Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 36
Um trato com um deus


Notas iniciais do capítulo

Eu não acredito que acabou. Sofri muito escrevendo esse último capítulo, porque afinal, é o meu último dessa série. Uma das idéias desse capítulo foi dada pela Lizzie, minha leitora favorita.



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Acordei mas fiquei na cama pelo que pareceram horas. O dia mal começou e as horas pareciam se arrastar. Aquele era o dia em que faria minha escolha. Duas semanas haviam se passado desde o jogo de Caça a Bandeira. Naqueles dias eu mal me dei conta de que estava tão próxima do que eu chamaria de ponto final. Passei o dia de ontem com Nico e os outros pra tentar aliviar minha cabeça. Ajudou bastante mas quando acordei hoje a realidade me atingiu como uma parede de tijolos com muito cimento.

Me sentei encolhida na cama tirando as cobertas de cima de mim. Suspirei e passei as mãos pelo cabelo. Minha vontade pra levantar era pequena mas eu o fiz. Levantei e andei de uma forma extremamente zumbi para o banheiro. Me olhei no espelho. Olhos com olheiras e vermelhos, o cabelo parecendo um ninho de passarinho, rosto com marcas do tecido. Entrei na banheira e fiquei de molho até ficar enrrugada como um repolho. Lavei meu cabelo, me enxaguei e sai. Mal me sequei e já estava pronta. Preguiça me dominava. Eu vestia uma camiseta estampada, um short claro e um tênis. Meus cabelos estavam presos em uma trança apertada. Escovei os dentes e passei algo na boca. Era Gloss, eu acho.

Abri a porta e o sol bateu forte no meu olho. Eram 10 horas da manhã. O acampamento estava um caos porque era o último dia de verão. Quase todo o pessoal ficaria. Percy, Annabeth, Ana, Charlie, Alex, Beatrice e Nico. Nico, como sempre, intercalaria o tempo entre ficar no Mundo Inferior. Eu não sabia o que ia fazer da vida e pensar nisso me dava dor de cabeça. Talvez essa seria a escolha errada ou certa que as Parcas previram para mim. Eu tinha quase certeza disso.

Caminhei pelas pessoas que estavam quase correndo. As que me conheciam murmuravam um "oi" e eu tentava soar animada. Todos os dias nos encontravamos no Lago, em baixo de uma das grandes árvores que ficavam lá. Era um dia de folga que eu tive pr pensar. Encontrei algo que estava acostumada. Annabeth deitada nas pernas de Percy, Ana usando o ombro de Alex como travesseiro contra a vontade dele, Beatrice e Charlie sentados um do lado do outro conversando. E havia Nico encostado na árvore jogando Where's My Water em um iPad que provavelmente era de Ana. Ela sempre ficava com ele porque ficava entediada facilmente e Percy brigava com ela. Aí, agora quando fica entediada ela joga. Ela era rica no The Sims.


-Bom dia raio de sol! - Alex encheu meu saco mas me fez sorri.
-Bom dia. - Falei bocejando. Nico largou o jogo.
-Oi. - Ele disse enquanto eu me sentava entre suas pernas de costas pra ele. Era bom sentir sua respiração atrás de mim.
-Bom dia. - Virei o corpo para beijá-lo.
-Você está com cara de morta. - Percy observou.
-Dormi mal. - Respondi sentando de um jeito escorrido. Nico passou os braços por baixo dos meus para poder jogar.
-Que horas foi dormir? - Annabeth perguntou preocupada. Não importava se eu era centenas de anos mais velha. Ela me tratava como se fosse minha mãe.
-Lá pelas 5. - Murmurei. Nico parou de jogar quando a conversa foi tomando um rumo e me abraçou pela barriga. Encostei a cabeça no seu peito.
-Você devia dormir mais cedo. - Nico falou atrás de mim. Sua voz rouca e deliciosa me fez ficar com mais preguiça e sono.
-Eu não consigo. Estava quase pra tomar sonífero ontem. - Bocejei denovo.
-Já se decidiu? - Ana perguntou.
-Estou no rumo. - Falei isso para não responder "não".
-Falta pouco tempo pra você se decidir. - Até Ana não estava com aquele ânimo habitual.
-Eu sei. Mas acho que vou acabar recusando, ou fazer um trato.
-Que tipo de trato? - Nico me perguntou colocando seu rosto no meu pescoço e fazendo eu me arrepiar.
-Não vou contar. - Falei sorrindo.
-Nico me dá o iPad. - Ana pediu abrindo e fechando as mãos do jeito que crianças faziam.
-Eu não vou levantar. - Ele reclamou.
-Desliza pela grama. - Ana falou e Nico o fez. Ela pegou e limpou na calça e o desbloqueou. - Ficou sabendo que o Troye Sivan é gay?
-Porque todo menino bonito é gay? - Indaguei revoltada e quase dormindo ao mesmo tempo.
-As vezes dá vontade de virar homem só pra ficar com eles. - Ana falou e Alex bateu a mão na cara.
-Você não falou isso. - Beatrice falou em meio á um ataque de risadas.
-Mas é verdade. - O sono me deixou em paz por esse curto tempo. Ri baixo das meninas.
-Tem tanto hétero bonito. - Alex defendeu os meninos héteros bonitos do mundo.
-Tipo? - Ana questinou tentando segurar um sorriso.
-Eu lá vou ficar prestando atenção em meninos Ana! - Ele falou e Annabeth riu dos dois. Ana já não conseguia segurar um sorriso humorado. - Tem eu.
-Vai se afogar Alex. - Charlie riu da cara do irmão.
-Vocês são estranhos. - Percy disse sorrindo. Eu estava quase dormindo mas tentava ao máximo prestar atenção na conversa.
-Nós somos? - Ana parou de prestar atenção no que ela estava fazendo no iPad para dirigir um olhar divertido ao irmão. - Quem é que tem uma mochila de pelúcia em forma de concha igual á minha, Percy Jackson? - Eles explodiram em risadas.


Eles faziam a minha vida valer á pena. Foi a última coisa que pensei antes de cair no sono com os braços de Nico ao meu redor e um sorriso nos lábios.

Acordei e parecia que era a hora do almoço. Nico chamava meu nome para me acordar e cutucava meu braço. Acho que ele sabia que apenas chamar meu nome não ia me acordar de jeito nenhum.


-Já acordei. - Falei para ele parar de me cutucar e chamar meu nome. Eu ouvia meu nome em dois lugares. Em meus ouvidos e em minha mente, como ocorria quando mencionavam meu nome. Abri os olhos pouco a pouco. - Muito claro. - Reclamei.
-Desculpe, mas apagar o Sol não é possível para mim fazer por você.
-Anda logo. - Terminei de abrir os olhos para descobrir que a dona da voz era Ana. Ok, eu reconheço a voz dela até do Inferno, mas eu tinha acabado de acordar. Ela estava na minha frente de braços cruzados e graças aos deuses tampando um pouco da luz do sol.
-Calma ai. - Briguei. - Me ajuda a levantar. - Estendi os braços. Ela pegou minhas mãos e me levantou. Cambaleei uma vez antes de parar em pé como uma pessoa normal. - Que horas são.
-Hora do almoço. Meio dia e alguma coisa. - Nico deduziu.
-Cadê todo mundo? - Soltei a trança do meu cabelo deixando ele solto e a borrachinha no meu pulso.
-Já foi. Vamos? - Bocejei e dei as mãos com Nico.


Ana andava de um lado e Nico do outro. Eu me sentia mais acordada depois dessa soneca. O acampamento estava vazio, todos estavam no Pavilhão. O verde da grama parecia quase fluorescente na luz do sol pra mim. Nunca durma e depois saia no sol do meio dia. Estava quente. Óbvio que estaria. É verão. Até os paralelepípedos da 'rua' eram terrível de olhar.

Chegamos lá e eu, felizmente, já conseguia olhar para as coisas sem que meus olhos ficassem fechados como os de um cachorro no sol. Peguei um prato com Lasanha e me sentei. Eu não precisava fazer oferenda. Se seguir a linha do raciocínio eu recebia oferendas, não dava. Eis uma coisa que eu nunca gostei. Cheiro de oferendas. Elas tinham cheiro de comidas, e isso me da fome. Imagine você ficar com fome sempre que tem alguém comendo, ou seja, sempre. Tinham alguns dos Semideuses daqui que jogavam ofetendas para mim. Eu mal conhecia eles. As vezes Ana, Percy e Alex jogavam mesmo que eu não gostava. Só pra me irritar. Foi o caso de hoje. Ana jogou batatas fritas no fogo e se sentou tentando não rir. O cheiro me cercou. Claro, apenas eu sentia.


-Ana filha da puta! - Briguei com ela tampando meu rosto com as duas mãos. Ela riu. - Quero batata. - Murmurei em uma voz infantil.
-Ela fez denovo? - Percy me perguntou rindo.
-Fez. Vaca. - Bebi o copo quase inteiro de Fanta Laranja e ele se encheu novamente quando eu coloquei na mesa. Comecei a comer tentando distrair meu cérebro que gritava por batatas fritas. O cheiro não foi embora.
-O que ela fez? - Charlie perguntou enquanto ele e Alex deslizavam as bandejas pela nossa mesa e sentavam.
-Oferenda pra mim. - Expliquei a versão mega hiper resumida.
-Ah, eu ia fazer dessa vez. - Alex brincou.
-Vai lá. - Percy incentivou.


Ele pegou o prato e fez a menção de levantar. Segurei seu pulso com força e ele parou.


-Faz isso e eu vou arrancar suas unhas com um alicate. - Ameacei e ele olhou pra mim assustado. - Agora senta ai e come.


Diante da minha ameaça ele se sentou e começou a comer. Quase gritei de alegria quando o cheiro saiu mas eu estava doida por batata frita do mesmo jeito. Respirei fundo sentindo o cheiro da comida gostosa do Acampamento, morangos. A comida do acampamento sempre estava entre as minhas favoritas. Menos a macarronada. O macarrão era duro e o molho era pouco. Eca.

Terminei de comer e esperei todos os outros terminarem também. Fiquei observando meu anel de compromisso. O jeito que a pedra era de um verde vivo e o metal era Bronze Celestial envelhecido. Eu nunca tinha visto algo de Bronze Celestial envelhecido.


-Vamos?


Ana perguntou me tirando da minha análise de memórias para descobrir se eu já tinha visto Bronze Celestial envelhecido. Falta do que fazer, eu sei. Mas eu estava fazendo de tudo pra distrair minha cabeça. Porque? Porque eu iria ter que me arrumar para ir ao Olimpo assim que saíssemos dali. O que queria dizer, agora.


-Vamos. - Respondi me levantando e colocando o anel no dedo.


Era engraçado quando saiamos do Pavilhão. Todos nós levantavamos e saiamos juntos, chamando a atenção de quem era novato e não estava acostumado com o fato de que sempre andávamos juntos. A maioria achava que éramos os metidos. Os outros tentavam ignorar. Então explicavam que não era a nossa culpa. Claro que nunca havia tido um grupo tão diferente quanto o nosso antes. Uma deusa, um filho de Hades, dois filhos de Poseidon, dois de Zeus e uma de Atena. Super comum.


-Tem o que hoje pra fazer? - Percy perguntou.
-Escalada. - Ana e Percy disseram em uníssono.
-Arco e Flecha. - Annabeth disse animada.
-Equitação. - Alex respondeu.
-Eu tenho Arco e Flecha mas não vou. - Disse Nico enquanto demos as mãos.
-Vou pro Olimpo. - Suspirei e pressionei meus lábios.


Paramos de andar porque cada um ia pra um lado. Nico ia comigo para o chalé de Nix enquanto eu me arrumo e iria me esperar na Casa Grande por uma resposta minha. Eu finalmente sabia o que ia fazer.


-Boa sorte. - Ana falou e me surpreendeu com um abraço. - Eu sei que você vai voltar pra cá de qualquer jeito mas eu tava a fim de te dar um abraço.


Eu ri. Me despedi dos outros, e cada um foi para sua atividade. Voltei a andar com Nico e cheguei a conclusão de que eu precisava começar a usar óculos de sol. Eu até que não ficava feia com eles.

O chalé estava gelado e arrumado. Não sei como nem porque mas ele começou a se arrumar sozinho de uns dias pra cá. Eu não fazia idéia se isso era bom ou mal. Nico se jogou na minha cama e eu me joguei do lado dele morrendo de preguiça.


-Não vai se arrumar, não? - Ele perguntou.
-Eu to com preguiça. - Murmurei fechando os olhos.
-Vai logo. Quanto mais você demorar mais vai ficar remoendo.
-Argh! - Murmurei levantando. - Vou tomar um banho.


Entrei no banheiro e fechei a porta atrás de mim. Entrei no chuveiro e tomei um banho sem pressa, curtindo a água quente e a espuma do sabonete, refletindo sobre a vida e fazendo todas as outras coisas que se faziam em um banho. Sai e fiquei meia hora de toalha, encostada de costas na parede. Tudo isso por preguiça. Nico gritou um "Anda logo, Giovanna!" que fez eu me apressar. Vesti um vestido básico e longo de malha roxo. Uma sandália dourada sem salto. Prendi meu cabelo em uma trança rabo-de-peixe, passei delineador e lápis e um brilho labial. Sai do banheiro preguiçosamente. Nico continuava deitado na minha cama, mas agora estava com a cabeça nas almofadas.


-Demorou uma hora, sabia? - Ele perguntou sem nem olhar.
-Eu sei. Agora, estou atrasada. - Falei dando a volta na cama e indo até a minha caixa de jóias. Ele deitou de lado pra me observar.


Mantive meu anel de compromisso. Coloquei minha pulseira/chicote, não por defesa. E sim porque ela ficava bonita apenas como pulseira. Ela era de um ouro envelhecido e usado. E coloquei um colar com um pingente de pena do mesmo ouro envelhecido do que a a pulseira. Eu estava pronta.


-Você está linda. - Ele elogiou e eu sorri corando.
-Obrigada. Nunca sei bem o que falar quando me elogiam mas acho que obrigada deve servir. - Ele soltou o ar pelo nariz em forma de risada.
-Raramente sabem. - Ele se levantou da cama e ficou na minha frente. - Está pronta? - Assenti.


Ele colocou a mão em minha bochecha. Sua mão estava fria como sempre. Um frio que eu havia me habituado e não sabia como viveria sem. Coloquei minha mão sobre a dele e a peguei apertando de leve ainda na minha bochecha. Sorri de leve. Ele colocou a mão na minha cintura e me puxou lentamente até ele e me beijou. As vezes quando nos despedíamos nos beijávamos desse jeito. Estava parecendo que eu não ia voltar cedo. Ele achava que eu ia pegar de volta meu lugar como deusa. Nos separamos e eu só abri meus olhos e fui puxar o ar segundos depois.


-Faça uma escolha boa. - Nico me alertou.
-Eu sempre faço. - Respondi e ele me mandou seu olhar duvidoso. - Ok, a maioria das vezes.
-Por aí. - Ele disse sorrindo. Suspirei.
-Te encontro na Casa Grande. Até daqui á pouco.


E o cenário mudou. Muito branco, meus olhos me alertaram. Estava mais bonito do que era antes, graças a nova arquitetura de Annabeth. Eu estava na Sala dos Tronos. O piso no centro parecia ser de vidro, dava pra ver Manhattan dali. Os tronos estavam do mesmo jeito que eram antes. Havia uma fonte grande no canto do meu lado esquerdo, e uma fogueira no fundo da sala. Apenas o trono do meu pai estava ocupado, do jeito que eu me lembrava de encontrar quando vinha falar com ele.


-Olá Elisabeth. - Ele parecia tranquilo.
-Oi pai.
-E então? Tomou sua decisão?
-Se não tivesse eu não teria vindo.
-Sua falta de educação voltou também. - Ele murmurou massageando entre os olhos. Eu adorava deixá-lo estressado. Acho que essa veio da minha mãe.
-Pois é. - Murmurei vagando pela sala e indo até o centro da sala. Era estranho andar naquele chão invisível.
-Então? Sua resposta é...? - Ele me apressou. Respirei fundo.
-Eu quero um trato.
-O que você quer? - Ele respirou fundo.
-Você vai cumprir o que eu pedir. Eu quero continuar alguns anos como mortal. Quero Ísis de volta, e quando eu voltar a ser uma deusa, quero que meus amigos e Nico também ganhem imortalidade. Eles podem ficar no Acampamento e ajudar Quíron a cuidar dele.


Ana


Com 25 minutos consegui sair da Escalada. Foi só falar que o calor da lava e o do sol estava me fazendo mal e que eu ia desmaiar que ele me deixou ir. Percy me olhou com aquela cara que dizia "mentirosa". Eu dei um sorriso pra ele quando ele fez isso. Sem o supervisor ver, claro. Eu não sei porque fugi da aula. Preguiça, talvez. Fui vagar por aí. Indo roubar morangos, Alex me atropelou. Propositalmente. Ele correu na minha direção e bateu no lado do meu corpo.


-Esbarrou só pra pegar nos meus peitos né sua puta? - Se eu jogasse tinta vermelha na cara dele ele ficava menos vermelho.
-Que peitos?
-Esses daqui ó. - Apontei.
-Que peitos?
-Quer pegar pra ver se existe, idiota?
-Quero. - Ele levantou a mão e eu bati nela.
-Sai daqui tarado.
-Você ofereceu.
-Eu achei que você era gay.
-Quer que eu te beije pra provar? - Proposta tentadora.
-Eu não, você quer pegar nos meus peitos.
-Quero mesmo. - Bati a mão na minha testa.
-Porque você tá aqui mesmo?
-Porque eu não aguento ficar longe de você. - Ele disse em tom dramático e eu continuei olhando sério para ele. - Estava sem ânimo pra sentir cheiro de pégaso. Aí eu falei que estava com dor.
-De que? No meio das pernas por causa das costas duras do pégaso?
-Claro. Cheguei na filha de Afrodite e disse: "Eu não posso mais montar no pégaso porque meu cu está doendo. Posso ir embora?" - Tive que rir. Ele começou a andar devagar na direção que eu tinha vindo e eu fui do lado.
-Eu disse que você era gay.
-Eu fui lá e disse que estava com dor de cabeça. Ela quase derreteu com meu charme.
-Ela derreteu literalmente? Porque você tem o charme de um peixe morto.
-O que que é literal? - Se eu pudesse eu afogava ele.
-Eu esqueci que você quase ficou de dependência em inglês.
-Esfrega na cara.
-Tão gato mas tão burro. - Falei antes de poder calar a boca. Fiquei com vontade de me afogar.
-Você acabou de me elogiar indiretamente?
-Indiretamente você sabe o que é né filho da mãe? - Falei baixo. - Eu não te elogiei. Te chamei de burro.
-Mas me chamou de gato.
-Não. - Andei mais rápido.


A intenção era fazer ele parar de me seguir. Mas ele acompanhou meu passo com um sorriso irritantemente lindo na cara.


-Você um dia não vai negar que me acha gato.
-No dia que você virar homem e enfrentar o Percy, talvez. - Olhei para os lados procurando Percy. Ele já devia ter saído da aula de escalada. - Cadê o Percy? - Tentei mudar o assunto.
-Eu não tenho medo do Percy.
-Todo mundo tem medo dele.
-Eu não. - Encarei ele só pra ele ver que eu sabia que ele estava mentindo. Como eu sabia? Porque eu sou demais, por isso.
-É, e vacas tem asas, usam saltos altos e chamam umas ás outras de Flor do Campo. - Continuei procurando Percy.


Ele finalmente ficou quieto. Mas era um silêncio estranho. Como se ele estivesse pensando. Ele raramente parava para refletir sobre as coisas. O acampamento estava bem mais vazio. O que dava uma impressão de... Vazio.


-Achei! - Falei me sentindo mais aliviada.


Ele estava conversando com os irmãos parecidos filhos de Hermes que eu sempre confundia os nomes. Ele já tinha me visto. Era difícil ele não ver. Uma menina quase correndo, cor de leite, cabelos ruivos e com um menino atrás. Não era a coisa mais disfarçada do mundo.


-Tchau Alex. - Falei rápido indo na direção do meu irmão que me olhava pelo canto do olho. Foi aí que Alex inventou de fazer algo.


Ele pegou minha cintura, me girou e me beijou. Quase perdi o controle das minhas pernas e caí no chão. Ele apertava minha cintura mas eu não estava nem aí.


-E é nessa parte que Percy me mata. - Ele murmurou quando o beijo acabou.
-Infelizmente. - Não pude segurar um sorriso.


Nico


Todos estavam espalhados por aí, mas eu estava sentado no degrau da varanda da Casa Grande. Fazia pouco tempo que ela havia saído? Eu não sabia bem. Eu estava apenas pensando e ignorando o tempo o máximo que podia.

E se ela escolhesse ficar como deusa? Eu não tinha nem uma boa noção de onde ela viveria. Talvez no Olimpo, talvez no Acampamento. Se os deuses aceitassem as antigas exigências de volta e mais algumas. Era óbvio que ela ficaria aqui se ela voltasse a ser semideusa.

Ao longe pude ver algo... Estranho. Acho que o termo mais decente pra isso, deve ser esse. Ana e Alex se beijando. Não me surpreendi pelo fato de eles estarem tomando baba, e sim porque eles estavam em público e Percy estava quase do lado deles. Então, eles se separaram e uma briga começou. Percy tentou ir pra cima de Alex, mas os Stolls o seguraram. Mas não por muitos segundos. Percy deu um soco forte em Alex que eu senti muita pena dele. Ana ficou horrorizada mas começou a gritar com Percy. Eu não ouvia nada, claro. Mas pelo jeito que ela balançava os braços e estava vermelha eu esperava que ela estivesse gritando. Porque se não fosse aquilo ela estava morrendo. Aquela bagunça me distraiu por alguns minutos.


-Eu ainda quero batatas fritas, sabia disso?


A voz que eu esperava finalmente apareceu atrás de mim. Ela soava normal. Mas ela sempre soou normal, não importa em qual das formas ela estava, semideusa ou deusa. Levantei na velocidade mais rápida que consegui e me virei para olhá-la. Ela estava quase igual. Exceto pelos seus olhos. Os azuis que pareciam conter raios, foram substituidos pelos pretos que ela tinha antes de tudo acontecer.


-O que aconteceu? - Exigi.
-Um abraço ou beijo de 'bem-vinda de volta' estava mais para o que eu esperava. -Suspirei derrotado pelo seu sorriso que geralmente fazia quando usava ironia.


Dei um passo, mas ela foi mais rápida. Ela quase correu até mim, considerando a curta distância ela deu quatro passos rápidos. Ela me abraçou apertado, e senti seu cheiro forte de perfume e hidratante de amora. Nos separei um pouco para poder olhar ela direito. Apenas os olhos haviam mudado, nada mais. Ela colocou sua mão com dedos finos e delicados em meu pescoço. Eu a puxei para perto e a beijei.


-O que aconteceu? - Perguntei denovo. Seu rosto estava colado ao meu porque ela parecia ter gostado dessa posição.
-Eu fiz um trato, meu pai aceitou. - Ela enrolou.
-Que trato? - Eu estava curioso pra saber qual loucura ela havia feito.
-Nico? Giovanna?


Essa voz era nova, mas eu a conhecia. Congelei no lugar. Ela não estava viva até onde eu saiba. Ela morreu na batalha. Me virei com uma pontada de medo do que iria ver. Mas ela realmente estava lá. De carne e osso, com seus olhos cinza escuros, cabelos pretos.

Ísis.


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Notas finais do capítulo

Eu estou realmente muito triste dessa fic ter chegado ao fim. Eu me apeguei muito aos personagens e as características, pode se dizer que eu amadureci junto deles. Eu sinto que vou sentir muita falta de escrever essa fic, e estou triste por não ter pensado em nenhuma idéia para uma terceira temporada. Então, me animem um pouco. Deixem um Review, por menor que seja. Porque a escritora aqui está extremamente triste. Sem exagero algum.

Ps: Se sentirem falta da escritora triste aqui, leiam minha fic mais nova. http://fanfiction.com.br/historia/383221/Soul/



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