Amor De Infância escrita por Samyy


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Sete - Winter Is Coming


Notas iniciais do capítulo

Oh Meu Deus!!!! : O
Esta é a sentença correta para descrever este momento histórico!



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Ronald Weasley lembrava-se claramente da primeira vez em que quebrara o braço.

Flashback

"Estavam no Canadá, ele tinha em torno dos seus dez anos e o inverno tinha chegado há dois dias acompanhado de nevasca. Aquele fora o único momento em que conseguira sair de casa, quando a neve tinha dado uma trégua.

Molly autorizara sua saída, mas não sem antes equipá-lo para o frio.

O ruivo menor usava um suéter de lá, tricotado pela própria mãe, por debaixo do casaco principal, um cachecol, luvas grossas, calça comprida e botas que iam até o joelho, protetores de ouvido e touca, tudo para prevenir um resfriado.

A neve caia em pequenos flocos, formando várias camadas branca em objetos, expondo-os à sua magia.

O quintal da família, assim como o de todos os outros moradores daquela e de outras ruas, estava coberto de água congelada.

Rony estava a construir o maior boneco de neve da sua vida, nunca tinha feito um daquele tamanho e o orgulho batia em seu peito. Gostaria que o pai, Arthur, estivesse em casa para vê-lo.

Viu Fred e George, seus irmãos, aproximarem-se enquanto colocava a cenoura na cabeça do boneco. O garoto mantinha distância dos dois desde a semana em que eles lhe fizeram uma brincadeira de muito mau gosto.

– Fred, não acha que o Roniquinho anda muito silencioso? - George perguntou ao gêmeo quando estava suficientemente perto para que o caçula homem escutasse.

– Tem razão George, eu até tinha esquecido de que temos um irmão mais novo.

Rony só pode ignorá-los e continuar seu trabalho. Agora era vez de fazer a boca. Gostava de fazê-la depois do nariz, pois usava o mesmo material para os olhos, então os fazia em seguida.

– Será que ele ficou mudo e esqueceram-se de nos contar? - George tornou a perguntar.

– Impossível, tenho certeza de que o vi conversando com Gina ontem à noite. - Fred respondeu.

– Então o que será? Será que ele está chateado conosco?

– Será que está nos dando um gelo? - Fred pegou um punhado de gelo e, com a força correspondente a um garoto de doze anos, atirou no irmão.

Rony, embora estivesse fervendo por dentro, só pode manter-se impassível, continuo a montar o boneco. Precisava colocar-lhe os braços.

– Mas por que ele estaria nos dando um gelo Fred?

– Claro George, não se lembra? Nós fizemos uma brincadeirinha com ele.

– Ah, claro Fred. Como pude esquecer? - disse George dando um tapinha na testa como se estivesse lembrando-se de algo inesquecível. - Se não me engano nós trocamos o ursinho de pelúcia de Rony por uma tarântula de brinquedo.

– Bingo! - Fred gritou. - Agora ele está nos ignorando. Não acha exagero da parte dele?

Aquela altura do campeonato Rony estava quente de raiva.

Em uma noite dormira na companhia de seu ursinho, que de “inho” não tinha nada, e na manha seguinte acordara sendo encarado por uma enorme tarântula de brinquedo. Até aquele momento não sabia do paradeiro do urso.

– Completamente, mas e se eu te disser que estou vendo o urso dele daqui?

Aquelas palavras fizeram Rony olhar diretamente para o irmão.

– Daqui? - Fred perguntou. - Ah sim, estou vendo. Bem ali.

Rony olhou na direção que o irmão apontava. Seu urso encontrava-se entre os galhos de uma majestosa árvore. A árvore se tratava do pé de manga da mãe e estava coberto de neve, assim como tudo ali.

– Não está frio aqui fora George?

– Com certeza, acho melhor nós entrarmos e nos aquecermos. - e os dois foram embora deixando o irmão sozinho.

Rony conhecia aqueles dois há... Bem, dez anos, uma vida inteira. Dez anos era muito tempo para saber que eles adoravam aprontar. Só podia ser uma armadilha, com certeza... Mas seu ursinho, naquela árvore, só, um lugar frio...

Ignorando os contra aquela ideia, o ruivo dirigiu-se para a árvore. Não seria difícil escalá-la, fazia isso sempre, a única diferença era que não o fazia quando nevava.

A não ser isso seria moleza.

Apoiou o pé esquerdo no buraco do tronco de forma a dar impulso enquanto segurava firmemente os galho acima de sua cabeça. A neve só tornava o trabalho um pouco escorregadio.

A subida fora tranquila, só precisava prestar atenção à onde se apoiava. A descida era o problema.

Se estivesse a descer só não teria se complicado, mas levava um urso a tira colo. O brinquedo estava preso em galhos altos, Rony se enrolou no momento de colocar o pé direito no tronco da árvore. O lugar estava escorregadio, então seu pé "fugiu".

Mal percebeu a queda. Caiu de lado, sobre o braço esquerdo.

Nem bem tinha aterrissado no chão ouviu os gritos de Molly.

Gui, seu irmão mais velho, teve que levá-lo ao hospital.

Mais tarde suas suspeitas só se confirmaram. Aquela fora mais uma das pegadinhas dos irmãos. Fred e George não queriam que o caçula se machucasse, apenas queriam se divertir. Por conta daquela travessura ficaram de castigo até o braço de Rony curar.

No momento em que caiu soube que fraturara o braço, a dor fora quase insuportável."

Mas aquela dor não se comparava em nada a dor que sentia agora.

Quando lhe perguntavam:

– Como você está se sentindo?

Prontamente ele respondia:

– Eu estou bem.

Dizem que essa é a maior mentira contada em todo o mundo.

"Eu estou bem".

"I'm fine, I'm okay".

"Je suis très bien".

Não importa em que idioma, a resposta curta, rápida e direta é usada para apenas um, e somente um único objetivo, evitar perguntas das quais não se quer responder.

Rony sabia que não conseguiria convencer a todos para sempre, afinal, querendo ou não, sua noiva fora atingia com uma bala na cabeça e corria risco de vida. Com certeza isso não é sinônimo de "estar bem".

Ele estava angustiado, e não, não deixaria que ninguém percebesse, então, quando os policiais lhe fizeram uma visita, há alguns dias, enquanto ainda estava internado, tentou responder o mais tranquilamente possível.

É claro. Só confirmaram um fato já confirmado.

Vitor Krum.

Não que precisasse de uma confirmação, mas escutar de um oficial da justiça que ele era o culpado pelo seu atual estado lhe dava certo alívio, e sede de vingança. Talvez fosse isso o que ele precisasse escutar.

O ruivo foi submetido a uma cirurgia bem simples com o objetivo de retirar a bala em seu braço, cirurgia realizada minutos após dar entrada no hospital. Mesmo sendo simples, qualquer erro poderia acarretar em danos permanentes por estar localizada no cotovelo, responsável pela articulação do membro.

A cirurgia, também, serviu de pretexto para lhe aplicarem calmantes devido sua exaltação em querer notícias de Hermione.

Como se fosse crime ficar preocupado com a noiva!

Ninguém lhe contou a princípio, descobriu algumas noites após chegar a sua "maravilhosa estadia no hospital".

Estavam em seu quarto, o número 6244, seus pais e um médico. Rony tinha acabado de acordar, mas se recusava a abrir os olhos. Seu braço estava dolorido, a sensação da bala perfurando-o não deixava seu corpo, e sentia a cabeça pesada. Disseram a ele que tivera sorte de não ter o braço corrompido, a bala fizera um estrago e tanto afinal. Teria que usar uma tipóia e gesso durante um tempo, e, eventualmente, fazer acompanhamento médico para que o braço voltasse a ser o que sempre fora.

Arthur e Molly iniciaram uma conversa com o médico em um tom baixo, porém alto o suficiente para Rony escutar cada palavra do que diziam.

– Eu não acho isso certo doutor. - Molly Weasley desabafou. - Não acho certo nós estarmos escondendo esse tipo do coisa do meu Roniquinho

Mesmo com os olhos fechados Ronald os revirou. Sra. Weasley e sua mania de sempre chamá-lo pelo apelido de criança. Mas não foi isso que o fez ficar com os ouvidos em alerta. Que tipo de coisa estaria seus pais e aquele médico escondendo dele? Diversas coisas passaram por sua mente, como:

1- Ter que perder braço, mesmo depois de lhe afirmarem que não seria preciso, e ter de se virar com o lado esquerdo do corpo (ou ter uma prótese);

2- Estar com alguma doença grave que acabara sendo descoberta com essa temporada internado, ou ainda, algo que nem queria cogitar,

3- Hermione estava em uma situação pior do que lhe contaram.

Nos primeiros dias em que passara ali, após muito insistir, contaram-lhe que Hermione precisava ficar um tempo em coma induzido, para que seu cérebro pudesse descansar da cirurgia de retirada da bala, pois os riscos de qualquer tipo de sequela, e até óbito, ainda eram altos.

– Mas o que a senhora quer, dona Molly? A senhora mesma viu como seu filho ficou. Querendo saber notícias da garota a cada instante. A senhora deve saber melhor do que eu qual será sua reação.

"Querendo saber notícias da garota."

Essa já era uma informação e tanto.

Estavam conversando sobre Hermione, é claro. De quem mais poderia ser?

Ficou ávido por escutar mais, qualquer informação adicional, contudo ninguém quis continuar com aquele assunto em particular, então partiram para outro tópico: o estado físico de Ronald.

Falaram sobre coisas das quais ele já tinha conhecimento, como a tipóia e o gesso. Já tirara todas as suas dúvidas com as enfermeiras.

Sua mente começou a divagar para o dia em que finalmente poderia deixar aquele quarto de hospital. Faria o possível para realizar alguns de seus desejos, coisas que não fariam se não estivesse passando por toda essa situação. Talvez saltar de paraquedas, dar um tempo no trabalho e aproveitar a vida um pouco mais, porque eis um fato sobre a vida: ela é breve e a única certeza que temos sobre ela é a morte. Agora Rony entendia isso.

Sua mente foi trazida de volta em um ponto da conversa, um ponto que voltava a interessá-lo:

– Bem, obrigada doutor. Mesmo o senhor me apresentando fatos... Ainda não concordo inteiramente.

– Eu concordo com o médico Molly, não seria saudável para Rony saber que Hermione está em coma por conta própria e risco. Você, mais do que eu, sabe como ele ama aquela garota. O que ele faria se soubesse que a situação é bem pior do que lhe foi contado? Que ela pode morrer a qualquer momento.

– Também não é para tanto senhor Weasley. - o doutor se intrometeu.

– Tudo bem Arthur. - Molly finalmente se convenceu.
Rony queria entrar naquela conversa imediatamente e exigir que lhe dessem as informações corretas sobre Hermione, mas sabia que se fizesse não saberia o que realmente estava acontecendo.

Então, na verdade todos estavam mentindo para ele. Os médicos, os enfermeiros. Até mesmo Harry e Gina... Até mesmo os próprios pais de Hermione...

– Vamos sair daqui, ele pode acordar. - aconselhou o médico.

Assim que escutou a porta ser fechada Rony sentou na cama apoiando a testa na mão esquerda.

Era horrível o que todos estavam fazendo com ele.

Deixando o no escuro.

Traição.

Era (quase) como não contar a uma mãe que tinha perdido seu filho.

"Que ela pode morrer a qualquer momento".

As palavras flutuavam em sua cabeça, flutuavam em seus olhos, o deixavam pensando.

Hermione morta.

Ela não está morta.

A ideia era tão ridícula quanto Harry Potter sem seus óculos e sua cicatriz na testa.

Levar uma facada no coração teria doido menos que pensar naquela possibilidade. Naquela altura do campeonato não se via sem a garota de cabelos e olhos castanhos que roubara seu coração desde a primeira vez em que se viram, aos cinco e seis anos. Conheciam-se há, praticamente, uma vida inteira.

Isso tornava tudo tão real. Hermione estava tão bem, tão viva e de repente o ex-namorado maníaco lhe tirava sua felicidade, lhe tirava o direito de viver normalmente.

Pensando com seus botões Rony acabou adormecendo.

Dias mais tarde ele acabou colocando as cartas em cima da mesa.

Os olhos de Molly se tornaram marejados quando o filho contara que escutara toda a conversa, não muito diferente de como o próprio se encontrava. Rony mal conseguia olhar nos olhos da mãe.

– Eu tinha todo o direito de saber! - não tinha a mínima vergonha de evitar as lágrimas que brindavam seu rosto, nunca fora de esconder sentimentos. - Nós vamos nos casar, eu tinha o direito de saber!

– Sim, você tem toda a razão. - Molly tentava acalmar o filho. - Não foi certo.
Molly acabou por chamar o médico, para que ele explicasse melhor a situação.

No fim esconder tudo de Rony fora um erro total. Ele reagira melhor do que o esperado. Ouviu tudo atentamente, fazendo perguntas quando necessário.

Ele não sabia muito sobre medicina, já que sua área era Arquitetura, mas sabia o bastante sobre comas para concluir que era uma situação delicada.

– Eu peço encarecidamente que, se ela acordar...

– Quando ela acordar. - Rony o corrigiu.

– Quando ela acordar, peço que mantenha a calma. Não a pressione, precisamos examiná-la, checar se está tudo bem. Como eu disse, pode haver sequelas.

O ruivo assentiu. Precisava de um momento para raciocinar.

Coma...

Ele sabia sobre a raridade de alguém acordar de um.

Ele sabia da grande possibilidade de sequelas.

Ele sabia de tudo, só tinha uma última questão.

– Doutor?

– Sim?

– Será que eu... - ele estava incerto. - Será que eu posso vê-la?


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Notas finais do capítulo

Então, é o seguinte. Tem, exatamente, um ano desde a última vez em que atualizei esta fanfic.

Mas o que aconteceu? Alguns devem estar se perguntando.

Simples, eu travei completamente. Nesse meio tempo eu escrevi vários trechos desse capítulo, mas eu nunca N-U-N-C-A conseguia escrever o capítulo todo. Esses trechos foram acumulando e, finalmente, dia 23 de Junho (o dia em que o Fandom de THG perdeu a cabeça, literalmente. Claro, era o TEASER TRAILER DE MOCKINGJAY PART 1 PRA VAZAR), eu escrevi algo utilizável, viva!

Outro motivo para minha ausência: Fiquei de saco cheio daqui, queria dar um tempo, tirar umas "férias". Escrever estava virando meio que uma obrigação, não diversão, então eu dei um tempo. É como um namoro (como se eu soubesse muito sobre eles): quando não tá dando certo você dá um tempo, uma pausa, um momento só seu, para pensar e tals.

Espero que ainda haja leitores porque ainda há escritora. Eu nunca poderia abandonar esta fanfic, nem outras. Agora a dúvida cruel é: será que serei capaz de postar os capítulos como antes? Que eles chegarão isso eu tenho certeza, agora com que frequência eis a questão.

Beijos e comentem, por favor, nem que seja para me xingar.

Desculpem-me, so so so so so so so sorry. Senti tanta falta de escrever essa história.

Se alguém estiver interessado me siga no Twitter - MeGustaRomione eu sou legal, prometo. Qualquer coisa o botão de unfollow tá lá pra isso : D