The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 37
Capítulo trinta e seis


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Faltam só mais dois capítulos para a fic acabar :// e eu não demorei para postar esse capítulo :) eu gosto desse :3 e creio que dona Lia também vai adorar heueheueheu



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capítulo trinta e seis

— Narrador —

8 anos depois...

O salão estava todo iluminado. Havia lustres e luzes mágicas brilhando por todo o local e cadeiras foram dispostas para que todos pudessem se sentar enquanto ocorria a coroação, que antecederia o primeiro baile real.

No final do imenso salão havia dois tronos, estes destinados ao Rei e à Rainha de Arcadia. Todos esperavam ansiosos a entrada da grande Rainha Branca de Neve e o grande Rei Tiago Sirius Potter; a partir dali, ambos tomariam posse do Reino Arcadia e passariam a governá-lo até que seus filhos assumissem o lugar.

Havia centenas de pessoas ali presentes, porém, estas eram nobres; uns vieram de reinos próximos, outros vieram de reinos distantes... também havia os pais, parentes e amigos do futuro Rei e havia aqueles que conseguiram lugares especiais com Branca de Neve e Tiago Potter ao lutar na Primeira Guerra dos Reinos. Pessoas que não eram tão nobres e que eram alvo de fofocas entre aqueles que não conheciam Tiago e Branca.

Todos estavam vestidos elegantemente para aquele evento que durou oito anos para se concretizar. Muitos ali não sabiam que os futuros Rei e Rainha eram bruxos, e especulavam que os dois negligenciaram o reino por terem sumido durante alguns anos, enquanto completavam a escola de magia. Apenas aqueles que estiveram na batalha sabiam que os governantes de Arcadia tinham poderes, estes que nunca revelaram nada a ninguém.

Marcus e Rachel Dano entraram no salão do trono, vestidos como se estivessem em um tempo medieval. Não se importaram, até porque Rachel amava fabricar as próprias roupas. Enquanto seguiam para os lugares da frente, os dois escutaram os cochichos dos nobres que ainda haviam em Arcadia.

— Eu soube que Branca de Neve esteve com bruxos e bruxas durante todo esse tempo — murmurou uma mulher, cujo o penteado era extravagante de mais. Rachel olhou para o marido, que lhe lançou um olhar de advertência. — E, o pior, parece que Tiago Potter é um bruxo.

— Eu não sabia disso! — Uma outra mulher de cabelos trançados exageradamente exclamou, colocando a mão no seio avantajado por causa do espartilho. — Como nós podemos deixá-los no comando? Isso acabará conosco! Esses dois nunca deveriam ter voltado; bruxos são asquerosos em qualquer lugar.

— E eu vi com os meus próprios olhos que irão fazer saneamento básico — comentou a primeira mulher. — Sabe o que é isso? — A outra balançou a cabeça. — Colocarão vasos sanitários ao invés de latrinas.

— Mentira! — A mulher de tranças cobriu a boca, espantada. — Isso é um absurdo! Eles não sabem o que estão fazendo com este Reino.

Rachel respirou fundo e colocou um sorriso no rosto; Marcus respirou fundo, aliviado... só que não por muito tempo. Rachel voltou e parou no meio daquelas duas nobres preconceituosas e alienadas.

As duas ficaram espantadas quando viram a bela mulher de cabelos castanho avermelhados parar em frente a elas. Usava um vestido verde longo de ceda, com desenhos em espirais e os cabelos estavam soltos em cachos; nenhuma das duas mulheres conseguiram dizer algo.

— Não esqueçam que foi Branca de Neve e Tiago Potter que livraram a cara de velhacas de vocês — lembrou-as Rachel. — Se não fosse o poder de Tiago e de Branca, não pensem que estariam aqui, com esses seus espartilhos apertados demais, essas caras velhas e e toda essa arrogância esnobe de gentalha nobre. Ah, e se eles não fizerem o planejamento de saneamento básico, se vocês não morrerem por uma bruxa das trevas, irão morrer de doenças.

As duas ficaram sem fala, enquanto Marcus balançava a cabeça. Apesar de tentar acalmar os nervos da mulher, ele gostou do que ela falara; ele apostava qualquer coisa que, depois daquela, as mulheres jamais ousariam falar mal de Branca.

— Querido, vou ver Branca, está bem? — informou Rachel, beijando a bochecha de Marcus e deixando duas mulheres mais boquiabertas do que já estavam.

— Mas que linguajar chulo! — reclamou a de tranças depois que Rachel se retirou. A outra concordou com a cabeça.

— E parece que ela conhece a Rainha — observou a de penteado extravagante enquanto olhava os soldados cumprimentarem a mulher de um jeito informal e deixando-a passar.

•••

Frederic abriu a porta do quarto para que Rachel entrasse. Ela cumprimentou o noivo de Roxanne e entrou, indo até as garotas. Ela estava muito irritada.

— Ai, como detesto gente esnobe! — reclamou Rachel, fazendo as meninas se virarem para olhá-la.

— O que houve dessa vez, Rachel? — perguntou Lily deitada na imensa cama de casal de Angelina.

— Umas imbecis falando mal de Tiago e Angel — ela revirou os olhos. — Cadê ela, falando nisso?

— Está nervosa no banheiro — respondeu Rosa, que estava linda no vestido longo rosa bebê, onde dava para ver a saliência de sua gravidez. — A maquiadora que contrataram está lá dentro.

Rachel se levantou, indignada.

— Quem foi que fez o cabelo? — quis saber Rachel.

— Eu — respondeu Lily.

— Isso está errado — Rachel jogou os cabelos para o lado e indo até o quarto de banho. Ela abriu as portas e encontrou Angelina sentada em uma cadeira luxuosa, com uma mulher em frente a ela.

Rosa, Roxanne, Lily e Clara pararam na entrada e viram Rachel entrar em ação, com expressões divertidas nos rostos.

— Dá licença, querida — disse Rachel para a maquiadora, que a olhou inquisitivamente. — Mas a Rainha arranjou outra maquiadora. — A mulher a olhou ultrajada e Branca de Neve a olhou espantada e divertida ao mesmo tempo. — Mas fique tranquila, quando eu não estiver aqui, creio que o seu trabalho será preciso.

A maquiadora olhou para Branca de Neve.

— Majestade?

— Pode ir, Isadora — disse Branca com calma. — Seu lugar está reservado e terá o seu dinheiro.

— Não, obrigada, Majestade... eu não completei o meu trabalho — Isadora fez uma reverência para Branca e para as amigas da Rainha e saiu do quarto.

Rachel tomou o lugar que antes Isadora estava e começou o seu trabalho, resmungando algumas vezes sobre não chamá-la para fazer a maquiagem e sobre as esnobes burras que encontrara no salão.

Rosa as estava olhando, acariciando a barriga de três meses. Lily sentou-se numa poltrona, encurtando vestido lilás tomara que caia; Clara usava um vestido preto, com espartilho prateado, mas não abandonara sua costumeira capa vermelha (que Rachel fizera melhoras significativas, tornando-a mais sofisticada do que infantil e gasta) e esperava na porta junto de Roxanne, que usava um vestido vermelho provocante (cujo Frederic não havia gostado nada).

Branca de Neve estava mais bela do que o normal; seus cabelos caíam mais longos e trançados, seu vestido branco com detalhes azuis caía perfeitamente com seu corpo esbelto, marcando sua cintura com decote em coração; usava uma coroa de prata nos cabelos e os lábios estavam retocados com batom carmesim e uma aliança de ouro puro enfeitava sua mão esquerda.

— Eu estou mais nervosa do que quando eu casei — disse Branca de Neve de olhos fechados para que Rachel passasse a sombra. — Foi tão menos... espalhafatoso e luxuoso. Foi perfeito. — Ela sorriu ao se lembrar do casamento na A Toca.

— Você vai se sair bem, Branca — encorajou Clara.

— Mas você esquece que é princesa de um outro mundo — disse Lily de sua cadeira. — Eu nunca esqueceria.

Todas riram.

— Mas tenho certeza que você não está mais nervosa do que Escórpio — rebateu Rosa. — Ele está surtando desde que soube que eu estava grávida.

— Quem diria... Rosa, grávida primeiro do que todas nós... — provocou Lily e Rosa lançou-lhe um olhar ameaçador, que Lily ignorou, é claro. — Teddy está querendo um filho também. Mas eu disse que ele deve me pedir em casamento primeiro, que ideia.

— Eu leio os pensamentos dele, Lilian — disse Branca. — Sabe que ele vai pedir...

— Quando? — perguntou Lily, emburrada.

— Isso é surpresa — sorriu Branca de Neve.

— Acabei — Rachel guardou o pincel e sorriu para Branca. — Como eu queria que você fosse minha modelo! Minha loja ficaria com uma aparência mil vezes melhor.

— Deixa de ser ridícula, Rachel — Lily revirou os olhos. — E eu?

Antes que Rachel pudesse responder, a Rainha do Reino de La Rosa entrou com seus cabelos louros presos em um coque formal e imponente com seu vestido branco e dourado. As garotas a olharam e esperaram.

— Está na hora... Majestade — comunicou Aurora, sorrindo.

•••

 

Trombetas soaram quando Branca de Neve e Tiago Potter entraram pelas laterais da sala do trono. Ambos vestidos impecavelmente e sorrindo com cautela um para o outro — eles não podiam agir como sempre. Ali, eles eram Rei e Rainha.

Um pastor cerimonial — que sempre fez as coroações em Arcadia — os fez ficar parados de costas para seus respectivos tronos. Não era apenas Branca de Neve que irradia poder e beleza; Tiago Potter também estava deslumbrante com uma roupa branca e capa vermelha, com ombreiras douradas. Ele estava lindo e quase todas as mulheres ali presente sentiram inveja de Branca de Neve. Ela era linda e ele era lindo. Um casal perfeito.

O pastor começou a falar e pediu que Branca e Tiago repetissem o juramento do Reino de Arcadia. Quando assim foi feito, O pastor trocou a coroa de prata de Branca por uma dourada, incrustada de rubis, e fez mesmo com Tiago. O salão explodiu em palmas (a maioria do estardalhaço vinha da parte dos familiares e amigos de Tiago, cujas as atitudes tiveram a atenção e reprovação de alguns nobres) e então tornaram a ficar em silêncio, para ouvir o discurso de Tiago e Branca de Neve.

— Por muito tempo, eu procurei saber quem eu era, a que mundo pertencia, se eu me encaixava em algum lugar — começou Branca, a Rainha. Seus joelhos tremiam, mas sua voz saía firme e clara. — Encontrei o meu lugar em um mundo que me acolheu sem me julgar.

"Eu sofri. Quase fui morta várias vezes. Então, quando eu estava prestes a ser morta mais uma vez, um Caçador chamado Taylor Chase, me mandou para cá. Custei a aceitar, a me aceitar, esse mundo; custei acreditar que todas as personagens que eu sempre ouvi falar eram reais. Mas, conheci amigos. Eu fiz com que alguns deles vissem que um caminho não era melhor do que o outro; e, então, eu descobri que eu podia governar esse mundo, que tanto precisou — e precisa — de mim. Eu me aceitei. E fiquei um longo tempo feliz.

"Mas, quando eu perdi a minha fé... eu contei com os meus melhores amigos" ela olhou para os que estavam sentados em sua frente e depois para Tiago, seu marido e Rei. "Eles se mostram leais e ficaram comigo até o fim. Se eu não os tivesse aqui, não sei se hoje vocês teriam uma Rainha.

"O que eu quero dizer, é que quando você acredita em algo, tudo passa a ter outro sentido. Quando você se aceita, consegue fazer com que tudo seja válido. Quando você tem amigos, nunca estará só. Então não serei apenas sua Rainha, não serei apenas uma governante: vou ser tudo o que meu pai e minha mãe foram. Serei uma líder, que não foge da batalha se for preciso."

Mais uma vez, todos bateram palmas, emocionados. E a vez de Tiago chegou. Ao contrário de Branca, Tiago não ficava nervoso quando falava em público: ele inspirava liderança. Se Branca de Neve era boa em motivar, Tiago era bom em liderar. Dois lados de uma mesma moeda, que se, colocadas lado a lado, completavam-se.

— Eu costumava pensar que eu seria de todas — ele sorriu e todos riram juntos. — Teria cada uma na palma das minhas mãos. É um pensamento idiota e infantil, eu sei. Mas a verdade é que eu estava tentando ocupar um vazio que eu só percebi que tinha, quando eu vi Branca de Neve. Foi estranho; foi amor à primeira vista, pois eu não sabia qual era a minha verdadeira origem. — Ele sorriu ternamente para a esposa. — Para os meus pais, isso foi um choque e tanto! — Todos riram junto com o Rei. — Mas eles aceitaram quem eu sou e o meu destino.

"Não estou dizendo que o Mundo Encantado está livre de ameaças, só porque quebramos a Maldição. Marisa..." Tiago engoliu em seco "não foi e nem será a única bruxas das trevas que existiu ou existirá nesse mundo, porque vão existir mais. Onde há o bem, sempre haverá o mal. É assim que todos os mundos giram; o mal sempre vai querer derrotar o bem, isso é um fato. Mas estaremos aqui para impedi-los! No fundo todos nós sabemos que o poder que o bem tem, nunca deixará que o mal prevaleça. E será este o meu trabalho.

"Estamos trazendo mudanças; coisas que vocês jamais viram e que demorarão para se acostumar, eu sei" Tiago olhou para as mulheres fofoqueiras sugestivamente. "Porém, faremos para que a qualidade de vida de vocês seja melhor, não queremos o mal para vocês.

"Estou treinando os melhores soldados e homens para caçar bruxas" murmúrios encheu a sala. "Se estamos aqui, é para fazer deste Reino, e o Reino que precisar de nós, um lugar melhor. Onde seus filhos e filhas possam brincar sem temor; onde a terra será mais fértil; onde a prosperidade não tenha fim. Por isso, não temam a mudança! Aceite-a, para que possamos tornar esse lugar rico e sem medo de ser atacado novamente! Os Caçadores de Bruxas protegerão este Reino e, eu, Tiago Sirius Potter, serei os guiarei! Eu tomarei a frente de meus Caçadores e, eu, junto de minha esposa, traremos a paz. Chega de dor, chega de medo, chega de não acreditarem em si mesmos. Tenha fé e, mais ainda, amor. Pois, sem ele, somos nada. Amar não nos deixa fracos; amar nos deixa fortes, porque, no final, vocês estão lutando por aquelas pessoas as quais querem voltar... Sempre."

A imensa sala dos tronos irrompeu em palmas, dando vivas para os novos Rei e Rainha do Reino Arcadia.

•••

A música estava enchendo o salão de festas, que estava decorado de vermelho e dourado (uma lembrança dos tempos de Hogwarts), as pessoas dançavam e comiam as delícias que os cozinheiros fizeram. Nos anos que Jason e os anões assumiram temporariamente o comando, conseguiram reconstruir todo o castelo (com uma ajudinha de Teddy — que virara auror também —, Harry, Rony e Hermione) e fazer com que o povo tivesse mais oportunidades para refazerem as próprias vidas.

Tiago e Branca de Neve dançavam pela pista. Tiveram aulas de dança, política e ética para se tornarem Rei e Rainha; eles também se formaram no mundo bruxo: Tiago, junto com Alvo, Escórpio e Marcus, viraram aurores; se especializou em magia negra, para saber o que iria combater ali e no mundo dos bruxos, se assim seu pai precisasse.

Branca de Neve, também seguiu os passos do marido, mas também fazia Direito. Saber das leis de seu povo, para ela, era tão importante quanto aprender sobre bruxas das trevas

— Eu ainda estou nervosa — disse Branca, fazendo Tiago rir. 

— Nós nos saímos bem, amor. — Ele passou as mãos nos cabelos negros da esposa. — Essas aulas de dança serviram para alguma coisa, não é?

Branca de Neve riu, balançando a cabeça, enquanto Tiago a conduzia.

— Essa coisa de nobreza não é para mim, Sirius — disse Branca num suspiro. — Olhe para essa gente... são pessoas que não sabem o que é estar na pobreza, na pele do povo. Eles não entendem por que lutamos, por que só aparecíamos em períodos em que ficávamos de férias em Hogwarts e nem querem saber. Salvamos as vidas de todos eles e eles só sabem falar mal ou espalhar fofocas.

— Sei como se sente, Branca — Tiago assentiu, compreensivo. — Nasci em uma família que, embora eu tenha nascido em uma época em que eles tinham adquirido uma pequena fortuna, nunca teve muito e sempre foram felizes. Por que você acha que nem eu e meus irmãos nunca nos incomodamos em dividir ou comprar algo para alguém se precisar?

— Eu preferia mil vezes ter feito esse baile para o povo do que para os nobres — resmungou Branca de Neve.

— Faremos um em breve, então — sorriu Tiago, girando-a pelo salão. — Olhe para o Alvo; ele está assim desde a última vez que viu Cinderela.

— Deveríamos fazer alguma coisa — disse Branca, preocupada. — Mell nunca mais veio aqui; cheguei a perguntar por ela, mas até mudaram de capitão. Alguma coisa aconteceu com ela.

Tiago olhou para o irmão, vendo que ele sofria. Todos haviam se resolvido, menos Alvo e Tiago sabia bem o que era sofrer por amor.

— Ei, o nome dela é Cinderela, não é? — Tiago perguntou, voltando a olhar para Branca de Neve, que assentiu. — Então algo vai acontecer hoje a noite... E acho que vai envolver meia-noite e sapatinhos de cristal.

Branca de Neve sorriu para ele, impressionada.

— Que bom que você se lembra das histórias.

— Acredite, depois de tudo o que eu passei, vai ser difícil esquecer — e a girou mais uma vez pelo salão.

•••

Já eram dez horas da noite e todos que estavam no baile ainda nem haviam se cansado. Ainda havia comidas e bebidas e muita, muita dança.

Várias garotas olhavam com cobiça na direção de Alvo Potter, o irmão de Tiago Potter, um homem bonito e de olhos verdes brilhantes, que usava uma roupa azul e detalhes dourados, os cabelos estavam penteados para trás com gel e olhava para todos com uma expressão vazia no rosto.

Escórpio viu seu amigo distante e o fez dançar com várias garotas; mas nenhuma delas era Mellody Wood. Alvo havia voltado tantas vezes para a Floresta Encantada, entretanto, nunca mais vira a capitã que tanto abalara seus sentimentos. Nos dias depois da guerra, eles ficaram juntos; mas, depois, ela teve de partir com a metade de seu exército de volta para o seu Reino de origem. E Alvo Potter nunca mais a viu, mesmo que não tenha passado um dia sequer sem pensar nela.

Ele esperava que ela viesse naquele dia. Ora, Mellody não faltaria à coroação de Branca de Neve e Tiago! Até mesmo Aurora e a Eric estavam presentes. E, no entanto, Alvo simplesmente não a vira. Mesmo que aquilo doesse nele, Alvo tentava levar sua vida no mundo dos bruxos e conseguira ficar do lado do irmão nessa.

— Ei, amigão — disse Teddy, sorrindo, para Alvo. Ele olhou para a mão do amigo, que segurava uma taça de champanhe, e viu que usava uma aliança. — Nossa, que animação!

— Não estou muito no clima, Ted — disse Alvo e Teddy balançou a cabeça, observando todas as garotas ali, mas parando na única que importava para ele.

— Fiquei sabendo que você dançou com todas as garotas nobres solteiras — continuou Teddy, mas Alvo não respondeu. — Mas acho que esqueceu aquela ali. — E apontou para uma mulher de cabelos louros presos em um coque formal, o vestido era longo e azul, com nuances prateadas por todo ele, deixando-o mais belo de se ver; uma gargantilha de diamantes enfeitava seu pescoço longo e seus olhos azuis penetraram os olhos verdes de Alvo.

Ela se aproximou e, de longe, Branca de Neve e Tiago assistiam tudo sem interferir. Nas histórias que eles leram, dizia que seria um príncipe. Mas, agora, eles viram que nem sempre saía como o planejado.

Alvo andou até a bela mulher de olhos claros. Por que ele não conseguia saber quem era ela? Dançou com tantas que, por incrível que pareça, lembrava-se todos os rostos... menos o dela. Essa era quem ele sabia que estava em todos os seus sonhos e todos os seus pensamentos. E em todos os momentos em que Alvo vivera até ali.

— Mellody? — A voz dele saiu entrecortada. Afinal, poderia ser uma miragem, uma invenção de sua cabeça.

Ela abaixou a cabeça e sorriu timidamente. Alvo percebeu que Mellody não era mais aquela adolescente que comandara um exército e que o tirara do sério tantas vezes seguidas. Ele a fez erguer o rosto, para que pudesse vê-la e tocá-la. Sua pele era macia e cheirava a jasmim.

Quando Alvo percebeu que era ela mesmo, que Mellody era real, a abraçou tão forte contra si, que ela teve que mandar soltá-la. Alvo riu e a soltou, mas não tirou a mão do braço dela, levando-a até o irmão e a cunhada — que conversavam com Gina e Bela, esposa de Christian, a ex-fera. Quando viram Alvo ali, a conversa parou e Branca de Neve abriu um imenso sorriso.

— Vamos até eles. Minha mãe é aquela ruiva — apontou para a mulher mais velha ali Mellody sorriu e Alvo a conduziu até onde eles estavam.

— Mellody! — exclamou a Rainha, esbanjando simpatia, beleza e felicidade, como sempre. — Quanto tempo que eu não a vejo!

Mellody fez uma mesura para Branca e depois para Tiago.

— Majestades.

Branca de Neve suspirou e olhou para Bela.

— Você não sabe o quanto me custa ver os meus amigos se curvando para mim, Bela — reclamou Branca, fazendo Bela sorrir.

— Isso se chama respeito, Branca — retorquiu Mellody.

— Você já me respeita sendo minha amiga; você me respeita por ter aparecido aqui; você me respeita por ter me ajudado a acabar com a guerra — disse Branca de Neve seriamente. — Então nada de mesuras quando me ver.

— Mas para mim você pode fazer, não me incomodo — Tiago deu um sorriso brincalhão.

— Tiago Sirius Potter! — censurou-o Gina.

— Eu estava brincando, mãe. Credo — ele olhou para Bela. — Minha irmã é igualzinha.

Bela riu e olhou para Alvo, que sorria para Mellody o tempo todo.

— Eu acho... — Bela se pronunciou — que Alvo só queria que vocês a vissem. Suponho que você queria tirar Mellody para dançar.

Alvo sorriu e depois olhou para mãe, que piscou um olho para o filho do meio. Alvo conduziu Mellody até a pista de dança, onde a música começou a tocar com mais vontade.

Ele a girou e seus passos foram calmos e precisos. Alvo não era bom dançarino, contudo, por ela, ele aprenderia bem naquele momento mesmo. Ele a via sorrir enquanto giravam pelo salão. Ela, com graciosidade, ele, desengonçado. Mas, ao que parecia, Mellody não se importava. Estava com Alvo. Finalmente.

— Você não sabe o quanto eu a procurei e a esperei, Wood — disse Alvo enquanto davam mais uma volta no salão. — Por que desapareceu, Mel?

Mellody desviou os olhos dos dele. Alvo sempre tivera os olhos mais bonitos que já vira e, às vezes, Mellody achava que ele enxergava demais com aqueles olhos penetrantes. E Alvo simplesmente não podia saber o que acontecera com ela.

E o que ia acontecer, se ficasse depois da meia-noite.

— Desculpe-me, Alvo... eu... — Mellody balançou a cabeça. — Eu não podia ficar com você.

— Então quer dizer que agora você pode? — Ela detestava ouvir aquela ponta de esperança na voz dele, quando sabia que não poderia vê-lo mais.

— Alvo, eu...

— Shhh, não fale — ele a interrompeu, segurando o rosto dela nas mãos. — Apenas... me beije.

Mellody sentiu o coração afundar, mas o beijou mesmo assim. E foi tão bom quanto no dia em que ele a silenciara com um beijo. Ela já era uma mulher adulta e seus medos, paixões e desejos por Alvo Potter ainda estavam lá. Sempre estiveram.

Mesmo tendo conseguido ser capitã do exército do Reino de Crystal, ainda era um prisioneira. Ela só estava ali porque estava sofrendo tanto, que a Fada Azul lhe deu uma única noite para ficar com Alvo. E, agora que estava ali, nos braços dele, Mellody viu que não queria sair mais dali. Pois sentia-se segura e amada.

— Ah, Alvo... eu não...

Então a primeira badalada do relógio tocou e Mellody olhou para cima. Era meia-noite. Os olhos de Mellody encheram de lágrimas, que não demoraram a cair de seus belos olhos azuis.

Ela saiu do abraço de Alvo e correu para fora do salão do castelo de Branca de Neve. Alvo foi atrás, gritando por ela, enquanto as outras pessoas os observavam.

— Eu tenho que ir, Alvo! — chorou Mellody, já descendo os degraus depressa. — Deixe-me ir! — Mas Alvo continuava a correr atrás dela.

— Não posso deixá-la! Não quando eu te achei — gritou ele de volta, mas Mellody já havia entrado em sua carruagem luxuosa.

— Mas você tem que deixar — ela disse entre lágrimas e a carruagem partiu, partindo o coração de Alvo.

Ele olhou para os lados, vendo que todos estavam ali. Tiago, Branca e seus pais eram os que mais estavam perto dele. Olhavam-no como se estivessem penalizados — o que talvez fosse a verdade. Mas, o pior de tudo, era que ninguém podia consolá-lo da melhor maneira.

Alvo ficou parado ali por bom tempo; ainda não acreditava que ela o tinha mandado esquecê-la. Ela era tão mandona! Ele caminhou de volta para o castelo, o salão e o calor que estava lá, sem olhar para cima. Então, ele viu algo brilhar em um dos degraus que ele subia. Alvo abaixou-se e pegou nas mãos algo que ele jamais pensaria em ver.

Aquilo que Alvo Potter segurava nas mãos, era um único e raro sapatinho de cristal.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...
Comentem!



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