Bella

Jacob dirigia com calma, conversando tranqüilo comigo, segurando minha mão, na realidade, estava tudo bem, as contrações estavam distantes ainda, mas eram bem piores do que eu imaginara.

 Antes de sair de casa Jake ligou avisando meu pai e Billy, e eles que se encarregassem de avisar o restante do pessoal e não é que eles foram rápidos? Quando chegamos ao hospital, meu pai e Ellen já estavam lá, pouco depois surgiu Rachel e Paul, e antes que me levassem para o quarto, Leah, Sam e Emily seguidos de Seth.

- Isso está virando uma reunião de família! – pensei enquanto a enfermeira me carregava para dentro, seguida por Jake e a coisa ficou pior, pelo que soube, o grupo ficou tão grande e barulhento que acabaram por quase retirar todos do hospital.

As contrações começaram a acelerar, o medico aparecia, conferia dilatação e tempo entre as contrações, na ultima vez em que esteve comigo disse que voltaria logo, que já estava na hora, deixou uma enfermeira comigo e Jake, que segurava minha mão e sorria, tentando se manter firme, mas eu sei que ele estava nervoso, seus músculos estavam tensos, mas mantinha um sorriso no rosto o tempo todo, me fazendo respirar mais tranqüila, com certeza aquilo aliviava em parte a dor que me invadia cada vez com mais intensidade.

Quando o medico finalmente entrou no quarto para realizar o parto, as contrações estavam muito fortes e quase não havia intervalos entre elas, não sei quanto tempo demorou, mas lembro de ter ouvido muito a voz Jacob perto do meu ouvido me dando apoio e da sua mão forte segurando a minha, ele foi a força que me ajudou como sempre, uma dor forte cortou o meu corpo e logo depois pude ouvir o som estridente de um choro e a voz de Jake ao meu lado sorrindo e falando:

- É um menino Bells! Um meninão!...Nosso meninão! – seus lábios vieram sobre os meus aliviando o restinho de dor que eu ainda sentia e em seguida eu pude vê-lo, a enfermeira o trouxe, enrolado e ainda chorando e o encostou nos meus braços, Jake se aproximou também acariciando meu rosto com seus dedos quentes, meu filho, nosso filho, os cabelos negros como os de Jacob, mãos grandes que estavam vermelhas de tanto que ele apertava, seus olhos lentamente se abriram numa pequena fresta e o choro cessou de vez, mas agora, era eu quem chorava emocionada junto com os dois homens da minha vida.

A enfermeira então se aproximou novamente, dizendo que precisava leva-lo para a pediatra, a medica iria dar uma olhada nele e fazer os testes necessários, contrariada permiti que ele fosse levado, desejando sair logo dali e estar no quarto onde finalmente nos três poderíamos estar juntos.

Depois dos últimos detalhes do parto acertados, fui levada para outro quarto e nosso filho foi levado para lá também junto com a agitação e o entra e sai de muitas visitas que começaram a chegar. Os primeiros foram meus pais e meu sogro, totalmente bobos e babões, Billy me abraçou emocionado feliz com a continuidade da sua linhagem, mas principalmente pela felicidade de Jacob. Seu olhar ao me falar isso era tão direto e firme quanto o do filho dele, um olhar e uma expressão que sei que um dia será também visto nos olhos do bebe que agora dorme tranqüilo em meus braços.

Depois, os garotos do bando, suas mulheres e namoradas, nossa que bagunça, todos queriam pegar e encontrar semelhanças, os sócios de Jake, meus colegas de trabalho, foi uma agitação só, quando a porta finalmente se fechou  finalmente depois da ultima visita Jacob veio para perto de mim me olhando carinhoso e deitando a metade do corpo sobre o meu, ficou exatamente de frente para o pequeno e comentou:

- Temos que decidir o nome.

Sorri olhando bem para meu filho, como se ainda não tivesse feito isso seu rosto estava mais sereno agora, e parecia mais claro, o vermelho da força feita para nascer, se fora os olhos pequenos, o cabelo espesso e preto, as mãos grandes e os dedos fortes que apertavam os meus e falei:

- John. Acho que ele será tão forte e firme quanto esse nome.

Jacob se afastou um pouquinho e beijou levemente meus lábios com carinho e falou:

- É, essa expressão firme no rosto dele, mesmo assim relaxado me faz ter certeza que esse é o melhor.

Sorri e passei o braço pelos ombros de Jake falando:

- Seja bem vindo John Black, nós estávamos ansiosos pela sua chegada. – Jacob ergueu o rosto e me beijou enquanto sua outra mão encontrava a minha sobre o corpo do nosso bebe.

Ficamos assim quietos por algum tempo, até que a enfermeira entrou e perguntou se John tinha mamado, Jacob e eu nos olhamos, nosso filho dormia tranqüilo em meus braços, nós babões encantados em observa-lo, nem pensáramos nisso. A enfermeira então comentou que já era o momento de oferecer a ele meu leite, me acomodei melhor na cama e pela primeira vez vi meu filho mamar no meu seio. Sonolento ele roçou o nariz no mamilo e rapidamente abriu a boca na procura do alimento, sua primeira sugada foi forte e eu tomei um susto, mas depois, lentamente me acostumei a sensação gostosa do movimento dele mamando forte.

Esse processo não foi muito longo, mas extremamente prazeroso, Jacob sentado perto de mim observou cada movimento do nosso menino sorrindo feliz e comentando o quanto ele era esfomeado, encarei seu rosto feliz e comentei:

- Pois é, isso é um fato inusitado, não consigo imaginar a quem ele puxou.

Ele riu alto e foi advertido pela enfermeira que saia naquele momento.

Cada segundo era uma novidade, depois Jake o pegou e com todo cuidado fez o pequeno arrotar, me olhando surpreso quando ouvimos o som forte saindo daquele ser tão pequeno. Depois carinhoso ele o colocou na cama, ao meu lado, me afastei dando espaço para que Jacob pudesse se acomodar junto conosco, não via a hora de estar novamente em minha casa, na minha cama.

Naquela nossa primeira noite juntos tudo foi novidade, John acordou várias vezes, apesar de tudo Jake se saiu muito bem na tarefa de mudanças de fraldas, e quando o dia finalmente chegou estávamos todos adormecidos, eu na cama, Jacob sentado ao meu lado, com boa parte do corpo sobre o meu, John dormia tranquilo em seu berço.

Acordei e percebi a expressão cansada no rosto do meu sol, ele não tivera folga, acariciei seu cabelo espesso e seu rosto sereno observando cada detalhe, Jake ainda mantinha uma expressão do menino que eu reencontrei em La Push quando estava assim adormecido, um algo leve que me remetia as primeiras imagens e idéias que fiz sobre ele, seus olhos se abriram lentamente e ele sorriu se aproximando:

- Bom dia amor!

- Bom dia! – falei aceitando os lábios macios que ele me oferecia e logo ouvi o som de alguém que reclamava no berço.

- Ele acordou. – Jacob falou se levantando e indo em direção ao berço e pouco depois vinha em minha direção carregando nosso bebe com cuidado e muita tranqüilidade, até parece que fazia aquilo a muito tempo.

John estava mamando esfomeado, quando minha mãe e meu pai entraram esbaforidos em meu quarto.

- Bella! Minha filha! – seu rosto estava mais sorridente que de costume.

- Oi mãe. – falei esperando pelo discurso, mas não obtive resposta, apenas um abraço apertado e desejos de felicidades, depois ela abraçou Jake e veio em direção a John que ainda mamava, encantada e quase chorando fez muitos comentários. Quis saber de tudo, como fora o parto, se eu estava bem, quando iria para casa. Respondi a tudo com calma e disse a ela que estava bem, ela se ofereceu para ajudar e então vendo Jake ali parado me olhando com expressão de cansaço falei:

- Você fica um pouco comigo para Jacob descansar?

Ele me encarou sério como se eu estivesse falando alguma bobagem e imediatamente retruquei:

- Você está cansado Jake, precisa descansar, vá para nossa casa, tome um banho, se alimente e volte, vamos ficar aqui, neste lugar a sua espera.

- Bells eu não...- ele tentou começar, mas meu pai então assumiu o posto e logo o mandou para casa dizendo que eu ficaria em boas mãos. Sem outra alternativa ele se aproximou, me beijou, acariciou a cabeça do filho e se foi, meu coração ficou apertado ao vê-lo sair, mas ele precisava descansar.

Jacob

Depois que nosso pequeno mamou Bells logo adormeceu e eu o coloquei no berço, voltei, acomodei o corpo dela na cama e me sentei entre eles, estava tão feliz que não conseguia relaxar o suficiente para dormir, a todo momento idéias vinham a minha cabeça, coisas que eu planejara, coisas que eu imaginara e que antes só me pareciam sonhos. John então se mexeu fazendo sons de irritação e eu o peguei no colo. - Não poderia ser fome novamente. – pensei, há pouco ele mamara, mas, se ele realmente puxou a mim, está mesmo com fome, conclui rindo para mim mesmo.

 O aninhei em meus braços, e comecei a caminhar pelo quarto, mas ele continuava a fazer sons, Bells ainda dormia, mas se ele continuasse assim, em breve ela acordaria, então baixinho comecei a conversar com ele:

- Suuuuuuuuuu, mamãe está dormindo. Veja, ela precisa descansar. – ofereci a ele meu dedo que ele apertou entre as mãozinhas pequenas me fazendo sorrir, me aproximei de Bella, seu rosto estava tranqüilo e mostrei a ele – Você está vendo? Está vendo sua mamãe, ela é a mulher mais importante da minha vida. A única que poderia me fazer feliz, e você é parte disso, parte de um amor que batalhou muito para se realizar, isso não é pouca coisa não. – ele agora estava quieto, apenas movimentava os dedos em torno do meu. – Tenho certeza que seremos ainda mais felizes juntos a partir de hoje.

Caminhei mais um pouco enquanto falava baixo e assim que ele adormeceu o coloquei no berço e voltei para meu lugar entre eles, tentando dormir, mas a noite não foi calma, John acordou para mamar, e já aproveitei para mudar as fraldas sob a orientação de Bells, mas preciso confessar que vestir uma boneca é bem mais fácil, elas não se movimentam enquanto você cuida delas.

Meus sogros chegaram cedo, John estava mamando novamente, e Bells teve a brilhante idéia de me mandar para casa descansar, num primeiro momento aquilo foi aceito de mau grado, eu não me sentia cansado, queria ficar todo o tempo ali, junto deles, mas com a insistência de Charlie não tive outra alternativa.

Sai do hospital meio perdido, só pretendia sair dali levando John e Bella comigo, mas tinha que admitir que estava cansado, meu corpo doía e meus olhos pesavam, foram muitos dias de tensão que finalmente se acabaram, agora teríamos uma outra fase para viver, suspirei dando a partida no carro, lembrando da noite mal dormida, mas principalmente dos momentos felizes ao lado de Bells e do nosso filho.

Bella foi dispensada do hospital no dia seguinte e fomos direto para nossa casa , as visitas continuaram, Rachel estava toda a hora lá, assim como Renee que se hospedou conosco, coisa que agradeci, pq deu a oportunidade de Bells e eu descansarmos, John ocupava boa parte do nosso tempo, mas lentamente as coisas foram voltando ao normal. Nos adaptamos a ele e ele a nós, fomos vendo que nem tudo era tão complicado como pensamos no inicio, assim que minha sogra se foi, nosso bebe estava completando um mês, e sua apresentação já fora realizada, toda a família pode participar o que muito me alegrou.

 Entramos num ritmo mais lento, agora em trio, John dorme em seu quarto e eu pude outra vez voltar a dormir do jeito que eu gosto, com o braço sobre o corpo de Bella, mas algumas vezes quando acordo Bells não está mais comigo, pulo da cama sabendo onde ela está, sentada na poltrona do quarto amamentando nosso filho, gosto de assistir a isso, ele está maior e se movimenta mais, algumas vezes me sento  perto da janela na poltrona grande que compramos para isso, com ela e ele sobre o meu colo, e ficamos horas assim, conversando e rindo.

Os momentos de folga são vividos intensamente não quero ficar longe nem perder nenhum novo descobrimento, ele agora já coloca os pés na boca quando tiramos a roupa para mudar ou dar banho e ri muito, os cabelos estão mais escuros mas a nuca não tem nada o que é muito engraçado.

Me acomodei no sofá e coloquei ele sobre mim com as pernas para cima, se movimentando muito e fazendo sons, Bells está na cozinha preparando um lanche e então lembrei de uma novidade:

- Seth vai casar.

O rosto de Bella surgiu surpreso na porta da cozinha.

- Como é?

- Seth e Lisa vão casar, e Nick e Leah também, todos no mesmo dia.

Ela sorriu e se aproximou tocando na barriga de John e comentando:

- Que legal! Espero que eles sejam tão felizes quanto nos somos.

Seus olhos estavam sobre o nosso filho e brilhavam, a expressão da felicidade e da realização que eu sempre desejei ver nela.

- Quando será?

Me acomodei melhor sentando e puxei seu corpo sobre o meu enquanto ela ria.

- Três meses. – falei beijando seu pescoço enquanto ela reclamava que eu iria derrubar John, mas ele estava bem seguro pelo meu braço, e sei que ele já gosta de uma bagunça, nós fazemos muitas quando ela está no banho, depois ela sempre comenta: - Ele estava quase dormindo, o que você fez Jake? – e eu respondo tranqüilo: - Nada! – mas sei que ela não acredita e provavelmente até sabe disso mas não fala nada, fica apenas me olhando e depois tenta me apertar e acaba sendo presa por meus braços.

Nesse momento o telefone tocou, suspirei irritado e permiti que ela levantasse, enquanto cruzava John para o outro lado e me acomodava novamente observando o movimento dela até o aparelho.

- Alô! – falou me olhando e sorrindo, mas logo ficou seria e repetiu: - Alô! – uma pausa pequena e outra vez: - Alô!

Levantei do sofá e pegando o telefone falei:

- Alô! Vai falar? – não ouvi resposta, desliguei batendo o telefone no gancho, isso me irritou, e a expressão preocupada no rosto de Bells me mostrou que aquilo já acontecera, quando perguntei ela não negou, foi direta, falou que a primeira vez fora antes do nosso casamento, depois quando eu viajei para o estagio e a ultima agora.

- Se eu não estivesse aqui você não iria me contar? – perguntei irritado.

Ela parecia não saber o que fazer, mas foi sincera:

- Na primeira vez que aconteceu não dei importância, na realidade esqueci logo, depois, quando aconteceu novamente, eu achei que poderia ser você, pois algumas vezes aconteceu de o telefone não pegar onde você estava lembra?

Eu lembrava, isso me irritava muito, ficava preocupado, caso ela precisasse de mim e não tivesse como me encontrar.

- E depois não voltou a acontecer, e com a gravidez e tudo o mais, esqueci, não foi por mal Jake.

Ficamos nos olhando por alguns instantes e ela se aproximou me apertando com força, acariciando o braço de John que brincava com as mãos e falou:

- Você acha que são eles?...Se eles voltarem Jake?

Eu não tinha respostas para isso, mas uma coisa eu sabia, ninguém se meteria com minha família, ninguém viria do passado para atrapalhar nossa vida e a voz de Bells assustada me fez mais uma pergunta:

- Será que um dia ele terá que passar pelo que você passou?

Fechei meus olhos apertando-a contra mim, eu esperava que não, esperava e desejava que meu filho tivesse uma vida tranqüila.

Tentei tranqüiliza-la dizendo que estaríamos sempre juntos para enfrentar qualquer coisa, e se por acaso isso continuasse a acontecer eu queria saber no mesmo momento.

Ela concordou e nós tentamos manter a tranqüilidade de antes, mas esse assunto não me deixou mais em paz, chamei meu pai, Sam, os garotos e Leah para uma reunião, fazia tanto tempo que não falavamos e debatíamos sobre isso, que algumas vezes, tudo me parece um sonho ruim.

Como era de se esperar, nenhum deles gostou da novidade, afinal, todos nos temos muito a perder com a influencia dos vampiros em nossas vidas. Sam, eu e Paul temos filhos, Embry também já está na espera do primeiro, Seth e Leah se programando para casar com duas pessoas que não fazem parte do nosso mundo. Tudo estava tão organizado, e agora, a partir daquele momento estávamos outra vez em prontidão, atentos a qualquer mudança, mas ninguém queria voltar a ser um lobo.

Havia um grupo pequeno de garotos na reserva que ainda não tinham chegado na puberdade, a maioria eram meninas, os outros estavam na casa dos dezoito, vinte anos, e esses, estavam já num outro nível. Sei que na cabeça de todos nós muitas coisas voltaram, vi os olhos de Leah ficarem parados, Seth caminhava nervoso de um lado para outro, Sam suspirava irritado, não, aquela novidade não era prenuncio de dias felizes para ninguem, seria uma intromissão na vida de todos, que conhecemos e sabemos bem como é, e também para aqueles que agora e vivem tranqüilos como nossos filhos.

Mas ao contrario de nossos medos, as ligações cessaram, não voltaram a acontecer, nem os Cullen deram o ar de sua graça na nossa região e a vida foi tomando sua corrente tranqüila dos últimos anos.

Seth e Leah casaram, organizamos uma festa muito agitada para eles, as famílias de Lisa e Nicolas estiveram presentes e se divertiram bastante, Alan também se arrumou, ou melhor, arrumou outra namorada, acho que ele não vai sossegar nunca.

O bebe de Embry nasceu, era um menino, pelo jeito apenas Paul teria uma menina, e isso foi motivo de muitas brincadeiras por parte do grupo todo.  Nos reuníamos sempre para conversar e manter a ligação entre nossos filhos, Philipi e John que já completara um ano, se davam bem apesar da diferença de idade de mais de um ano e eram quase do mesmo tamanho.

Nossas reuniões continuam a acontecer, temos tentado incentivar os mais jovens a considerarem o que ouvem como algo que vai alem das lendas, como algo que faz parte deles, para que não seja com eles como foi conosco caso alguma coisa aconteça no futuro.