Ulquiorra Feels escrita por cereal killer


Capítulo 16
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Eae, amadasssss, como foram de virada de ano? Primeiro capítulo de 2013, energias positivas pairando no arrr -q
Esse capítulo ficou amavelmente GRANDE, pelo menos em comparação aos outros, espero que gostem tanto quanto eu gostei de escrever :3



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  O dia que sucedeu a vinda noturna de Ulquiorra passou como se fosse uma ampulheta.

  Aos olhos de uma pobre menina apaixonada que é obrigada a esperar até a próxima queda do sol para poder ver seu amado, algumas poucas horas podem se tornar um martírio. E ainda tinha que engolir durante o dia claro mais uma aflição; ele poderia não vir esta noite.

  Mas mantinha o pensamento positivo, afinal, se não fizesse isso, ficaria louca.

  Como todos os outros dias, cozinhou e comeu assistindo um documentário sobre perda de peso. Poderia se dizer que o dia foi completamente normal e rotineiro; tirando o calor que a espera proporcionava em seu coração.

  Sua dor também havia morrido, sucumbido à empolgação e felicidade da volta do Quarto Espada.

   Quatro horas, cinco horas, seis horas... A noite começava a vir, e a inquietação só aumentava. Tomou banho, lavou e secou o cabelo. Estava frio, portanto ligara o aquecedor. Sentou-se na cama. Olhou o teto. Ah!, o refrigerante iria congelar! Correu e o tirou do frízer, colocando-o na geladeira. Voltou a sala.

  Ah, porque ele não chegava logo?

  Decidiu por voltar a assistir TV. Passava um filme igualmente peculiar a loucura da jovem: Alice no País das Maravilhas. Era bom o suficiente para prendê-la por algumas horas.

  Quando o filme acabou, era irrevogável a noite à sua janela.

  E ele ainda não havia chegado.

  Bufou, revirando os olhos. Tinha enganado-a de novo, claro, até porquê isso é visivelmente fácil pra ele. Enchê-la de esperanças parece simples.

  De testa franzida e cara feia, se dirigiu ao próprio quarto com passos pesados e mal-criados. De tão enfurecida por ter esperado-o a toa, não percebeu que o próprio vinha andando no mesmo corredor até que colidiu contra seu corpo. Ulquiorra teve que segurá-la pelos antebraços para que a jovem não caísse.

  Ergueu os olhos para cima, crucificando-se por tê-lo chamado de desonesto por ter supostamente abandonado-a.

-Ulqui-kun...

  Ele a soltou, enfiando as mãos nos bolsos.

-Desculpe, esqueci que não gosta desse apelid...

-Estava indo dormir?

-Não, não estava.

  Disparou, não querendo fazê-lo pensar que sua presença era incômoda. Os dois continuaram ali, parados no corredor, um de frente pro outro. Ela olhava para baixo, já que se sentia desconfortável encarando seus olhos. Já ele sentia uma estranha calma interna ao fitar não só seus olhos, mas qualquer parte de seu rosto.

-Eu comprei chocolate. Você quer?

                                                                       ...

  Ulquiorra se descobriu amante de chocolate.

  Em apenas uma hora e meia, havia comido praticamente todo o chocolate da geladeira da humana. Felizmente, essa também é apaixonada pelo mesmo, então tinha o suficiente para os dois.

-Quando você vier nas próximas noites, eu compro mais.

-Nã...

-Shh.

  Orihime ergueu o indicador sobre os lábios, franzindo a testa. Em seguida relaxou o semblante e destacou mais dois quadradinhos de chocolate, dessa vez amargo. Desse ela não gostava muito, comprara por pura falta de atenção. Colocou um na boca e fez uma careta, pousando a barra novamente na perna, com o outro pedaço na mão.

-Eca.

  Reforçou com mais uma careta.

-Quer?

  Ergueu o chocolate na altura da boca do Espada. Ulquiorra analisou-o até pegá-lo e comê-lo.

  Ao contrário dela, não fez careta alguma.

-Você não gosta?

  Dirigiu seu tom de voz baixo a humana. Orihime apenas negou com a cabeça.

-É bom.

  Abaixou a cabeça ao falar, destacando mais um pedaço e o comendo. Ele parecia tão... humano e normal. Ainda mais com o gigai.

  No fundo, Orihime preferia o Ulquiorra Arrankar, com as marcas e tudo.

  Depois de mastigar metade da barra no silêncio, foi ele quem o quebrou.

-Não sei por quê estou fazendo isso.

  Um minuto de confusão na cabeça da ruiva.

-Isso o que?

-Eu não gosto de quebrar regras. Tampouco sinto por você o que é necessário para se fazer tudo isso, porquê eu não sinto. Assumir riscos. Mentir a quem devo total verdade, ou então ocultá-la.

  Ela começou a ficar desconcertada. Abaixou os olhos e apertou a bainha da blusa com os dedos finos, para disfarçar sua vergonha. Era uma vergonha triste.

-Bom, se você se sente mal por iss...

-Eu não me sinto. Não me sinto mal mentindo para vir vê-la, mas eu sei que deveria.

  Mais uma longa pausa silenciosa. Orihime não tinha palavra alguma em seu vocabulário regular que pudesse fazer ecoar na sala escura. Mas tinha seu silêncio, e esse ela ofereceu vastamente ao amado.

  Depois de alguns minutos, ele lhe fez uma pergunta.

-Você sente o mesmo?

  Dessa vez, ele estava falando olhando para ela. Era mil vezes pior do que ele falando olhando para o nada; assim, pelo menos, ela poderia corar em paz. Seus olhos a deixavam nervosa.

-Bem... Eu não tenho pais para mentir sobre você. Também não tenho namorado que possa reclamar de eu ter alguém comigo de noite. Eu não tenho ninguém.

  Ele quase pode sentir a tristeza dela.

-Mas você sente o dever de informar o shinigami sobre sua vida. E está me ocultando dele.

-Ele não está aqui.

-Mas quando chegar.

-Ele vai ficar feliz em não me ver machucada.

  De certa forma, era fato que Kurosaki-kun temia que algum hollow a machucasse. Sempre quase implorava pela atenção dela para com os monstros, afinal, sabia bem de sua fragilidade e sua falta de atenção.

-Mas ele não vai ficar muito satisfeito ou grato em ver quem a está mantendo segura.

-Ai, pare com isso, aonde quer chegar?

  Franziu a testa, fazendo uma de suas melhores caretas emburradas.

  Como na madrugada anterior, ele novamente ajeitou seu cabelo atrás da orelha, deslizando o polegar até seu queixo, erguendo seu rosto.

-Só quero ter certeza de que você está preparada para escutar o que ele vai dizer. Ele não vai deixá-la passar, mulher.

-Eu sei, mas ele também não vai me matar, né.

-Ele pode parar de falar com você. Isso não é parecido com a morte quando vocês humanos gostam de alguém?

  Ah, como a voz sussurrante dele a matava por dentro.

  Ela parou para analisar. Tinha colocado o antigo inimigo para dentro de Karakkura. Ainda mais um como Ulquiorra, forte o bastante para quase matar Ichigo há um tempo atrás. Um inimigo facilmente associado à morte e destruição.

  Ela não pensava assim, mas sabia que isso passava pela cabeça de todos.

-Não quero pensar nisso.

  Ele não insistiu quando ela começou a puxar outro assunto.

-E Tália?

-O que tem ela?

-Oras, como ela está?

  Ele pareceu pensar um pouco.

-Não tenho a visto muito. Ela some. Some sempre que briga com Grimmjow.

-Mas as brigas não são rotineiras?

-Brigas físicas sim. Verbais, não. Chie disse que ele não compreende o que ela sente.

  Tália era mesmo apaixonada por ele, então. Pobrezinha, deveria estar tão triste. Um vislumbre de si mesma passou pelos olhos castanhos da humana, e ela relembrou o período onde esteve sozinha novamente em casa, com a ausência do Espada. Pobrezinha, suspirou novamente.

-Você deveria conversar com ela, Ulquiorra.

-Está tudo bem, daqui a pouco ela aparece novamente.

-Ela deve estar sofrendo.

-Ela não é humana, mulher. Tália sente tanto quanto qualquer um lá. Ela só fantasia como devem ser as emoções humanas, e as relaciona estupidamente ao Grimmjow.

  Mesmo não concordando, Orihime manteve-se quieta. Não queria discutir por que tinha plena consciência da teimosia do arrankar.

-Tente pelo menos entendê-la. Não precisa fazer muito, eu juro. Só chegue perto e diga que ficará tudo bem.

-Chie pode fazer isso.

-Por quê não você?

  Ele não respondeu. Ficou apenas observando o tiroteio no filme da TV ligada no mudo, assim como na noite anterior. Várias coisas circundavam a sua cabeça, mas não sabia colocá-las em palavras. Tudo relacionado a capacidade invejável de Tália de pelo menos simular sentimentos. Porque ela podia e ele não? Porque só ela pode sentir o que todos os arrankars, no fundo, querem? Sabia que essa pergunta já tinha passado na cabeça de praticamente todos os que a conheceram, e sabia também que Grimmjow era ignorante por tratá-la assim, com rudeza. Tália realmente não sabia escolher.

-Ás vezes eu tenho vontade de voltar a sentir.

  Orihime apoiou a cabeça no sofá, virada para ele, encarando sua silhueta formada pela luz da TV. Timidamente, chegava os dedos para mais perto de seu cabelo, ainda na duvida de tocá-lo.

-Eu queria pelo menos entender. Amor. Tália faz parecer que é bom e ruim.

  Os dedos pararam de seguir o caminho do cabelo negro. Ao invés disso, sua outra mão pareceu começar a guiar-se para a mão do Espada.

-É bom para alguns e ruim para outros. Não há uma regra, é só pura sorte.

  As palavras saíram sem que ela visse.

  Levou a cabeça até o ombro do Espada, se encolhendo perto dele, tocando seu pulso até deslizar os dedos finos e gelados e abrir sua mão, acariciando a mesma. Suas palavras verdadeiras e nobres vagando pela cabeça de Ulquiorra.

  Algumas poucas palavras pararam engasgadas na garganta. Deveria soltá-las? Sim ou não? Não, era melhor não, ele iria desconversar e falaria algo relacionado a más experiências. Mas Orihime parecia sentir necessidade de escutá-lo dizer isso.

-Você deveria tentar. De novo.

  Saíram moldadas em sussurros quase mudos. De cabeça encostada em seu ombro, manteve os olhos nos círculos invisíveis e irregulares que fazia na palma da mão do arrankar. Por um momento, achou que ficaria sem resposta.

  Por um momento. 

-Não parece boa idéia.

  Bom, ficaria de boca fechada, não era ninguém para fazer propaganda apaixonada.

  Ainda mal havia se tocado de seu sentimento puro e rosado por ele.

-Quem sabe.

  Sussurrou novamente, dessa vez motivada pelo sono. Piscou e quase não abriu os olhos. Continuava a acariciar sua mão, prendendo não só seus próprios olhos como também os do Espada.

  Passaram um bom tempo sem palavras. Tempo suficiente para Orihime parar de mover sua mão sobre a dele e respirar mais pesado. Não queria se mover e acordá-la, sem contar que estava aconchegante ali.

-Mulher?

  Chamou, mas ninguém respondeu.

  Ajeitou-a perto de seu peito, levantando-se e a apertando contra si. Rumou o quarto e a pousou na cama, cobrindo seu corpo. A humana se aconchegou logo, e depois abriu os olhos com muita dificuldade, rapidamente procurando por ele.

-Vai embora?

  Surpreendeu-se de ainda estar conseguindo falar. Sua voz assumiu um tom rouco e baixo, como de criança que não quer acordar para ir pra escola.

-Ainda não clareou.

  Sentou-se no chão, ao seu lado, encostado na parede. Olhou seus olhos levemente abertos e depois olhou pro chão.

  Ela descobriu a mão, descendo-a da cama e apertando a de Ulquiorra.

  Como se bastasse isso para dormir, para deixá-la segura de que ele ficaria ali até clarear, fechou os olhos.

  Ulquiorra a fitou o resto da noite. Vez ou outra vacilava de seu rosto a sua mão, seus delicados dedos segurando possessivamente alguns de seus dedos. Ela não se moveu. Também não virou a cabeça. Os números no relógio passavam, cada um a seu tempo, a medida que o céu iria clareando.

  Foi difícil levantar e ir.

  Foi ainda mais ter que soltar sua mão gelada pelo frio que fazia pro fora das cobertas. Por sorte, ela não acordou.

  Saiu da casa com um pensamento, uma voz e uma ilusão na cabeça.

  Quem sabe.


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Notas finais do capítulo

E quanto ao passado da Chie, provavelmente eu vou postar depois do próximo capítulo (?)
AHEUAHUE
see ya, bebezinhos da CK ~