Mas aquela noite com certeza não ficaria marcada como uma noite tranqüila, voltei a sonhar, e não foi um sonho nada agradável.

O sol estava encoberto como sempre, o vento frio balançava meus cabelos mas estranhamente não me afetava, era uma sensação estranha, como se não fosse eu quem estava ali, apenas via pelos olhos de alguém que não era eu, a floresta me parecia diferente, menos assustadora, aquela parte de La Push me era muito familiar, caminhara muitas vezes por aqueles mesmos lugares, entre aquelas árvores, sempre acompanhada, mas, neste momento estava sozinha, e isso não me incomodava.

Ouvi passos, passos muito leves e me virei, lá estava ele, Jacob, meu companheiro de passeio, lindo como sempre, que me olhava com total indiferença e até com certa irritação, sorri e o ouvi falar:

– O que você faz aqui?

O corpo que não me pertencia se moveu novamente, se aproximando de Jake, ele se afastou enquanto eu falava:

– Sempre vim aqui. – minha voz era maravilhosamente sonora, mas não fora eu quem falara.

Jake parecia mais irritado a cada instante:

– Isso foi antes. – falou, e me olhando de alto a baixo concluiu: - antes de você se tornar um deles.Agora você já não é bem vinda.

O meu corpo se movimentou rápido, ficando atrás dele, provocante.

– Você esta sozinho? – a voz era maravilhosa.

– Você quer saber o que? – ele parecia a cada minuto menos receptivo.

Fiz um gesto na tentativa de tocá-lo, mas a mão não se movimentou, ouvi então a pergunta sedutora:

– Você ainda sente minha falta?

Ele se virou, me olhou muito serio, diretamente nos olhos e respondeu:

– Não! E você? Satisfeita com sua escolha?

Ouvi uma risada alta saída de mim.

– Muito! – o corpo se movimentou novamente em volta dele e perguntou: - O que aconteceu com nossa árvore? – eu também queria saber dela.

– Morreu! – falou calmo, e eu pensei: como morreu? quis perguntar mas a minha pergunta não saiu, era apenas a outra quem podia falar.

Nesse instante já não estávamos em La Push, mas no lugar do nosso ritual, vi então a árvore, nossa árvore seca, galhos retorcidos, encarei Jacob, ele permanecia sério :

– Em nome de nossa antiga amizade vou deixar esta invasão passar, mas não quero vê-la aqui outra vez. Fique longe.

Sua voz era firme e seu olhar frio não atingiram a pessoa que falava com ele,enquanto eu gritava por ele trancada dentro daquele corpo que não era eu, era apenas MEU corpo.

Um sorriso malicioso apareceu no rosto desse corpo que não me pertencia concordando:

– Não se preocupe, passei apenas para saber como me sentiria ao retornar, vejo agora que foi bobagem. Adeus Jacob Black!

– Adeus Isabella Swan! – como que sou eu? gritei lá de dentro.

– Não sou eu! Não sou eu! - gritei desesperadamente, mas ele não me ouvia, se virou explodindo num lobo e correu, meu corpo correu também em direção oposta a dele enquanto meu outro eu se debatia e gritava por ele.

Acordei chorando e gritando, Renee e Charlie estavam sentados ao meu lado, ela me abraçava confortadora, mas aquele maldito sonho fora real demais, a frieza de Jacob ainda doía, eu não queria pensar em como agiríamos um com o outro se eu tivesse optado por Edward, mas meu inconsciente me mostrou, me mostrou a dor que eu sentiria se ele não me quisesse mais, se ele não me amasse mais, se ele não fosse mais meu.

– Isso não pode acontecer, isso não pode acontecer...- repetia olhando minha mãe.

– O que não pode acontecer Bella? – sua voz era ansiosa e preocupada, me olhava querendo ajudar, mas sem saber como.

– Jacob, onde ele esta?

Charlie entrou no meu quarto, parecia atônito ao falar:

– Deve estar na casa dele minha filha!

– Preciso falar com ele. – tentei me levantar, mas cambaleei, ainda estava sob o efeito do calmante, Renee me puxou de volta para a cama.

– É madrugada Bella, ele deve estar dormindo.

Me sentindo impotente, cobri o rosto com as mãos e voltei a chorar enquanto Renee me acariciava ternamente e pedia a Charlie que nos deixasse sozinhas, contrariado ele se foi, só sossegou depois que garanti que estava bem se ele fosse, a medida que me acalmava minha mãe tentou conversar:

– Quer contar o seu sonho?

– Não. – eu queria, mas não podia. – foi apenas um pesadelo, mas me pareceu tão real, fiquei apavorada, é só.

– Você ama esse garoto. – isso não foi uma pergunta, foi uma afirmação.

– Sim. – essa era minha maior certeza no momento.

– E ele ama você?

– Até hoje amava. – essa constatação quase me deixou sem conseguir respirar, eu não sabia o que faria, nem o que seria de mim se ele não me amasse mais.

– Então pq...- eu não queria falar.

– Você não entende. - falei por fim e ela retrucou:

– Entenderia se você me falasse o que está acontecendo? O que foi aquele pedido, você escapando dos cumprimentos, a briga com Edward ?

Fechei os olhos, não podia dar qualquer resposta a isso, falei apenas o que podia:

– Jacob está bravo comigo, pq prometi que iria terminar com Edward, mas aconteceu o que você viu...agora não sei o que vai acontecer, se ele vai me perdoar.

Renée me abraçou e foi bom.

– Sinto muito minha querida!

Não respondi, a dor voltara mais forte do que antes, e o calmante já não fazia efeito algum. Me recostei em minha mãe, agradecendo pela presença e pelo carinho dela.

A madrugada ia alta quando meu pai apareceu, avisando Renee do horário, ela precisava levantar para acertar tudo para a viajem, se não pretendia se atrasar. Ela me olhou preocupada e eu tentei garantir que ficaria bem, que tudo se resolveria, mas ela só foi depois que prometi mantê-la informada dos acontecimentos.

Assim que fiquei a sós repassei tudo o que acontecera, cada mínimo detalhe, me condenando por ser uma total e completa estúpida, então lembrei de alguém que costumava me ajudar, desci até a lavanderia, peguei meu cão que agora já não cabia totalmente no meu colo e voltei para o quarto, coloquei-o sobre a cama e me deitei, ele se recostou em mim e ficou me olhando tristonho, parecia compreender como eu me sentia.

– Onde ele está? – perguntei acariciando a cabeça pequena dele – Você sabe? Se sabe, onde seu amigo está, me diga. – ele me olhou e virou a cara fazendo um som de reclamação.

– Até você está contra mim? - pensei

Fechei os olhos enquanto minha mão passeava sobre o pelo macio do meu cão, até respirar era dolorido, tão dolorido quanto ficar ali sem saber o que fazer ou onde ele estava, lembrei mais uma vez do rosto de Jacob me olhando, desta vez eu não seria desculpada, prometera e não cumprira. Ouvi o som da porta do quarto se abrindo, por um instante achei que fosse ele, mas era Renee que vinha se despedir, ela estava preocupada, mas insisti que assim que tudo se resolvesse, se, se resolvesse, eu avisaria e depois de um abraço e um beijo confortador, ela foi.

Não ia conseguir dormir mais, melhor era tomar um banho, fui em direção ao banheiro e Sunshine pulou da cama, fazendo um som de choro:

– O que foi? – perguntei voltando para o quarto e o vi, a única pessoa que desejava ansiosamente ver, parado no meio do meu quarto, com a mesma roupa da noite anterior, os cabelos úmidos e o rosto magoado, me atirei sobre ele agarrando-o o mais próximo e forte que podia, os braços dele circulavam meu tórax me mantendo presa, voltei a chorar desesperadamente ao lembrar do sonho e de tudo o que acontecera naquela festa.

– Me perdoe.. me perdoe...por favor... eu não sabia, - não conseguia formular uma frase coerente, tamanho o desespero que me invadiu. – eu não sabia...

Ele ficou calado por alguns instantes me fazendo acreditar que viera para dizer que não me perdoaria, que eu o tinha perdido, porém quando falou sua voz era dolorida, mas carinhosa:

– Acredito em você...- falou e lentamente, contra a minha vontade foi me soltando enquanto continuava – passei a pior noite da minha vida, queria poder odiar você, mas não consigo...

– Sua noite não foi pior do que a minha. – confessei – Me culpando por ser uma total e completa idiota, por te fazer sofrer, e por não saber se você me perdoaria, se algum dia ia querer me ver novamente...

Ele acariciou levemente meu rosto e aqueceu meu coração com suas palavras:

– Não consigo ficar longe.

Sorri em meio as lágrimas, aquele comentário me encheu de esperanças.

– Eu amo você muito! – confessei acariciando seu rosto bronzeado, observando cada detalhe dele, desejando apagar a dor que eu provocara – Aconteça o que acontecer, jamais esqueça ou duvide disso.

Ele falou direto:

– Como poderia? Só o que faço é pensar em você, em como nós seriamos felizes juntos. – os olhos dele se encheram de lágrimas.

– Bella! Por favor, diga que você fez o que me prometeu... quando ouvi você gritar por mim está noite tive esperanças...- ele estivera perto a noite toda e eu aqui me corroendo de dor querendo falar com ele, apertei-o contra mim, Jake ainda confiava em mim, depois daquela maldita noite escura o sol voltava a brilhar:

– Prometi, - falei ofegante - sei que demorei, que sou uma idiota, que não fiz exatamente como deveria, mas fiz.

Jacob esboçou um sorriso leve, me aproximei encostando meu rosto no dele, passei as mãos pelos seus olhos querendo apagar a dor que ainda havia ali, e que fora provocada por mim, me aproximei beijando-os levemente, Jake voltou a me abraçar me apertando contra seu peito forte.

– Eu amo você! – falei enquanto passava meus lábios pela pele úmida de seu rosto. – Edward nunca mais ficará entre nós, é você quem eu quero, é você quem eu amo. Você é o meu sol.

Ele fechou os olhos e sorriu. Uma de suas mãos subiu para minha nuca me mantendo pressa naquela posição, colada a ele, senti seu coração que batia forte contra meu peito, a outra mão delicadamente, passou a se movimentar nas minhas costas fazendo meu corpo se arrepiar, depois, se afastou, me olhou diretamente nos olhos, tentei mostrar a ele todo o amor que há em mim.

– Eu amo você. – falou num sussurro. – Não saberia viver sem você. - e se aproximando, uniu nossos lábios num beijo urgente, fazendo aquele buraco surgir no meu estômago e meu coração acelerar, apertei mais meus braços em volta do seu pescoço, seus lábios macios ficaram mais rápidos, não importa quantas vezes eu tenha vivido isso, sempre parece ser a primeira vez, correspondi sem rodeios ao seu beijo, seca que estava por estar assim junto dele, desejando-o cada vez mais perto.

Sua mão apertou minha cintura contra seu quadril, acariciei a pele quente e macia de seu pescoço sentindo meu corpo reagir a cada toque dele, a dor se fora, tudo o que eu queria era Jake junto de mim, tocar na sua pele quente, sem pensar enfiei a mão sob a camisa e afaguei suas costas largas, um som forte saiu de sua boca enquanto sua respiração acelerava e seus movimentos também, provocando formigamento nas minhas pernas.

Rápido, ele mordeu a ponta da minha orelha me arrepiando toda, não me contive e puxei sua camisa ouvindo o som dos botões saírem de suas casas, o peito dele ficou livre para ser tocado, um som abafado saiu de seus lábios e sem rodeios a mão dele passou sob a camiseta do pijama encontrando minha pele, por onde aqueles dedos passavam ia ficando um rastro de calor.

Não consegui mais ficar em pé, meu corpo amoleceu, ia cair, mas ele me ergueu em seus braços, totalmente grudada ao seu peito, ainda me beijando.

Logo senti o colchão da cama sob minhas costas e o peso de seu corpo enorme sobre o meu, comecei a puxar a camisa dele, que voou rapidamente pelo quarto enquanto ele me encarava, os olhos brilhando, os lábios abertos num sorriso leve, respirando com dificuldade, o peito inflava parecendo ainda maior, seu rosto estava especialmente suave apesar do desejo claro em seus olhos. Lenta e gentilmente ele se aproximou, beijou meu rosto e caminhou até meus lábios enquanto minhas mãos acariciavam o peito largo, ele estava de joelhos e suas mãos livres lentamente puxavam minha camiseta, fez isso com tanta delicadeza e amor que foi absolutamente normal e não me senti envergonhada quando ela saiu pela minha cabeça deixando a mostra meus seios.

Feliz, sorri correspondendo ao seu olhar doce e corri as mãos para sua cintura, Jacob abriu o sorriso largo, aquele que eu amo, me fazendo suspirar, já não havia a ansiedade e a dor do inicio, estávamos aproveitando cada momento, cada toque, jamais em minha vida me imaginei experimentando algo tão forte e ao mesmo tempo tão terno.

Delicado e me aquecendo por inteiro, tocou minha cintura e enfiando as mãos sob o elástico da calça, lentamente puxando-a para baixo sem desviar os olhos dos meus, fiquei apenas de calcinha, mas logo essa também já não estaria mais ali.

Jacob tirou a própria calça, sem se afastar de mim e passando as mãos pelo meu pescoço me puxou para perto,me beijando com delicadeza, movendo seus lábios com gentileza sobre os meus, não resisti a distancia e colei meu peito nu no dele enquanto ele puxava meu quadril, encaixando nossos corpos, minhas mãos corriam pelas costas dele afagando cada músculo marcado e a pele macia e quente.

Os lábios dele agora caminhavam pelo meu pescoço descendo até meus seios que nesse momento estavam tão sensíveis que pareciam sentir até o mínimo toque dele. Soltei um gemido alto e ele se afastou novamente, pouco, só o suficiente para poder me olhar nos olhos, sorriu e lentamente nos encaixamos, fui invadida por um sentimento de felicidade de estar inteira, completa, não pude evitar as lágrimas que brotaram e um gemido leve balançou meu corpo.

– Amo você! – ele sussurrou , a voz mais rouca que de costume e se movimentou fazendo meu corpo reagir, fechei os olhos e sussurrei:

– Também amo você! - rápida colei nossos lábios mais uma vez a medida que nossos movimentos ficaram mais rápidos, até que agarrados, quase fundidos, chegamos ao ponto máximo, não consegui evitar um gemido alto que escapou pelos meus lábios, enquanto as lágrimas corriam livres pelo meu rosto e a felicidade me invadia, era uma sensação tão forte que fazia meu corpo sacudir.

Jacob, me apertava com força, e respirava com dificuldade, mas logo seus lábios voltaram a se movimentar pelo meu pescoço, delicadamente voltando ao normal, enquanto ele repetia que me amava, meu choro agora era intenso, mas não era de dor, era de pura e simples felicidade.

Ele se afastou poucos centímetros sentando, sem me largar me obrigando a ficar assim junto dele, me aninhei entre seus braços, o rosto sobre seu ombro, molhando-o totalmente com minhas lágrimas, enquanto ele afagava minha pele tornando aquele momento mais perfeito.

– Eu amo você. – sussurrei

Ouvi o som do seu sorriso e ele emendou baixinho:

– Amo você mais.

Ficamos assim abraçados por um longo tempo, depois calmamente deitamos sobre as almofadas onde eu passara a noite chorando, me recostei em seu ombro grande e quente sentindo as batidas, agora compassadas e suaves de seu coração, minha mão passeava delicadamente pela pele do seu peito.

– Tive medo. – falei sentindo meu coração doer, a lembrança do que acontecera e meu medo de perder o amor do meu sol ainda estava presente.

Ele apertou o braço na minha cintura e falou:

– Também tive medo...medo que você tivesse desistido de nós...que tivesse decidido ficar com ele. – sua voz era dolorida, mas não era isso o que eu queria, não depois do tínhamos vivido.

Me ergui olhando-o nos olhos, queria que ele visse em mim cada uma das minhas palavras:

– Nunca tive tanta certeza de alguma coisa, como tenho do que sinto por você e do desejo de estar ao seu lado e de ser sua enquanto eu viver.

Um grande sorriso surgiu, ele sabia que era verdade, depois de tudo, depois de tantos momentos de indecisão finalmente me decidira, e era uma decisão definitiva e precisava que Jacob acreditasse.

Jacob se ergueu apoiado pelo cotovelo e conectado em meus olhos, segurando meu rosto com a mão falou:

– Você é, e sempre foi minha, só não sabia... – sorri ao ouvir essa afirmação tão verdadeira enquanto ele continuava: - e nunca vou permitir que nada se coloque entre nós, que nada atrapalhe nosso amor e nossa vida. – com o olhar mais doce que já vi completou: - Mas, a partir de hoje somos mais do que almas ligadas, somos um.

Fui invadida pela total certeza do que ele falava, era assim que me sentia, uma extensão dele, não um ser separado, mas uma continuação, me aproximei abraçando-o com força e carinho, Jacob soltou um suspiro, aqueles que a gente libera quando sente a paz enquanto eu falava:

– É exatamente assim que me sinto. – confessei - Sei que sou mais do que eu agora, somos nós.

Ele então saiu da cama me deixando com um olhar surpreso, parecia procurar alguma coisa, e só então me dei conta de que estava nu, desviei o olhar sentindo meu rosto aquecer, aquela me pareceu uma reação boba depois de tudo o que acontecera, mas foi involuntário, minha sorte é que Jake não me olhava, seus olhos procuravam por algo, de repente vi seu rosto se abrir num sorriso.

– Achei!

– O que? – perguntei ansiosa

– Minha calça. – disse erguendo-a do chão. – Sunshine estava deitado sobre ela.

Eu ri e olhei para o cão que me olhava culpado, não pude evitar um sorriso e talvez isso tenha distraído a atenção de Jake do meu infundado encabulamento, ele pulou na cama e retirou algo do bolso da calça, era uma pequena caixa, feliz me ofereceu o presente:

– Eu não tinha flores, mas fiz isto especialmente para você. – sem conseguir falar peguei a pequena caixa e sob o olhar atento e ansioso dele a abri. Vi então o presente mais lindo que eu poderia receber, era um cordão, com um pingente em forma de lobo. – Meu lobo. Pensei enquanto as lágrimas voltavam.

– É linda! – falei estendendo a mão para que ele colocasse em mim.

– Você gostou mesmo?

– É perfeita, não vou tirar mais.

Jacob pareceu feliz com minha resposta e colocou-a no lugar que lhe pertencia, de onde eu não pretendia tirar mais.

– Você me ama? – ele perguntou como uma criança.

– Para sempre. – falei tentando ser o mais enfática possível.

Vi surgir nos seus lábios o mesmo sorriso maravilhoso e todas as emoções vividas nos últimos minutos afloraram no meu rosto, ele se deitou me olhando diretamente nos olhos me puxando para perto, me recostei naqueles braços, sem me preocupar com qualquer coisa, Jake movimentava a mão com delicadeza sobre o meu braço, sua respiração foi ficando regular e logo percebi que ele adormecera, sorri, ele estava tranqüilo, isso era o importante para mim, com delicadeza me afastei não querendo acordá-lo, sua expressão era suave, voltei a chorar, extravasando toda a angustia e incertezas da noite passada longe dele, queria ficar ali, mas antes precisava fazer uma coisa, saí da cama com todo cuidado, e passei a chave na porta, não queria ser pega por meu pai naquela situação, já me bastava as confusões em que me metera ultimamente, agora era a hora do descanso.

Sunshine, sem a menor noção do que podia ou não fazer pulou para a cama, mas se manteve distante, deitado perto dos meus pés, voltei a observar aquele rosto, seus traços fortes me pareciam agora iguais aos do menino que eu reencontrara tempos atrás e ao qual não dera a devida importância. Sorri passando os dedos pelo cabelo úmido:

– Mas você se encarregou de me mostrar quem era e tudo o que significava para mim, e mesmo que ainda exista uma sentença sobre nossas cabeças, sei que posso contar com você sempre, em todas as horas.

Voltei a me recostar nele, Jake abriu uma pequena fresta nos olhos, sorriu de leve e me puxou para cima dele, ajeitou as mãos sobre o meu corpo, descansei a cabeça sobre seu peito, estávamos exaustos, de tanta dor, de tanta mágoa, desejando um momento de paz e muito, muito amor. Com esses pensamentos acabei adormecendo, tranqüila e feliz. Nada que viesse poderia superar esse momento, tudo me parecia possível depois de hoje. Todos esses acontecimentos serviram com certeza para reforçar meus sentimentos e provar a Jake que eu seria capaz de renunciar a velha Bella medrosa por ele.

Não sei por quanto tempo dormi, mas quando acordei a claridade do dia invadia meu quarto, mas principalmente com latidos de Sunshine, me ergui afastando meu corpo do calor de Jacob e senti frio, o quarto estava em total silencio, vazio como sempre, mas o cão continuava irritado, rosnando, olhando para a janela, fiquei em pé com cuidado, Jake ainda dormia, e passando pelo pequeno pedi que parasse, depois fechei a janela e, quando me virei encontrei um par de mãos quentes que me seguraram e me puxaram.

– Onde você pensa que vai? – falou sonolento, mas logo seus olhos se abriram, ele parou por alguns instantes, uma expressão irritada surgiu:

– Ele esteve aqui.

– O que? – pensei que não ouvira direito. – Quem Jacob, quem esteve aqui?

– Ele! – sua voz era firme, me largou e ficando em pé caminhou até a janela, olhando para o lado de fora.

Lembrei então que acordara pq Sunshine latira, só podia ser mesmo Edward, e um sentimento de pavor me atingiu. Ele nos vira juntos, deitados e...isso não poderia ter acontecido, pq ele viera? Será que pensou que minha idéia mudaria? Que eu não estava totalmente decidida?

– Se fora esse o motivo teve a confirmação de que o que foi feito não tem volta, pensei tentando ficar calma. Mas e se fosse outro o motivo? Não, que outro motivo ele teria? De repente os olhos dele ao me falar sobre Jacob na noite anterior voltaram claros a minha memória. Soltei um suspiro angustiado e vi Jake me olhar em duvida.

– Duvida não! - pensei, preciso esclarecer o significado dessa angustia:

– Venha para cá. – pedi estendendo a mão. – Por favor!

Ele se ajoelhou diante de mim, me olhando firme mas carinhosamente. Acariciei seu rosto tão amado e falei:

– Se ele veio teve a confirmação do que lhe falei ontem, que amo você e que é com você quero ficar. – e olhando-o diretamente nos olhos continuei: - Não há mais duvidas entre nós não é?

Jake apertou minha cintura com as mãos.

– Eu nunca tive duvidas, para mim sempre houve apenas a certeza, mas tinha medo que você não visse o que eu via.

Sempre ele tinha o poder de me surpreender, puxei-o para perto enterrando meu rosto no seu pescoço.

– Agora você já sabe o que eu vejo, e o quanto você é importante para mim, então não há mais duvidas nem medos. – tentei parecer segura, mas ainda havia, havia algo que não se resolvera, algo que poderia cair sobre nós, ou melhor sobre mim a qualquer momento. Meu corpo estremeceu a esse pensamento e Jake se afastando me olhou serio.

– O que incomoda você?

Não pude mentir:

– Aquilo a que todos vocês estão pré-destinados e com o qual eu não poderei lutar.

Ele suspirou e me agarrou com força contra seu corpo, a realidade é que não há como fugir, estamos destinados a aceitar aquilo que nos foi imposto e ficarmos juntos ou então desistir e não viver nada, nunca. No momento essa Bella que surge dentro de mim, influenciada pela força de Jake, quer viver o que vier, aproveitar cada minuto e pensar depois. Sua voz rouca então confirmou o que eu pensara:

– Não posso garantir que não acontecerá, e também não posso garantir que acontecerá. A única coisa que sei é que amo você, é minha única e maior certeza. Por favor, acredite e confie.

Beijei levemente seu pescoço e falei:

– Sempre!