Já era noite. O sol não brilhava mais na Alemanha. Em contraste com as luzes que tornavam o teatro principal da capital o astro dominante. O tapete vermelho ainda estava quase vazio. A imprensa se amontoava ao redor assim como o publico que frenético gritava se lançando contra as barras de proteção. Em letras garrafais, no painel principal era anunciado o evento de pré estréia do filme “Uma chance ao amor”, estrelado por Wilhelm Süskind. Era mais uma estréia para ele. Para Dayse era a sua primeira estréia, e possivelmente o seu passaporte para o sonho. Para Wendler era apenas mais uma estréia. Para Daiane era a prova de que ela era capaz.

–Vamos Day. Me ajude a apertar logo esse vestido. – Daiane reclamava enquanto a irmã tentava prender algo no próprio cabelo.

–Acalme-se Daiane. Eu nem consegui colocar essa presilha aqui ainda. – A moça reclamou e Daiane bufou se apertando em seguida no próprio vestido e conseguindo prender o fecho.

–Deixa eu te ajudar. –Daiane falou para a irmã que a olhou assustada.

–Não é nada pessoal Nane, mas digamos que você não entende muito bem de arruar cabelos. – A mais velha disse e a outra revirou os olhos.

–Achei que eu fosse mais confiável. – A mais nova reclamou e a outra riu.

–E você é. A menos que haja algo inflamável ou acessórios pequenos no meio da história. – Dayse falou e Daiane revirou os olhos.

–Ora vamos. Pare de ser assim tão chata. – Ela falou pegando a pequena presilha da mão da irmã e a prendendo sem dificuldades.

–Eu digo isso a ela todos os dias. – Uma voz masculina soou no quarto. – Mas tente também. Talvez ela escute você. – Wendler sorria parado no batente da porta.

– O que faz aqui imprestável? Já se arrumou? – Dayse perguntou e ele riu ainda mais.

–Tente virar para mim e terá sua resposta. – Ele falou e assim que ela se virou ambos pareceram surpresos.

–Você está lindo.

–Você está lida.

Ambos falaram juntos fazendo Daiane revirar os olhos e fazer uma careta.

–Em pensar que já faz quase um ano e você ainda consegue ficar cada vez mais linda. – Wendler falou e se aproximou carinhosamente da namorada. – Você está realmente linda.

– Daiane meu amor, deixe a sua enorme vela para trás e Wendler meu irmão, largue a minha amada cunhada agora e deixem para se pegar depois, por que agora temos uma estréia para ir e se não chegarmos em cinco minutos o diretor vem pessoalmente aqui para nos levar arrastados para lá. – A voz de Wilhelm foi aumentando gradativamente assim que ele se aproximava mais do quarto. Ele parou de falar assim que focou os olhos em Daiane. – Nane... Você está linda.

–Não entendi o tom de surpresa na frase. –Daiane falou o encarando seriamente para em seguida rir da cara de susto que ele fez. – É brincadeira meu amor. Você está ainda mais deslumbrante hoje.

–Vamos gente, antes de vocês começarem a derramar o habitual pote de mel de vocês. – Foi a vez de Wendler interromper o momento dos dois.

O vestido longe com uma enorme fenda deixava o corpo de Dayse ainda mais bonito. A altura da moça sendo ressaltada pelo salto e os cabelos loiros em contraste com o vermelho do vestido, combinando certeiramente com o terno alinhado de Wendler.

Daiane vestia um vestido que a deixava adoravelmente parecida com uma boneca. Se não fossem pelos cabelos ondulados e de cor mais escura, se passaria facilmente por uma legitima alemã. Parecia mais alta por conta do salto alto.Wilhelm completava o visual da namorada com um terno tão bonito quanto o do irmão.

– É hora do show. – Wilhelm falou sorrindo assim que o veiculo em que estavam estacionou em frente ao enorme teatro.

–Preparem os olhos e os ouvidos. – Foi o que Wendler falou antes de o motorista abrir a porta do carro e dar a eles a visão e a audição do que os aguardava lá fora.

A multidão parecia quase ensandecida. A pouco a atriz principal do filme havia chagado com seu novo namorado, ou como os gêmeos costumavam chamar, o seu mais novo infeliz escravo. Samanta Devegenes não era mais um problema.

Eles saíram casal por casal de dentro do carro. Wendler e Dayse primeiro e Wilhelm e Daiane depois. Os flashes explodiram mais uma vez. Assim como no primeiro encontro deles. Os gritos histéricos se tornaram chiados de desespero. Cada um tentava uma foto ou uma palavra. Queriam tocar neles e um sorriso era quase capaz de desmaiar meia multidão.

Eles passaram juntos por aquilo. Assim como enfrentaram juntos o sucesso do filme. “Uma nova chance ao amor”. Era esse o nome do filme. Irônico talvez. Ou apenas a confirmação do era visível. Eles se amavam. Deram-se uma chance. Nada é perfeito. Problemas vieram. Problemas passaram e problemas viriam. O importante é que eles sempre passavam por eles. Juntos. Exatamente como deveria ser.