A felicidade me invadiu e saiu pelos meus lábios, num sorriso que gostaria de ter sido um beijo, mas naquele instante era mais importante terminarmos o que havíamos começado, entreguei a tesoura a ela que me observou, havia amor em seus olhos molhados pelas lágrimas, uma expressão tão leve, que minha garganta travou, não consegui falar quando ela terminou de cortar meu cabelo apenas peguei a tesoura e fiz o mesmo com ela sem desviar os olhos dos dela, eu já escolhera a mecha que queria, estava bem diante de mim, era perfeita e brilhante, depois, fechamos o saquinho e caminhamos até nossa árvore, o tempo todo confirmava a mim mesmo para realmente acreditar que aquilo estava acontecendo:

- Bells finalmente será minha! – ecoava na minha mente, esse pensamento não me abandonava.

De repente a voz dela me tirou de meu sonho:

-  Sam e Emily...

Esses eram nomes que eu não queria ouvir, não queria nem ler os outros, todos eles, sem exceção eram casais imprintados, nós éramos os únicos que não tinham vivenciado esse acontecimento, mas respondi o que ela perguntou e tive de esclarecer que este ritual não impediria o imprinting mas evitaria um futuro ódio entre nós. Isso pareceu tranqüiliza-la de alguma forma, para mim era muito importante que nunca existisse ódio entre nós.

Mostrei a ela as outras árvores, a de meu pai e meu avô querendo que Bells percebesse que escolhera a mesma, mas ela não notou, só quando falei sobre isso foi que se deu conta, tive de comentar:

- Você quer mais alguma prova de que nossa ligação vai além de magia, de amor, de imprinting?

Ela fechou seus olhos,  parecia ter gostado do que falei, fechei os meus desejando profundamente que aquilo que estávamos prestes a fazer fosse mais uma garantia de que nunca estaríamos separados outra vez, nem que qualquer coisa se colocasse entre nós, que nossos momentos fossem apenas de felicidade e principalmente que nosso amor fosse eterno.

Me acoquei diante da árvore escolhida sem desviar meus olhos daquele rosto tão amado, ela logo se juntou a mim.

Fiz um buraco não muito fundo no chão úmido com meu velho canivete, encontrei a raiz e escavei nela o suficiente para colocar o saquinho, tudo isso acompanhado por Bells, ela não saia de perto, estava considerando aquilo tanto quanto eu e constatar isso me dava mais forças.

O buraco foi fechado, agora era a parte em que eu escreveria nossos nomes na árvore, escrevi cada letra o mais profundamente que consegui, ligados, como sempre escrevo, parece que dessa forma não há divisões. Ao terminar me aproximei dela que sorria, passando o braço pela cintura delicada a puxei para perto falando:

- Pronto! Unidos para sempre, não importa o que aconteça. – eu esperava que nada atrapalhasse nosso futuro que naquele momento me parecia possível, mas ainda não estava totalmente seguro.

 Ela concluiu:

- Para sempre. – se aconchegou em mim e voltamos para a manta, ficamos calados, juntos por algum tempo até que ela perguntou quem me ajudara a convencer a todos, tive de contar, tenho certeza que Bella não ficou muito feliz ao saber que os garotos do bando tem conhecimento de tudo que acontece entre nós, mas não posso evitar isso, as lembranças vem a minha mente e não controlo, apenas penso, esteja de olhos abertos ou fechados, de pé ou deitado, correndo ou em descanso. A todo momento, sem trégua, deixando todos malucos e muito irritados.

Ao final da minha explicação ela se encostou em meu peito e a apertei com força, querendo mantê-la ali por toda a vida.

Mas Bells ainda se preocupa com o imprinting, com essa pessoa que talvez um dia surgirá em minha vida, e que eu espero que nunca apareça, é muito ruim não ter controle sobre sua própria vida, não poder tomar as decisões que quer, ter que aceitar o que lhe é imposto por uma natureza que eu não desejava.

Fomos lentamente nos aproximando, ela acabou sentando em meu colo, me apertando com força contra seu corpo delicado, passando os braços pelos meus ombros, me aconcheguei no espaço entre seus cabelos e o pescoço sentindo sua pulsação leve e cadenciada junto ao meu rosto.

 Nesse instante meu estômago reclamou e rimos juntos, não podia negar que a fome me pegara, ela fez uma brincadeira e aproveitei para aliviar a tensão dos últimos momentos, depois comemos, ou melhor comi quase tudo o que havia trazido, sobrou muito pouco, mas se ficássemos até mais tarde teríamos que ter algo para nos aliviar, então me controlei o quanto pude.

Satisfeito me acomodei observando seu rosto, não me canso de fazer isso, constatei que parecia muito sereno naquele momento, perguntei a ela se estava gostando e um sorriso imenso respondeu antes das palavras, então fiquei em pé e convidei:

- Vem!

Ela não entendeu e mostrei a ela o rádio que eu já colocara para tocar, encabulada Bella riu alto e brincou querendo escapar da dança, mas eu não iria ceder, sem outra alternativa, acabou aceitando, ofereci a mão que ela pegou e a colei em mim, seu rosto no meu peito, dançamos lentamente enquanto o cd tinha músicas para tocar, independente do ritmo apenas nos movíamos aproveitando cada segundo, já no final da tarde  uma brisa provou-lhe um arrepio, a puxei para mais perto querendo mantê-la quentinha, aquele gesto provocou outra sensação em nós, sorri e a vi  fechar os olhos, não resisti, me aproximei e beijei sua testa percebendo sua respiração acelerar, delicadamente desci até a ponta do nariz, um movimento leve, e nossos olhos estavam conectados, suas pequenas mãos tocaram meu rosto e sem respirar senti ela fazer comigo o que eu fizera com ela a poucos instantes, não resisti estávamos tão perto, dei-lhe um selinho e não me afastei, fiquei perto, sentindo seus lábios delicados em contado com os meus fazendo meu corpo todo reagir a esse simples toque, Bells não se conteve, me puxou e colou nossos lábios em fazendo feliz.

 A distância para mim era muito grande apesar de estarmos colados, a ergui pela cintura, colocando-a a minha altura enquanto o beijo se tornava mais e mais intenso, urgente, afaguei suas costas sentindo Bella reagir a cada toque e lentamente a coloquei sobre a manta, não havia em mim um músculo que não estivesse totalmente alerta com aquelas mãos que acariciavam meus ombros e meu peito, ela passou a perna entre as minhas, soltei um gemido indo dos seus lábios para a pele macia do pescoço.

 Já não conseguia encontrar controle sobre os meus atos, estava incontrolavelmente entregue a ela e ao amor que sinto, precisava com urgência do seu corpo junto ao meu, as roupas eram um empecilho aos meus anseios, desejei arrancar cada uma delas, mas me contive. Entretanto  minhas mãos caminhavam fáceis e como se tivessem vida própria,  pelas curvas dela, o que em nada facilitava minha vida, desejava-a cada vez mais perto.

Bells me apertou mostrando que sentia a mesma coisa, puxei sua perna e ela a pressionou em mim, fazendo nossos quadris se encaixarem, fui invadido pelo desejo de me sentir completo, de estar dentro dela, de sermos um, então um alarme soou dentro da minha cabeça, aquele não era o lugar adequado para isso, eu não podia fazer isso ali, era um lugar tão importante, não podia trair a confiança de todos. Contrariado me afastei e encarei seu rosto corado, os lábios estavam vermelhos e entreabertos, totalmente convidativos, me aproximei novamente dando-lhe um beijo leve desta vez, ela respirava com dificuldade o peito subindo e descendo com rapidez, aquela visão me atraiu como se tivesse imã, quase não consegui me afastar e fazer o que devia. Mas, reunindo todas as forças ainda  existentes em mim, levantei, não queria ir embora, não ainda, só havia uma coisa a fazer, me manter longe, mas isso eu também não queria, um pensamento maluco me invadiu, e logo o pus em prática, entrei na floresta enquanto ela gritava por mim, tirei a roupa e deixei o lobo surgir, era a única maneira.

 Quando retornei ela me olhou surpresa mas tranquila, voltei a roçar-me nela, desta vez em minha outra forma, para mim ela não ajudava em nada, o desejo era o mesmo, mas para Bells eu sabia que não era a mesma coisa, ela conseguiria ficar comigo, deitar ao meu lado, foi isso o que fizemos, deitamos juntos na manta, ela se recostou em mim, suspirei sentindo-me feliz por meu amor não se importar que eu estivesse desse jeito e adormeci sob seu toque suave na minha cabeça, dormi como a muitos dias não conseguira fazer, o sono que eu precisava só conseguiria quando ela estivesse sempre assim, ao meu lado.

 Não foi um sono longo, mas, quando acordei, ela já estava acordada e a noite imperava, fiquei em pé, me esticando, ficara numa posição torta para que Bella estivesse confortável e minha cabeça roçasse em seu corpo, observei seu rosto e percebi que ela sorria, estava tão em paz quanto eu.

Suspirei ouvindo seu coração bater compassado, era hora de irmos, pensei, mesmo contra minha vontade, sem outra alternativa, fui para o meio das árvores e voltei a ser Jacob Black, ao retornar informei o que deveríamos fazer, ela não pareceu gostar do que falei, assim como eu não gostara de falar, mas era a verdade, por mais feliz que aqueles momentos tenham sido, estavam acabados, precisávamos agora encarar a realidade, e eu desejava ardentemente que ela tivesse coragem para seguir em frente e fazer o que deveria, depois de hoje não há outro remédio, ela sabe que me ama, sabe que sou sua metade, sabe que estamos ligados para sempre, que é tudo real, que nosso amor é profundo e não vai acabar.

De repente uma sensação muito ruim tomou conta de mim, contrariando o clima feliz, algo me dizia para tomar cuidado, a puxei para perto, o mais perto que pude e tentei dizer a ela o que esperava, Bella estava diferente, ela também se sentira como eu, isso provocou um aperto no meu peito, ela me olhava tão profundamente como se estivesse querendo guardar uma imagem, senti um momento de pavor, ela não pode estar pensando em me deixar, não depois de hoje, depois de tudo isso que passamos.

 Então sua voz me tranqüilizou um pouco quando falou:

- Estou ligada a você, sempre estive, apesar de negar, de não querer ver, mas agora essa ligação se tornou eterna. Amo você e é com você que eu quero ficar. Nada vai mudar isso. – sorri, mas ainda não estava totalmente tranqüilo, ela se aproximou e beijou minha testa, um beijo carinhoso tentando me acalmar e a apertei com força, mantendo-a o mais próximo possível, eu ainda não estava seguro ela pediu para confiar nela, nela eu confio, não confio é naquele sanguessuga que a controla, que a domina, ela sempre faz o que ele quer.

Mas não havia o que fazer, apenas confiar e esperar, sem outra alternativa, recolhemos tudo o que levei, e voltamos para o carro, querendo ou não, teríamos que deixar aquele lugar, e foi com tristeza que antes de sair dei uma última olhada desejando que tudo fosse diferente a partir daquele momento.

 Dirigi lentamente até a casa dela, Bella voltava agarrada a mim, sua respiração suave me disse que ela quase adormeceu novamente, estava tranqüila e  não quis preocupa-la com meus anseios, mas ainda não estava totalmente seguro, uma angustia me invadira contrariando os momentos perfeitos que vivemos, mesmo quando eu tentava desviar a atenção, me desligar, a sensação continuava, martelando no meu peito.

Foi então que, como que confirmando meus anseios, vi o volvo estacionado diante da casa dela, aquela era uma visão que eu gostaria de não ter tido naquele dia, mas não havia como evitar, Bells ficou tensa ao perceber o que eu vira, notei que sua expressão se modificou.

 - Como sempre, ele consegue estragar tudo. - pensei enquanto saia do carro, iria com ela até a porta, estando ele lá ou não, isso pouco me importava.

 Edward me olhava sério, duro, mas quando virou para Bells seu rosto se transformou, parecia suave, dolorido, fiquei surpreso com sua capacidade em demonstrar a ela algo que ele não sentia, já percebera nele muitas coisas, mas naquela noite pude ver mais claramente a capacidade dele em reverter tudo a seu favor.

 -Mas de nada adianta eu falar, ela precisa ver por si mesma, ou vou parecer o  implicante. – diante deste meu pensamento ele voltou a me olhar passando a mão pela cintura dela, fazendo então algo que jamais imaginei, me chamou para ir a sua casa na festa de formatura,  pensei em recusar, aquilo era mais uma forma dele de se mostrar superior, mas acabei aceitando.

 - Ele quer um combate. – pensei, e não sou de fugir. Se é isso o que você quer é o que vai ter. –  sabia que ele tinha total conhecimento do que se passara durante a tarde, estava tudo tão vivo em mim, mas era tão dissimulado que não expressou qualquer reação e isso me deixou apreensivo pelo que viria.

 Se a luta fosse aberta eu tinha vantagens, mas se ele usasse de outros meios, poderia ser complicado, entretanto, ele jamais me pegaria desprevenido.

Contra minha vontade me despedi deixando os dois a sós, desejando que Bella lhe falasse claramente e acabasse com tudo, mas quando saía percebi que ele também iria embora, naquele momento não seria, mas, como ele sempre volta, minhas esperanças ainda não acabaram nisso.

Voltei para casa menos feliz do que pensei que voltaria, tudo por culpa daquele maldito sanguessuga, fui invadido por um sentimento de raiva incontrolável, precisava liberar esse sentimento e foi isso o que fiz assim que deixei o carro na frente de casa, joguei as roupas no banco e voltei a forma onde eu poderia extravasar cada uma das minhas frustrações, correndo até a exaustão total, escavando o chão com minhas patas, sentindo meu coração bater acelerado na expectativa do que aconteceria naquela bendita festa, sem saber o que esperar do vampiro e desejando que Bells fizesse a coisa certa e decidisse por nós, pelo nosso amor, pela vida.