O dia lentamente surgiu diante de mim, não dormira nada, fiquei o restante da noite correndo pela floresta, tentando aliviar aquela sensação que brotara em mim, que não me deixava ficar sossegado, algumas vezes parei pensando no que fizéramos, na resposta clara e sincera de Bells ao aceitar ficar ligada a mim, em seu olhar, ele não mentia, ela me ama e essa certeza  me dava forças apesar de tudo.

Mas isso não era garantia de nada, Bells tinha a capacidade de não fazer a coisa certa, de se deixar influenciar e isso me amedrontava e acabava com meu controle,  a sensação de estar lutando sozinho me invadiu outra vez, de nada adiantava o apoio do meu pai, do bando, se a pessoa que mais importava não fazia o que devia.

Esbarrei fazendo um buraco no chão ao lembrar da cara do sanguessuga me olhando, ele parece tranqüilo, tenta mostrar a ela sua superioridade, me deixando como o brabinho, o estressadinho. Eu o odeio, com todas as forças do meu ser, pela capacidade que ele tem de comandar as vontades dela, de controlar sua vida.

Respirei fundo o ar gelado da noite tentando me acalmar, mas ainda tinha esperanças, quando pensava em tudo o que vivemos,  esperava que ela fizesse o que devia.

A manhã já ia alta quando resolvi voltar para casa, precisava me preparar para a batalha, pq eu sabia que algo estava sendo feito, ele não me entregaria Bella assim, sem lutar.

 Estava na cozinha de casa fazendo um lanche quando um grupo de rapazes entrou pela porta de casa, seus olhares curiosos me disseram antes deles o que eles queriam saber:

- Esqueçam, não vou contar nada. – falei direto.

Seth riu alto e sentou falando:

- Nem precisa, logo vamos saber mesmo.

Jared e Embry sentaram no sofá e me olhavam sérios enquanto Quil ficou em pé, todos me olhavam, e eu perguntei:

- Isto é um interrogatório?

- Estamos acostumados a saber de tudo o que acontece entre vocês, é como assistir a um filme. – comentou Embry – só que ainda não sabemos o final.

Se eu tivesse algo na mão que pudesse jogar já teria jogado neles, mas apenas falei:

- Foi tudo como eu esperava.- e antes de me dar conta já falara: - Perfeito. – meus pensamentos voaram para nossos momentos lá naquele lugar especial.

- Hummmmmmmmmmmmmmm! - ouvi um som alto saindo da boca deles e Embry e Jared bateram as mãos.

Como para Bells aquela intromissão já estava me irritando, mas então lembrei do convite de Edward e eles perceberam a minha irritação, não pude evitar de contar, Quil me olhou serio e comentou:

- Você deve estar preparado.

- Sim, eu sei.

Seth, que até aquele momento permanecera quieto se pronunciou:

- Nós também poderíamos ir a formatura da Bella.

Os outros o olharam curiosos, de onde ele tirara essa idéia, mas então Jared apoiou dizendo:

- Eu gostaria de ir.

E logo todos eles estavam planejando como iriam, sem sequer se importar se eu permitiria que fossem.

Minha opinião parecia não ter nenhuma importância para eles, que continuaram combinando, fizeram uma vaquinha para comprar flores, não queriam aparecer sem presente, tudo diante de mim, eu fiquei parado ouvindo-os falar como se eu não estivesse ali. De nada serviria  dizer que não poderiam ir, eles estavam decididos, então, sem outra alternativa, marquei um horário para que eles viessem pegar uma carona, esclareci que se atrasassem ficariam,  não esperaria por eles.

Eles se foram e voltei aos meus pensamentos,  o comentário de Quil voltou, ele tinha razão, eu devia estar preparado.

Tomei um banho, arrumei a velha calça preta e a camisa branca e me vesti, tentando manter-me calmo, mas a ansiedade estava tomando conta de mim, esta noite seria muito importante, dessa festa eu sairia muito feliz  ou arrasado se Bells não cumprisse o combinado.

Na hora marcada os garotos vieram, nos acomodamos no carro como deu e fomos, nessas horas, tudo se acerta, acabamos atrasando pq Seth ainda não comprara as flores e levou um tempo para escolher uma que ele gostasse e que desse no dinheiro que eles tinham.

Eu estava ficando irritado e a ponto de ir buscá-lo dentro da floricultura, quando ele surgiu com um buquê nas mãos, era até bonito, tenho que admitir, isso me lembrou do que eu trouxera, afaguei o bolso da calça onde  colocara meu presente para ela, mas esse seria guardado para o momento certo, depois da festa, quando ela finalmente tivesse terminado com o vampiro.

O resultado de tantos contratempos, foi que chegamos atrasados, a tal formatura já começara, me acomodei não muito perto do pessoal, cumprimentei apenas  Renée,  a amiga de Charlie e ele e perguntei se me daria uma carona até a festa, ele garantiu que sim, mas se surpreendeu em me ver e mais ainda em saber que eu iria. Expliquei então que Bells e Edward tinham me convidado. Pareceu ficar satisfeito com a resposta, afinal naquele momento ele estava mais interessando em assistir a formatura da filha do que me interrogar.

Voltei para o lugar onde deixara os garotos e assisti tranqüilo até que tudo se acabou, meus olhos não desviaram dela, estava maquiada e arrumada, tão linda como sempre.

Assim que tudo se acabou vi que ela olhava nervosa em volta e sorri, talvez fosse presunção minha, mas acho que era por mim que ela procurava, e a confirmação veio quando ela me viu, caminhou tão ereta e tranqüila que nem parecia a minha Bella, não consegui desgrudar os olhos daquele rosto que me encarava sorrindo, me sentia tão feliz em vê-la se aproximar assim, como se só visse a mim, estava maravilhosa,  se fosse possível acha-la mais bela do que sempre, mas havia algo, que não consegui identificar, um brilho especial, que refletia em mim, me fazendo sorrir abertamente.

Os garotos que estavam escondidos, idéia de  Seth para variar, lentamente começaram a aparecer, pude desfrutar de cada surpresa que eles provocaram em seu rosto, do tanto que ela ficou feliz com isso, era bom saber que ela gostava deles, que eles também estavam tentando se relacionar bem com ela, tudo facilitava nossa vida .

Ela me olhou querendo uma resposta para aquilo que estava acontecendo, falei a verdade:

- Não me pergunte nada, foi idéia deles.

A surpresa em seus olhos aumentou, e lágrimas surgiram, ela jamais imaginou que pudesse acontecer, mas agradeceu a todos e beijou a todos antes que fossem, levando meu carro.

Não pude evitar uma ponta de ciúmes, por não ser o primeiro a cumprimentá-la e por não ter flores para dar. Entretanto o que ela me disse acabou com esse sentimento egoísta que me invadira.

- Sua presença  já é o suficiente, nada me faria mais feliz, do que ter você aqui comigo...nada estaria completo se você não viesse. Preciso de você sempre perto.

Isso era tudo o que eu precisava ouvir para renovar minhas forças, e enfrentar o que  me esperava, desejei muito poder beijá-la como fizera no dia anterior, aquele beijo estava vivo em mim, mas apenas afaguei seu rosto tentando controlar meus desejos e confirmei seu pedido:

- É exatamente isso o que eu pretendo, ficar sempre ao seu lado.

Charlie surgiu avisando que os dois sanguessugas esperavam por ela, fiquei olhando para o amigo de meu pai pensando que ele estava se especializando em atrapalhar meus momentos com sua filha, até parecia que estava a favor do vampiro, essa era uma idéia maluca, eu sabia, mas era o que parecia.

Ele me avisou que já iria e lançando um último olhar a Bells  o segui, mal sentindo o chão sob meus pés, pensando nessa bendita festa que me esperava e em tudo o que poderia, mas principalmente no que deveria acontecer, desejando ardentemente que ela cumprisse o prometido.

 Não sabia o que faria se ela não o fizesse, seria como ver todos os meus sonhos e esforços desabarem de uma só vez.

A distancia até aquela casa foi percorrida com uma rapidez tão grande, muito maior do que a desejada por mim, acabamos por  chegar muito antes deles, tive que aturar todos aqueles Cullen a me olhar de lado, aquela de cabelos amarelos é uma idiota, o grandão metido nem se fala,  falar nos outros então é quase uma tortura, eles despertam o pior em mim, mas faço qualquer coisa por Bells, até aturar essas pedras de gelo que andam.

Não posso negar que o médico e sua mulher se esforçaram para me receber bem,  em serem gentis, mas não consigo gostar deles, talvez até os aturasse se eles não quisessem tirar Bella de mim, aceitado transformá-la nesse monstro que eles são.

O tempo da nossa chegada até a de Bells me pareceu uma eternidade, fomos acomodados em uma mesa, os outros convidados começaram a chegar e nada deles, deviam estar  vindo a velocidade de tartaruga para demorarem tanto, ou então era minha ansiedade que fazia o tempo passar mais devagar quando ela não estava comigo.

Quando finalmente chegou, contrariando minha vontade, Bella não veio até onde estávamos, ficou caminhando com a baixinha, olhando tudo, enquanto o sanguessuga conversava com seus amiguinhos, não confio nele e ele sabe, mesmo que ele não pudesse vasculhar minha mente, coisa que eu sei que ele sempre faz, perceberia pela maneira como me olha.

Finalmente vi Bells se aproximar, estava ainda mais linda naquele vestido que tornava o tom claro de sua pele ainda mais perfeito, era a única pessoa que eu via, caminhando e sorrindo para mim, ela sentou ao meu lado, tratei de segurar sua mão, querendo mostrar a ela que estaria ali, para o que ela precisasse, Bells me apertou e seu olhar me dizia que ela estava nervosa, com certeza não tanto quanto eu, de suas atitudes estava dependendo minha vida, minha felicidade. Ela não faz idéia do quanto é importante para mim.

Então o grandão veio buscá-la, percebi que estava contrariada quando se foi, para mim era uma tortura vê-la ir com eles, e pior ficou quando percebi que era mais uma artimanha do sanguessuga, assim que se afastaram de nós ele a conduziu até ele, os dois foram para um canto A mãe de Bells fez um comentário que não ouvi, apenas concordei e mantive minha atenção voltada para onde ela estava, havia muitos sons naquela sala, pessoas que conversavam e riam, música, som de copos, isso tudo somado ao meu nervosismo atrapalhavam minha audição, algumas vezes era até irritante.

 Então eles surgiram, de mãos dadas, colocando minhas expectativas no chão, e para piorar foram dançar, ele a abraçou fazendo meu coração quase parar, olhei diretamente para ela pedindo, implorando que falasse logo, seu jeito não me deu segurança de que  faria o que devia, me movimentei impaciente na cadeira e ouvi Charlie perguntar se eu estava preocupado, respondi que estava tudo bem.

Tudo bem, pura mentira, estava me segurando para não pular daquela cadeira no meio do salão, arrancar Bells dos braços daquele vampiro e leva-la comigo, a cada minuto minha angustia só fazia aumentar enquanto ela parecia não ter reação, não conseguia acreditar que estava acontecendo, que ela não falaria nada.

Depois de uma eternidade, a música finalmente acabou, vi Bella puxa-lo na direção da porta, mas então o tal Carlisle chamou os formandos para um brinde, minha paciência acabou, todos ficaram em pé para ouvir o que seria dito, me levantei também ficando próximo de Charlie, não ouvi nada do que foi dito, meus olhos estavam diretos nela, que parecia distante apesar de olhar diretamente para mim, tão distante que quando todos aplaudiram foi a última a fazer isso, e eu pensei: - É agora, agora ela fala. Mas o que ouvi não era o que eu queria, pelo contrario era minha sentença, a cada palavra do sanguessuga, meu coração parecia querer parar, vi ele se movimentar tirando o anel de noivado e coloca-lo no dedo dela sem que Bella tivesse qualquer  reação contraria, ela continuava sendo manipulada, seria sempre assim, por mais que eu desejasse que fosse diferente.

Sem pensar duas vezes sai dali, não havia mais nada a fazer naquele lugar, vi o olhar de Edward direto em mim, ele sabia exatamente como me sentia, minha dor era visível para quem quisesse, mas não esboçou qualquer reação, pq se o tivesse feito, não me importaria com todas aquelas pessoas que estavam ali, eu acabaria com sua existência estúpida e desnecessaria.

Caminhei firme mas sem saber para onde ir, como se não houvesse nada sob meus pés ou um rumo para seguir, na verdade sem Bells, não há, e então a ouvi, sua voz desesperada e seus passos atrás de mim, não era a primeira vez que isso acontecia, como pode, estamos sempre vivendo as mesmas situações,  pensei.

Tentando mostrar a ela apenas minha irritação me virei e me deparei com um rosto angustiado e desesperado, isso quase acabou comigo, pq ela fazia essas coisas se sofria tanto quanto eu com suas atitudes?  Irritado comigo por não conseguir ser frio, acabei deixando que ela percebesse o quanto estava magoado.

- O que você quer? – e soltando minha dor falei: – Foi para isso que você quis que eu viesse? – ela parecia perdida, tentou falar, mas sua voz mal saia, o que ela queria? Me dar mais desculpas para o que acabara de fazer?

- Não eu...- irritado não deixei que continuasse.

- Confiei em você. – essa era a pior parte, ela ter dito tudo o que disse e depois voltar atrás e fazer isso, coloquei para fora  minha dor sem piedade, mesmo percebendo que a magoava com minhas palavras - E vim aqui para que? Para você e ele esfregarem mais uma vez na minha cara a felicidade de vocês?

- Jake eu não... – vi as lágrimas em seus olhos, mas isso não me faria voltar atras, precisava faze-la perceber que não cumprira com o que me prometera, e que por isso estávamos sofrendo.

- Pare Bella, já chega!  -Você faz só o que esse cara quer, ele manda em você, decide sua vida e você segue como um cordeirinho.

Bella ficou quieta por alguns instantes me olhando e chorando, seu rosto era apenas dor, era a minha dor que eu via refletida ali, pq se ela não quisesse sofrer teria feito o que devia, teria colocado um ponto final nessa história.

 Nesse momento o vi, ele e sua inseparável companheira, se aproximando, num pude evitar a raiva me invadir, ele me olhava sério e tranqüilo e aquilo me deixava ainda mais irritado, meu corpo tremeu, Bells percebeu o que eu vira e  se virou para ele pedindo que não se aproximasse, vi  também Charlie e Renee na porta, outras pessoas começaram a aparecer, dei uma ultima olhada para as costas dela e sai dali, na escuridão, tentando não fazer barulho, caminhei muito, sem rumo, totalmente perdido, só queria sair daquele lugar, ficar o mais longe possível desses vampiros, a dor, minha companheira nos últimos meses voltou, tão forte e arrasadora quanto antes.

Pensei em ir para casa, mas assim que cheguei percebi que não conseguiria ficar ali, tirei minha roupa e o lobo assumiu, furioso, ensandecido, arrasando tudo o que surgia a minha frente.            Corri, desesperado, tentando entender pq ela não fazia o que seu coração mandava, pq ela se deixava comandar, pq ela não me ouvia, pq meu amor parecia ser mudo para ela?

 Sem perceber acabei por ir para o lugar que menos deveria ir, a casa dela, me aproximei rápido vendo que seu quarto estava em total silencio, era madrugada, toda a casa estava em silencio, comecei a caminhar de um lado para o outro sem conseguir ficar quieto, então  ouvi a voz de Seth, ele queria saber o que estava acontecendo, minha resposta foi um sonoro:

 - Cala a boa e sai fora!- mas o garoto é insistente e logo perguntou novamente, sai com uma resposta ainda pior e pedi que me deixasse em paz, a voz de Sam apareceu clara em seu pedido, dizendo para o garoto sair, e finalmente eu estava sozinho, sozinho com minha dor, minha angustia, minha decepção.

Exausto sentei sobre as patas tentando me acalmar e ouvi gritos, era a voz dela, fiquei em pé, em prontidão, quando percebi que ela gritava por mim quase corri em direção a janela, era meu nome que eu ouvia, a luz do quarto se acendeu, Charlie e Renee tentavam acalmá-la, mas ela estava muito nervosa, chorava muito, isso me deu esperanças, Bella estava tão angustiada quanto eu, me lembrei de seu rosto antes de virar e ver Edward, vira um brilho em seu olhar, firmei meu pensamento nela e tive quase certeza de que era determinação, me recriminei por não ter ficado lá e escutado, mas como não ficara para ouvir não sabia o que acontecera, um fio de esperança surgiu dentro de mim, e se ela tivesse feito o que me prometera?

 Precisava falar com ela, saber tudo, agora, alem da dor havia a ansiedade,  passei  a desejar que a manhã surgisse no horizonte, pois seria a hora em que ela ficaria sozinha, já que eu sabia que Renee iria embora hoje, e Charlie a levaria, deitei sobre as patas e fiquei na espera, olhos e ouvidos fixos naquela casa, meu coração batendo descompassado, ele só se acalmaria quando a visse e falasse com ela. 

Quando finalmente ouvi os sons de movimento pela casa chamei Seth, ele custou a responder, estava irritado comigo, mas quando ameacei chamar outro dos garotos ele logo me atendeu:

- Fale com um dos garotos, peça para trazerem meu carro e minhas  roupas que estão jogadas perto da garagem para a casa de Bella.

- Pq? – ele ainda se atreveu a perguntar e eu gritei:

- Faça isso agora!

Eles demoraram, mas chegaram um pouco antes de Charlie e Renee saírem, o que me deu tempo para me vestir, sei que estava horrível, completamente arrebentado, com a mesma roupa da noite anterior, mas precisava acabar com a duvida que me corroia,  agradeci a eles e assim que vi a viatura saindo corri e entrei pela janela do quarto dela, estava vazio, apenas o cão sobre a cama, ele pulou e se aproximou gemendo, ele estava triste.

Bells surgiu na porta perguntando:

- O que foi? – seu rosto estava mais pálido, e os olhos inchados e vermelhos indicando que a noite dela não fora boa, mas com certeza eu não estava melhor, assim que pôs os olhos em mim ela se jogou, pulando em meu pescoço me apertando com muita força, segurei-a o mais firme possível, desejando que aquele gesto não indicasse apenas arrependimento, mas que ela fizera o que me prometera.

Sua voz saia travada, aos trancos, como se estivesse trancada em algum lugar:

- Me perdoe.. me perdoe...por favor... eu não sabia, -  as mesmas palavras repetidas e repetidas me pareciam sinceras, eu queria acreditar, precisava acreditar, ela ainda repetia – eu não sabia...- Edward sabe como fazer as coisas e você sempre cai. -  pensei.

- Acredito em você...- falei, eu acreditava, ela se deixava conduzir e nos maltratava com isso, tive que confessar que esse fato me magoara muito e lentamente,  a soltei enquanto ela se mantinha agarrada a mim, observei seu rosto e confessei:  – passei a pior noite da minha vida, queria poder odiar você, mas não consigo... – isso também era verdade, meu amor era tão grande que seria capaz de passar sobre qualquer coisa por ela, e isso estava acima de mim, acima das minhas vontades.

- Sua noite não foi pior do que a minha. – era difícil de acreditar que qualquer sofrimento fosse como o meu, mas a aparência dela confirmava o que ela falou – Me culpando por ser uma total e completa idiota, por te fazer sofrer, e por não saber se você me perdoaria, se algum dia ia querer me ver novamente... – como você pode pensar isso? Você não sabe o que significa para mim? – pensei olhando aquele rosto desfigurado pela dor e acariciando-o  confessei mais uma vez:

- Não consigo ficar longe.

Bells sorriu, parecia mais tranqüila, mas meu anseio ainda estava ali, meu medo de que seu arrependimento fosse apenas por ter me decepcionado,  que ela não tivesse terminado com Edward, ela então me aliviou um pouco:

- Eu amo você muito! – falou com a voz macia acariciando meu rosto, me olhando profundamente me enchendo de esperanças, mas sua ultima frase foi confusa, o que isso significava : – Aconteça o que acontecer, jamais esqueça ou duvide disso.

Disso eu nunca duvido, eu sei, eu vejo,sempre soube que ela me ama, mas o que isso significa afinal? pensei e emendei:

- Como poderia? Só o que faço é pensar em você, em como nós seriamos felizes juntos. – as lágrimas embaçaram minha visão distorcendo seus traços tão amados, isso pouco me importava, estava ali, entregue, aberto, mostrando a ela meus piores medos.

 – Bella! Por favor, diga que você fez o que me prometeu...- essa era a hora, o momento que eu esperara desde que ouvira ela me chamar, tomando coragem falei: - quando ouvi você gritar por mim está noite  tive esperanças...- encarei seus olhos, mal respirava na espera, mas quando terminei de falar vi um brilho surgir nos olhar dela,  sua voz saiu firme e segura como desejo que esteja sempre.

- Prometi, - um leve sorriso apareceu - sei que demorei, que sou uma idiota, que não fiz exatamente como deveria, mas fiz.

Correspondi ao sorriso dela sentindo meu coração bater feliz, como poderia ficar indiferente a isso, se era tudo o que eu queria ouvir. Ela se aproximou, acariciando meu rosto, e meus olhos, num gesto tão delicado que aliviou meu coração e pela primeira vez em horas foi mais fácil respirar, seus lábios doces passeavam por meu rosto e sua voz acariciou meus ouvidos e meu coração quando afirmou:

- Eu amo você! Edward nunca mais ficará entre nós, é você quem eu quero, é você quem eu amo. Você é o meu sol. – eu precisava muito ouvir isso, precisava para poder voltar a vida, de repente, as últimas horas de dor pareciam não ter existido, bastava ela me olhar daquele jeito, bastava me falar assim, e toda e qualquer dor que eu sentisse se esvaia.

Eu queria muito acreditar, se tudo fosse como eu vislumbrava, finalmente poderia ser feliz, depois de tanto tempo.

Fechei meus olhos apertando-a contra mim, o mais próximo possível, desejando que esses pensamentos se realizassem.

Movi minhas mãos pelas costas dela e senti seu corpo reagir, me afastei olhando-a nos olhos, Bells estava entregue, como nas outras vezes em que estivemos assim, tão próximos, eu podia ver sua alma através de seus olhos, sei o que ela significa e sempre significará para mim, Bella me pertence mesmo que não saiba, mas seu corpo, sua alma e coração já sabem pensei sentindo sob minhas mãos os movimentos do coração dela e de seus músculos a meu toque.

Precisava falar, mostrar a ela que morreria se ela me deixasse, que seria pior do que para Edward, pq ele ao menos está morto, eu continuaria a respirar, comer e dormir, mas não seria mais eu.

- Eu amo você. – sussurrei, a voz já não queria mais sair – Não saberia viver sem você. – emendei antes de me aproximar mais e fazer o que eu desejava, beijá-la de maneira urgente, tão urgente quanto minha necessidade de tê-la sempre ao meu lado, o coração dela acelerou enquanto ela me apertava, o beijo ficou mais intenso, estavamos  ansiando por acabar com todo o ressentimento, dor e medo que ainda havia entre nós.

Puxei seu corpo para mais perto, suas mãos acariciaram meu pescoço, a distância era dolorida, eu a queria mais e mais perto,  o  mais junto possível, e Bells fez algo que me surpreendeu, passou a mão sob minha camisa, encontrando minha pele e meus músculos tensos pela noite doida que eu passara longe dela, esse toque, lentamente iam me relaxando, provocando outras sensações, soltei um som forte, liberando a dor,  respirando com dificuldade continuei a beija-la.

Meus movimentos eram automáticos e fáceis, como se isso fosse algo que eu fizera a vida toda, como se ali não existissem segredos para mim, mordisquei a ponta da orelha dela, e outra vez seu corpo reagiu, mas suas ações me surpreendiam a cada momento mais, ela puxou minha camisa que se abriu rápida, sentir suas mãos sobre meu peito era a melhor sensação que eu poderia ter, muitas foram as vezes em que isso aconteceu, mas essa era como se fosse a primeira, desejei que ela se sentisse como eu, passei a minha mão sob a malha macia da camiseta e caminhei lentamente sobre a pele suave de suas costas, isso foi demais para ela que desabou em meus braços,  ergui seu corpo delicado e leve, mantendo-a colada a mim, beijando seus lábios macios  com todo  o amor.

Com carinho a coloquei sobre a cama, mantendo-me muito próximo, ela tirou minha camisa enquanto eu a olhava, respirar não era uma tarefa fácil e eu me sentia como se tivesse corrido por léguas, ela sorria levemente me mostrando que queria tanto quanto eu aquele momento, eu não conseguia desviar os olhos daquele rosto, de sua expressão, havia certeza ali, certeza do que estávamos fazendo, ela estava se entregando sem medo, me provando que me amava e que era minha como sempre soube que ela era.

Não poderia decepcioná-la, precisava mostrar que aquilo era muito importante para mim, não apenas um momento que passaria,mas que seria eterno. Me aproximei beijando seu rosto e lentamente fui até seus lábios doces e delicados, ela continuava a acariciar meu peito, tentando  controlar meus movimentos comecei a puxar sua camiseta com calma, procurando ser o mais delicado e gentil possível, embebi meus olhos em sua beleza delicada quando a camiseta finalmente passou por sua cabeça, a pele alva, os seios pequenos e rosados, e a vi sorrir tranqüila, era tão natural, tão sereno, estávamos fazendo mais do que amor, estávamos finalmente nos ligando, ligando nossos corpos, pq nossas almas já estão ligadas pensei soltando um suspiro de felicidade.

Suas mãos foram então para minha cintura, eu sorri feliz com aquela iniciativa, isso mostrava sua confiança em mim, a cada momento ela me surpreendia mais, isso estava me fazendo tão bem que poderia morrer nesse momento. Levei minhas mãos até sua cintura pequena, sentindo a pele suave sob elas e a despi, colocando nesse gesto todo o carinho e amor que sinto por ela, tentando mantê-la ligada a mim por meus olhos, dizendo através deles o quanto a amo e a importância que este momento tem para mim, palavras não são necessárias para expressar o que estamos fazendo, finalmente seremos um.

Desci lentamente  beijando cada parte da pele suave do pescoço até finalmente chegar aos seios, suguei o mamilo entumecido e senti ela gemer, assim como toda a sua pele se arrepiar, eles estavam cheios oferecidos, isso me incendiou, mas precisava controlar meus desejos.

Voltei para os lábios macios e vermelhos por causa dos beijos e depois de mais um beijo me afastei para poder ver seus olhos, queria estar assim ligado no momento em que nossos corpos finalmente se uniriam formando a mais pura e forte ligação, as lágrimas correram pelo rosto dela enquanto ela me olhava diretamente dentro dos meus olhos confirmando nosso amor, não pude deter as palavras que saíram pela minha boca:

- Amo você! – era a mais simples e pura verdade, nada é mais forte do que meu amor por ela, nada é mais certo do que o que eu sento, nada poderá separar nossas almas, nada poderá nos separar, não agora que somos um, ela confirmou o que eu pensara e o que seus olhos diziam com as palavras que eu necessitava ouvir sempre:

- Também amo você! – e num movimento rápido me beijou, ansiosa, estávamos unidos, ligados, como sempre estivemos, mas agora de maneira completa, meu corpo foi invadido por uma sensação nunca antes sentida, uma mistura de amor, paz, felicidade, paixão, tudo ao mesmo tempo enquanto a ouvi gemer alto, aquele era o nosso momento mágico, nenhum imprinting teria a força que nossos sentimentos demonstravam ter naquele momento, essa era minha maior certeza enquanto a mantinha colada ao meu corpo, nada mais poderá nos separar, nada poderá se colocar entre nós. 

Essa certeza saia pelos meus lábios enquanto eu repetia que a amava, amava, com todas as minhas forças, com as forças do meu coração, da minha alma, do meu corpo.

Ela chorava ainda, colada a mim, molhando meu corpo com suas lágrimas, mas quando deitei e a puxei para perto, vi a paz e o amor refletidos naqueles olhos, isso era o que importava, mas Bells ainda se sentia incomodada com o que acontecera na noite anterior, e manifestou seu medo, não pude dizer que não sentira medo, ela se afastou e se ergueu, me olhou diretamente nos olhos, e confessou que me amava, dando-me certeza de seus sentimentos, a felicidade me invadiu novamente e mostrei isso a ela sorrindo, me apoiei sobre o cotovelo afirmando aquilo do qual nunca duvidei:

- Você é, e sempre foi minha, só não sabia... – ela sorriu, agora ela sabia, pensei, agora ela tem noção da verdade disso - e nunca vou permitir que nada se coloque entre nós, que nada atrapalhe nosso amor e nossa vida. – isso era uma garantia, eu prometera servidão eterna e isso era o que ela teria, continuei o mais firme possível: -  Mas, a partir de hoje somos mais do que almas ligadas, somos um. - e essa verdade era a maior de todas, depois do que aconteceu tenho mais forças para fazer o que for necessário, pq não luto para provar meu amor por ela, ou o amor dela por mim, mas para firmar cada vez mais o nosso amor.

Sua expressão me mostrou que aquelas palavras fizeram morada dentro dela, Bells não as esqueceria, ela as vivera junto comigo minutos atrás, seu abraço forte foi a comprovação mais uma vez de que eu não estava errado, e suas palavras já desnecessárias ainda confirmaram:

- É exatamente assim que me sinto. Sei que sou mais do que eu agora, somos nós.

Enquanto ela falava lembrei do presente, o presente de formatura que trouxera e que ficara perdido depois daquele maldito acontecimento,  pulei rápido da cama e procurei minha calça enquanto ela me olhava curiosa e encabulada, pois depois que vi a calça sob o cão percebi seu rosto afogueado, me controlei apesar da vontade que tive de fazer uma brincadeira, nada falei, não queria constrange-la mais nem irrita-la depois de tudo, e tentando agir naturalmente sentei e mostrei a ela meu presente.

Seus olhos se arregalaram com a surpresa, ela pegou a caixinha nas mãos, enquanto eu a olhava ansioso na expectativa do que pensaria, a abriu, então vi seu rosto se abrir feliz, ela gostara,  logo as lagrimas estavam escorrendo por seu rosto novamente, Bells é mesmo uma chorona, mas sua voz era tranqüila e feliz quando falou estendendo o braço para que eu a colocasse:

- É linda!

Estivera ansioso quanto a isso, fiquei com medo que não fosse bonita o suficiente, que de repente ela não gostasse. Pura estupidez todo esse medo, Bells estava encantada.

Tentando brincar perguntei fazendo uma cara de coitado:

- Você me ama?

Ela não levou a pergunta na brincadeira, pude perceber pelo seu jeito quando falou:

- Para sempre!

Fui tomado pela certeza daquelas palavras, por seu sorriso delicado, por seu jeito que eu tanto amo, puxei-a para perto, isso era o que eu mais queria, não largá-la mais, deitamos sobre as almofadas nos acomodando colados um ao outro, mantive minha mão sobre o seu braço, movimentando lentamente, aproveitando a maciez da pele dela, e lentamente sem perceber fui tomado pelo sono, depois de quase três dias sem conseguir descansar, finalmente um momento de paz me dava tranqüilidade suficiente para relaxar e me deixar dominar pelo sono. Mas pouco depois senti que ela se movimentava. - Isso não. – pensei puxando-a até que ficasse sobre mim, acomodei seu corpo delicado sobre o meu e a prendi com meus braços, se ela saísse dali eu saberia, Bells descansou a cabeça no meu peito, suspirei feliz, nada em momento algum da minha vida superava este, pensei, antes de voltar a dormir com a mulher da minha vida em meus braços.

O tempo de sono não foi longo, mas me ajudou a aliviar meu cansaço físico e emocional das ultimas horas, entretanto não foi bem como eu gostaria que fosse, acordei com os latidos de Sunshine muito longe de mim, como se ele estivesse num túnel, e um leve aroma irritando minhas narinas, Bella se afastou me tirando totalmente do mundo do sono, me ergui e vi seu corpo pequeno e delicado se movimentar tentando não fazer barulho, falando baixinho com o cão. - Ela é linda! – pensei sonolento, sentindo meu coração acelerar, esticando os braços a puxei para perto, mas então o cheiro que eu sentira superficialmente ficou forte, entrou irritante pelas minhas narinas, eu reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar, fiquei em pé procurando por ele, o sanguessuga se atrevera a vir até aqui e nos vira juntos, isso me irritou muito, ele a vira nua, meu corpo estremeceu, mas o pior ainda estava por vir, ouvi Bells suspirar. Isso não podia ser, ela estava preocupada com ele pelo que ele vira? Esse pensamento me derrubou. Depois de tudo ela ainda se preocupa em magoa-lo? A olhei sem conseguir dissimular minha decepção pela reação dela, mas Bells então tratou de me aliviar, esclarecendo que me amava e que o fato dele ter nos visto apenas confirmara o que ela lhe falara na noite anterior, ainda perguntou se havia ainda duvidas entre nós, ?

Duvidas? eu pensei, que duvidas poderia haver, eu sempre soube quem ela era para mim, ela é que ainda não percebera. Bells confirmou que via tudo como eu vejo, sim, depois dos momentos que vivemos, não pode haver mais medos. Mas parece que não estamos destinados a tranqüilidade, algo ainda a incomodava, é o maldito imprinting, isso não vai me deixar em paz nunca? Tentei garantir que meu amor era minha maior certeza, eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para estarmos sempre juntos, nada me faria desistir dela,  nos abraçamos tentando controlar nossos medos, agora um ajudaria o outro, seriamos o apoio um do outro, isso era o importante..

Bella se afastou ao ouvir meu estômago roncar, rindo e comentando que isso agora era outra coisa a qual ela teria que se acostumar, não pude negar, é verdade.  Sorrindo disse que iria preparar algo para eu comer, mas antes ia tomar um banho, levantou calma se enrolando no lençol, eu ri ao vê-la desse jeito enquanto ela me olhava fazendo cara de irritada, a vi pegar a roupa e tomar a direção do banheiro, permaneci deitado na cama sentindo seu aroma em cada almofada, no lençol, era como se ela continuasse ali junto de mim, mas então, contrariado ouvi um som conhecido, mas que não queria escutar, aquele motor, era o carro de Charlie, ele não poderia me ver ali, pulei da cama, me vesti o mais rápido que pude, e escrevi um bilhete.

“ Volto a tarde. Amo você”

Coloquei no espelho perto da minha foto, achando que ela veria logo, se bem que isso não tinha a menor importância já que eu pretendia ligar para ela assim que chegasse em casa. Charlie já subia as escadas, sem mais tempo, pulei pela janela e corri, deixara o carro longe para evitar confusões, estava tão feliz, correndo tranqüilo,  como a muito tempo não acontecia, mas a alegria se foi quando vi aquele maldito sanguessuga encostado em meu carro.

Parei olhando-o diretamente, lembrando que ele invadira o quarto de Bells enquanto dormíamos.

Ele me encarava, caminhei seguro e lentamente até ele, tentando controlar o lobo que tentava escapar de mim.

- O que você quer? – minha voz saiu arranhando minha garganta.

- Conversar. – sua voz era tão serena quanto sua expressão.

 - Conversar? Sobre o que? – pensei

- Sobre a Bella. – ele respondeu ao meu pensamento.

- Não há mais o que falar. – repeti agora em alto e bom som.- Ela já tomou sua decisão, é a hora de você aceitar.

Ele se moveu se afastando do capô do carro e meu corpo voltou a tremer, Edward pelo jeito estava querendo confusão, atrapalhar minha felicidade:

- Eu ouvi muitas vezes sua recriminação sobre meu relacionamento com ela, sempre pensei que você poderia ter razão. Afinal eu sou um...- a palavra não saiu e ele fez uma pausa antes de continuar – e ela necessitaria fazer muitas mudanças para ficar comigo.

Permaneci calado me controlando, querendo saber onde ele chegaria.

- Depois que Bella se foi ontem. – continuou – fiquei pensando em tudo, nos prós e contras de nossa relação, e nos prós e contras de sua relação com ela.

- Ela me ama! – falei firme, essa era minha maior certeza, não permitiria que ele colocasse alguma duvida sobre isso.

Ele sorriu, não pareceu se abalar com o que falei e continuou:

- Bella também me ama e isso nunca impediu você de ver o que havia de errado em minha relação com ela.

- Você está querendo comparar nossas relações? São muito diferentes. – falei cansado de ouvir suas bobagens fechando os punhos na tentativa de me controlar, mas não estava sendo fácil – ela não precisará abandonar sua família, seus amigos, sua vida  por mim.

Ele voltou a sorrir:

- Isso só prova o quanto ela me ama.

Respirei fundo, sentindo que não me controlaria por muito mais tempo, e ele sabia, parecia que era isso o que queria, me obrigar a tomar uma atitude que eu tinha certeza que Bells  jamais perdoaria quando continuou:

- E você sabe! – afirmou ainda continuando – Sei ainda que você  não se sente assim tão seguro, afinal o imprinting é real, ele vai acontecer, uma hora ou outra... – interrompi seu comentário, não o deixaria continuar falando como se soubesse mais da minha vida do que eu mesmo.

- Ou nunca acontecer!

Nada que eu dissesse parecia afetá-lo:

- Essa não é sua única desvantagem, há os Volturi, eles esperam que Bella se torne minha esposa para manter o segredo.

Desta vez quem sorriu fui eu apesar dos tremores que não cessavam:

- Segredo por segredo, ela terá que guardar o meu. – isso ele também não poderia negar.

Percebi que ele não gostou da resposta, e logo continuou:

- Você...- ele me olhou de alto a baixo, me irritando ainda mais.

- O que tem eu?- pensei e ele respondeu:

 - Apesar da sua aparência você não passa de um garoto, um menino crescido. Que tipo de vida você pode oferecer?

- Posso oferecer vida. – falei sentindo que meu limite chegara, aquela conversa estava indo longe demais

Ele abriu os braços  e continuou como se eu não tivesse falado:

- Posso mostrar o mundo a ela, Bella viverá em casas confortáveis, com pessoas cultas...

Esse foi o ponto final, senti um tremor me invadir e Edward se afastou um pouco, mas continuou:

- Pense! Pense no que você pode oferecer além de um amor passageiro. .. – e antes de sumir falou: - O meu amor é eterno!

Outro tremor e o lobo sairia arrasador de mim, respirei fundo, foi pior, aquele cheiro me invadiu, soltei um grito furioso,  agradecendo  por estar longe das casas, só não me transformei pq aquelas palavras estavam martelando em mim, fazendo um buraco no meu peito, ele não seria bom para ela eu sempre soube disso, mas ate que ponto eu sou?

- Eu a amo! – gritei com todas as forças dos meus pulmões, sim eu a amo, ela é a minha vida, nada tem importância sem ela, ninguém vai tomar o seu lugar, eu faria qualquer coisa para vê-la feliz, qualquer coisa para que ela nunca mais desejasse estar perto dele.

Mas a dor voltara, odiei-o mais, como se isso fosse possível, já o odiava com todas as forças do meu ser.

Sem pensar duas vezes voltei para a casa de Bella, precisava saber se ele não fora para lá, escutei com atenção todos os sons, e a medida que me aproximava agucei o olfato, mas aquele cheiro não estava por ali, ele se fora, nos vira juntos, ficara para infernizar minha vida e fora embora, voltei lentamente até o carro, isso não iria me derrubar, se ele pensava que eu desistiria por causa de suas palavras, estava muito enganado.

Entrei no carro quase arrebentando a porta ao fecha-la e tomei a direção de casa, pensando em tudo,  tudo o que acontecera no final da noite, nossos momentos perfeitos, mas a vida não é só isso, há outras coisas, preciso estar pronto para ser tudo o que Bella necessita.

Quando cheguei em casa havia uma surpresa, minha irmã Rachel estava lá, isso me aliviou um pouco da tensão provocada pela conversa irritante com Edward, mas eu sabia que isso era passageiro, só Bells conseguiria colocar paz em meu coração novamente, muito carinhosa minha irmã me abraçou, chegara a pouco tempo, e ao me olhar sorriu dizendo:

- Você está horrível, sujo e descabelado. Onde andou?

- Tive alguns contratempos,- e lembrando de Bella – e momentos inesquecíveis, mas está tudo bem. Preciso de um banho. – ela passou o braço pela minha cintura me olhando com uma expressão curiosa no rosto e entramos em casa.

 - Oi pai! – falei ao ver Billy sentado na sua cadeira assistindo tv.

- Jacob! Como foi a noite? – eu sabia o que ele queria dizer.

- Péssima e maravilhosa! Qual das duas você quer saber?

Ele sorriu e desviando olhar falou:

- Nenhuma, deve ser uma historia longa, com calma fico sabendo depois pelos garotos, eles contam com mais imparcialidade do que você.

Tive que sorrir, minha vida definitivamente não era segredo para ninguém, mas havia algo, algo que eu guardaria só para mim, isso eu não permitiria que ninguém soubesse, esse pensamento desanuviou minha alma, Bells era minha em sua totalidade, mente, corpo, alma e coração, nada que aquele sanguessuga fizesse poderia abalar isso.

Rápido caminhei em direção ao telefone, precisava falar com ela, saber se estava tudo bem, acabar com o restinho de preocupação que me incomodava. Charlie me atendeu, pedi para falar com Bella, ouvi ele a chamar e logo o som de algo caindo, fiquei  sem conseguir respirar até ouvir a voz dela,:

- Jake! Onde você está?

- Estou em casa, seu pai chegou e tive que sair, - falei baixinho já que meu pai e minha irmã estavam ali. – O que aconteceu, você caiu?

- Sunshine, - ela parecia estar rindo - correu junto comigo, até parece que o telefonema era para ele, quase me derrubou, se não fosse Charlie eu estaria estirada no chão agora.

- Está tudo bem mesmo? – apesar de perceber a tranqüilidade em sua voz, tive que fazer essa pergunta, lembrando de Edward, eu precisava ficar atento ele não iria desistir tão fácil.

- Tudo bem sim. Quando você vem? – sua voz era ansiosa,  gostei disso.

- Mais tarde, você me espera?

- Claro!

- Eu te amo! - sussurrei

- Também te amo, vou espetar. – não cansava de ouvir isso.

- Até mais amor! – falei num sussurro e ela sorriu antes de concluir:

- Até mais amor!

Coloquei o fone no gancho e me deparei com dois pares de olhos a me avaliar.

- O que foi?

- Ouvi direito? – era a voz debochada de Rachel – meu irmão caçula estava dizendo eu te amo ao telefone?

- Pq a surpresa?

Ela sorriu e me abraçou, dizendo que estava feliz por mim, mas mais feliz pela sortuda que me fisgara. Agradeci o comentário e tomei a direção do meu quarto, explicando que precisava de um banho com urgência.

- Acho bom, você não poderá participar da reunião desse estado. – era a voz de Billy.

Estaquei no meio do caminho.

- Reunião, mas eu vou até a casa de Bells mais tarde.

A voz de Rachel se fez ouvir novamente:

- Bells! Esse é o nome dela?

Lancei um olhar zangado para ela, acabara de chegar e já estava me irritando, não respondi continuei prestando atenção em  Billy que falava:

- Traga ela...Bella já participou de nossas reuniões,  será uma comemoração também, pelo retorno de Rachel.

Enquanto falávamos Rachel nos olhava curiosa, eu sabia que outro comentário viria, ela não foge a regra das mulheres quileutes e sua mania de se intrometer em tudo.

- Afinal o nome dela é Bells ou Bella?

Suspirei antes de responder:

- Nem Bells, nem Bella, é Isabella. – precisei ainda esclarecer algo: - Para os outros, como você, é Bella, mas para mim  é Bells.

 Então, pedi licença, sem olhar para seu rosto, tenho certeza que outro comentário viria e eu não queria perder a paciência com ela em seu primeiro dia, beijando sua testa fui para o banho, tão necessário. Rachel ainda tentou fuxicar mais, mas no momento tudo o que eu queria era um bom banho e voltar logo para perto de Bella, depois de tanto tempo separado, não ficaria longe por muitas horas.