The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 39
Capítulo bônus


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Esse é o capítulo bônus que eu tanto falei e está enorme, na minha opinião. Haverá surpresas :3



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— Capítulo bônus —

Mellody Wood detestava quando a chamavam de Cinderela. Ora, aquele não fora o nome que seu pai lhe dera! Mas o aceitava só para não contrariar sua madrasta e suas meias-irmãs.

Mellody esfregava o chão enquanto pensava nos dias em que entrara, escondida de sua madrasta, para o exército de seu reino. Foram dias de glória, quando ela finalmente poderia exercer algum comando para o bem. Aquela maldição havia trago muitas coisas ruins, como coisas boas.

Não que Mellody concordasse com a Maldição que Marisa lançara, porque trouxera muito sofrimento ao seu povo e à Branca de Neve. Porém, lhe dera um pouco de liberdade (ainda que escondido). Seu pai ainda estava sob o feitiço de Prudence, a madrasta, e só se libertaria quando esta quisesse.

Como a madrasta não tinha como recuperar a fortuna — que ela mesma e as filhas dela gastaram — do pai de Mellody, Prudence decidira colocar a jovem "Cinderela" como empregada da casa, alegando que, se a garota quisesse morar ali e ver o pai bem, teria de trabalhar para conseguir. E, quando a Maldição veio, tudo aquilo piorou.

Entretanto, como Prudence estava sempre tentando fazer as filhas se casarem com algum príncipe ou nobre, Mellody viu sua oportunidade de ouro, ao ver um anúncio pregado em um poste enquanto voltava para casa depois de pegar carvão com o entregador: eles estavam recrutando pessoas para o exército do Reino Crystal.

Mellody ficou tão eufórica, que arrancou o anúncio do poste e correu para casa, onde poderia encontrar seu amigo Dante, que um dia fora um importante comandante do exército real do Reino de La Rosa. Agora, ele era apenas o faz-tudo da casa de Cinderela.

Ela bateu com a porta e correu para a casa dos fundos. Assim que chegou onde Dante estava, colocou o anúncio em cima da mesa, assustando o homem.

— O que é isso, Mell? — perguntou, olhando-a de modo desconfiado.

— Eu já vi o senhor lutando à noite. Treine-me — respondeu Mellody.

— Ficou louca?

— Eu já estou louca presa aqui por muitos séculos. Entrar ou não nesse exército não me fará menos insana — disse ela com firmeza. Dante olhou novamente para o anúncio e depois a olhou.

— Eles não vão querer você no exército — Dante informou. — Vão querer rebaixá-la a cozinheira ou enfermeira.

— Então terei de fazer com que eles vejam que eu não sou uma gata borralheira. Que eu carrego o sobrenome dos Wood. — Rebateu Mellody, determinada. — Mas, para isso, preciso de seus conhecimentos em batalha.

Dante a olhou seriamente, parando de cortar a madeira.

— Por que isso é tão importante para você? Você já sabe lutar.

— Por que só assim eu livro o meu pai do feitiço. E eu e ele poderemos voltar e sermos aqueles que já tiraram dos ricos para dar aos pobres — respondeu Mellody. — Quero que isso acabe, essa maldição, esse sofrimento. Eu preciso disso.

— Não terá volta — avisou Dante, pegando um machado, já convencido.

— Eu não tenho medo.

Agora ela estava novamente naquela casa. Uma mulher, com habilidades em luta corporal e esgrima, escrava de uma madrasta terrível. Seus dias de felicidade e glória se esvaíram assim que sua madrasta a arrastara de volta para casa, alegando que, agora que ela sabia o que Mellody fizera, mataria o pai sem a menor clemência. Por que ela o mantinha sob um feitiço? Mellody nunca saberia.

Ela estava infeliz e precisava acabar com aquilo, mas não tinha ideia de como. E, a cada dia que passava, sua mente arranjava um meio de pensar em Alvo Potter. Ele era tão metido a saber tudo, embora tivesse um grande coração. E belos olhos verdes... E oito anos se passaram.

— Droga — murmurou Mellody consigo mesma, enquanto enxugava o suor da testa e descansando o esfregão dentro do balde. — Agora, além de tentar salvar meu pai, me preocupo com um garoto que se esqueceu de mim.

— Cinderela! — gritou Prudence do andar de cima. Mellody fechou os olhos, com raiva. — Não estou ouvindo o barulho do esfregão!

Mellody respirou fundo e voltou a esfregar o chão com força desnecessária, pensando: "Tudo pelo meu pai".

Ela se recusava a chorar; já havia feito muito isso quando ainda estava presa no corpo adolescente. Ela se lembrava das palavras de Alvo e do beijo dele e isso a acalmava um pouco. Ele era tão difícil! Mellody adorava o desafio que ele a proporcionava.

E agora ela nunca mais o veria.

•••

 

No dia seguinte, enquanto Mellody limpava a lareira, Prudence e as filhas gêmeas desceram as escadas com menos elegância soberba do que o normal. Mellody virou-se para trás, a fim de ver melhor o que estava acontecendo.

Um mensageiro havia parado na porta de cada casa daquela vila de nobres, dizendo sobre uma coroação. Mellody franziu a testa e chegou mais perto para ouvir a conversa.

— Coroação? — perguntava a mais burra das irmãs.

— Sim, da princesa Branca de Neve e Tiago Potter — respondeu o mensageiro, fazendo Mellody prender a respiração. — Eles irão tomar posse do Reino de Arcadia e haverá um baile para os nobres de todos os reinos que lhe ajudaram na batalha. Será neste final de semana.

— Ficaremos honradas em ir — Mellody viu Prudence fazer uma mesura exagerada.

— Posso lhe fazer uma pergunta? Foram ordens dos futuros Rei e Rainha de Arcadia.

— Claro que pode, senhor — respondeu Prudence.

— Aqui há uma garota chamada Mellody Wood? — Assim que a pergunta foi feita, Mellody adiantou-se para a porta, mas foi impedida pelos poderes de Prudence.

— Não, não há ninguém com este nome — a voz da madrasta estava mais seca do que antes. Mellody ouviu o homem suspirar, parecendo cansado, enquanto lágrimas caíram de seus olhos.

— Tudo bem... Tiago e Branca de Neve esperam que compareçam — disse o mensageiro. Prudence e as filhas fizeram outra reverência e fecharam a porta, libertando Mellody do feitiço.

Ela caiu de joelhos no assoalho enquanto ouvia os gritinhos de comemoração das meias irmãs. Ainda com lágrimas nos olhos, Mellody levantou o olhar para elas e encontrou a madrasta a olhando friamente.

— Por que está fazendo isso, Bruxa?! — gritou Cinderela com raiva. — Por que não me deixou falar com ele?! A Branca não quer você lá — ela cuspiu as palavras. — Quem iria querer uma bruxa horrorosa e suas filhas igualmente feias e estúpidas em seu castelo? Nem o príncipe Adam quis se casar com uma delas.

— Calada, Cinderela — ordenou Prudence, segurando as filhas. — Lembre-se que eu ainda estou com seu pai.

— Eu ainda o libertarei, vadia — respondeu Mellody, limpando os vestígios de lágrimas. — Você vai voltar para aquele buraco que chamava de casa.

Prudence ergueu a mão e deu um tapa no belo rosto de Mellody, que segurou a bochecha, sentindo a ardência subir por todo sua face. Ela segurou novamente as lágrimas.

— Eu vou nesse baile — Mellody disse entredentes.

— Nem sob o meu cadáver — rebateu a madrasta. Mellody sorriu.

— Que será em breve.

— Veremos — saiu da sala, girando o vestido preto que usava.

•••

 

Quando o dia do baile finalmente chegou, toda a vila estava alvoroçada. Principalmente as meias irmãs feias de Cinderela, que ficaram encantadas ao saber que o futuro Rei Tiago tinha um irmão mais novo. Ao ouvir aquilo, o coração de Mellody parou: Alvo.

Não, ela não podia deixar que aquilo acontecesse. Era Alvo. Aquele garoto que ela pensava sempre; aquele que era seu pensamento feliz; o seu segredo, que a mantinha sã a maior parte do tempo naquela casa.

Prudence enfeitiçou a casa, para que Mellody não pudesse sair de casa. Mellody a observava trancar tudo e sem poder fazer nada. Ela tinha mais de cem anos, no corpo de uma mulher de 23, com treinamento em luta corporal e esgrima, mas não tinha nenhum poder mágico para impedir a madrasta.

Quando terminou, Prudence a olhou, como se estivesse triunfante. Aquilo era torturante para Mellody.

— Nós estamos indo — informou a madrasta e Mellody nada disse. — Se tentar sair, eu saberei. E, quando voltarmos, quero que tudo o que eu mandei você fazer esteja feito.

Mellody continuou calada. Prudence a olhou por mais algum tempo e depois virou-se para a porta, chamando as filhas horrorosas naqueles vestidos que elas achavam ser bonitos. Quando elas saíram, Mellody correu para cima, para o quarto que Prudence mantinha Robin Wood.

Mellody parou em frente a porta do quarto e hesitou. Fechou os olhos, se odiando por dentro, e voltou para o térreo para fazer o que a madrasta mandara, prometendo a si mesma que iria visitar o quarto do pai mais tarde.

•••

Já estava anoitecendo quando Mellody entrou no quarto. Prudence não tinha conhecimento de que Cinderela conseguia penetrar o feitiço que ela colocara ali; ela sabia que Mellody sabia que o pai estava ali, sob um encantamento muito poderoso, mas não sobre a capacidade dela em encontrar o quarto.

Mellody, toda vez que tinha oportunidade de entrar ali, olhava para o quarto antes de olhar para o pai. As cortinas eram pesadas e vermelhas, o antigo armário, com fundo falso para colocar as armas que eram usadas por Robin, a penteadeira, lamparinas — que nunca eram acesas — e uma cômoda. Era tão simples, mas tão triste e escuro.

Ela caminhou até o pai, sentindo vontade de desabar. Ele estava assim desde antes de Marisa lançar a Maldição. Mellody lembrava da época em que era feliz com o pai, até o dia em que ele anunciara o casamento com Prudence. Desde a primeira vez que a menina olhara para aquela mulher, soube que ela não era de confiança. Contudo, Robin não a escutara. Ele a conheceu e decidiu abandonar sua vida de o aquele que tirava dos ricos porque os pobres precisavam mais, para um dos ricos que ele tanto criticara e roubara.

Mellody sabia que tinha alguma coisa errada com ele, pois o pai que conhecera jamais iria contra o seu maior princípio. E foi então que ela percebeu que havia sido Prudence que tinha feito algo. Ela tentou mais uma vez avisar o pai que, mais uma vez, não a ouvira. E, logo depois, Robin Wood foi declarado morto. Por um longo tempo Mellody achara isso, mas então, ouvindo uma conversa da madrasta com alguém desconhecido, ela soube que o pai estava vivo, porém enfeitiçado. O porquê, Mellody nunca soube.

Lentamente, ela se dirigiu até a cama. Depois que soubera do beijo do amor verdadeiro de Branca e Tiago, ela tentou fazer o mesmo. Todo tipo de amor era válido: seja de homem e mulher, mãe e filho ou filha e pai. Entretanto, não funcionara, pois não era algo envolvendo sentimentos.

Mellody sentou-se ao lado dele e observou como ele parecia quase não ter vida. Seus cabelos castanhos claros estavam perdendo a cor, a pele estava pálida e fazia séculos que ela não via a cor castanha dos olhos dele. Mellody pegou sua mão — estava gelada. Se ela não visse o peito do pai subir e descer lentamente, pensaria que ele estava morto há muito tempo.

— Ah, pai — Mellody sussurrou com a voz embargada. — Eu já não sei o que fazer. O senhor está doente e agora Alvo poderá cair em desgraça ao ver aquelas duas... eu não entendo o que o senhor viu naquela mulher. — Ela acariciou o rosto do pai. — Eu tenho que acabar com isso, mas preciso de ajuda. Por favor, acorde. Eu preciso do senhor... sempre precisei.

Mellody encostou a cabeça no peito do pai e fechou os olhos, sentindo as lágrimas saírem por eles. Ela ficou assim por um bom tempo, até que viu uma luz azul surgir da janela e atravessar a mesma.

Ela levantou a cabeça depressa e fitou aquela estranha luz pairar sobre eles. Mellody piscou e viu a Fada Azul ali, parada. Sua expressão era triste, mas solene ao mesmo tempo. Mellody ouvira falar a respeito daquela fada e esperava que ela não fosse tão negligente com a sua situação.

— Olá, Mellody.

— Fada Azul — cumprimentou Mellody sem emoção. — O que faz aqui?

Fada Azul olhou para o pai de Mellody e depois para ela.

— Você precisa de ajuda. Tanto para livrar seu pai, quanto para salvar a si mesma. — Respondeu a fada.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Mellody, confusa.

— Você só pode escolher uma coisa: ou salva o seu pai ou se reencontrar com o seu amor. Infelizmente, eu não posso lhe dar mais do que isso. Cada escolha vem uma consequência... então escolha com sabedoria, Mellody Wood.

Aquilo só podia ser brincadeira. Não era uma escolha, era tortura. Como poderia escolher duas coisas que ela amava demais? Tudo o que disseram sobre aquela fada era verdade; será que ela não era uma bruxa enfeitada de azul?

Mas Mellody pensou da forma que a fada, talvez, quisesse. Ela poderia ter os dois e ela os teria. Mellody a olhou.

— Eu escolho o meu pai, mas também escolho Alvo — disse Mellody com firmeza. A Fada Azul inclinou a cabeça, sabendo que ela não havia terminado. — Eu fico até meia noite no baile e o resto das horas você tenta trazê-lo de volta. É justo e eu posso ver, pela última vez, Alvo Potter. Mas quero os dois, pois os amo na mesma intensidade, mesmo que de forma diferente.

A Fada Azul a olhou pelo o que pareceu longos minutos e, depois, lhe deu um sorriso. A Fada Azul ergueu a mão e um pó azul formou-se ao redor de Mellody. Quando o pó se dissipou, Mellody viu-se vestida com um vestido longo azul claro, com brilhos prateados, parecendo diamantes, seus cabelos louros estavam presos em um coque formal, uma gargantilha envolvia seu pescoço e calçava um belo par de sapatos de cristal.

A fada percebeu que Mellody os admirava.

— O seu Reino é famoso por produzir e vender cristais. Estes sapatos foram feitos a fim de que somente as nobres os usassem. Não foi adiante, mas eu consegui estes — explicou Fada Azul. — E os enfeiticei para caberem somente em seus pés.

— Por quê? — Mellody não conseguiu entender.

— Você saberá — respondeu Fada Azul. — Agora, aprece-se. Você tem que voltar antes da última badalada que marca meia noite. Uma carruagem encantada a espera, Mellody Wood.

Mellody sorriu e foi para a porta com pressa, mas parou antes de abri-la. Virou-se para a fada, que ainda estava ali.

— Manterá sua promessa?

— Fadas nunca quebram promessas ou desejos, Mellody.

Ela assentiu, olhou para o pai e saiu para a noite. A última vez que veria Alvo Potter.

•••

Viajar naquela carruagem fora uma grande experiência. Mellody tentava não sentir-se animada com o baile, com Alvo ou com os amigos que fizera. Mas não conseguia evitar. Ela queria aquilo mais do que tudo. Principalmente, ela queria Alvo mais do que tudo.

Ela entrou, dando seu nome ao guarda que, para a surpresa dela, estava na lista. Branca de Neve sempre com esperança. Mellody sorriu e entrou no grande salão. Queria ter visto a coroação, porém valia a pena apenas por estar ali.

Os olhos dela procuraram os de Alvo Potter por tantos convidados. Ela nunca se esqueceria daqueles olhos verdes; ninguém tinha aquele mesmo tom de cor, apenas ele.

Quando finalmente viu Alvo, um homem forte e alto apontou em sua direção. Mellody observou Alvo levantar os olhos tristes e olhá-la. A princípio, ele não a reconheceu e Mellody sentiu seu coração afundar; então ela o olhou mais uma vez e Alvo pareceu ver quem ela era, pois foi até ela com determinação e confusão no olhar.

— Mellody? — perguntou ele e Mellody sentiu os olhos arderem. Parecia que ele estava em dúvida.

 Mellody abaixou a cabeça e sorriu timidamente. Alvo percebeu que Mellody não era mais aquela adolescente que comandara um exército e que o tirara do sério tantas vezes seguidas. Ele a fez erguer o rosto, para que pudesse vê-la e tocá-la. Sua pele era macia e cheirava a jasmim.

Quando Alvo percebeu que era ela mesmo, que Mellody era real, a abraçou tão forte contra si, que ela teve que mandar soltá-la. Era incrível como Mellody voltava a ser quem era antes apenas ao estar com ele. Ela amava a sensação.

•••

A noite parecia tão perfeita que, quando a primeira badalada soou, Mellody percebeu que nem tudo tinha seu final feliz. O beijo, o último deles, ficaria apenas em sua memória. Embora soubesse que amava Alvo profundamente, seu pai vinha em primeiro lugar.

Era meia-noite. Os olhos de Mellody se encheram de lágrimas, que não demoraram a cair de seus belos olhos azuis.

Ela saiu do abraço de Alvo e correu para fora do salão do castelo de Branca de Neve. Alvo foi atrás, gritando por ela, enquanto as outras pessoas os observavam.

— Eu tenho que ir, Alvo! — chorou Mellody, já descendo os degraus depressa. — Deixe-me ir! — Mas Alvo continuava a correr atrás dela.

— Não posso deixá-la! Não quando eu te achei — gritou ele de volta, mas Mellody já havia entrado em sua carruagem luxuosa.

— Mas você tem que deixar — ela disse entre lágrimas e a carruagem partiu, partindo o coração de Alvo.

Já na carruagem, Mellody deixou-se chorar, tentando ter em mente que era para um bem maior: salvar o seu pai. Ela poderia encontrar Alvo algum dia, talvez (embora ela achasse que fosse muito difícil), se apaixonar de novo, mas Mellody só tinha um pai. Uma única pessoa da família.

Entretanto, o sofrimento por ter deixado Alvo não era menor. Era tão estranho sentir que seu coração havia sido deixado para trás, com Alvo Potter. Era tão estranho sentir-se sufocada, como se não fosse ser feliz de novo. Era tão estranho ainda sentir o gosto e a pressão dos lábios de Alvo, mas não tê-lo.

Como era em outro reino, a carruagem era mágica. A Fada Azul havia pensado em tudo e, assim, ela seguiu chorando até o Reino Crystal.

Ela não podia olhar para trás.

•••

A carruagem desapareceu assim que Mellody desceu; assim como o vestido, o cabelo e a maquiagem, deixando-a apenas com o seu vestido velho e encardido. Contudo, algo deteve sua curiosidade: ela ainda possuía um pé do sapato de cristal.

Ela olhou para os pés e, por alguns segundos, pensou onde o outro par havia parado. Um barulho dentro da casa chamou a atenção de Mellody e a fez correr para dentro, subir as escadas e ir para o quarto onde seu pai se encontrava.

 Abriu a porta e suspirou de alívio ao ver que a Fada Azul permanecia ali.

— E aí? — perguntou Mellody e a Fada Azul inclinou a cabeça, pois não conhecia aquela expressão. Mellody soltou um suspiro pesado. — Conseguiu algum resultado?

A Fada Azul olhou para Robert de Locksley Mesmo estando pálido, a beleza dele era significante.

— Estou tentando ser rápida, Mellody Wood — respondeu a fada. — Mas o feitiço se alastrou pelo corpo inteiro... ele ficou muito tempo assim.

— Então ele vai morrer? — A voz de Mellody falhou.

— Não — Fada Azul balançou a cabeça em negativa. — Nós, fadas, realizamos qualquer tipo de desejo... o seu foi puro e desesperado. Se ele estivesse morto, nada eu poderia fazer. Nenhuma magia, seja aqui ou em outro mundo, pode trazer alguém de volta a vida. Nem gerar amor verdadeiro. Isso tem de vir da pessoa. Desejos são desejos. Amor é algo muito mais profundo do que apenas necessidade. Você ama tanto o seu pai, que decidiu abdicar sua felicidade com o seu amor verdadeiro. Isso supera o desejo.

— Eu não entendo... — Mellody sentou-se ao lado do pai. — Se eu o amo tanto assim, por que meu beijo não o acordou?

— Porque, talvez, não seja assim que ele tenha de ser acordado — respondeu a fada.

— Como assim?

— Quando eu retirar o que faz mal a ele, seu pai permanecerá dormindo — Fada Azul caminhou para perto dela. — Com isso, o coração dele estará livre de magia negra e finalmente poderá ser libertado.

— Quando vai acontecer?

— Daqui a dois dias.

•••

A madrasta bateu a porta da frente com força.

— CINDERELA! — berrou, assustando Mellody e fazendo-a correr até a sala.

— O que foi? — perguntou Mellody com a voz monótona.

— Onde você esteve esse final de semana? Não minta para mim — exigiu saber Prudence. Mellody a encarou sem medo.

— Aqui, como mandou.

— E por que eu vi você no baile?

— Eu sempre soube que você tinha problemas de visão — Mellody balançou a cabeça. — Agora está mais do que confirmado.

Prudence a olhou com raiva. Mas Mellody não vacilou, não podia se denunciar. Faltava apenas um dia para que ela pudesse acordar seu pai e não podia botar tudo a perder.

— Ah, Cinderela... é melhor que não tenha sido você — ameaçou a madrasta.

— Você não vai fazer nada. Chega de me ameaçar — disse Mellody e a madrasta riu.

— Querida, eu po...

Do lado de fora, murmúrios foram ouvidos, interrompendo a discussão de ambas. Elas olharam para a janela e abriram as cortinas. Assim que Mellody viu a comissão com a bandeira de uma coroa, uma varinha e uma maçã entrelaçados, prendeu a respiração. Era o Reino de Angelina, Arcadia. Mas o que eles estavam fazendo ali?

Em meio de tantas pessoas do lado de fora de suas casas, Mellody viu a carruagem real e soube que Angelina e Tiago estavam ali dentro. Entretanto (por mais que seu coração batesse depressa contra seu peito, a esperança crescendo), Mellody estava confusa. Alguma coisa acontecera mais uma vez? Será que eles precisavam de ajuda em seu reino mais uma vez?

Mellody reconheceu os rostos de alguns que estiveram em batalha, andando do lado de fora da carruagem. Principalmente Jason, que parecia estar a frente dos Caçadores de Bruxas. Teddy Lupin, Escórpio Malfoy e Marcus Dano andavam um pouco mais atrás de Jason. O uniforme que usavam era preto e vinho, sem capas. Se Mellody não estivesse tão preocupada, teria rido, pois aquele uniforme era a cara de Tiago.

Elas viram a carruagem parar de porta em porta, porém, Mellody não conseguia ver quem saía do transporte e aquilo a frustrava. Ela precisava saber quem estava ali dentro. Pessoas formavam um círculo em volta da carruagem real outras iam correndo para suas casas. Mellody viu Marcus e Teddy entrarem na frente das pessoas que cercava-os e agitaram suas varinhas.

Mellody não sabia o que eles fizeram, mas ouviu Prudence arfar. Ela olhou para madrasta, que a arrancou da janela e a jogou dentro do closet debaixo da escada. Mellody bateu na porta, mas sabia que esta estava trancada por magia. Ela continuou a bater a na porta até que ouviu vozes. E eram vozes que ela conhecia muito bem.

— Rainha Branca de Neve. Rei Tiago Potter — Mellody ouviu a voz de Prudence exageradamente cordial.

— Olá, senhora — a voz de Tiago estava grave e imponente, como um verdadeiro Rei falaria. Mellody estranhou; Tiago nunca falava daquele jeito. — Desculpe a intromissão, mas precisamos fazer isto. Meu irmão perdeu alguém muito importante e este alguém deixou este sapato de cristal no caminho.

— Alvo — Mellody ofegou e continuou a ouvir a conversa.

— ... a senhora tem filhas?

— Sim... sim, tenho — respondeu Prudence. — Kate, Gabrielle, desçam aqui!

Mellody ouviu o barulho de suas irmãs descerem as escadas, sem nenhuma elegância como sempre. Mellody tentou acalmar seu coração para poder continuar a ouvir.

— Entrem — disse Prudence e Mellody ouviu passos de gente entrando na casa. — Essas são minhas filhas.

— Alvo... — A voz de Tiago era calma, mas que continha alguma coisa na voz.

Houve um momento de silêncio e depois os xingamentos de Kate, depois a reclamação de Gabriele. O que estava acontecendo na sala? Mellody precisava sair dali; eles eram a sua única chance de se libertar daquelas bruxas.

— Senhora, — Tiago falou — há mais alguém nesta casa?

— Não — a voz de Prudence era firme. Tiago tentou outra vez.

— Tem certeza de que não há ninguém aqui chamada Mellody Wood?

O coração de Mellody bateu dolorosamente em seu peito. Eles a estavam procurando! Alvo a estava procurando! Ela nunca imaginara que isto aconteceria, contudo, deveria saber que Alvo, Tiago, Jason e Branca de Neve jamais desistiriam de ninguém. Muito menos dela.

— Não conheço ninguém com este nome — respondeu Prudence ainda com firmeza.

— Está mentindo. — A voz de Branca de Neve foi ouvida.

— Como, Majestade? — Prudence ficou sem fala.

— Você está mentindo — repetiu Branca. — Jason, entre aqui. — A porta foi a berta e Mellody ouviu os passos de Jason entrando na casa. — Vasculhe tudo.

— Isso é invasão de propriedade! Só porque são da realeza, não quer dizer que tenha direitos de vasculhar a minha casa — Prudence disse com raiva. — Nem pertencem a este reino.

— Ficaria surpresa em saber que temos contato com o Reino Crystal, senhora — disse Alvo. — Sabemos quem a senhora é...

— ... bruxa — completou Tiago.

— Que tipo de acusação é essa? — Prudence estava surpresa. Branca deu uma risadinha.

— Porque somos bruxos também... e eu posso ler mentes. — A Rainha de Arcadia fez uma pausa. — Sabe, com estudos, você não imaginaria como eu posso ultrapassar essas barreiras que vocês criam. Marisa te avisou disto, não? — Branca perguntou e Prudence ficou muda. — No closet abaixo da escada. Alvo, ajude Jason.

Mellody escutou passos apressados de Jason e Alvo virem até onde ela estava presa. Ela tentava segurar as lágrimas de alívio. Poderia ter seu pai e Alvo de volta!

Ouviu um estalido na tranca da porta e então Mellody viu o rosto de Alvo pela primeira vez em dois dias. Na mesma hora, seu coração pareceu bater com mais vida, ela sentia esperanças em muitos anos — como no dia em que a guerra acabara e a maldição quebrada —, tudo porque seu corpo parecia irradiar amor por aquele belo homem de cabelos pretos e olhos verdes.

E, então, ele a abraçou e tudo pareceu tomar forma e força. Mellody, mesmo com seu jeito durona, viu que ele lhe dava forças, que ela precisava dele para estar completa. Porque era o amor dele que a fazia perceber que a vida tinha sentido e que a vida do pai era e seria mais preciosa do que qualquer outra coisa para Mellody.

— Ah, Mellody! — suspirou Alvo e depois pegou o rosto dela, selando os lábios nos dela.

— Oi, Potter — ela sorriu quando se separaram. — Jason, como sabia que era aqui?

— Eu lembro de tudo o que aconteceu no passado, Mell. Agora está tudo bem. — Jason apertou a mão de Cinderela.

— Não, não está tudo bem — interrompeu Prudence, com raiva. — Ninguém vai levá-la, porque ela não pode ir, não é, Cinderela?

Branca de Neve deu outra risadinha. Mellody admirava o modo que Angelina ria de escárnio sem perder a pose imponente. Ela sabia como ser irônica, mas sem parecer alguém da plebe.

— Você a está ameaçando? — perguntou Branca. — Eu sei que o pai dela está lá em cima. Chega de ameaças.

— Ela não é do seu Reino! — gritou a madrasta.

— Claro que é — Alvo pegou o sapato de cristal e o deu para Mellody calçar. — Agora ela é tão do Reino de Arcadia, quanto do de Crystal. Ela será minha esposa. — E olhou para Mellody.

— Sim, eu serei — respondeu Mellody sorrindo.

— Nesse momento, guardas e o príncipe do Reino de Crystal estão vindo para cá — disse Tiago, aparecendo de repente. — A senhora está presa. Suas filhas trabalharão para o castelo nas cozinhas. — Kate e Gabrielle deram gritinhos de desespero; Prudence levantou as mãos, mas Tiago e Branca a impediram com movimentos de varinha.

— Amarrem-na — ordenou Branca e Alvo a prendeu com um aceno de varinha.

— Não tem como dizer que tem provas. Porque vocês não as tem — disse Prudence com um sorriso diabólico no rosto.

— Mas temos isto — Tiago mostrou um frasco, com que parecia ter água dentro. — Vocês têm os seus meios de fazer feitiços, maldições e poções, nós temos os nossos. Agora, calada. Teddy, ajude Jason a prender essas mulheres, por favor. A guarda do reino está vindo. Leve isto, sabem o que fazer. — E entregou o frasco de Veritasserum para Jason.

Teddy assentiu e ajudou Jason a levá-las para fora da casa, esperando pela guarda real de Crystal. A porta foi fechada e houve um momento de silêncio. Logo depois, Angelina estava correndo até Mellody e a abraçando. Tiago veio depois, juntando-se a esposa para abraçar Mellody também. Eles riram por alguns segundos e depois se afastaram.

Alvo sorria, feliz, e não deixava de segurar a mão da, agora, mulher que sempre amara.

— Ah, Mell! A gente sabia que tinha alguma coisa errada para você ir embora daquele jeito — disse Branca de Neve. — Então eu tive de fazer alguma coisa, uma encenação, porque sua madrasta não sabia que era você no baile. Sempre soubemos que o sapato era seu.

— Obrigada por me salvar. De coração — ela olhou para os governantes de Arcadia e depois para Alvo. — Mas eu preciso salvar meu pai agora.

Eles assentiram e a acompanharam até o quarto. Branca, Tiago e Alvo sentiram a magia que Prudence havia posto no quarto e pararam; olharam-se e levantaram as varinhas. Algo na porta mudou e Mellody olhou para seus amigos, que acenaram com a cabeça.

Mellody respirou fundo e abriu a porta. Ela entrou e viu a Fada Azul sentada em uma cadeira, o que era estranho, já que ela nunca parecera se cansar de ficar em pé.

— Fada? — Mellody franziu a testa. Fada Azul a olhou e deu um sorriso fraco. — Está bem?

— Vou ficar. — Respondeu a fada. — E o seu pai também... — ela apontou para Robin Wood deitado na cama. — Olá, Majestades.

— Olá, Azul — disseram ambos.

Mellody sentou-se ao lado do pai e viu como ele estava com a cor da pele mais saudável. Ela passou a mão no rosto dele, deixando lágrimas caírem em seu colo. Todos estavam em silêncio; Alvo caminhou até a amada e pousou a mão no ombro dela.

— Pai... não importa mais o que o senhor fez. Não importa que o senhor tenha se casado com aquela bruxa. Eu nunca desisti do senhor... — Ela tentou afastar as lágrimas dos olhos. — Tudo o que eu fiz, eu sobrevivi, foi pelo senhor. Porque eu te amo. Eu amo o senhor, pai. O senhor é minha família e meu lar. Agora lute por mim e acorde. Acorde, por favor.

Mellody debruçou-se sobre o corpo do pai e deixou que suas lágrimas caíssem no rosto do pai. Tiago e Branca trocaram olhares e Alvo apertou mais os ombros dela.

— Acho que eu lhe devo desculpas, Mell — disse a voz rouca de Robin Wood, fazendo Mellody levantar a cabeça de repente. — Eu sonhei com você, minha querida. Eu te amo.

— Pai! — Mellody o abraçou com força e Robin retribuiu na mesma intensidade. — Obrigada, Fada Azul.

— Não há de quê — respondeu Fada Azul.

— Ei, Mell... o que está havendo? — Ele a afastou, olhando para a filha e depois para os presentes. — Quem são estes?

Mellody riu e enxugou os olhos.

— Pai, isso não é jeito de falar com o Rei e a Rainha de Arcadia — disse ela. Robin arregalou os olhos para a filha e depois olhou para Tiago e Branca, que sorriram em resposta. Robin voltou a olhar para a filha que, rindo, completou: — Recupere-se primeiro, porque a história é grande.

•••

— Acho bom que você cuide da minha garota, ouviu bem? — disse Robin Wood para Alvo Potter.

— Não estava planejando outra coisa, apesar de saber que Mellody sabe se cuidar mais do que eu — Alvo riu e Robin o acompanhou.

— Fico feliz que ela tenha encontrado alguém que a ame de verdade — suspirou o ladrão. — Eu errei em me deixar ser encantado por Prudence. Mas eu estava tão focado em arranjar uma mãe para Mell, que não vi quem ela era.

Alvo balançou a cabeça.

— Às vezes não enxergamos quem é bom para nós, até chegar a hora. O senhor não teve culpa. — Disse Alvo. — Mas a Mellody é um caso especial. Ela sempre teve a mãe o pai que precisa em você. Se apaixone no tempo em que se deve se apaixonar.

— Garoto, você anda estudando filosofia com seu irmão? — Robin brincou, depois de ficar um tempo em silêncio.

— Com a Branca, na verdade. — Alvo riu e Robin o acompanhou. — Mas, acredite, eu vi meu irmão ficar com as garotas erradas até Branca aparecer.

— Eu ainda não aceito que perdi a maior guerra da Floresta Encantada — suspirou Robin. — Ter participado teria sido o meu ápice. — Alvo abriu a boca para responder, mas ouviu a voz de Mellody o chamar.

— Al — Mellody apareceu, acariciando a barriga de seis meses. — Temos que ir .. Ei, pai.

— Ei, garota — Robin sorriu. — Vocês não vão ficar muito tempo lá, não, né?

Mellody riu suavemente.

— Não, pai. Só vamos passar alguns dias na casa da família Potter. Enquanto isso, sei que o senhor e os anões saberão tomar conta daqui — disse Mellody, dando um beijo no pai.

— Acho bom — Robin acariciou a barriga da filha.

Mellody balançou a cabeça, ainda sorrindo. Abraçou o pai mais uma vez e foi esperar Tiago e Branca perto da carruagem. Branca esperava gêmeos e estava com a barriga maior do que a de Mellody. Jared corria pelo gramado do castelo enquanto Frederic tentava contê-lo, reclamando com Roxanne que nunca teria filhos. Ela, então, ameaçou ter filhos com outro e o guarda real estreitou os olhos para a esposa, parando de resmungar e pegando Jared no colo.

Alvo riu e pegou o sobrinho do colo de Frederic, que agradeceu com o olhar. Mellody começou a brincar com Jared, que ria abertamente para a loura. Como Mellody e Branca estavam grávidas, eles iriam para a árvore que os levaria para o mundo bruxo. Escórpio tivera a ideia brilhante de pegar uma semente e plantá-la na A Toca.

— Vamos, Branca — gritou Tiago, não se parecendo em nada com um Rei. — Cacete, mulher, que demora!

— Escuta aqui, Tiago Sirius Potter, xingue mais uma vez e você não vai saber que feitiço te acertou. — Respondeu Branca de Neve com raiva. — No dia em você se parecer um saco de batatas e carregar dois filhos na barriga, ficando mais pesada que uma baleia, você vai saber que é difícil andar com um barrigão!

— Carrega que o filho é seu — murmurou Tiago, rindo.

— O quê?! Seu filho da pu...

— Ei, eu te amo, mulher. Mas sem xingar, olha Jared ali — interrompeu Tiago malandramente.

— Idiota — murmurou Branca, seguindo em frente, recusando a mão estendida de Tiago. Ele riu, porque era daquilo que ele gostava.

Alvo e Mellody sorriram um para o outro enquanto assistiam a briga. Ele gostava, sempre gostou, de como acabaram se tornando uma família completa. Não importava o quanto sofreram ou o quanto sofrerão enquanto seus filhos crescessem, eles sempre seriam aquilo: uma família.

— Então isso é o nosso "felizes para sempre"? — perguntou Mellody, rindo.

— Quer outro final? — Alvo ergueu uma das sobrancelhas.

— Quero não — respondeu Mellody e riu, beijando o marido. — É um bom final.

— Ou um começo! gritou Tiago, fugindo de Branca de Neve, que reclamava atrás dele.

Mellody olhou para a própria barriga, depois para sua nova família e sorriu. Ou um começo... Ela gostou daquilo.

Cinco minutos depois que Branca de Neve conseguiu fazer Tiago ficar quieto, eles embaracaram na carruagem real para chegar até a árvore portal. Enquanto seguiam, Mellody pensava no que todos passaram para chegar até ali, para chegarem ao ápice de suas felicidades. E querem saber? Cada segundo tinha valido a pena.

♡ Fim ♡

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...
Comentem!

E, sim, há uma pequena possibilidade de haver continuação.