Amor De Infância escrita por Samyy


Capítulo 15
Capítulo Catorze - No Jantar




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A cada andar que o elevador descia - elas moravam no sétimo - a ansiedade assolava Hermione. Ela não suportava isto, desde pequena ficava ansiosa com qualquer acontecimento, por menor e mais simples que fosse.

Quando finalmente alcançou o andar térreo, encontrou Rony tentando conversar com o senhor Filch.

– Há quanto tempo o senhor trabalha aqui? - o ruivo tentava ser educado, mantendo uma conversa cordial, mas Filch não parecia querer o mesmo. Ele nunca tinha vindo fazer uma visita direta à irmã, e Filch era alvo de sua curiosidade ao tentar saber mais sobre a moradia da ruiva.

– Não me amola garoto! - disse grosseiramente, lhe lançando um olhar fulminante, e logo voltando sua atenção para a televisão, que aos domingos não passava nada construtivo, principalmente naquele horário.

Caham... – Hermione limpou a garganta antes de cumprimentá-los. - Boa noite senhor Filch. Boa noite Rony.

Rony parecia fascinado com a mulher a sua frente. Ontem, ele pensou, ela estava impecável, e espantosamente conseguira ficar mais bela. Ele sempre acharia que seus cabelos, caídos pelos ombros, lhe dava um ar sensual.

As bochechas de Hermione ganharam cor quando ela notou que ele lhe analisava. Isto era completamente desconcertante. Como uma mania, ela mordeu o lábio inferior, aflita.

– Boa noite! - disse Rony quando saiu do transe. Ela é perfeita! seu pensamento repetia.

Filch nem se deu ao trabalho de responder. Isso que se ganha quando tentar ter boas maneiras. Um grande saco cheio de nada!

– Você está... - majestosamente linda, perfeita, maravilhosa, mais bela impossível. Todos esses adjetivos serviriam... - muito bonita... - ela sorriu com o comentário, e Rony se sentiu um imbecil por só fazer aquele "simples" elogio.

– Você também está... - elegante, o mais lindo de todos, um "pitel" - muito bonito. - aquele elogio (clichê, em sua opinião) saiu a muito custo. De fato Rony estava elegantemente vestido. Usava uma camisa social azul, muito clara, abotoada até o penúltimo botão, uma calça preta e sapato social. O cabelo parecia estar um pouco molhado e bagunçado, o deixando irresistível.

– Será que vocês podem sair dai? Estão bloqueando o acesso ao corredor! - resmungou Filch.

Os dois, que pareciam estar num transe, saíram para a rua, em direção ao carro do ruivo. Era da marca Peugeot, cinza, que Hermione não fazia ideia de qual modelo pertencia. Carros não são seu forte...

Eles entraram, Rony deu a partida e seguiram para o destino.

– Legal o seu carro... - ela tentou iniciar uma conversa. - O meu é um Sedan que ganhei de meu pai. Tem um tom meio azul ou roxo...

– Entende de carros também?

– Se eu souber a marca é um grande feito! Mas, então, aonde vamos?

– Já ouviu falar de Hogsmeade? É um restaurante que tem um pouco de cada. Resumindo, comida de todas as partes do mundo. Tailandesa, Africana, Brasileira, Britânica. Tudo o que você imaginar.

– Não é muito caro, né?

– Acredito que não. É a primeira vez que estou indo lá.

Um pedaço do caminho se seguiu em um silêncio mais que incomodo, onde Rony, em uma tentativa de amenizá-lo, ligou o rádio. Nenhuma estação trazia música que os agradasse, então Rony acabou por sintonizar onde passava futebol. O que foi um pretexto...

– Então, você gosta de futebol? - sem tirar os olhos da estrada perguntou. - Lembra, ontem... - valia qualquer coisa para quebrar o silêncio.

– Na verdade não muito! Sei coisas básicas. Estava brincando com você, ontem.

– O que aconteceu? - perguntou de repente, deixando Hermione perplexa. - À noite, ontem. Lembro apenas de estarmos folheando o álbum, e bem, nós dormimos...Encontrei o álbum no chão!

– Dormimos sim. Bom, nós deitamos e dormimos, mais nada. Acordei de manha e fui embora antes de você acordasse, o que eu duvido. Tem o sono mais que pesado! - ela soltou uma risada baixa, com tom de desdém.

– Chegamos! - ele anunciou após um período.

Nem era muito longe. Uma placa, bastante chamativa, anunciava Hogsmeade em letras gritantes e garrafais. Tinha uma pequena fila na entrada.

– Eu vou pedir que o manobrista estacione. - Rony abriu sua porta, e pediu que Hermione ainda não saísse do carro. Ela não entendeu o pedido, mas o fez. Rony rodeou o veículo e abriu a porta de Hermione, demonstrando ser um cavalheiro.

– Não precisava!

– Claro que precisava.

O ruivo entregou as chaves ao manobrista de plantão, e, ao lado de Hermione, passaram entre as pessoas, ignorando a fila.

– Não temos que pegar a fila?

– Não, isto é para quem não tem reservas. Eu tenho!

Sendo encarados por quem aguardava uma oportunidade para entrar, Rony se dirigiu à moça que verificava quem e quando poderia desfrutar dos local. Rony lhe disse que tinha reservas para oito e meia, mesa para dois, em nome de Ronald Weasley. Ela checou uma lista na prancheta e os deixou entrar, sendo guiados por um dos funcionários.

Pela aparência interior, aquele devia ser um lugar mais que chique. As mesas eram decoradas com diversas toalhas e adornos no centro delas - flores artificiais. As paredes estavam pintadas com cores alegres, amarelo e verde vivos.

– Por aqui, por favor! - o funcionário os guiou até uma mesa próxima a janela. Rony, mais uma vez, dando uma de cavalheiro, puxou a cadeira para que Hermione pudesse se sentar. Ela murmurou em agradecimento.

– Boa noite! Estes são os cardápios. - outro funcionário veio atendê-los. - Me chamo Freduardo. Quando escolherem seus pedidos podem me chamar que virei. Com licença. - virou-se os deixando sós.

– Nem sei o que escolher. - Hermione folheava o cardápio, passando os olhos rapidamente nos pratos. - São tantas opções.

– Eu falei! Estou faminto, e se pudesse comeria todos! - Hermione riu. - Que tal... Yakisoba?

– Não mesmo! Hum... Eu gosto de frutos do mar!

– Frutos do mar... - ele ponderou. - Eu sou alérgico a camarão!

– É? Que triste, porque eu adoro strogonoff de camarão! Bom, então peça para não colocarem camarão no seu!

– Sim, vou fazer isso, vou... E para tomar? Vinho? - perguntou o ruivo, pensativo. Ele chamou o tal Freduardo, pedindo dicas. O rapaz recomendou vinho tinto, e assim completaram o pedido.

Para evitar outro silêncio incomodo, após a saída de Freduardo, Rony engatou um assunto:

– Não acha isto estranho? O modo como nos reencontramos! - acrescentou ao vê-la lhe encarar confusa. - Até hoje não sei de quem era o aniversário!

– Estranho sim! Era a festa da minha amiga Luna. Como eu já disse, fui obrigada a comparecer, mesmo que Luna e eu sejamos amigas próximas. Gina, uma grande amiga minha, chegou a me ameaçar caso não fosse.

– Gina é maluca, inconsequente! Ligou-me pedindo que fosse, sem me dar muitas informações, dizendo que talvez encontrasse a "Bela" na festa!

– É, ela disse a mesma coi... Espera, conhece Gina?

– Se eu conheço? Eu convivi vinte e três anos da minha vida ao lado dela! É minha irmã. Esqueceu-se? Acho que sim... Ela era muito tímida, e mal falava com você! - riu ao lembrar-se dos tempos de crianças. - Ela até foi nossa dama de honra. - ele teve de se conter para não gargalhar alto no restaurante. - Ainda não acredito que a gente fingiu se casar!

Então, Hermione finalmente percebeu que um com um são onze. Claro, Gina era a irmãzinha de Rony. Tímida e calada, agora o contrário! Tudo fazia sentido...

– Também não acredito! E era nosso "segredinho". Só seus irmãos que sabiam.

Quando os dois souberam que teria de se separam, Rony teve a brilhantíssima– ou nem tão brilhante - ideia de casarem-se, pois assim teriam a certeza de que nunca se separaram de verdade, pois o padre da igreja sempre dizia: "O que Deus uniu homem nenhum separa." Fred e George foram os "padres", Gina a dama de honra, que levou as alianças, Charlie e Gui os padrinhos. Charlie de Hermione e Gui de Rony. Percy foi a testemunho contra a vontade - preferia ficar no quarto ao invés de presenciar aquela "palhaçada", assim se referiu.

– Aquele foi o dia mais engraçado da minha vida! - confessou Hermione.

– Acha que nosso casamento é motivo de risos? - Rony perguntou, tentando se manter sério.

– Sem duvidas. Eu tive que pegar um vestido escondida. Não podia contar a mamãe. Logo naquele dia eles ficaram em casa!

– Você estava linda naquele dia... E na festa... Ontem... Hoje... - Hermione abaixou a cabeça encabulada.

– Está demorando, não? - ela acrescentou consultando o relógio de pulso, a fim de mudar o assunto. - Estou com fome.

– Estou varado de fome!

Mal terminaram de reclamar, e Freduardo, o atendente, voltou com seus pedidos.

– Está com um cheiro delicioso!

– Foi preparado pela madame Rosmerta, chefe de cozinha. Bom apetite.

Tiveram um refeição com risos e conversas a parte. Rony lhe contava piadas, ou falava da escolinha na qual estudaram juntos. Hermione não deixou que ele bebesse mais do que devia, afinal, ainda precisava dirigir. Ao fim, escolheram sobremesas: sorvete de chocolate com muita, mas muita cobertura. Rony pediu a conta e ficou indignado quando Hermione se propôs a pagar a parte dela.

– Eu a convidei, eu quem pago tudo!

Já no carro, depois de Rony pagar uma boa gorjeta ao manobrista, Hermione agradeceu pela noite.

– Sério, obrigada. Se não fosse você, agora estaria em casa escutando Gina, provavelmente conversando com Harry. Sabe aquele papo meloso de casal? Então... Embrulha-me o estômago!

Seguiram de volta para o prédio. Rony fez questão de levá-la até a portaria. Filch não estava lá. Talvez fazendo ronda...

– Ah... Boa noite. - ele desejou, meio incerto do que fazer.

– Boa noite. - os dois, incertos e desconcertados, deram um abraço. Rony tinha um cheiro tão bom que fazia Hermione não querer soltá-lo.

Lentamente começaram a se afastar. Olhos nos olhos. Azul no castanho mel. Uma onda de eletricidade perpassou seus corpos. Ele queria tomá-la nos braços, beijá-la, dizer que a ama, mas a coragem lhe faltava.

Coragem, por que me abandonastes?

Como ele a queria...

– Nos vemos depois? - ela perguntou um pouco abalada. Ela sentia, em algum lugar dentro de si, que Rony era o cara certo, mas como falar isto, como demonstrar seus sentimentos. Tinha medo de ser magoada.

– Claro, quando quiser! Até!

– Até. - eles acenaram em último gesto de despedida.

Hermione sentiu as pernas bambearem. O que ele tinha feito? Teve uma sensação crescente de abandono, e queria, desesperadamente, com ardor, que Rony voltasse. Era um sentimento de amor, estava visivelmente apaixonada. Na verdade, nunca deixou de estar.

Aquele amor de infância só tinha crescido com o tempo e se escondido dentro dela. Nunca a deixou. Ela precisava dele, mas tinha medo...


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Notas finais do capítulo

Então... Reviews? São muito bem vindos. Imagine se você não está gostando e quer que eu apague a história, mas não avisa. Como você sugere que eu saiba disto? É impossível se não me contarem, até porque eu acho a história boa... Sou suspeita...