Capítulo 13 - O pior dia da minha vida.

- OK, vamos recapitular – disse Marlenne enquanto andávamos em direção á minha casa, cansadas tanto psicologicamente quanto fisicamente. Aquela menina loira era louca, não aceitava quando perdia alguma briga e acabou por começar a gritar. Nós tivemos que sair correndo antes que levássemos algo na cabeça.

E para melhorar tudo, o carro de Marlenne havia quebrado algumas quadras atrás, quando o reboque chegou, decidimos que iríamos a pé mesmo. Era bom para espairecer e para Marlenne saber dos detalhes do que havia acontecido mais cedo.

- Lene, eu já “recapitulei” – fiz aspas com as mãos – umas três vezes. Você não entendeu ou não quer perder detalhes?

Só pela sua cara já dava para saber que era a segunda opção.

- Eu falei para você não contar para ninguém – alertei – por favor!

- OK ok, já sei Lily – ela me interrompeu, andamos mais um pouco antes dela retomar a fala – e agora?

- Agora o quê? – perguntei bobamente, mesmo sabendo ao que ela se referia.

- O que vai ser? O que vai acontecer? Você não pode fugir para sempre. – ela disse me encarando com seus olhos negros.

- Isso aconteceu á algumas horas atrás Lene, tenho muito tempo para fugir – tentei brincar mas ela não achou graça – Vou pegar esse dia para pensar, amanhã eu vejo o que faço. Só quero descansar. Essa dor de cabeça tá me matando.

Não demorou muito para ela começar a tagarelar sobre qualquer coisa, e como ela só queria falar e falar, nem percebeu que eu não prestava atenção. Eu estava absorta em meus próprios pensamentos confusos.

Eu poderia ser clichê e dizer que meu coração estava quebrado, ou ser dramática ao ponto de dizer que minha vida seria incompleta e infeliz sem ele. Mas eu não sabia o que estava acontecendo.

Eu estava com os sentimentos tão confusos, que nem sabia o que sentir. Estava como sempre estive. Calma. Ou só aparentemente calma. Sabia que, no momento em que pisasse no meu quarto, cairia no choro. Odeio ficar confusa, sem conhecer meus próprios sentimentos, sem saber o que se passa no meu coração.

Marlenne resolveu parar de falar, mas não me chamou, também caiu em seus próprios pensamentos enquanto andávamos. Estávamos perto da minha casa.

Nós viramos a esquina e entramos na rua da minha casa. Olhamos para os lados antes de atravessar a rua, e no meio desse percurso, vi uma pequena multidão. Eu e Lene, atraídas pela bagunça, fomos em passos largos e apressados checar.

Revirei os olhos. Por que será que eu não fiquei surpresa ao encontrar Sirius, Dorcas e Remo no meio daquilo tudo? Era mais que previsível que eles estivessem metidos em confusão perto da minha casa.

Sirius estava deitado no chão, parecendo rezar, mas quando me aproximei ele apenas recitava todos os palavrões possíveis, uns até que eu nunca havia ouvido em minha vida.

Marlenne foi perguntar para ele o que significava um dos quais ele xingou alto enquanto eu me afastava e ia em direção á Dorcas.

 - É James. – ela disse antes que eu abrisse a boca, prevendo o que eu perguntaria. – Ele está invadindo a casa de alguém.

Dei uma espiada. Fiquei horrorizada.

- Ele está invadindo a minha casa. Ele é idiota ou o que? – apontei para ele enquanto me virara para Dorcas brutalmente, fazendo meus cabelos ruivos baterem em seu rosto.

- ai Lily! – ela resmungou passando a mão em seu rosto – eu não sei! Ele ligou para Sirius, e eu e Remo estávamos juntos, chegamos e ele estava lá! A casa é sua e o namorado também, você que tem que saber!

- Ele não é meu namorado! – eu estava a ponto de berrar.  Estava de costas para ele, não queria ver aquela cena deplorável. – Sirius, vai lá ajudar aquele boboca!

- Hey ruiva – disse Sirius se levantando do chão, e pude ver seu braço cortado  - só você vai convencer o Romeu a descer dali. Eu já fui lá e em troca ganhei isso – ele apontou para o machucado.

- Remo? – chamei, e ele somente olhou para mim e vi em seus olhos que ele concordava plenamente com o que Sirius havia dito.

Eu me virei para James e dei um grito para chamá-lo, mas ele não me escutou.

Ele estava pendurado na minha janela, quase caindo, mas parecia determinado. Havia várias folhas rasgadas e a cortina da minha janela estava metade no chão.

- JAMES! – berrei pulando meu muro, esquecendo que havia uma entrada logo ao lado – DESCE DAÍ AGORA!

Ele finalmente me escutou e virou eu rosto para mim. Estava suado, seus óculos estava tortos e seu cabelo mais bagunçado do que normalmente. Ele sorriu.

- Lílian! – ele disse quase gritando – pra mim você estava aqui!

- o que você está fazendo aqui, seu demente? – disse raivosa enquanto pulava para agarrar o pé dele para puxá-lo, mas ele estava muito alto. – Como você vai descer daí?

- Posso entrar e sair pela porta da frente – ele disse, como se fosse muito fácil.

- Lógico que não, você está invadindo minha casa! – eu disse, e comecei a escalar também o máximo que conseguia. Olhei para trás e vi que Lene, Dorcas, Sirius e Remo observavam tudo, divididos entre rir ou ajudar.

- Não estarei invadindo se você deixar eu entrar! – Eu desisti de subir e pulei para o chão, e Ca de bunda, o que fez um barulho estranho. Os três lá da rua, começaram a gargalhar, e curioso, James se virou para ver o que tinha acontecido e acabou se desequilibrando e caindo com tudo ao meu lado.

Gritei e Dorcas, Remo e Sirius vieram correndo vendo que algo havia dado errado.

Havia sangue no chão, James havia batido a cabeça. Comecei a gritar por socorro e chorar, levantei a cabeça do maroto e com alivio vi que o sangue não vinha de lá. Remo foi chamar uma ambulância.

- James? – eu sussurrei vendo minhas lágrimas caindo em seu rosto. Ele abriu os olhos, seus óculos haviam quebrado.

- Lily, eu preciso falar algo pra você – ele disse fracamente.

- Eu sei, se não tivesse não teria escalado minha casa – disse e ele deu um fraco sorriso antes de fechar os olhos novamente.

Rapidamente a ambulância chegou e logo fomos para o hospital. Tinha como meu dia ficar pior?