Corremos até o carro. Disparos seguiam atrás de nós.

Tomei o volante. Tentei ir até o limite do carro. Estávamos a mais de 180 km por hora na estrada. Olhei pelo retrovisor. Zeus havia quebrado o vidro de trás e atirava nos carros do FBI que nos seguiam, enquanto Luke estava com metade do seu corpo para fora da janela atirando nos carros que tentavam se aproximar.

– Droga isso é muito mal! – Resmungo para mim mesmo.

A estrada não ajudava muito, quase havia batido em quatro caminhões e três carros.

– Para onde vamos? – Grita Luke.

– Eu não sei... – Minhas mãos estavam tremendo no volante, pisei no acelerador para ganhar mais velocidade, mas o carro velho não ajudava muito.

Um carro do FBI se aproximou e bateu mais de duas vezes com o carro deles no nosso, quase saímos da estrada numa dessas vezes.

– LUKE! – Grito. Ele mira uma das armas e acerta a cabeça de um dos agentes. O carro deles sai da estrada indo de encontro com uma barraca.

– Esse é meu garoto. – Sorriu.

– Droga, acho que eles vão soltar um míssil e na frente da população. Cuidado Spanner! – Zeus diz quase num grito.

– Merda. - Resmungo. – O que eles querem com tudo isso? Não percebem que podem machucar os civis! - Troco à marcha; olho mais uma vez para o retrovisor quase destruído e vejo que o helicóptero está quase no chão e se aproxima de nós. Droga. Olho para os lados, para ver se encontro alguma rua ou beco, não vejo nada.

Escuto um estrondo atrás de mim, dou uma rápida olhada e vejo que Zeus fez um buraco no teto do carro.

– O que você está fazendo?!? - Pergunto. Não consigo compreender muito bem o que ele quer fazer, então olho para o espelho e vejo uma luz azul acertar a janela do helicóptero. Fico pasmo com a cena.

– Ele vai explodir! – Luke grita.

– Explodir? – Alterno olhares entre ele e a estrada. – Droga! – Seguro com mais força no volante e entro numa rua, o barulho do pneu sendo quase arrastado no asfalto é estrondoso. A sensação de adrenalina e pavor me consome no mesmo instante.

A explosão é tão forte que faz com que o carro capote. Não sei quantas voltas e giros foram: mas me sinto tonto e desiquilibrado.

Acho que esses foram os minutos mais demorados da minha vida. Olho para o lado e vejo Luke tentando chutar a porta. Noto que estamos de ponta cabeça. Sinto um gosto de ferrugem nos meus lábios; faço um esforço para levar minha mão até minha testa, quando a olho ela está banhada de sangue. Olho mais uma vez para Luke, sua porta é arrancada com tanta força que na hora ambos levamos um susto, mas para nossa felicidade é Zeus. Seu corpo está quase sem pele e alguns mecanismos parecem danificados. Primeiro ele tira Luke, depois da à volta para me tirar o que é quase um sufoco, uma barra de ferro atravessou minha perna esquerda. Urro de dor, mas Zeus consegue me tirar. Ele me apoia nos ombros e tentamos frustrantemente correr.

– Não vamos conseguir. - Digo quase num sussurro.

– Claro que vamos! – Responde Luke, ofegante.

Reparo que há algumas pessoas na rua, elas nos olham com curiosidade e medo.

– Passe o carro agora! – Diz Zeus. Ele está segurando uma arma de porte pequeno numa das mãos e mirando num velho. – Olhe não queremos machucar o senhor, mas precisamos disso! - O senhor treme de medo dando as chaves a Zeus.

Ele me coloca com cuidado no banco detrás; enquanto toma o volante, Luke relaxa no banco de passageiro. É incrível a força de vontade deles, não posso ficar para trás!

Zeus toma a partida e estamos na estrada novamente. A rua é muito estreita, o carro passou de raspão numa das casas e depois tomou a estrada novamente.

– Será que eles desistiram? - Pergunta Luke, olhando ao redor.

– Acho que não. - Digo. - O estranho é a estrada não estar movimentada, acho que eles prepararam bem o terreno. Lydron teve mais sorte. – Solto um riso frustrante.

– É. - Luke sorri de lado olhando para mim através do retrovisor. Noto que minha cara está horrível, toda suja de sangue e com machucados. Luke também não está no seu melhor, a cada dia que se passa tudo está ficando mais difícil. Precisamos ficar vivos, por Lorien e pela Terra.

***

Zeus dirigiu por muito tempo. O céu já ganhava uma cor mais escura. Nenhum sinal deles. Isso me deixava furioso, o que eles estavam aprontando? Não tinha certeza e quase achava piada pensar que realmente tínhamos despistados eles.

Algo interrompeu meus pensamentos, novamente outro helicóptero segue atrás de nós.

– Eu pensava que eles nos quisessem vivos. – Digo.

– Eu também. - Suspira Luke. – Mas depois da briga, acho que não valemos mais nada, a não ser mortos!

Zeus tenta ir com toda a velocidade. O carro quase perde o equilíbrio, suas rodas da direta levantam e é preciso que Luke e eu joguemos nossos corpos para direita, certo, nossos pesos colocaram as rodas no asfalto. E antes de eu soltar um suspiro, uma explosão ocorre logo na nossa frente. O carro gira, Zeus faz o possível para que o carro não capote igual ao outro, seus pneus cantam no asfalto.

Finalmente conseguimos, mesmo assim o helicóptero continua atrás de nós. Olho para trás, cerrando os olhos e vejo que um deles está segurando um canhão. Deve ser com isso que acertaram nossa direita!

– Mais rápido! - Grito para Zeus.

– Eu estou tentando. – Responde ele.

Um dos agentes que estava segurando o canhão solta mais um disparo, dessa vez acerta a parte detrás do carro nos fazendo mais uma vez capotar. Dessa vez é pior, parece que mesmo dando giros e giros, outro agente solta mais um disparo, não sei ao certo na onde acertou, minha visão fica embaçada, um clarão toma conta do ambiente.

Finalmente tudo se acalma, só escuto o barulho de chamas. Minha visão está turva, tusso várias vezes, o cheiro de fumaça é avassalador. Reparo mais uma vez e noto que fui lançado para fora do carro, tento me levantar, mas é inútil, minha perna está doendo e sinto que quebrei algumas costelas. A cada inspiração sinto que meus pulmões vão queimar. Olho mais uma vez em volta e não vejo nenhum sinal de Zeus ou de Luke, apenas há fogo e o carro todo estraçalhado.

Algo gelado toca a minha testa, cerro os olhos para ver o que é: há um homem de aparência velha, ele está segurando uma arma de porte médio apontando para minha testa.

– Ele ainda está vivo. – O ouço gritar. Tento me concentrar na minha audição já que minha visão está embaçada demais. Ele diz alguns palavrões e...

– Esse deu trabalho, mas finalmente conseguimos prende-lo. – Ouço uma voz feminina, mas isso é tudo, minha cabeça gira e tenho a impressão de estar morrendo devido aos ferimentos.