Bells beijou meu rosto dizendo que me amava e se foi, fiquei observando a porta fechada me recriminando por ter dito o que disse, por ter deixado o caminho livre para ele. Mas, afinal, ela já aceitou seu pedido de casamento, por que mudaria de ideia depois de nossa conversa?

Entretanto, não sei o que me deu, acho que espero que ela veja por si mesma o quanto nosso amor pode ser real.

Depois daquele beijo, é impossível negar, meu peito inflou a lembrança das sensações provocadas por ele, das nossas carícias. Fechei os olhos ainda sentindo a presença dela ali comigo, seu aroma nas minhas narinas, suspirei pensando que se minhas palavras não a fizerem perceber o quanto a  amo e reconhecer que me ama do mesmo jeito, teria sido melhor morrer naquela maldita batalha, isso era uma certeza.

Porém, algo dentro de mim ainda guardava uma esperança e me dizia que Bella cairá em si, e me escolherá. Ela vai perceber que o que nos une é muito forte, que nossa ligação vai alem da amizade, das sensações físicas, é de alma.

Tentei me mover, mas ainda sentia dores, se Leah não fosse tão imprudente eu não estaria aqui nesta cama e poderia fazer mais do que apenas esperar uma decisão de Bella, esperar que ela caísse em si e me escolhesse. Ficar travado aqui, desta forma, mesmo que fosse por pouco tempo não era exatamente a melhor maneira de lutar.

Os dias passavam se arrastando sem a presença de Bella, a recuperação dos ferimentos físicos praticamente completa mas, nenhuma notícia de Bells, a certeza de que a escolha que ela fizera não seria modificada me invadiu e como um animal enjaulado passei a caminhar pela casa, pela garagem, pela praia, mas não importava o lugar que eu fosse, todos tinham lembranças dela.

Naquela tarde me sentia especialmente irritado e na tentativa de me distrair sentei na frente de casa, talvez ver um pouco de movimento me aliviasse da tensão mas, quando percebi  Seth se aproximar cheguei a conclusão que ainda não seria dessa vez.

- E aí cara? Vamos patrulhar hoje? - perguntou animado enquanto sentava ao meu lado, ele definitivamente não tinha noção do perigo, dei-lhe um tapa na cabeça antes de responder.

- Seu parceiro agora não é o Paul?

Ele fez um gesto com as mãos para demonstrar que não estava gostando nada de patrulhar com Paul, tive de sorrir do jeito do garoto.

- Fiz você sorrir! - quase gritou entusiasmado e emendou: - Claro que não é como o sorriso de antes, mas já é alguma coisa.

Olhei para ele irritado, o lobinho se calou e se encolheu a espera de um safanão, mas no último momento desisti, porém acho que era isso o que ele queria quando continuou:

- Ah cara! Vamos patrulhar juntos, não aguento mais o estouradinho do Paul.

- Vou fazer dupla com o Sam por alguns dias. - fui firme tentando encerrar o assunto.

Fazendo uma careta Seth finalmente se calou e voltei as minhas preocupações, ouvi o telefone tocar, uma única vez, esse fato se repetia a alguns dias, duas a três vezes por dia.

 No dia anterior eu ficara horas parado ao lado dele a espera dessa ligação que não aconteceu. Nada me tira da cabeça que é ela, mas é covarde demais para esperar que alguém atenda. Foi então que Seth concluiu o que estivera falando e eu não ouvira.

- ...da Bella.

- O quê? - me interessei ao ouvir o nome dela.

- O quê? - ele repetiu debochado e dei-lhe uns cascudos para que aprendesse a me respeitar.

- O quê você estava falando? - Insisti encarando-o

- Falei que Paul e eu estamos patrulhando perto da casa da Bella... - e sorrindo perguntou: - Agora você quer patrulhar comigo?

Fingi pensar por alguns instantes para não dar ao garoto o gostinho de ter me pegado, mas finalmente falei:

- Vou conversar com Sam.

- Pode deixar que eu falo. - completou feliz e antes que eu pudesse impedi-lo correu para cumprir sua missão.

Retornei para casa desejando que Sam aceitasse o pedido de Seth, afinal não havia problemas em fazer a patrulha perto da casa de Bella e sempre seria uma chance a mais de estar perto dela e talvez, vê-la, quem sabe até conversar.

Ao entrar em casa vi Billy assistindo a TV, tranqüilo ele me olhou e comentou:

- Você parece um fantasma andando pela casa desse jeito, arrume alguma coisa para fazer.

Preferi não responder e fui direto para o meu quarto, mas não foi uma boa idéia, a cada dia aquela peça parecia menor, estava me sufocando. Não fiquei cinco minutos ali e saí pela porta de trás, pouco depois, corria pela praia deixando as marcas das minhas patas pela areia, o desejo que me dominava era a vontade de ir o mais longe possível, fugir dessa dor quase insuportável que me acompanhava dia e noite. Mas isso não fazia parte de mim, fugir, e ainda guardava esperanças de que Bells me procurasse. Se ela fizesse isso não poderia estar tão longe de casa, esbarrei me enterrando no chão macio e úmido e dei volta, era melhor não ficar distante, se ela quisesse falar comigo com certeza ligaria ou mandaria um recado por Charlie e se eu não estivesse? Certamente não me avisariam, eles agora deram para isso, fazer campanha contra ela.

Voltava para casa quando me deparei com Sam e Seth, o alfa ainda repreendia o lobinho por tentar se intrometer em assuntos que não devia e pelo jeito eu seria o próximo.

- Seth foi falar comigo. - chegou logo dizendo em tom mais sério que de costume.

- Disse a ele que falaria com você. - tentei amenizar a situação.

- Sei, mas isso não mudará minha resposta Jacob.- Sam parecia decidido.

- Por quê? Seth e eu sempre fom... - tentei argumentar mas Sam não queria ouvir.

- A questão não é essa, você quer patrulhar com ele para poder rondar a casa de Bella. - ele tinha razão eu não podia negar, por mais zangado que estivesse com sua negativa - E todos nós concordamos que o melhor é vocês ficarem longe um do outro.

Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Sam continuou:

- Agora que estamos em paz com esses caras você quer roubar a noiva de um deles?

A cada palavra de Sam minha raiva aumentava, com que autoridade ele queria mandar em meus sentimentos? A matilha estava se intrometendo em minha vida!

- Nós somos uma família - respondeu aos meus pensamentos - e devemos cuidar uns dos outros. Bella escolheu o outro, aceite isso.

- Ela me ama, Sam!

- Mas isso não muda o fato de ter escolhido a ele! Se você continuar procurando por ela vai acabar nos causando problemas.- e num tom mais autoritário completou: - Você ficará longe da casa dela nas noites de patrulha e está acabado.

- Você não pode... - tentei falar mas Sam me interrompeu:

- Billy também pensa assim, todos, como já lhe falei, achamos que você deve se manter longe dessa garota.

Essa foi a gota d’água, corri o mais rápido que pude em direção a minha casa, estava furioso, agora todos decidiam o que era melhor para mim? E como meu pai aceitava e incentivava isso? Logo ele que me vira batalhar todos os dias para ocupar um espaço no coração de Bella, ele não pode fazer isso, não ele.

Entrei em casa arrombando a porta com um estrondo. Billy me olhou de alto a baixo e disse:

- Vá colocar uma bermuda!

- Você concordou que eu devo me manter longe da casa da Bella durante as patrulhas?

- Sabemos que não faz bem a você estar perto dela e se você não percebe é nosso dever ajudar. Bella já fez a escolha dela Jacob, aceite.

Eles estavam com o discurso pronto, não adiantaria falar com ninguém.

- Mas eu a amo e ela também me ama! - gritei – Vocês não compreendem?

Billy virou-se e quando falou seu tom era sereno.

- Ela não é a pessoa certa meu filho. Quando você encontrar a pessoa certa ela nada mais será que mera lembrança. - sua colocação me pegou em cheio, principalmente pela maneira como foi dita, fechei os olhos sentindo meu peito doer, estraçalhado, eu sabia disso mas não quero e não posso acreditar que vá acontecer.

Sem piedade ele continuou:

- E quando ele a transformar, vocês passarão de amigos a inimigos. Encare os fatos, você lutou mas sempre soube que era uma batalha perdida.

Por alguns instantes digeri o que meu pai falou, sentindo a dor profunda que cada palavra dele provocava, é impossível, nunca conseguiria desistir, estar longe dela era como morrer.

- Não acredito que o que Sam sente depois daquele maldito imprinting seja mais forte, mais real do que o que eu sinto por Bells - abri os braços num gesto de irritação - eles estão ligados por algo mágico, sobrenatural, assim como a ilusão que Bella pensa que sente por Edward. Sei que vou fazê-la ver que o que sentimos um pelo outro é real...quase posso tocar, eu a conheço melhor do que qualquer um, ela sabe tudo de mim, nós nos entendemos apenas com um olhar. Isso é real – gritei - e vou fazê-la entender -  repeti -  enquanto ela viver eu vou lutar!