Ulquiorra Feels escrita por cereal killer


Capítulo 19
Aquela que não sabe sentir


Notas iniciais do capítulo

FILLER DOOOOOOOOOOOOIS haeuabeuahe
aiaiaiaia, a gente se fala mais lá nas notas finais



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Era uma vez um segredo.

Segredo muito bem guardado, devo acrescentar. Segredo causador de obsessão e desejo mortífero. E tinha um nome. Nomes leve, fino, que quando escapa da boca voa longe. Poucas letras. E é cor-de-rosa também. Chie.

Chie, o nome leve, tem dono. Seu dono obsessivo e louco, mas que nunca lhe faltou com gentileza e amor. Ah, amor; tinha tanto por ela. E tinha também tanta vontade de trancá-la em si, tanto ciúme doentio.

Antes dela aparecer, ele era apenas vazio. Vazio, substantivo mais leve que ela. Tinha centenas ao seu redor, como é permitido a sua raça, Espada. Todos ali, apenas o servindo, implorando por um olhar dele. Nenhum lhe cativara o bastante para fazê-lo sentir amor.

Foi-lhe concebido desde sempre o dom de criar, o dom da inteligência. Era, de fato, um cientista. E depois de milhares de anos de escuridão, iniciou um projeto paralelo ao que realizava a mando de seu superior, Aizen. Um projeto silencioso, sempre na calada do seu laboratório. Tinha que estar sozinho para criá-la perfeita. Acrescentar e retirar no silêncio, anotar e apagar.

Não queria inseri-la no rótulo daqueles que detestava, ela não seria uma banal fracción. Seria sua princesinha, seria sua irmã mais nova, sua esposa, sua melhor amiga. Ela seria amada por ele desde como sua mais fiel confidente, até como sua amante secreta.

Às vezes testava atributos que queria nela em suas próprias fraccións.

Ás vezes não dava certo. Então, eles morriam. Ás vezes dava. Então, eles morriam também.

O grito de dor deles era necessário para que seu objeto de desejo nascesse perfeito.

E em certa noite ele esvaziou seu laboratório, expulsou todos os seus subordinados brevemente inúteis e mortos. Era hora de ela nascer.

E, oh, como ela era linda. Parecia um anjo. Ele custou a acreditar que conseguira mesmo criar algo que chegasse a perfeição de um humano genuíno. Era extasiante, e ele não pode conter uma risada maravilhada. Ela estava ali, era concreta, e seus dias vazios finalmente pareciam ter chegado ao fim.

Cansado e suado, ele se ajoelhou perante dela, e fitou seu rosto com um sorriso na própria face. Seus olhos eram opacos e lhe transmitiam tanta calma e paz que ele quase cedeu ao cansaço e dormiu diante deles. Eram grandes, mas inexpressivos. Não deixou de achar charmoso o que (se não estivesse tão perdidamente apaixonado) antes acharia um defeito. Ah!, o que ele mais queria era se perder em seus inebriantes olhos.

–Como é seu nome, querida?

Ela o encarou e ergueu a mão, tocando-lhe o rosto. Pareceu no começo não ter entendido suas palavras. Tocou sua bochecha com a mão aberta, passando o polegar por seu lábio inferior. Depois apertou seu nariz, fazendo-o rir. A garota tocou seus cabelos e em seguida segurou o próprio, e de tão grande, o levou até perto do dele. O seu era um rosa meio desbotado, enquanto o dele era tons mais escuros. Ela não deixou de reparar a semelhança.

–Seu nome?

Refez sua pergunta mantendo o mesmo tom doce.

Ela olhou-o nos olhos e sibilou, quase num sussurro.

–Chie.

Sua voz parecia que criava braços e o embalava enquanto cantava uma canção de ninar. Chie. Era suave, como ela e seu curioso toque. Assentiu com a cabeça, sem conseguir controlar o próprio sorriso.

–Ah, Chie, hm?

Em questão de segundos, ela já o tinha para sempre.


...


Chie se revelou uma verdadeira contadora de histórias de uma história ; especulava sobre uma garotinha de cabelos rosados que vivia para sempre com um homem de cabelos da mesma cor. Ela sempre contava a mesma história. E ele sempre adorava ouvir.

Tinha também um espírito destruidor, porém organizado. Sempre quebrava qualquer coisa dentro do quarto do próprio Espada, onde ficava o dia todo até ele chegar, já que ela não podia ser vista.

Agora, o Espada não passava todo o tempo no laboratório. Ia, fazia o que tinha que fazer o mais rápido possível e voltava para seu respectivo cômodo em Las Noches, sentindo falta do carinho incondicional de sua amada. Ninguém sabia que ele tinha uma fracción a mais escondida no quarto.

Chie nascera com somente o problema de emoções – não conseguia transmitir como um ser normal seu afeto, amor, raiva ou qualquer outro sentimento; seu rosto era sempre imparcial e sonolento –, portanto o Espada tentava exercitar isso sempre que estavam sozinhos.

–Você sabe o que é amor, Chie?

Certa vez perguntou enquanto acariciava os cabelos da mesma, deitados na pequena cama. Chie desviou os olhos que por varias vezes pareciam sugar a alma do Espada, pousando-o sobre seu peito no mesmo segundo que sua mão tocou-lhe.

–É da mesma cor que o meu e o seu cabelo.

Ele sorriu, mesmo sem entender.

–Como assim?

–É uma luzinha da cor do meu cabelo. Ela brilha em você quando eu olho.

–Brilha em você também?

–Não sei. Eu não consigo ver.

Ele assentiu. Bem, já era um começo, e mais uma descoberta. Ele pensou que ela poderia ver todos os sentimentos e relacioná-los a cores, mas não era com todos. Só falava do rosa vívido e de como ela adorava vê-lo no peito do seu Espada. Quando ele dizia que essa cor estava ali apenas por que ela existia, Chie sorria e desviava os olhos novamente.

Ela tinha também picos de energia, às vezes.

E era sempre um problema.

Ou ela destruía uma coluna do quarto, ou pulava tanto na cama que destruía a mesma. Enquanto estava trabalhando no escritório, escutava estrondos vindo de seu quarto. Graças a Deus conseguia chegar lá antes de qualquer outro Espada e assegurar que estava tudo bem, que fora apenas um acidente.

Um dia, Chie quebrou uma parede e depois de relatar a Ulquiorra que ele apenas estava testando algo em seu quarto, virou-se para Chie e lhe deu uma bronca. Estava tão alterado, podiam ter descoberto-a!

Gritou, berrou e gesticulou.

Ficou tão louco e descontrolado que acertou um tapa na face da amada. O rosto de Chie virou e ela arregalou os olhos. O Espada logo viu sua pele alva ficar nitidamente mais vermelha. Se crucificou milhares de vezes, mas não disse nada. Tudo por pensamento.

Fez uma vez pra nunca mais.

A pobre ficou quieta durante todo o sermão, e até mesmo depois do tapa, até o Espada sentar-se numa cadeira e colocar o rosto nas mãos, tenso, respirando fundo. Se arrependia de ter feito aquilo, mas não transformou em uma frase.

Chie levantou-se da cama e se ajoelhou a sua frente, tirando as mãos da sua face e em seguida segurando seu rosto entre as palmas das mãos, fitando seus olhos.

–Sinto muito, não queria ter deixado-o tão cinza comigo, pode gritar a vontade com a Chie, pode... machucar também se quiser, que ela vai entender.

Ela sempre vacilava entre a primeira pessoa e a terceira, em suas frases.

Foi a descoberta de mais uma cor; cinza. Poderia ser ou tristeza ou com raiva, só depois de algumas pesquisas poderia dizer.

Ela o desarmou completamente. Suspirou, se sentindo culpado por ter gritado com ela, passando a mão em sua cabeça e a abraçando.

–Não vou gritar com você, Chie. Desculpe por ter explodido. Desculpe, não quis machucá-la...

Tomou seu rosto entre as mãos, encostando sua testa na dela.

Percebeu que teria que arrumar algo para gastar sua energia.

Uma vez, se arriscando, levou-a até seu laboratório. Lá, quatro fraccións esperavam. Ao vê-la, todos arregalaram os olhos e vislumbraram sua beleza.

Chie os encarava com a maior imparcialidade do mundo.

–Meus queridos, essa é Chie, e vocês serão a pequena distração dela por hoje.

O arrankar colocou na mão pequena e frágil da garota uma espada. Era leve, de forma que seus pequenos braçinhos conseguissem erguê-la, e parecia ter sido feita especialmente para ela; tinha o cabo envolto de uma fita de cetim cor-de-rosa, e era de uma prata clara e maciça. Por alguns segundos, ela ficou encarando-a.

O primeiro fracción colocou-se pronto perto dela, empunhando sua espada. Estava todo cheio de si, afinal, olha só o tamanhozinho de sua oponente! Poderia colocá-la no bolso de tão frágil e pequena.

Chie segurava a espada como se fosse de brinquedo, desengonçada.

O fracción avançou até ela. Estava certo; não iria matá-la, mas também não iria perder para uma criança. Convicto, estava vendo a hora que sua espada atravessaria seu abdome. Teria respeito de seu mestre. Irradiava felicidade.

Então, como num filme fantasioso, nada do que ele previu aconteceu.

Chie se mostrou uma terrível arma de massacre. Em poucos segundos, todos os fraccións estavam mortos, alguns brutalmente, e os que ela ‘simpatizou’, morreram rápido.

Ele a encarava com um olhar mais vivo e contente que nunca.

Tudo isso que poderia ser ofensivo ou um defeito pra qualquer um, para ele era qualidade. Até mesmo a vontade de matar que ela tinha.

Os fraccións eram sempre menos a cada dia que se passava. Às vezes ela podia sair do quarto, às vezes não. Tudo dependia se os Espadas estariam ou não atarefados e ocupados demais para vir importunar.

Um dia, ele voltou ao quarto um pouco depois de ter saído.

Chie ergueu a cabeça, desviando a atenção do próprio cabelo para seu amado.

Sua expressão não lhe transmitia paz.

–Chie...

–O que?

Szayel umedeceu os lábios, encurtando a distancia dos dois e se ajoelhando a sua frente, colocando os antebraços ao redor das pernas da fraccion, olhando-a nos olhos. Ofereceu-lhe seu melhor sorriso forçado antes de depositar em seu colo a bomba.

–Chie, não pode sair de jeito algum desse quarto hoje, escutou?

–Por quê?

Ele engoliu a seco.

Oras, não precisava se preocupar tanto assim.

Eram apenas shinigamis.

Mas desde que aquela humana pisou no piso de Las Noches, soube que nada daria certo.

–Tem pessoas más aqui dentro.

–Não quero ficar sozinha!

–Shhh, não precisa gritar, eu volto logo.

–E se eles pegarem você?

As sobrancelhas juntas em uma expressão de preocupação faziam uma tempestade no coração do Espada. As mãos delicadas da fraccion estavam em seus ombros, como se o impedisse de sair dali.

Por um momento, pensou em fugir com ela. Deixar a guerra pra trás. Mas...

Para onde iria?

–Não vão me pegar, meu amor. Apenas prometa para mim que não vai sair custe o que custar.

Mas ele não sabia de nada.

Ela também não sabia que, no final, ele seria sim pego, então assentiu. Assentiu repetidas vezes, como se sua cabeça tivesse dado defeito.

Szayel se levantou, envergando o corpo para cima dela, lhe beijando a testa. Não retirou os lábios da testa de sua amada até perceber que isso não lhe tiraria a possibilidade de perda.

Não estava com um bom pressentimento.

Lhe deu outro sorriso amarelo. Chie não demonstrou nada além de sua expressão levemente torturada pela duvida da volta.

Ele se virou.

Os farelos de si iam ficando pelo chão do quarto.

Chie os viu.

Viu também rosa se retorcer e ficar feio, cinzento e ralo.

A porta fechou.

A fraccion permaneceu encarando a porta por mais de 5 dias.



Chie não cumpriu sua promessa. Depois de muito tempo sentada, catatônica, sem reação, ela saiu.

Se perdeu na imensidão do palácio.

Andou por muito tempo, no silêncio absoluto. Não viu ninguém. Parecia não-habitado, além dela.

Algumas partes do palácio estavam em ruínas. Havia sangue também.

Não que isso tenha assustado-a.

Chegou a um salão despedaçado, abaixo do céu artificial que lhe encantou por algum tempo.

Encontrou-o lá.

Ah, seu amado tinha um pedaço de espada fincado na pele. Não parecia vê-la.

‘Vou esperá-lo acordar, e direi que senti saudades’

Ela sentou-se numa pedra do lado do Espada que esperava por sua morte. Lá, ela segurava seu coração, pronta para entregá-lo a ele quando acordasse.

Isso nunca aconteceu.


Chie foi encontrada por Ulquiorra e Halibel depois de muito tempo da prisão de Aizen.

Ainda estava sentada ao lado do Oitavo Espada, Szayel Aporro.

Ao contrario de Halibel, Ulquiorra sabia da existência de Chie.

Anteriormente, Szayel confiara a vida de sua fraccion, um pouco antes de entrar no quarto.

–Porque ele não acorda? – a voz sussurrante perguntou depois dele convencê-la a ir.

–Ele está morto.

–Não está não. Ele está dormindo. Vai voltar para cuidar de mim.

Ulquiorra não era ninguém para destruir as esperanças de uma garotinha.

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Notas finais do capítulo

Chie arma de destruição, tatatatataattaattatataata *metralhadora*
Não me matem, mas sim, ela foi criada pelo Szayel ÇLÇKLÇK Muita gente não gosta dele, tipo MUITA GENTE MESMO, mas eu comecei a gostar dele depois que vi o episódio da morte dele. Achei propício o fato dele ter milhares de fraccións, aí eu estava pensando com meus botões antes de começar a escrever 'bem, ele podia ser na verdade muito sozinho, e como ele é um cientista, poderia criar a Chie' E BUM, ACONTECEU
Szayel cria os bebês antes da cegonha trazê-los para os pais, desculpem por estragar a infância e inocencia de vcs, amgs :c
EAHEU