- Vou esperar ansiosa! – falei sincera, ele se aproximou, beijou meu rosto suave e demoradamente e antes de se afastar falou baixinho no meu ouvido:

- Sei que você já sabe, mas eu amo você.

Sorri e olhando-o nos olhos confessei:

- Não me canso de ouvir, nem de falar, amo você mais.

Ele me olhava profundamente e tenho certeza que queria ficar tanto quanto eu queria que ele ficasse, mas acabou indo.

Antes de ir ele ainda foi até meu cão, recomendou que  cuidasse de mim, acariciou seu pelo macio gentilmente, fico boba em ver a maneira como Sunshine olha para Jacob, é como se ele entendesse tudo o que meu sol fala.

Fui com ele, de mãos dadas até a porta e nos abraçamos longamente, dando um leve sorriso ele se afastou me deixando com lágrimas nos olhos, assim que vi a moto sair comecei a chorar, sentei perto do meu cão e o peguei no colo, já estava com saudades outra vez.

Edward, naquela noite apareceu mais cedo, eu estava refazendo o curativo na patinha do meu cão, que de tão chateado apenas rosnou para Edward, mas não reagiu com seu costumeiro latido irritado.

Edward me olhava surpreso e logo comentou:

- Jamais imaginei que você seria capaz disso.

Eu estava distraída, e não entendi o que ele queria dizer:

- Capaz de que?

- De cuidar tão bem de um animal, principalmente fazer o que você está fazendo.

Fui sincera:

- Sabe que eu também achava isso bastante difícil, mas tudo se torna mais fácil quando confiam em nós. – estava me referindo a Jacob e a sua influência em minha vida, sei que enfrentei muitas coisas motivada por ele, que me apóia em qualquer situação, mas Edward pensou que eu falava no cão.

- Ele parece mesmo confiar em você. Está muito tranqüilo.

Sorri em resposta.

Terminei o curativo e coloquei o pequeno no cercado, Edward sentou na cama e me chamou, seu rosto estava especialmente sereno aquela noite.

- Alice quer conversar com você sobre sexta-feira.

- Sexta - feira?- o que tem sexta - feira? pensei rápido, estava perdida.

- A festa de formatura! – oh minha nossa eu esqueci completamente e imediatamente falei:

- Ah! É verdade, a festa.

- Você parece pouco a vontade com ela. Se quiser falo com Alice e ....- não permiti que ele concluísse:

- Não! Ela teve tanto trabalho, é só que você sabe que isso não faz  muita diferença para mim.

Ele sorriu daquele jeito torto e me puxou para perto, lentamente se reclinava sobre as almofadas, fui caindo junto, levada por ele, recostei a cabeça em seu peito gelado lembrando do tempo em que isso era a única coisa que me fazia feliz.

Edward segurou meu queixo  obrigando-me a olhá-lo nos olhos.

- Amo você! – falou daquele jeito encantador que sempre me hipnotizou e automaticamente respondi:

- Também te amo. – seus dedos passaram pelo meu rosto gentilmente, um arrepio percorreu o meu corpo, eu ainda gostava do seu toque mesmo que a reação a ele não fosse a mesma, sei que ainda assim será bom ter essa emoção tranqüila em minha vida eternamente. Meu amor alucinado se transformara em uma emoção calma, quase fraternal. Estremeci, era isso mesmo? Amor fraternal? Esse era o amor que sentia por Edward agora? Não, não podia acreditar que fosse assim.

Ele se aproximou mais, alheio aos meus pensamentos e me beijou, desejei ardentemente me sentir como antes, mas não foi isso o que aconteceu, me vi me obrigando a corresponder as carícias dele e lágrimas escorreram pelo meu rosto.

 – Estou perdida! – pensei – O homem que eu amo não me pertence, e aquele que me ama já não tem a mesma importância.

- Pq você chora? – ele perguntou carinhoso me fazendo sentir pior.

- Não sei...- menti – me abrace. – pedi e ele me aconchegou delicadamente enquanto eu continuava a chorar, a alegria da tarde se fora, a realidade batia a minha porta e eu não queria abrir, queria continuar vivendo uma mentira, sofrendo, com medo de sofrer.

Custei a adormecer aquela noite, minha cabeça não cansava de procurar uma maneira de resolver o que não tinha solução, não voltaria a amar Edward como antes e se ficasse com Jacob logo seria largada por outra, mesmo que fosse contra a vontade dele isso aconteceria, não havia como mudar esse fato.

É, parece que eu não tenho sorte mesmo, essa era a única conclusão a que podia chegar naquela situação.

Os dias passaram muito mais rápido do que eu esperava e  na manhã de quarta feira, Alice surgiu, trazendo um vestido lindo, sapatos de salto altíssimos, apavorada comentei que provavelmente, com a minha falta de coordenação, aliada a falta de sorte, iria quebrar um tornozelo antes mesmo de sair de casa. Ela riu e não deu importância ao fato disse que eram lindos, caríssimos e de marca famosa. Sem ter outra alternativa, agradeci tentando parecer sincera.

Então, foi a vez do vestido, nossa, era lindo, maravilhoso mesmo, para o corpo da Alice, não para o meu.

- Vou parecer um pau vestido. -  pensei e ela me olhou atravessado e falou:

- Você vai ficar linda nele. Eu sei, já vi. – concluiu rindo novamente.

- Está bem.-  acabei por concordar, ela não aceitaria outra resposta.

Passamos a falar da maquilagem, ela tinha a idéia exata do que fazer e disse que passaria para me ajudar. Alice estava em completo êxtase, gosto disso nela, ela sabe do que gosta, tem noção exata que essa é sua vocação, se é que vampiros tem vocação.

Depois que marcamos os horários que cada coisa deveria ser feita ela disse que precisava ir, agradeci imensamente a ajuda dela, tendo a certeza de que nada que eu dissesse expressaria realmente o carinho imenso que tenho por essa vampirinha, e recebi um abraço carinhoso como recompensa.

- Você sabe que amo fazer isso! – foi a resposta gentil dela – Mas especialmente para você minha cunhadinha linda!

Sorri e a abracei, Alice fazer parte da minha vida futura era umas das coisas que mais me tranqüilizava, eu a amava quase como a uma irmã.

Alice se foi, e mais tarde, antes de sair para o trabalho, recebi um telefonema de Jacob confirmando que no dia seguinte comemoraríamos juntos minha formatura, só de pensar nisso minhas pernas tremeram, mas ouvir a voz de Jake era maravilhoso, aquela ligação foi a melhor parte do meu dia, pude aturar Mike e suas chatices embalada pela lembrança da voz dele, e pela expectativa do que aconteceria nesse encontro, na realidade depois daquele dia em minha casa era melhor me preparar para tudo, pois se ele insistisse, eu cederia, com certeza.

 Quando cheguei em casa, no final da tarde, surpreendentemente Charlie já estava e parecia mais agitado que de costume, andava a minha volta falando de assuntos amenos, que pouca ou nenhuma importância tinham e algumas vezes sem coerência. Isso foi tão longe e estava tão irritante, que resolvi interromper esse ímpeto de comunicação confusa que meu pai havia começado:

- Pai! – chamei interrompendo mais uma bobagem dele – O que está acontecendo? Você quer me dizer algo?

Ele suspirou e me olhou de uma maneira muito especial, depois me puxando pela mão me carregou até a sala e me fez sentar ao seu lado. – O que significa tudo isso? – me perguntei ficando nervosa.

- Depois de amanhã é sua formatura.

- Eu sei. – falei, como esquecer, se todos lembram a todo o momento.

- Pois é...sua mãe virá e...

Interrompi:

- Sim, Renee virá, o que tem isso?

- Eu queria levar alguém. – aquela frase saiu de supetão como se tivesse sido dita numa só respiração.

Não pude conter um sorriso e ele pareceu surpreso.

- Finalmente! Finalmente vou conhecer sua namorada!

Ele estava encabulado:

- Bem, ela não é bem namorada ainda, estamos nos conhecendo e como você faz parte da minha vida, achei que seria uma boa hora para vocês se conhecerem.

- Será perfeito! – fiz questão de mostrar a ele que eu estava feliz em saber que ele estava com uma pessoa e tentando tranqüiliza-lo continuei:

 - Quero muito que você seja feliz pai, se ela te faz feliz está tudo bem. E não se preocupe com a Renee, sei que não haverá problemas.

Vi que minha atitude o tranqüilizou, isso me deixou feliz por alguns momentos, mas logo lembrei que ainda tinha uma missão complicada para aquela noite, Edward viria, e como  prometido teria que avisar sobre meu encontro com Jacob no dia seguinte.

A ansiedade pela espera me fez ter uma visão pior do que na realidade foi, contrariando o que imaginei a conversa foi bastante tranqüila, Edward reagiu serenamente ao meu comunicado, mas mesmo que reclamasse não conseguiria mudar meus planos, entretanto ele ainda quis me irritar tentando me prevenir quanto ao comportamento de Jacob.

- Só peço que você tenha cuidado, ele algumas vezes não consegue se controlar, e você já presenciou alguns desses momentos.

Essa frase me irritou e sentando na cama o encarei:

- Gostaria que você parasse com isso! Jacob é meu amigo, ele jamais me machucaria.

Edward sentou também, tocou meu rosto delicadamente com a mão e continuou:

- Sei que você se afeiçoou a ele enquanto estive fora, que o ama, não a culpo por isso, ele te ajudou, protegeu, mas eu temo por você, não quero que nada de ruim te aconteça, eu não suportaria.

Sua voz era dolorida, lembrei do que ele esteve prestes a fazer por pensar que eu morrera, me senti culpada por valorizar tão pouco sua preocupação, mas precisava garantir que confiava em Jacob e sabia que ele jamais faria qualquer mal a mim e que eu voltaria inteira.

- Assim espero. – se aproximou me beijando, um beijo leve que ficou intenso mas que como sempre não chegou a lugar algum, em poucos minutos estávamos deitados esperando meu sono chegar, o que foi difícil esta noite, devo confessar, na expectativa do dia seguinte.