Luke não pareceu assustado com o que ouvira, parecia que essa era sua rotina matinal. Ambos ainda estávamos sorrindo.

– E então? Tem armas Luke?

Ele não respondeu, apenas moveu-se para sua cama, arrancando com força o colchão, mostrando um arsenal de armas, pegando ao que parecia ser uma submetralhadora, olhando para mim.

– Serve essas?

Meu sorriso se alargou e pela segunda vez senti uma adrenalina descomunal.

– Adoro explosivos, o som de “Kabum” me deixa excitada, será que tem alguns aí?

– Pode pegar qualquer um. – Disse apontando para seu arsenal.

Peguei uma bolsa e a enchi de explosivos, o resto já tivera. Luke estava se preparando, seu olhar estava distante e frio, tenho certeza que já sofreu perdas e que não era sua primeira vez com eles, no fundo eu me sentia mal com tudo isso, e sabia exatamente o que ele passara, mas não tinha as palavras certas para dizer.

– Está pronta Senhorita Eni?

– Sempre.

– Qual é o pla... – Fora interrompido, um som soou mais forte lá em baixo, eles pareciam estar subindo.

Suspirei.

– Vamos pular pela janela, vou explodir tudo aqui, vá para perto da janela, quando eu falar para você pular, você pula!

– Esse é o seu plano? – Disse sarcástico.

– É esse ou sair atirando em tudo.

Luke fora pra perto da janela e estava pronto para pular a qualquer momento.

– PULA! – No mesmo instante que gritei para ele, joguei três explosivos para fora do quarto, descendo escadas abaixo, corri o mais rápido que poderia, e então a casa se explodiu, fazendo com que eu caísse para longe. Luke correu para me ajudar a levantar, era tarde, cinco Mogadorianos estavam indo de encontro ao dele, o vi atirar com tanto vigor, era muito rápido em seus movimentos, acertou três de uma vez só, os outros dois restantes miraram uma bazuca nele.

– Luke sai daí! – Estava encontrando força para me levantar, senti que havia sofrido algumas queimaduras na região das costas.

Luke não temeu, ele desviou do ataque, atirando mais uma vez, fazendo com que os outros dois virassem cinzas.

– Eni, atrás de você!

Fiz um esforço tremendo para levantar, e com minha mão direita peguei a adaga que estava no meu tornozelo, virei rapidamente e acertei a perna do Mog, ele parecia ter mais de dois metros de altura, com minha mão esquerda saquei uma de minhas armas e atirei, fazendo-o virar cinzas.

– Muito bom, para uma garota! – Luke gritou. Estávamos apenas uns 8 metros de distancia.

– Não cante vitória, eu só estou começando. – Continuávamos a sorrir, parecíamos que estávamos realmente brincando com aquela situação.

Duas bestas Mogadorianas saíram do fogo que havia se formado na casa de Luke, uivando para nós. Peguei mais dois explosivos e mirei, esperei o momento certo delas uivarem de novo, jogando-os com força para dentro da boca delas, antes que explodissem me abaixei e acionei o campo de força, observei que primeiro os pedaços delas voaram, para depois viraram cinzas. Olhei para Luke que estava um pouco surpreso.

– Agora sei por que gosta tanto de explosivos. – Seu tom soou irônico.

Meu sorriso se desfez, mais cinco Mogadorianos estavam se aproximando e mais quatro bestas estavam saindo em disparadas ao nosso encontro, olhei para Luke, sei que ele estava exausto assim como eu, porém para nossa surpresa Lydron entrou na nossa frente.

– Lydron vai embora! – Estava ofegante, Lydron não passara de meu joelho, como pode enfrentar quatro bestas e cinco Mogs? “Eni você é uma idiota, não sabe de nada mesmo!“. E mais uma vez sua voz ecoou dentro da minha cabeça, porém dessa vez ele tinha razão... Lydron começou a mudar de forma, mas como era possível? Meu pai dissera que ele não poderia fazer tal coisa. Lydron estava ficando cada vez maior, parecia mais com um Dragão, e tinha mais ou menos uns 10 metros de altura agora, porém as quatros bestas não temeram, avançaram para cima dele, Lydron urrou, depois atacou com suas chamas verdes, fazendo as quatros bestas Mogs virarem cinzas, um Mog mirou sua bazuca nele, acertando sua pata dianteira.

Entrei em pânico.

– Desgraçado!

Tirei uma das espadas de sua bainha, corri até o Mog, mesmo ele tentando atirar em mim, era inútil, eu estava ficando cada vez mais rápida, desviei de todos os tiros, ficando apenas com alguns arranhões, quando me aproximara, lancei a espada até ele, acertando sua perna, ele caiu urrando de dor, outro Mog veio por trás cravando sua espada no meu braço esquerdo, com minha mão direita saquei a ultima arma que tinha, disparando-o em seu coração, olhei para o outro Mog que tentava ficar de pé, e atirei nele também, ambos viraram cinzas. Arranquei a espada fina do meu braço, gemendo de dor, minha visão estava ficando embaçada, ouvi mais e mais tiros, também ouvi Luke conversando com outras pessoas, ele me carregava no colo, consegui apenas olhar para ele e dar meu ultimo suspiro, adormecendo logo em seguida.

***

O ar estava frio, meu corpo estava se congelando, algo estava caindo dos céus... Era... Neve! Olhei ao meu redor, era uma floresta sombria, as arvores estavam todas mortas. Ouvi gritos de uma mulher, corri para ver o que era, eis que encontro ela amarrada em uma arvore, todo ensanguentada, havia vários Mogadorianos, e um deles era totalmente diferente, mais forte e seus olhos eram tão sombrios quanto aquela floresta. –Setrákus o que está fazendo? Acabe logo com ela. “Setrákus, então esse era o nome dele.” – Pensei.

–Não me atrapalhe! Isso será rápido. Então... Diga-me Leonor, onde estão os membros da Garde?

– Acha mesmo que diria isso para você?!? – Ela cuspiu sangue na cara de Setrákus, que não pareceu se intimidar com isso.

– Então acho que gostaria de ver seu filhinho morto certo? Qual é mesmo o nome dele... Há é Luke! – Disse sarcástico.

Luke! Essa era a mãe dele, como eu poderia estar sonhando com isso? O que eu estou fazendo aqui? Não quero ver isso!

– Ele é forte, você nunca vai conseguir pega-lo!

– Pela última vez, na onde estão eles? Na onde está a garota?!? – Ela não respondera, e Setrákus não ficara nervoso com seu silencio, apenas cravou sua espada gigante no peito dela.

– Então morra com o seu silêncio!

Não aguentei ver aquilo, como ele poderia fazer tal coisa? Um monstro! Não deveria estar aqui, não deveria estar vendo isso! De repente algo começou a me sugar para fora dali, abri meus olhos, minha respiração estava descontrolada, tentei me levantar mais foi em vão, minhas costas estavam doloridas demais, também notara que meu braço esquerdo estava enfaixado, ouvi passos de alguém se aproximando.

– Como está? – Sua voz, era familiar... Zeus!

– O-O que houve? Ca-cadê Luke? ... E Ly-Lydron? – Minhas palavras saiam estremecidas, temendo a resposta.

– Você foi muito corajosa! Luke está bem... E Lydron só está com a pata machucada, logo ficara bem. Porém...

Olhei pra ele assustada, mas seu rosto não havia sequer alguma expressão.

– Uns caras estranhos estão aqui, eles disseram que um membro da Garde quer te ver.

– Membro da Garde? Como... – Minha pergunta teria uma resposta óbvia, com certeza isso tinha haver com o Spanner!

– Senhorita Eni, já se senti melhor?

Um Homem moreno, alto e barbudo se aproximava de mim, nunca o vira antes. Olhei para ele aflita.

– S-sim...

– Desculpe-me intrometer, mas ele está no telefone e quer conversar com você.

Zeus me ajudou a se levantar, fiquei sentada na cama, eu estava suja e com certeza minha aparência não estava nada agradável, mas eles pareciam não se importar com isso, o homem me entregou o telefone.

– A-alô?!?

– Senhorita Eni como você está se sentindo?

– B-bem, desculpa, mas quem é?

– Aqui não é seguro falar, mas vi que você corria perigo, mandei meus homens o mais rápido que pude para te ajudar. Não se preocupe, eles te trarão para mim, e eu lhe explicarei tudo. – Sua voz soou como um alívio.

Minha cabeça estava um pouco dolorida, mas quem era aquela pessoa? Sua voz era masculina, e com certeza era um Garde muito poderoso, por ter homens trabalhando ao seu dispor.

– Explicar o que? – Disse confusa.

– Sua próxima missão.

Eu sempre soube que minha vida nunca seria fácil, uma missão atrás da outra, não haveria muito descanso, e sangue com certeza seria derramado. Agora era hora da gente se reunir, era hora de lutar ao lado deles, dos meus novos amigos.