Desde que o ser humano aprende a andar e a dizer suas primeiras palavras, o desejo de um sonho se inicia, a partir de vontades pequenas, querer impossíveis e a determinação de levantar sorrindo após um tombo feio. O coração se enche de alegria, os olhos brilham, e nada mais no mundo é tão importante quanto alcançar o inalcançável, ser tudo o que imaginou e aquilo que jamais cogitou ser, viver em prol da felicidade sem perder a compostura diante da tristeza.

Um sonhador sempre será taxado de louco, e o louco de sonhador, pois não existe diferença, basta acreditar nos sonhos, desejos... Para se tornar o que não é.

Quando nossos sonhos é a única razão de realizar o sonho de quem amamos, o desejo de alcança-lo pode ser tão grande quanto possa imaginar. Sorrir não é um esforço, mas sim uma maneira de transmitir a felicidade que transborda no peito. Estar em plenitude consigo mesmo e o mundo, ter a certeza de que qualquer outra coisa torne realidade sem perder a esperança.

É tão simples sonhar, quanto deixar de acreditar.

O que Sakura assistia, era a destruição de tudo aquilo que cultivou junto a Sasuke, seu coração quebrava gradativamente, e os cacos a feriam sem piedade. Tudo se encontrava em pleno silencio, apenas para escutar com exatidão o momento em que todos os seus sonhos caiam ao chão. O sorriso debochado acompanhado do olhar desdenhoso de Karin, era o suficiente para que a Haruno apertasse os punhos reprimindo sua fúria.

O programa ao vivo havia parado por alguns minutos, até o foco cair sobre Sasuke. Todos os holofotes e câmeras estavam direcionados a espera de respostas. Ele não poderia ouvir, mas percebia a atenção e a surpresa exposta nas faces presentes.

─ Isso é... verdade? - questionou Jiraya, tão surpreso quanto o publico.

─ Não - a resposta de Sasuke calou a todos, os burburinhos inundaram o estúdio.

─ MENTIROSO! EU TENHO CERTEZA ABSOLUTA, VOCÊ NÃO PODE NOS ENGANAR, TANTO É QUE NEM MESMO PODE ME OUVIR!

─ Te ouço tão claro quanto qualquer um aqui... Karin! - a ruiva arregalou os olhos perplexa.

─ Muito bem... Agora que tudo foi esclarecido, que comece o show! - a multidão gritava pelo nome do Uchiha em um coro sincronizado.

Sasuke mantinha seus olhos fixos em Sasori, mesmo não sendo do seu agrado, sabia que no fim deveria agradece-lo.

(PLAY) _ Not alone - Red

Lentamente desaparecendo

Você está perdida e com muito medo

Onde está a esperança em um mundo tão frio?

Procurando uma luz distante

Alguém que pode salvar uma vida

Você está vivendo com medo de que ninguém vai ouvir seu choro

(Você pode me salvar agora?)

─ Você pode não gostar de mim, e eu não tenho motivos para ser seu amigo. Entretanto conheço os bastidores e suas artimanhas, então, se quiser prosseguir terá que confiar em mim - aderindo a ideia da Haruno, Sasori escreveu em uma folha de papel e a entregou para Sasuke.

Após ler, o Uchiha deu de ombros, enfiou as mãos nos bolsos e apoiou seu corpo a parede ao lado do piano.

─ Primeiro, vamos facilitar com gestos, movimentos sutis que demonstrem sinais positivos ou negativos, como por exemplo; Ajustar o óculos ou elevar minhas mãos a mesa. Acima da cabeça são gestos positivos, abaixo negativos. Desta forma iremos nos comunicar durante os ensaios, desde um estalar dedos a um simples suspiro... - o ruivo entregou outra folha escrita, suspirou demonstrando claramente seu incomodo - Preste atenção, leitura labial será importante, mas se não houver percepção do que acontece ao seu redor, nada irá adiantar. Antes de começarmos com a música, treinaremos interpretação corporal - declarou com uma piscadela.

Sasuke bufou torcendo o nariz, acompanhar Sasori era difícil, apenas com o movimento de estalar os dedos e a boca ao cantar, seria necessário que descobrisse que música era aquela. Os olhos ônix fixaram aos dedos, não poderia ouvir, porém conseguia imaginar a batida. A letra ia tomando forma em melodias conhecidas, a harmonia agora se concentrava na batida de seus pés e o balançar de sua cabeça. Reconhecia aquela sincronização, mas algo ainda faltava para que tudo se encaixasse... Se pudesse ouvir...

Fixou os olhos nos movimentos do Akasuna, não havia mais nada ali além de ambos.

Após meia hora, Sasori deu uma pausa para descansar, Sasuke estava indo bem, porém ainda tinha dificuldades de lidar com sua nova condição. A falta de animo, semblante cabisbaixo e sempre desistindo antes mesmo de começar, o Uchiha pouco se motivava, o que era um desafio.

Eu estou com você

Eu vou levá-la através de tudo

Eu não vou deixar você. Eu vou te alcançar

Quando você tiver vontade de desistir

Porque você não está, você não está sozinho

Sasori já estava cansado de ser ignorado, suas ideia por mais mirabolantes que fossem, não mudavam o resultado de que, Sasuke é um caso perdido.

─ Me pergunto por que ainda esta aqui - disse o ruivo, mais para si mesmo. Tomou um gole de água da garrafa, em seguida soltou um suspiro pesaroso - Se não tem vontade de vencer, ou nem mesmo um sonho... Deveria pegar suas coisas e ir enquanto há tempo.

Sasuke prestou atenção em cada silaba, o Akasuna havia pronunciado vagarosamente para que ele assim entendesse, e não foi difícil concordar.

─ Eu tenho um - a voz rouca do Uchiha soou pela primeira vez. Um sorriso pequeno brotou em seus lábios, seus olhos correram pela sala até pousarem no violino.

─ Sakura faz parte deste sonho? - seguindo a mesma direção, Sasori observou o instrumento - A dona daquele violino é o seu sonho... Entendo - curvou os lábios em um sorriso.

─ Sakura... - sussurrou o doce nome. Sempre estava disposto a cair, ela o salvava e agora não poderia ser diferente.

Seu coração está cheio de sonhos quebrados

Apenas uma memória sumindo

E tudo se foi, mas a dor continua

Perdido na chuva de novo

Quando isso vai terminar?

Os braços de alívio parecem tão fora de alcance

Mas Eu, Eu estou aqui

Os primeiros acordes da guitarra recomeçaram pela terceira vez, a plateia silenciou, todos os olhos se encontravam direcionados ao moreno no centro do palco.

Sasuke apertou o microfone em completo desespero, poderia desistir de tudo, gritar ao mundo suas frustrações, se deixar cair e ser derrotado por seus medos. No entanto, a luz do holofote acima da plateia atingiu seus olhos chamando sua atenção. A silhueta feminina tomou forma, os cabelos róseos esvoaçantes, olhar determinado e o sorriso que tanto amava.

Sakura lhe deu o sinal para que começasse, em um pedido mudo ela determinou que a seguisse. As mãos da Haruno flutuavam ao ar como se regesse uma orquestra, de sua boca som algum saia, pois naquele momento ela só precisava cantar com o coração.

O Uchiha mantinha seus olhos vidrados, não perdia um só movimento da moça. Suas emoções, seus sentimentos estavam sendo depositados em cada melodia, na profundidade das sensações que transbordavam ao som de sua voz, em alto e bom som.

Eu estou com você

Eu vou levá-la através de tudo

Eu não vou deixar você. Eu vou te alcançar

Quando você tiver vontade de desistir

Porque você não está, você não está sozinho

A voz rouca carregada de sentimentos ecoou, quando os instrumentos silenciaram. Os aplausos e assovios vieram a seguir, em completo êxtase, não havia uma só pessoa que não gritava o nome do Uchiha.

Ele somente percebeu o que havia causado, quando abriu os olhos lentamente. Sorrisos e mais sorrisos era direcionados a ele, a agitação constante o havia pego de surpresa, mas nada ouvia.

Jiraya dizia algo ao publico, batia de maneira amigável em seu ombro enquanto dirigia seus olhos a câmera. E ele nada ouvia.

Procurou por Sakura, mas ela já não estava mais no mesmo lugar. Tudo ao seu redor tornava-se apático, mórbido. O silencio era como um precipício profundo, onde a dor o sufocava gradativamente, Seu corpo perdia as forças e a coragem, vertigem em uma mescla terrível com a sensação de perda.

─ Sasuke! - ela gritou enquanto invadia o palco - Sasuke... - seus braços pequenos se esticaram para alcançar o Uchiha, ao mesmo tempo que seus joelhos deslizavam ao chão suportando todo peso - SASUKE! - o gritou amedrontado ecoou. Desespero, era o que ela transmitiam aos prantos sobre o corpo do moreno.

─ Sa...kura - balbuciou com os olhos pesados - Não grite... Eu posso ouvi-la - seus lábios curvaram em um sorriso enquanto perdia a consciência.