Um Dia Qualquer. escrita por Hikari


Capítulo 6
Trabalhos e uma faca - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Oooooi ^^ Tudo bom com vocês?
Tenho 10 reviews *-* hahahaha eutosurtandoporeuterdezreviews õ/ Obrigada!!
Espero que gostem do capítulo :D



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Pov. Annie.


Estava véspera do meu pesadelo.

A escola.

Eu corria por toda a casa pescando meus objetos perdidos.

–Fynn! –berrei, com uma tonelada de papéis nos meus braços. Havia esquecido de terminar os trabalhos e agora eu estava prestes a ter que amputar minha mão de tanto ter que escrever, que ótimo.

O trabalho estava um horror, fiquei a tarde inteira tentando pesquisar sobre o assunto, pois é e agora era tarde da noite e não tinha escrito ao menos cinco linhas. Meus pais teimavam em não responder nada e eu já estava ficando impaciente.

Bom, estava na hora de improvisar.

–O que foi? –Fynn apareceu no pé da escada, amargurado. Ele odiava que as férias estivessem acabando, e agora se lamentava por não ter conseguido realizar a sua meta: vestir Haymitch com uma peruca da Effie. Ele mal tinha a peruca dela ainda, ela nunca dava a ele quando ele pedia. Mesmo com aquela cara de piedade que meus pais nunca aguentavam.

–Você viu onde tá meu outro trabalho? Aquele bolo de isopor que eu fiz junto com o papai... Eu não consigo achar em lugar algum.

–Hãm... –ele estancou na frase e eu parei no meio do meu movimento de pegar uma folha que havia caído no chão.

–O. Que. Você. Fez. Com. O. Meu. Trabalho? –perguntei, endireitando-se e andando em sua direção.

Ele recuou e levantou as mãos em sinal de paz.

–Nada! –ele mentiu. –É serio, eu não fiz nada.

–Ahhhh, você vai ver. –corri em sua direção, derrubando minhas papeladas no chão e ele fugiu de mim, indo direto para a sala, começamos a correr em volta da casa inteira e eu quase caí pelo cachorro esparramado no chão.

–Fynn! Me devolve o meu trabalho!

–Não dá!

–Claro que dá! –debochei. –Não me diga que você atirou fogo nele?

–Bom... –ele parou de correr ao ver que eu havia parado também e por estar protegido do outro lado da mesa da cozinha.

–O QUÊ? –gritei, estarrecida. Ele havia tacado fogo no meu trabalho? Que ser desumano seria aquele que botaria fogo em um trabalho da própria irmã? Havia demorado um século pra fazer aquele trabalho com o meu pai! Ainda mais que gastamos a maioria dos produtos dele da padaria.

–Não! Não é o que você pensa.

–Então o que é? –perguntei, indignada, cruzando os braços e batendo os pés no chão. –Você tem um minuto para se explicar. –avisei, olhando para o relógio embutido na parede.

–Está bem, eu estava brincando com o Haymi no quintal, e então você chegou até lá e deixou aquilo no chão, eu não tinha visto direito e pensei que fosse um bolo de verdade, afinal, quem manda você ter deixado até cheiro de chocolate naquele troço?

–AQUILO ERA UM PERFUME!

–Tanto faz! É quase a mesma coisa. Até Haymi pensou que era. –ele retrucou.

–Não é não! Quem seria o besta de confundir o meu trabalho com um bolo? Ah é! Você é o meu irmão!

–Calma! Eu ainda nem terminei! –ele se defendeu.

–Ah é? Pois você nem precisa terminar. Você foi lá e lascou a mão nele, não foi?

–Não! Foi o Haymi! Ele que abocanhou o seu trabalho!

–Ah que beleza. Agora se a professora perguntar eu tenho a famosa desculpa de que meu cachorro comeu meu trabalho de casa, e não é que é isso mesmo? –andei de um lado para o outro reclamando comigo mesma, eu não estava acreditando, não mesmo. Sempre tinha que ter alguma coisa para estragar tudo.

–Eu tentei tirar dele, mas quando eu o vi já tinha devorado metade do seu trabalho. –Fynn abaixou a cabeça e reprimiu um soluço. –Desculpa...

Senti-me mal por ter dito aquelas palavras a ele, afinal ele só tinha oito anos, suspirei e fui ao seu lado, apoiando minhas mãos em seus ombros.

–Não foi sua culpa, maninho. –consolei-o, cabisbaixa.

De um pulo meu irmão se aprumou e pegou minha mão que estava no seu ombro.

–Então tá. Agora venha cá, eu preciso de sua ajuda.

Nossa, ele se anima rápido.

Ele me puxou até a sala, fez um sinal de silêncio com o dedo e apontou para uma poltrona que se encontrava no meio da sala.

Ali estava Haymitch, refestelado no encosto e roncando feito um porco, na verdade, parecia estar hibernando.

–O que tem de novidade aqui? Ele sempre tá assim. –falei indiferente.

–Eu seeei, mas eu pude ter a sorte de encontrar uma peruca da Effie por aqui e agora é um momento perfeito para colocar nele, não acha?

Reformulei todas as vantagens que eu teria ao fazer aquilo, ou seja, nenhuma.

–E por que eu devo fazer isso por você? Você ao menos conseguiu tirar meu bolo de isopor da boca do cachorro.

Sua expressão notavelmente endureceu de tristeza, tive vontade de nunca ter falado aquilo.

–Hãm, quer dizer, não digo isso... –gaguejei e então explodi em um turbilhão de palavras imprevistas e desesperadas. -Bom, vai, dá aqui. Eu faço isso.

Ele pegou de um armário escondido no canto da cozinha a peruca e eu agarrei-a, ela era de rosa pulsante - que só de encarar aquele troço já doía a vista - e senti meu irmão vibrar de felicidade.

Andei lentamente por trás de Haymitch, a televisão estava ligada e estava tudo muito calmo. Talvez até desse certo.

Ao me inclinar para pousar a peruca na careca reluzente dele, ele se jogou com força contra mim e eu caí no chão, com o impacto tirando todo o meu fôlego. Arfei.

–Nunca... Mas nunca mesmo tente passar a perna em Haymitch Abernathy. –ele sussurrou ameaçador, passando a ponta da faca no meu rosto. Senti o seu odor de pútrido sair da sua boca, ele nunca deve ter escovado os dentes, isso sim.

–Está bem, tio. Só dá pra você sair de cima de mim? Eu... não... consigo... respirar. –disse a última palavra com um último arquejo aflito.

–Bom mesmo. –Haymitch afirmou, afastando a faca para longe de mim e tirando seus joelhos da minha barriga. Revirei-me e me curvei para baixo, dolorida. Tinha que admitir que ele podia ser velho, mas tinha uma força inestimável guardada. E um peso enorme também.

–Diz aí, Haymitch. Há quanto tempo você não escova os dentes? –perguntei sarcástica, me levantando depois de conseguir normalizar a respiração.

Ele tombou na poltrona e me olhou com descaso, ignorando minha pergunta e voltando a fechar os olhos.

–Só não tente colocar essa peruca ridícula em mim de novo, garota. –advertiu antes de adormecer novamente.

Bufei e peguei a maldita peruca do chão, entregando-o a Fynn que esperava atônito na porta.

–Acho que não deu muito certo. –esclareci. –Não tente fazer isso, Fynn.

–Cl-claro. –pigarreou. –Digo, está bem.

E agarrou minha perna, me seguindo até o meu quarto. Ou melhor dizendo, sendo levado por mim até o quarto.

Já era tarde e eu estava com sono, não iria conseguir terminar o trabalho, tinha certeza. E meus pais já dormiam há tempos. Era quase uma hora da manhã e disse para o meu irmão ao chegar ao meu quarto:

–Vai lá dormir, amanhã temos que acordar cedo...

–Nãaaao. –Fynn lamentou soltando minhas pernas. –Posso dormir com você hoje?

Sentei na minha cama, cansada. Vi os papéis no chão atrás dele e uma onda de cansaço sobrepujou tudo o mais, minhas pernas não queriam se levantar ao menos se mover. Iria pega-los depois.

–Só hoje? –balbuciei já deitando na cama.

–Sim, sim! –ele confirmou e deitou-se ao meu lado.

Dormi sem sonhos.

Teríamos um dia cheio amanhã.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Comentem e me digam o que eu preciso melhorar e para me deixar mais feliz :D
OBS: No próximo capítulo vai esclarecer algumas coisas da história. =P