, e falou:- Eu realmente não sei como iniciar essa conversa, mas tentarei ser breve. Primeiro eu gostaria de saber se vocês conhecem Hirashi Haruno e sua esposa, Emy Haruno.


–Sim, são nossos amigos de infância. Por quê? – indagou Fagaku Uchiha que olhou a esposa ligeiramente.


–Percebo que vocês não sabem da tragédia.


–Que tragédia? – perguntou a Uchiha desesperando-se.


–Um acidente no litoral, aconteceu há três anos.


–Não pode ser... Mas o que aconteceu com eles? – perguntou a Uchiha já segurando a mão do esposo sem que percebesse.


–Foi um acidente fatal. Sinto muito.


Sarutobi lamentou prevendo a reação deles. Estavam visivelmente abalados e perdidos diante dos fatos.


–Doutor, eles tinham uma filha. O que houve com a menina? – tanto o médico quanto Anko olharam com alívio o homem.


–O nome dela é Sakura e é uma linda jovem. Foi por causa dela que eu os chamei aqui.


–Ela está bem?


–Sim, senhora Uchiha, mas não sei até que ponto a saúde dela estará perfeita de agora em diante. Vejam, há três anos Sakura passou por grandes emoções e devido a uma doença rara ela dormiu nesse tempo. Seus pais entraram em desespero, sendo que isso já havia acontecido antes, mas em algumas horas ela voltava a si, os meses foram passando e nenhuma melhora. Era tarde de domingo quando meu telefone tocou, e eu recebi a notícia da morte deles. – depois de respirar ele continuou: - Faz uma semana que Sakura acordou, e não para de perguntar pelos pais. É minha obrigação lhe contar o que aconteceu, mas não quero fazer isso sem que um parente esteja ao seu lado. Quero que ela se sinta amparada por alguém próximo, e foi por isso que os chamei aqui. Como amigos de infância, vocês devem saber se existem parentes de Sakura em lugares distantes.


–Sim, existem!Emy vivia falando do resto da família que vivi no interior, mas ela nunca me disse onde era esse lugar.


–Senhora Uchiha, tente lembrar, é muito importante.


Disse Anko juntando as mãos em anseio.


–Não, eu realmente não sei onde eles estão e acho que Fugaku não faz a mínima ideia também.


–Gostaríamos de ajudá-los, mas não sabemos de nada.


–É realmente lamentável – murmurou Sarutobi pensativo.


–O que será de Sakura? – perguntou-se Anko. –Dormir por três anos, acordar e não fazer ideia quanto tempo passou e ainda saber que os pais morreram. – o casal Uchiha entreolhou-se enquanto Anko falava. –Como ela viverá sozinha se é tão frágil?

–Tanto eu quanto Anko temos muito apreço por Sakura, cuidaríamos dela com carinho, mas somos pessoas ocupadíssimas. Ela precisa ser vigiada, sua saúde é frágil, e de um lar que a faça se habituar à realidade e voltar à sua vida de antes.


–Já me sinto conquistada sem tê-la conhecido. Podemos vê-la?


–Sim, senhora Uchiha. Por favor, Anko, os acompanhe.




...



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