Um Dia Qualquer. escrita por Hikari


Capítulo 28
Extra - Learn To Love Again (PEETNISS).


Notas iniciais do capítulo

Ahhh, tive essa ideia com a música. c:
A música pode não combinar muito com o capítulo em si, mas eu tive essa ideia enquanto eu escutava a música, então, se quiserem, escutem antes do capítulo, depois leem. Mas vocês que escolhem, a decisão é sua. De qualquer forma, eu lembrei da Katniss e do Peeta com a letra. O.O
Espero que gostem.
*OBSERVAÇÃO: A Annie e o Fynn não haviam nascido nesse capítulo ainda!*



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Soundtrack do capítulo: Learn To Love Again (Lawson) – OPCIONAL. (http://www.youtube.com/watch?v=irw3IbjP3vQ)

16 anos antes.


“[...] And the journey waits for no one

If no one breaks the mould

And ours hearts are stronger

Then we know [...]”

Pov. Katniss.

Abri os olhos ao sentir a inquietude de Peeta. Esfreguei meus olhos cansados e virei-me para o lado, encontrando-o ali, encarando o teto com a visão distante, praticamente absorvido por algum devaneio em uma Terra bem longe daqui. Suas mãos estavam entrelaçadas uma a outra, apoiadas em sua barriga, os dedos expressivamente remexendo-se nervosos.

Suspirei pesadamente, desviei meu olhar para a janela por um instante e percebi que o sol ainda não havia saído de seu esconderijo, e estava completamente desaparecido pela escuridão da noite em si, cobrindo-nos com sua imensidão sem forma. Ainda não tinha amanhecido, por que ele estaria acordado tão cedo? Por que parecia ter acabado de voltar de uma guerra? Já havia acabado... Tudo havia finalmente acabado.

Peeta moveu-se ansioso por algo, parecendo desconfortável, e por fim levantou-se da cama, mantendo-se meio levantado pelos cotovelos, e por fim, empurrou as pernas para o lado, levando-as para a beira da cama e sentando-se por completo. Ele passou a mão pelo rosto, parecendo querer espantar algo; um pensamento mórbido? Uma lembrança? Um pesadelo? Era um tormento vê-lo daquela maneira.

Silenciosamente, movi-me em sua direção. Sentando-me em meus próprios calcanhares, abraço-o por trás, passando meus braços ao redor de sua cintura, pousando meu queixo em suas costas e sussurrando perto dos seus ouvidos:

-Peeta... está tudo bem?

Sinto seu corpo enrijecer-se momentaneamente, logo relaxando, se acalmando. Seus braços envolvem os meus e suas mãos deslizam pela minha pele enquanto o abraçava. Ele vira ligeiramente sua cabeça e posso encontrar seus olhos, preocupados e perturbados.

-Eu... –ele hesita, seus olhos caem e olham pesarosamente para o chão, depois de um tempo, ele termina, com um tom quase inaudível. –Sim.    

Aperto-o com mais força e inclino-me para beijar sua bochecha, encaixo meu rosto em seu ombro, sabendo de sua mentira, porém não dizendo nenhuma palavra. Ficamos em silêncio por um momento, ele com seus pensamentos, e eu nos meus. Quanto tempo já se passou desde tudo aquilo? Queria poder me esquecer, mas sei que não vou. Muito menos Peeta. Já irá fazer quinze anos desde os Jogos, e mesmo assim, parece que tudo fora apenas alguns dias antes.

-Foi ele de novo? –pergunto, mesmo assim já sabendo da resposta. Peeta apenas balança a cabeça positivamente, seu gesto quase indistinto na escuridão do quarto. Penso em ligar a luz para poder enxerga-lo melhor e distinguir sua expressão, mas decido não fazê-lo. Solto uma expiração leve e com uma tentativa de tranquilizá-lo eu seguro sua mão, entrelaçando seus dedos nos meus. –Não se preocupe mais com isso, querido. Não pense mais nisso. Está tudo bem, eu estou aqui.

Meu garoto do pão vira totalmente sua cabeça para me encarar e sustento seu olhar, ele abaixa o seu rosto e toca suavemente seus lábios em minha têmpora, fechando os olhos como se refletisse em e sobre algo. Procurei não atormentá-lo e mantive-me daquela maneira, sem proferir um simples ruído, confortando-o com minha presença, assim como ele me confortava. Tentava não me lembrar mais de todo o ocorrido, e permanecer no presente. Estava finalmente tudo dando bem, Haymitch já não era mais trabalho ou preocupação, o seu serviço estava rendendo-lhe um bom objetivo na vida a seguir, Peeta estava ótimo com seu trabalho, assim como eu, na floresta, às vezes, e ajudando-o na maioria do tempo. Nosso relacionamento era agradável e satisfatório e eu não poderia imaginar-me de outra forma se não fosse ao seu lado. Então... estava tudo bem. Nada a se preocupar. Nada a criar mais pesadelos em minha visão. Sem acordar gritando por hoje; ou em qualquer outro dia.

-Katniss? –ele me chama e eu solto um “hm” sem abrir ao menos a boca. Ele me surpreende ao continuar: - Por que você continua ao meu lado?

Seu aperto se afrouxa e ele recua alguns centímetros de mim. Sacudo a cabeça, incrédula, e fito seus olhos azuis reprimidos, cheios de agonia e um tom de receio. Ele está fazendo alguma brincadeira, me testando ou está sonâmbulo, ainda em seus sonhos, sonhos não, pesadelos atormentadores? Não, não.

-Peeta... –sussurro e sinto meus braços firmarem-se em sua volta, ele continua aguardando, sem dizer uma palavra ou abrir a boca mais uma única vez. Finalmente, desato meus braços dele e deslizo minha mão pelo seu rosto. –Por que você faz uma pergunta dessas? Você sabe que eu nunca iria abandoná-lo. Eu te amo. E isso é verdadeiro, sempre foi e sempre será.

Peeta continuar sem recitar mais uma frase, ou uma palavra, ou até uma singela sílaba. Mas posso notar seu olhar atenuando-se, tornando-se suave e relaxado. A perturbação de antes indo-se, desanuviando-se, como se uma névoa estivesse se dissipando diante de suas pálpebras que se fechavam e se abriam. E então, depois de um tempo com minha mão aplicando uma força na sua com carinho e com minha palma recostada em sua pele, os meus dedos acariciando sua face, ele abre e me oferece um enorme e belo sorriso. Aquele sorriso que esperava e eu tenho medo de perder.

Sua mão livre alcança a minha e recobre meu dorso em seu contato morno e seguro. Ele curva sua cabeça até a mim e sem perceber eu sorrio com ele. Toda minha aflição desprende-se de mim como se estivesse soltando uma descarga elétrica e todo aquele peso e pressão do temor houvesse sido por fim desgarrado de meus pensamentos. Peeta abre a boca e minha respiração fica presa, enquanto espero ele dizer algo.

-Essas são as minhas palavras favoritas. –por fim segreda para mim um segredo nada secreto. Solto uma risada baixa e ele aproxima seu rosto do meu até que não há mais nenhum espaço entre nós, e seus lábios estão selados aos meus. Fico aliviada por nada ter ocorrido ao meu garoto do pão.

Quando então eu o convenço de voltar a dormir, depois de ter-lhe preparado um imenso copo de leite para consolidar a sua tranquilidade de sempre, enquanto me contava a devastação de seu pesadelo naquela noite, ele enrosca seus dedos em meu cabelo e me prende em seus braços de uma forma protetora, consigo rapidamente fechar os olhos novamente, sentindo o calor de sua presença perto de mim, e os seus batimentos cardíacos próximos ao meu ouvido. É fácil poder sentir aquele entorpecimento do sono e da serenidade novamente, podendo saber que Peeta já está de volta, sem mais desagradáveis imagens ou horríveis lembranças. Sua respiração regulando-se aos poucos até por fim voltar e se recobrar, na normalidade de sempre, calma e despreocupada.

E quando eu escuto a próxima pergunta, previsivelmente familiar e sempre sendo reiterada e retocada por ele, eu sorrio finalmente considerando a questão e podendo imaginar uma provável vida futura com a sugestão desafiante, cedendo lentamente ao seu desejo. 

-Katniss? –novamente me chama, passando as mãos pelo meu cabelo, murmuro novamente um “hm” quase impossível de se escutar, e ele retruca um sussurro, alegre e esperançoso: – O que você acha de uma família? 

“[...] That you and I could learn to love again

After all this time

Maybe that is how I knew you were the one

That you could still believe in me again

After all our trials

Maybe that is how I knew you were the one [...]”


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Notas finais do capítulo

O que me dizem? Gostaram? Capítulo curtinho, não é? Só lembrando, nessa época, a Annie e o Fynn ainda não tinham nascido e o Peeta ainda estava tentando convencer sua querida esposa a tê-los, haha. Só para não confundir. Desculpa se fiz confusão com a data. >
Mandem comentários, vou esperar. (:



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